Nas últimas décadas, a Organização passa a ocupar lugar privilegiado na dinâmica dos investimentos libidinais dos indivíduos. Seja como a sedutora, que se mostra completa, e por isso mesmo de uma exigência radical, impondo ao sujeito a angus tia de nunca estar à altura de sua grandiosidade; seja como figura totalitária, que se coloca como mal necessário, tirânica e dominadora, ainda que difamada, se mostra como condição de sobrevivência do sujeito. Partindo da noção de sexualidade fundada na teoria freudiana, este trabalho pretende discutir alguns caminhos que a libido vem tomando em sua dimensão coletiva no arranjo organizacional. Frente a poderosas estratégias de controle sobre o indivíduo - seja de forma sedutora ou totalitária - a possibilidade do processo sublimatório se efetivar, permitindo ao sujeito a elaboração (criativa) de seus desejos, torna-se mais restrita. Tal condição de insatisfação se mostra então permeável à ocorrência da montagem perversa (Jurandir Freire Costa articulando o conceito proposto por Calligaris), na qual a condição neurótica se dispõe a fazer parte de um arranjo coletivo - seja no papel de quem é o detentor de um saber, seja como instrumento de efetivação deste - que produz a fantasia de uma organização como um todo completo e sem falhas. É desta forma que a organização é transformada nA Organização, (uma produção coletiva) situada além da dimensão humana. Sendo assim, a Organização não pode ser objeto de desejo, pois este implica no reconhecimento pelo sujeito da falta que o constitui, o que é negado na montagem perversa. Em tal contexto, o desafio está no resgate da alteridade que a produção (de fato) coletiva exige, em que haja comunicação e aprendizado constante entre os membros. No entanto, isto obrigaria, a organização, ao reconhecimento de sua dimensão humana e, portanto, também de sua finitude.
Occupying a privileged place within the dynamics of libidinal investment, the organization figures as a seducer or as a totalitarian figure. Using as a starting point the notion of Freudian sexuality, this essay intends to discuss some of the paths that libido can take in the organizational setting. According to the strategies of organization control over the individuals - seducer or totalitarian - the possibility of their sublimation is restricted. Their dissatisfaction in the meantime, lays open the way for the occurrence of the perverse montage, in which the neurotic condition is willing to participate in a collective setting that produces the fantasy of the perfect organization, disguising individuals limitations. In this process an organization is transformed in The Organization, being worshiped as an entity beyond human dimension. As a counterpart, the challenge arises to rescue the alterity that collective production imposes, through constant learning and communication among its members and, consequently through recognition of the finitude that is inherent to them.