Psicologia: Ciência e Profissãohttps://www.scielo.br/feed/pcp/2019.v39nspe/2023-02-07T21:43:24.607000ZVol. 39 No. spe - 2019WerkzeugPsicologia, Povos e Comunidades Tradicionais e Diversidade Etnocultural10.1590/1982-37030000320192023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZPizzinato, AdolfoGuimarães, Danilo SilvaLeite, Jáder Ferreira
<em>Pizzinato, Adolfo</em>;
<em>Guimarães, Danilo Silva</em>;
<em>Leite, Jáder Ferreira</em>;
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A <i>Tekoá Ka’aguy Porã</i>: Espaço Ancestral e Produção de Subjetividade <i>Mbya</i>-Guarani10.1590/1982-37030032216592023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFarias, João MaurícioHennigen, Inês
<em>Farias, João Maurício</em>;
<em>Hennigen, Inês</em>;
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Resumo Neste artigo trazemos algumas discussões apresentadas na dissertação “Retomada Mbya-Guarani no Yvyrupá: produção de subjetividade, agenciamentos e criação de estratégias de luta”, que teve como objetivo pesquisar processos de subjetivação, produção de composições e estratégias de enfrentamento/resistência em meio ao movimento dos indígenas Myba-Guarani de retomada de área em Maquiné-RS, Brasil. Entendeu-se que, para tanto, o método da cartografia se mostrava interessante, pois propicia traçar os percursos dos atores sociais no terreno da experiência. A partir de análise de materiais como diários de campo, fotos produzidas por indígenas e postadas em um grupo de WhatsApp que agregava apoiadores, audiovisuais de divulgação veiculados na internet, abordamos aqui, um dos pontos desenvolvidos na dissertação: o espaço sociocosmológico Mbya que se atualizou naquela região – a tekoá Ka’aguy Porã – entendendo-o como espaço ancestral (retomado na Retomada) para a efetuação do modo de vida – o tekó – Mbya-Guarani. Buscamos traçar aproximações, articulações e torções conceituais para pensar a produção de subjetividade deste povo indígena. Ao final, tecemos considerações sobre o que entendemos ser potentes aberturas e contribuições para a Psicologia Social, assim como para as ciências sociais e para a pesquisa com povos indígenas.Onde e Como se Suicidam os Guarani e Kaiowá em Mato Grosso do Sul: Confinamento, Jejuvy e Tekoha10.1590/1982-37030032216742023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZStaliano, PamelaMondardo, Marcos LeandroLopes, Roberto Chaparro
<em>Staliano, Pamela</em>;
<em>Mondardo, Marcos Leandro</em>;
<em>Lopes, Roberto Chaparro</em>;
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Resumo O território para os povos originários é fundamental para a saúde e reelaboração cultural de seus modos de ser, na relação entre natureza, cultura e relações de poder/resistência. O direito a viver ou morrer se liga à territorialidade na luta pela terra. O objetivo deste trabalho consistiu em analisar onde e como ocorrem os suicídios de Guarani e Kaiowá na contemporaneidade. Realizou-se uma pesquisa qualitativa de análise documental de reportagens veiculadas em jornais de maior circulação no estado de Mato Grosso do Sul. A busca foi realizada em 23 jornais, mas apenas 12 deles apresentaram notícias com a temática a partir da combinação dos descritores: Suicídio, Guarani, Kaiowá, Índio e Indígena. Constituiu-se uma amostra com 100 reportagens que informaram 105 ocorrências de suicídio no período entre 2002 a 2018. Os dados revelam que a violência é frequente nas reservas indígenas em que os Guarani e Kaiowá foram confinados no sul do estado. Os casos se concentram em aldeias dos municípios de Dourados e Amambai, a maioria entre jovens adultos com idade entre 12 e 22 anos, do sexo masculino. A eminente maioria (95%) cometeu suicídio pela prática do enforcamento (jejuvy). As causas para o suicídio variam desde explicações orientadas pela cosmologia, o feitiço, formas culturais de morrer, desterritorialização de seus tekoha e a inserção econômica marginal. Considerando os dados alarmantes, sugere-se a criação e implementação do CAPS indígena, com o envolvimento de atores institucionais, como a Sesai e a Secretaria Municipal de Saúde, além de lideranças religiosas, Ñhanderu e Nhandecy.Peles e Vidas Transformadas em Asfalto: Inquirições Ético-políticas de uma Barbárie10.1590/1982-37030032216762023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBatista, LazaroBaptista, Luis Antonio dos SantosNardin, Leonardo de
<em>Batista, Lazaro</em>;
<em>Baptista, Luis Antonio Dos Santos</em>;
<em>Nardin, Leonardo De</em>;
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Resumo o texto que compõe este ensaio aponta algumas passagens e relações entre a ditadura civil-militar brasileira e a constituição do estado de Roraima e da cidade de Boa Vista, sua capital. Para isso, parte do relato de um velho personagem desses eventos, remetendo-se, dentre outras coisas, ao incremento de fluxos migratórios, à extração predatória, à censura contra pessoas e, especialmente, ao contato genocida do homem branco com indígenas yanomami e wamiri-atroari na construção de duas estradas federais que atravessam os territórios dessas comunidades tradicionais. Do ponto de vista teórico-epistemológico, busca-se, com a Psicologia e suas diferentes interlocuções, um esforço aproximativo com tais histórias, as formas de contá-las e as diferentes políticas que podem sustentar nossa escuta do narrado. Situa-se, dessa maneira, como empreendimento ético-político duplamente implicado. Primeiro, esboçando as razões, instituições e práticas que tornaram possíveis a existência de tais acontecimentos. Segundo, alertando para o perigo de perpetuação ou repetição da barbárie no presente.Mulheres Indígenas em Movimentos: Possíveis Articulações entre Gênero e Política<sup>1</sup>10.1590/1982-37030032216932023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZDutra, Juliana Cabral de O.Mayorga, Claudia
<em>Dutra, Juliana Cabral De O.</em>;
<em>Mayorga, Claudia</em>;
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Resumo A partir de uma aproximação posicionada com determinados movimentos indígenas e com mulheres lideranças indígenas no Brasil tratamos sobre a possibilidade da emergência, no cenário macropolítico do país, do sujeito político mulheres indígenas e sobre as possíveis aproximações de suas pautas com as pautas feministas, em especial, o feminismo pós-colonial. Propomos reflexões sobre as intersecções entre raça/etnia e gênero, dialogando com discursos de diferentes lideranças indígenas que ocupam posição de protagonismo no movimento indígena e ocupam espaços políticos estratégicos como a própria Academia. Atentar-se para estas múltiplas narrativas se torna importante pois estas provocam tensionamentos múltiplos que envolvem não só campos de disputa política por direitos e visibilidade, mas também campos teóricos da antropologia e do feminismo.Temporalidade e Corpo numa Proposta de Formação do Psicólogo para o Trabalho com Povos Indígenas10.1590/1982-37030032219292023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZGuimarães, Danilo SilvaLima Neto, Dario Marinho deSoares, Larissa MoreiraSantos, Pamela Damilano dosCarvalho, Thiago Schaffer
<em>Guimarães, Danilo Silva</em>;
<em>Lima Neto, Dario Marinho De</em>;
<em>Soares, Larissa Moreira</em>;
<em>Santos, Pamela Damilano Dos</em>;
<em>Carvalho, Thiago Schaffer</em>;
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Resumo O artigo aborda práticas do serviço Rede de Atenção à Pessoa Indígena – vinculado ao Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo –, no período de 2015 a 2017, visando discutir os impactos de mudanças nos procedimentos de visitas às comunidades para a formação do psicólogo. A exposição do corpo do psicólogo em formação a contextos ritualizados segundo padrões distintos de sua cultura de origem faz emergir inquietações e angústias que caracterizam o modo de relação com a alteridade. Como ferramentas para elaboração desse modo de relação, os Guarani das comunidades visitadas nos propõem diálogos em que a prioridade é o estabelecimento de uma sintonia adequada com a sintonia do outro, preliminar à discussão e encaminhamento de projetos que abordam temas difíceis relativos a situações de vulnerabilidade psicossociais que as comunidades enfrentam.O Enegrecimento da Psicologia: Indicações para a Formação Profissional<sup>1</sup>10.1590/1982-37030032221132023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZSantos, Abrahao de Oliveira
<em>Santos, Abrahao De Oliveira</em>;
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Resumo Esse texto é fruto de estudos e debates iniciados em 2012 e da possibilidade de pensar o diálogo entre a Psicologia e as práticas de cuidar na espiritualidade de matriz africana. Trazendo, no contexto da resistência negra, os valores que se apresentam nos saberes dos terreiros, acolhimento, comunidade, ancestralidade, e o lugar desses saberes ao longo da história da resistência negra no Brasil. Além de apresentar algumas referências bibliográficas, o texto se baseia nos debates com estudantes de Psicologia e nas visitas a alguns terreiros de Candomblé. O propósito do texto é indicar a importância das psicólogas e dos psicólogos entrarem em contato com alguns conhecimentos das tradições e saberes não ocidentais, presentes numa parte significativa da população brasileira. Considerando que a Psicologia e as religiões de matriz africana estão preocupadas com as questões da subjetividade, mas também com os modos de cuidar e de garantir o direito à diversidade de estilos de vida e à singularização, esse diálogo de saberes pode significar uma mudança das condições epistêmicas para a formação profissional e o trabalho da Psicologia. A perspectiva apresentada pelos saberes da população de terreiro e sua conexão com as lutas históricas do povo negro, poderiam compor na atuação, junto à população brasileira, das psicólogas e dos psicólogos. É aí que faz sentido o reclame ao enegrecimento da Psicologia. É esse sentido, com os avanços que a Psicologia pode fazer, no Brasil, que se desenvolve ao longo do texto.Sentidos e Práticas em Saúde Mental em Comunidades Quilombolas no Estado de Rondônia10.1590/1982-37030032221232023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZBatista, Eraldo CarlosRocha, Katia Bones
<em>Batista, Eraldo Carlos</em>;
<em>Rocha, Katia Bones</em>;
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Resumo O objetivo deste estudo foi compreender como os remanescentes quilombolas de duas comunidades do Vale do Guaporé no estado de Rondônia produzem sentidos sobre saúde mental. A partir de uma abordagem qualitativa foram realizadas entrevistas abertas e rodas de conversas com 18 participantes de ambos os sexos. A análise do material empírico foi realizada de acordo com as propostas de análise do discurso, sob a perspectiva da Psicologia Discursiva. Por meio do recurso teórico-analítico foram identificados três repertórios interpretativos sobre saúde mental: construção do sofrimento mental: reconhecimento e formas de lidar com os sintomas psiquiátricos; recursos utilizados pelos moradores da comunidade no cuidado em saúde mental; e consumo excessivo de bebidas alcoólicas como problema de saúde mental. Esses sentidos apontam para a necessidade de construção e implementação de intervenções e políticas públicas de saúde direcionadas a essa população que levem em consideração seus aspectos sócio-históricos e culturais.“Os Cansaços e Golpes da Vida”: Os Sentidos do Envelhecimento e Demandas em Saúde entre Idosos do Quilombo Rincão do Couro, Rio Grande do Sul10.1590/1982-37030032225182023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZLopes, Elisângela Domingues SeveroPaixão, Cassiane de FreitasSantos, Daniela Barsotti
<em>Lopes, Elisângela Domingues Severo</em>;
<em>Paixão, Cassiane De Freitas</em>;
<em>Santos, Daniela Barsotti</em>;
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Resumo A presente pesquisa foi realizada em uma comunidade tradicional denominada Quilombo Rincão do Couro, no Rio Grande do Sul. Neste quilombo, vivem aproximadamente 30 famílias descendentes de pessoas negras que foram escravizadas. O objetivo da pesquisa foi compreender os sentidos sobre o envelhecimento que são produzidos nas narrativas de idosos habitantes desta comunidade e identificar ações e estratégias usadas por eles na promoção da saúde no local. A pesquisa qualitativa, teve participação de seis idosos, com idades entre 61 e 83 anos, que responderam a uma entrevista com roteiro semiestruturado. As entrevistas foram audiogravadas e transcritas em sua íntegra, constituindo no corpus de análise. O material obtido foi analisado por meio da elaboração de árvores de associação de ideias que geraram dois eixos temáticos: 1. Os sentidos do envelhecimento: a idade cronológica, a solidão, os acontecimentos da vida, a perda das funções do corpo e o adoecimento; 2. Práticas para a obtenção da saúde: cuidados com a saúde por meio do comparecimento às consultas médicas, realização do tratamento prescrito e medicação; ações de promoção de saúde que envolvem alimentação, caminhadas e atividades do cotidiano que são praticadas no decorrer de sua história. Os entrevistados enfatizam a necessidade de uma Unidade Básica Saúde da Família Quilombola local, e os achados desta pesquisa destacam a necessidade de se desenvolver trabalhos e pesquisas da Psicologia em comunidades tradicionais.Itinerários Terapêuticos e Formas de Cuidado em um Quilombo do Agreste Alagoano10.1590/1982-37030031762722023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFernandes, Saulo LudersSantos, Alessandro de Oliveira dos
<em>Fernandes, Saulo Luders</em>;
<em>Santos, Alessandro De Oliveira Dos</em>;
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Resumo A presente pesquisa caracteriza-se por um estudo de caso que objetiva analisar os itinerários terapêuticos de saúde de moradores de um quilombo do agreste de Alagoas, identificando as formas de cuidado cotidianas presentes no território. A pesquisa tem como perspectiva a noção de saúde e direitos humanos, no entendimento da saúde enquanto um direito fundamental garantido a todo ser humano. Participaram do estudo cinco moradores da comunidade que apresentam histórico de agravo e/ou doença: uma jovem mulher, acima de 18 anos; uma adulta, dois idosos e uma idosa. A pesquisa teve como instrumentos diário de campo e entrevista semiestruturada. As entrevistas foram realizadas nas residências dos participantes, após transcritas foram submetidas a análise de conteúdo e apresentadas três trajetórias de cuidado presentes no território, definidas como: Automedicação e religiosidade como alternativas à saúde; Chás, ervas e conhecimentos populares como prática de cuidado; Entre a atenção básica, práticas privatistas e benzimentos. Os resultados da pesquisa demonstram que os primeiros recursos acionados pelos moradores são a automedicação, o uso de chá e ervas, a práticas religiosas, a conversas com vizinhos, e as rezas e benzimentos. O segundo passo à resolubilidade do agravo é a busca por medicamentos na UBS e o terceiro passo o atendimento hospitalar e serviços particulares. Apesar de haver no território abrangência do serviço de saúde o mesmo não responde as necessidades da comunidade, sendo que a mesma busca a resolubilidade de seus agravos em práticas populares, automedicação e serviços privados de saúde.A Psicologia no Contexto das Comunidades Tradicionais: da Emergência Étnica à Perspectiva Ético-Estético-Política10.1590/1982-37030032225992023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZFélix-Silva, Antonio VladimirSoares, Gabriela PinheiroSantos, Ana CarolineRigoti, Lara Mendes BragaNascimento, Maria Valquiria Nogueira
<em>Félix-Silva, Antonio Vladimir</em>;
<em>Soares, Gabriela Pinheiro</em>;
<em>Santos, Ana Caroline</em>;
<em>Rigoti, Lara Mendes Braga</em>;
<em>Nascimento, Maria Valquiria Nogueira</em>;
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Resumo Neste artigo, apresentamos um estudo sobre produção de subjetividade de mulheres da Comunidade Quilombola de Macambira e produção de subjetividade de psicólogas pesquisadoras, durante uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso. Trata-se de uma pesquisa-intervenção para compreender como se dá a produção dos modos de viver da mulher quilombola, objetivando cartografar seus processos de subjetivação e analisar os processos de subjetivação das psicólogas pesquisadoras no encontro com as mulheres participantes da pesquisa. Para a produção das informações usamos o método cartográfico, com visitas às casas das mulheres e à comunidade e realizamos oito encontros com oito mulheres por meio de práticas integrativas grupais. A análise das observações e narrativas registradas em diário cartográfico deu-se por meio dos analisadores que emergiram dos processos de subjetivação cartografados. A discussão e resultados mostram que a produção da subjetividade das psicólogas e da identidade mulher quilombola bem como da emergência étnica Comunidade Remanescente de Quilombo constituem uma construção social, dentro de um sistema histórico-cultural complexo. A análise dos processos de subjetivação que emergem do encontro das psicólogas pesquisadoras com as mulheres quilombolas aponta para a (des)construção de identidades segmentadas, possibilitando a ressignificação da relação entre pesquisador e participante da pesquisa, efeito da cartografia como modo de fazer pesquisa-intervenção. A produção de subjetividade das mulheres quilombolas está marcada pela sororidade e interseccionalidade, singularizações e reproduções de relações de saber e poder vigentes, que também atravessam os processos de subjetivação das psicólogas pesquisadoras.Infância Calin: Socialização Étnica e Identidade Social entre Crianças Ciganas10.1590/1982-37030032226512023-02-07T21:43:24.607000Z2020-08-09T06:48:55.373000ZCardoso, Grecy Kelle AndradeBonomo, Mariana
<em>Cardoso, Grecy Kelle Andrade</em>;
<em>Bonomo, Mariana</em>;
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Resumo Compreendendo fases sucessivas do momento de proteção, aprendizagem e preparação para se tornarem adultas, na infância, as crianças ciganas vão sendo formadas para uma vida em grupo e voltada para o núcleo familiar. A partir dos conceitos de socialização étnica e de identidade social, o estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar o universo psicossocial da infância calin entre crianças de etnia calon no estado do Espírito Santo. Participaram do estudo sete crianças, com idades entre 4 e 12 anos, que compõem a terceira geração da comunidade, a primeira após processo de fixação territorial. As entrevistas foram orientadas por um roteiro semiestruturado explorando os universos da lei cigana, tradições do grupo e vivências cotidianas, bem como técnicas de desenho a fim de conhecer as imagens de si, da família e de futuro. Todas as entrevistas foram realizadas no acampamento cigano e os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo temática. Os principais resultados demonstraram que as crianças calin destacam em suas narrativas a vivência da lei cigana e das tradições por meio do uso de vestimentas típicas e da língua caló, moradia em tendas e obediência às normas para o matrimônio, bem como relatam rotinas envolvendo brincadeiras, escolarização e atividades de mediação para o universo adulto. Nesse contexto, manifestam-se movimentos de resistência do grupo, em que a nova geração teria como tarefa manter os elementos identitários essenciais da cultura cigana e criar recursos para manutenção de sua sociabilidade em trânsito nas fronteiras com o mundo não cigano.