Physis: Revista de Saúde Coletivahttps://www.scielo.br/feed/physis/1992.v2n1/2022-12-16T19:51:43.123000ZVol. 2 No. 1 - 1992WerkzeugUma doença no espaço público, a AIDS em seis jornais franceses10.1590/S0103-733119920001000012022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZHerzlich, ClaudinePierret, Janine
<em>Herzlich, Claudine</em>;
<em>Pierret, Janine</em>;
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Pressupondo que a AIDS coloca novamente na cena social a temática da doença como cataclisma e onde se articulou de maneira incxtrincável as dimensões biológica, política c social, os autores procuram delinear como se construiu a representação deste fenômeno inédito na tradição ocidental, no qual assistimos as múltiplas interferências e retedações entre conhecimento científico e conhecimento comum, Para isso, a AIDS é analisada no espaço público, através da leitura crítica de jornal franceses.A inocência e o vício: du coté de Chez Proust10.1590/S0103-733119920001000022022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZCosta, Jurandir Freire
<em>Costa, Jurandir Freire</em>;
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Este trabalho trata da criação da linguagem descritiva do homosse-xualismo masculino em Sodoma e Gomorra de Proust. Defende-se a tese de que Proust definiu a pretensa natureza do homoerotismo servindo-se das categorias da inocência e do vício, implícitas na tessitura do romance. Ambas as categorias estão fortemente marcadas pelas ideologias evolucionistas e instintivas do século XIX e desenham um perfil moral do homoerotismo com base em uma ética predominantemente naturalista, preconceituosa e estig-matizante. Ao lado desta constatação, o estudo mostra também a articulação da invenção teórico-estética dc Proust sobre o homoerotismo com a realidade histórico-social de seu tempo e a extraordinária capacidade do autor para redcscrever a idéia dc sujeito ou subjetividade, como um entrccruzamento de crenças e desejos contingentes.Feminino: a controvérsia do obvio10.1590/S0103-733119920001000032022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZMuniz, Jacqueline
<em>Muniz, Jacqueline</em>;
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Este artigo procura refletir acerca do estatuto do "Feminino" a partir do modo como ele se põe na linguagem. Não se trata, evidentemente, de uma apreciação pormenorizada do referido objeto. Ao contrário, nos limites deste lexto, procuramos antes fazer aparecer os gaps e impasses cognitivos que isso que reconhecemos como feminino ou feminilidade produz e sustenta no plano da significação. Procurou-se, então, tratar o feminino como um controvertido episódio do sentido por meio do qual se podem discutir os domínios da linguagem, seus problemas e limites.Sexualidade e reprodução10.1590/S0103-733119920001000042022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZLoyola, Maria Andréa
<em>Loyola, Maria Andréa</em>;
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Ao contrário do que se supõe ainda hoje, as sociedades organizam e intervém nos diferentes momentos da seqüênciado processo reprodutivo, desde a organização social do coito, da gravidez, do parto e da amamentação, ao número e ã socialização das crianças, sendo todo momento da seqüência reprodutiva um terreno possível de decisão, de gestão e de conflito. Os aspectos que comandam a organização desses diferentes momentos estão relacionados com as formas de organização social, a divisão sexual do trabalho, os sistemas de representação e, em particular, as concepções acercadas formas das relações entre os sexos. Dependendo da configuração desses aspectos num dado momento, é possível falar em diferentes sistemas ou diferentes modelos de reprodução. Discutem-se aqui algumas hipóteses sobre a construção, enquanto tipo ideais, desses modelos.Os anos 80: a politização do sangue10.1590/S0103-733119920001000052022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZSantos, Luiz A. de CastroMoraes, CláudiaCoelho, Vera Schattan P.
<em>Santos, Luiz A. De Castro</em>;
<em>Moraes, Cláudia</em>;
<em>Coelho, Vera Schattan P.</em>;
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Este trabalho focalizou o impacto da Aids sobre os caminhos da hemoterapia brasileira, de um duplo ponto de vista: cm primeiro lugar, do ângulo das políticas públicas, tanto federais (Pró-Sangue e Planashe) quanto estaduais (Grupos de Desenvolvimento de Programas); cm segundo lugar, do ângulo da eclosão de movimentos sociais e grupos de pressão (como a Abia e o Comitê "Pacto de Sangue") - manifestações sem precedentes da sociedade civil na história das lulas pela saúde no Brasil. Estas manifestações, segundo acreditamos, foram em grande parte responsáveis pelas primeiras conquistas reais no tocante à melhora dos serviços hemoterápicos e ao ordenamento e controle da produção industrial de hemoderivados. As políticas públicas para lodo o conjunto das atividades durante os últimos anos na verdade responderam àquelas pressões, em contraste com o processo anterior de formulação de políticas, em que o Estado tomava decisões independentemente da sociedade civil (menos dos setores empresariais, aos quais se mostrou por demais permeável) e tomava a iniciativa. A politização da questão do sangue produziu benefícios indiscutíveis, no contexto mais amplo do grande debate nacional provocado pela entrada da Aids no País, e pelo "grande medo" que a epidemia desencadeou em toda a população. A atividade hemoterápica chegou a ser contemplada na legislação votada pela Assembléia Constituinte de 1988, tamanha foi a projeção que o tema alcançou, na esteira das discussões sobre a Aids. Mas houve problemas evidentes na legislação aprovada na Constituinte, em parte decorrentes da necessária e bem-vinda politização do tema O avesso do debate político, por assim dizer, foi sua excessiva "ideologização", acompanhada da ausência de discussão sobre as experiências ou modelos hemoterápicos internacionais. Esta discussão teria, a nosso ver, maüzado o conteúdo doutrinário dos debates sobre as questões da estatização ou privatização, centralização total ou descentralização radical, doação altruísta ou doação remunerada. Em um próximo artigo em Physis procuraremos focalizar estes tópicos e tirar, do debate internacional e da diversidade das soluções institucionais ali encontradas, algumas lições para a experiência brasileira.Homossexualidade, bissexualidade e HIV/AIDS no Brasil: uma bibliografia anotada das ciências sociais e afins10.1590/S0103-733119920001000062022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZGuimarães, Carmen DoraTerto Jr, VerianoParker, Richard G.
<em>Guimarães, Carmen Dora</em>;
<em>Terto Jr, Veriano</em>;
<em>Parker, Richard G.</em>;
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Esta bibliografia anotada focaliza a produção das Ciências Sociais e áreas afins relativa à homossexualidade, bissexualidade e HIV/AIDS no Brasil. Engloba mais de cem publicações e documentos, e busca examinar as maneiras pelas quais essa literatura poderá contribuir para a compreensão e respostas mais efetiva à epidemia da AIDS na sociedade brasileira.Estado, movimentos sociais e reformas na América Latina: uma reflexão sobre a crise contemporânea10.1590/S0103-733119920001000072022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZPossas, Cristina
<em>Possas, Cristina</em>;
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Este artigo discute os sistemas de proteção social na América Latina e as perspectivas para reformas sociais na região, tomando como referência os padrões existentes de relacionamento entre a sociedade e o Estado. Duas abordagens presentes na literatura sobre o tema são analisadas e questionadas: a primeira diz respeito à adoção de tipologias referidas às diferentes modalidades de Welfare State na classificação dos distintos sistemas de proteção social na região; a segunda refere-se à identificação de uma suposta crise do Welfare State no cenário internacional, que se expressaria necessariamente, nos sistemas latino-americanos de proteção social, por uma extensão da concepção econômica neoliberal a esse campo. Fundamentada em discussão conceituai e em referências empíricas, a autora questiona ambas as abordagens e conclui tentando mostrar que a complexa realidade latino-americana exige tratamento teórico e metodológico compatível com o cenário de heterogeneidade estrutural dominante na região.(Ir)racionalidade médica: os paradoxos da clínica10.1590/S0103-733119920001000082022-12-16T19:51:43.123000Z2020-08-09T06:48:51.354000ZCamargo Jr., Kenneth Rochel de
<em>Camargo Jr., Kenneth Rochel De</em>;
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O ponto de partida deste trabalho é a tentativa de examinar a prática e o saber médico nas suas articulações internas, em contraste com as análises críticas da medicina que usualmente partem de um ponto de vista externo, com uma abordagem sociológica ou econômica. A partir deste referencial, constata-se que a suposta cientificidade da medicina não se sustenta ao analizar-se seus referenciais teóricos, em especial no que diz respeito àepidemiologia, disciplina fundamental na constituição dos objetos da prática médica - as doenças - desconhecida pela maioria dos médicos. Mais ainda, categorias fundamentais do raciocínio clínico nunca são definidas, como se fossem objetos naturais, dados, o que faz com que a razão principal da busca por atenção médica, o sofrimento, seja marginalizado dentro do pensamento médico, e que o paciente seja apagado para que surja a doença. Por fim, a partir da constatação do caráter eminentemente individualizado do exercício da medicina, o que por si só a afasta do paradigma das ciências naturais, defende-se a adoção de uma atitude científica que permita ao médico questionar as bases de sua prática e recuperar o papel do sofrimento como eixo principal do pensamento médico.