Estudos foram feitos dos parasitas intestinais de populações de ameríndios da bacia do Rio Uaupes no Brasil. Três grupos foram amostrados: 1) Tukano pescadores-agricultores que vivem em aldeias ribeirinhas permanentes; 2) Maku caçadores-horticultores que vivem em contato próximo com as aldeias pescadoras dos Tukano; e 3) Maku que habitam o interior da selva e têm pouco contato com aldeias permanentes. Amostras fecais foram obtidas de 498 indivíduos dos quais 220 foram do primeiro grupo, 135 do segundo e 143 do terceiro. As amostras foram analisadas pelos métodos de microflutuação e por sedimentação centrífuga. Um total de 18 espécies de protozoários e helmintos foram assinaladas com base na presença de cistos ou ovos. Entre estas, cinco espécies de nematóides não puderam ser identificadas. As três espécies de nematóides patogênicas comuns foram prevalentes: Necator americanus (96%); Trichuris trichiura (77%) e Ascaris lumbricoides (75%). A prevalência de Ascaris entre as aldeias variou entre 56 e 100%. Indivíduos morando em, ou associados com, aldeias permanentes apresentaram taxas de prevalência e intensidade mais elevadas do que as pessoas que continuavam vivendo como caçadores nômades. Isto tem uma relação direta com a contaminação fecal do ambiente dentro e ao redor das aldeias permanentes. A prevalência de Ascaris numa população pode ser utilizada como uma indicadora deste tipo de contaminação ambiental.
Ascaris; vermes redondos; parasitas; helmintos; índios