RESUMO
Muitas espécies de peixe suportam jejum prolongado como parte do seu ciclo de vida, devido a flutuações na quantidade e qualidade de alimentos disponíveis em seu habitat natural. Esses animais utilizam reservas endógenas durante períodos de escassez de alimentos e se recuperam quando voltam a estar disponíveis. Avaliamos o efeito de jejum prolongado sobre indicadores de uso de reservas corporais, desempenho e integridade intestinal no serrasalmídeo amazônico Piaractus brachypomus. Distribuímos 66 juvenis (68,6 ± 2,2 g) em 11 tanques. O tratamento consistiu em 30 dias de jejum seguidos de 45 dias de realimentação, e o controle de 75 dias de alimentação contínua, com 5 repetições (um tanque com seis peixes). Os seis indivíduos do 11º tanque foram usados para medidas basais. Parâmetros sanguíneos, concentração de lipídios musculares, índices de gordura hepatossomática e mesentérica, parâmetros de crescimento somático e morfologia das vilosidades intestinais foram medidos a cada 15 dias. Glicose, triglicerídeos, colesterol, proteína total, índices hepatossomático e de gordura mesentérica, ganho em peso, taxa de crescimento específico, fator de condição e biomassa total diminuíram significativamente durante o jejum em comparação com o controle, mas todos, exceto a condição corporal, recuperaram-se durante a realimentação. O comprimento e o perímetro das vilosidades intestinais foram significativamente menores durante o jejum em comparação com o controle. O protocolo de alimentação permitiu que P. brachypomus mobilizasse parte de suas reservas corporais durante o jejum, porém, em geral, a realimentação foi suficiente para repor suas necessidades corporais e o desempenho compatível com o de animais alimentados continuamente.
PALAVRAS-CHAVE:
bioquímica sanguínea; privação alimentar; histologia intestinal; pirapitinga