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Efeitos da introdução de um peixe onívoro sobre a biodiversidade e funcionamento de um lago de altitude amazônico

RESUMO

A introdução de espécies não nativas é uma ameaça aos ecossistemas de água doce. Embora a onivoria e a predação intraguilda sejam comuns nesses sistemas, os efeitos da introdução de peixes onívoros nas comunidades pelágicas e litorâneas é pouco conhecido. Nós testamos as previsões da teoria da teia trófica considerando os efeitos da introdução de um peixe onívoro em um lago previamente desprovido de peixes localizado na Serra dos Carajás, Pará, Brasil. A estrutura trófica em dois lagos similares, um com a presença do peixe onívoro introduzido Astyanax bimaculatus, e outro sem peixes, foi comparada através de uma série de dados bióticos amostrados entre 2010 e 2013. A comunidade zooplanctônica foi mais abundante no lago com peixe e sua composição diferiu entre os dois lagos. Apesar da limitação por fósforo no lago com peixe, a riqueza do fitoplâncton e a concentração de clorofila-a foram maiores nesse lago. A comunidade de macroinvertebrados bentônicos apresentou maior riqueza e biomassa no lago sem peixe. Nossos resultados também indicam que A. bimaculatus tem o potencial de acoplar as comunidades litorâneas e pelágicas através da reciclagem de nutrientes. Apesar das limitações relacionadas à ausência de replicação no nível de ecossistemas, nós argumentamos que o nosso estudo mostra que a introdução do peixe onívoro pode ter causado mudanças no funcionamento do lago.

Palavras-chave:
cascata trófica; translocação de espécies; estrutura de comunidades; invasões biológicas; onivoria

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