RESUMO
Doenças infecciosas transmitidas por cães domésticos podem ter consequências importantes na saúde de animais silvestres. Este estudo objetivou investigar a exposição a quatro patógenos em cães e carnívoros silvestres em seis municípios da bacia do Rio Xingu (Pará, Brasil). A prevalência de animais positivos, sua distribuição espacial e a associação com tipos de cobertura do solo foram analisados. Amostras de sangue de 298 cães e 11 carnívoros silvestres de vida livre foram testados por diagnósticos sorológicos. As soroprevalências para o vírus da cinomose canina, vírus da parvovirose canina, Leishmania infantum e Toxoplasma gondii foram 68,6, 75,4, 14,8 e 47,1%, respectivamente. As soroprevalências para o vírus da cinomose canina e T. gondii foram significativamente maiores em cães do que em carnívoros silvestres. Análises espaciais revelaram uma ampla distribuição de animais soropositivos, exceto aqueles soropositivos para L. infantum, os quais se concentraram na região sul próximo às margens do Rio Xingu. Clusters espaciais de animais soropositivos foram detectados para todos os patógenos estudados, indicando áreas com maiores risco de exposição. Resultados positivos para o vírus da cinomose canina, T. gondii e L. infantum estiveram associados a diferentes tipos de cobertura do solo, que, portanto, foram considerados fatores de risco para a exposição aos patógenos. As elevadas soroprevalências de cães para o vírus da cinomose canina e para o vírus da parvovirose canina são preocupantes, sugerindo riscos de transmissão para espécies silvestres que habitam áreas próximas das comunidades investigadas.
PALAVRAS-CHAVE:
epidemiologia; animais selvagens; fatores de risco; análise espacial; zoonose