Acessibilidade / Reportar erro

Florística do cerrado na Reserva Biológica de Moji Guaçu, SP

Floristic of the "cerrado" in the Moji Guaçu Biological Reserve, São Paulo State

Resumos

Foi analisada uma área de 343,42 ha situada em mancha disjunta do cerrado, no Município de Moji Guaçu (Reserva Biológica de Moji Guaçu), São Paulo, sudeste do Brasil (22º15'-16'S e 47º08'-12'W). A área do cerrado estudada apresenta predomínio de fisionomias abertas, que vão do campo cerrado ao cerrado senso restrito. Foram amostradas as plantas vasculares em fase reprodutiva, em dezenove excursões de coletga, com intervalos de 30-45 dias, quando eram anotados dados fenológicos e as formas de vida. Obtiveram-se 2019 exsicatas, distribuídos em 524 espécies, 286 gêneros e 82 famílias. Analisou-se a flora como um todo e os seus componentes herbáceo-subarbustivo e arbustivo-arbóreo, separadamente. Salientaram-se no componente arbustivo-arbóreo: Leguminosae, Myrtaceae e Rubiaceae e na flora como um todo e no seu componente campestre: Compositae, Gramineae e Leguminosae, que estáo entre as famílias mais numerosas da flora mundial.

Flora vascular; cerrado; Reserva Biológica de Moji Guaçu


A 343.42 ha area of cerrado was analysed in a disjunct, marginal cerrado area in Moji Guaçu Municipality, São Paulo State (Moji Guaçu Biological Reserve, 22º15'-16'S and 47º08'-12'W), southeastern Brazil. The predominantly open vegetation varies from "campo cerrado" to "cerrado" (restricted sense). The survey included all vascular plants in reproductive stage and was carried out in nineteen field trips to the area. A total of 2019 exsicata, representing 524 species, 286 genera and 83 families was collected. The cerrado flora as a whole and its two components (woody and herbaceous) were analysed separately. The wood flora is poorer than the herbaceous one, and is composed mainly of species belonging to Leguminosae, Myrtaceae and Rubiaceae. The cerrado flora as a whole, and the herbaceous component, in particular, are composed mainly of species belonging to Compositae, Gramineae and Leguminosae, three of the largest Angiosperm families.

vascular flora; cerrado; Moji Guagu Biological Reserve


Florística do cerrado na Reserva Biológica de Moji Guaçu, SP

Floristic of the "cerrado" in the Moji Guaçu Biological Reserve, São Paulo State

Waldir MantovaniI; Fernando Roberto MartinsII

IDepto Ecologia Geral - Instituto de Biocências, USP. Cx. P. 11.461. CEP 05499 - São Paulo, SP. Bolsista CNPq - Proc. 300.304/81

IIDepto Morfologia e Sistemática Vegetais - Instituto de Biologia, UNICAP. Cx. P. 6.109. CEP 13081 - Campinas, SP

RESUMO

Foi analisada uma área de 343,42 ha situada em mancha disjunta do cerrado, no Município de Moji Guaçu (Reserva Biológica de Moji Guaçu), São Paulo, sudeste do Brasil (22º15'-16'S e 47º08'-12'W). A área do cerrado estudada apresenta predomínio de fisionomias abertas, que vão do campo cerrado ao cerrado senso restrito. Foram amostradas as plantas vasculares em fase reprodutiva, em dezenove excursões de coletga, com intervalos de 30-45 dias, quando eram anotados dados fenológicos e as formas de vida. Obtiveram-se 2019 exsicatas, distribuídos em 524 espécies, 286 gêneros e 82 famílias. Analisou-se a flora como um todo e os seus componentes herbáceo-subarbustivo e arbustivo-arbóreo, separadamente. Salientaram-se no componente arbustivo-arbóreo: Leguminosae, Myrtaceae e Rubiaceae e na flora como um todo e no seu componente campestre: Compositae, Gramineae e Leguminosae, que estáo entre as famílias mais numerosas da flora mundial.

Palavras chave: Flora vascular, cerrado, Reserva Biológica de Moji Guaçu.

ABSTRACT

A 343.42 ha area of cerrado was analysed in a disjunct, marginal cerrado area in Moji Guaçu Municipality, São Paulo State (Moji Guaçu Biological Reserve, 22º15'-16'S and 47º08'-12'W), southeastern Brazil. The predominantly open vegetation varies from "campo cerrado" to "cerrado" (restricted sense). The survey included all vascular plants in reproductive stage and was carried out in nineteen field trips to the area. A total of 2019 exsicata, representing 524 species, 286 genera and 83 families was collected. The cerrado flora as a whole and its two components (woody and herbaceous) were analysed separately. The wood flora is poorer than the herbaceous one, and is composed mainly of species belonging to Leguminosae, Myrtaceae and Rubiaceae. The cerrado flora as a whole, and the herbaceous component, in particular, are composed mainly of species belonging to Compositae, Gramineae and Leguminosae, three of the largest Angiosperm families.

Key words: vascular flora, cerrado, Moji Guagu Biological Reserve

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Recebido em 9-04-92.

Aceito em 24-03-93

  • ALVIM, P.T. & W.A ARAUJO. 1952. El suelo como factor ecológico en el desarollo de la vegetación en el centro oeste dei Brasil. Turrialba 2:153-160.
  • AZEVEDO, L.G. 1967. Tipos eco-fisionômicos de vegetação do Território Federal do Amapá. Revta bras. Geogr. 29:25-51.
  • BATISTA, E.A 1982. Levantamentos fitossociológicos aplicados à vegetação do cerrado, utilizando-se de fotografias aéreas verticais. Dissertação de Mestrado, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
  • BATISTA, E.A 1988. Influência de fatores edáficos no cerrado da Reserva Biológica de Moji-Guaçu, SP. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, Piracicaba.
  • BORGONOVI, M. & J.V. CHIARINI. 1965. Cobertura vegetal do Estado de São Paulo. I. Levantamento por fotointerpretação das áreas cobertas com cerrado, cerradão e campo. Bragantia 24:159-172.
  • CAMARGO, AP.; R.R. ALFONSI; H.S. PINTO; J.V. CHIARINI. 1976. Zoneamento da aptidão climática para culturas comerciais em áreas de cerrado. In: 4ş Simpósio sobre o cerrado. (M.G.Ferri, coord.). Itatiaia, Belo Horizonte e EDUSP, São Paulo, 89-120.
  • COUTINHO, L.M. 1980. O conceito do cerrado. Revta bras. Bot. 1:17-24.
  • DE VUONO, Y.S.; L.M. BARBOSA; E.A. BATISTA. 1982. A Reserva Biológica de Mogi Guaçu. Silvic. S. Paulo 16A:548-558.
  • DE VUONO, Y.S.; E.A. BATISTA; F.L. FUNARI. 1986. Balanço hídrico da Reserva Biológica de Mogi Guaçu, São Paulo. Hoehnea 13:73-85.
  • DONZELLI, J.L.; A. PEREZ Fş; J.F.LEPDCH /; J.B. OLIVEIRA. Levantamento detalhado dos solos da Estação Experimental de Moji Guaçu, SP. (inédito).
  • DUCKE, A. & G.A. BLACK. 1954. Phytogeographical notes on the Brazilian amazon. Bolm. téc. Inst. agron. N. 29:1-62.
  • EITEN, G. 1963. Habitat flora of Fazenda Campininha, São Paulo, Brazil. In: Simpósio sobre o cerrado. (M.G.Ferri, coord.). EDUSP, São Paulo, 179-231.
  • EITEN, G. 1970. A vegetação do Estado de São Paulo. Bolm Inst. Bot. S. Paulo7:1-147.
  • EITEN, G. 1972. The cerrado vegetation of Brazil. Bot. Rev. 38:201-341.
  • FERRI, M.G. 1960. Nota preliminar sobre a vegetação de cerrado em Campo de Mourão (PR). Bolm Fac. Fil. Ciênc. Univ. S. Paulo 51 (Botânica) 4:161-224.
  • FERRI, M.G. 1977. Ecologia dos cerrados. In 4ş Simpósio sobre o cerrado. (M.G. Ferri, coord.). Itatiaia, Belo Horizonte, EDUSP, São Paulo, 15-36.
  • GIBBS, P.E.; H.F. LEITÃO Fş; G.J. SHEPHERD. 1983. Floristic composition and community structure in an area of cerrado in SE Brazil. Flora 173:433-449.
  • GOODLAND, R. 1969. Análise ecológica da vegetação do cerrado. In: Ecologia do cerrado. (R. Goodland & M.G. Ferri). Itatiaia, Belo Horizonte, EDUSP, São Paulo, 167-179.
  • HERINGER, E.P.; G.M. BARROSO; J.A. RIZZO; C.T. RIZZINI. 1977. A flora do cerrado. In: 4ş Simpósio sobre o cerrado. (M.G. Ferri, coord.). Itatiaia, Belo Horizonte, EDUSP, São Paulo, 211-232.
  • HEYWOOD, V.H. 1978. Flowering plants of the world. Oxford Univ. Press, Oxford.
  • JOLY, A.B. 1977. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. Nacional, São Paulo.
  • LABOURIAU, L.G. 1966. Revisão da situação da ecologia vegetal nos cerrados. Anais Acad. bras. Ciênc. 38 (supl.):5-38.
  • LAWRENCE, G.H.M. 1973. Taxonomia das plantas vasculares. (M.S.T. Antunes, trad.). Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
  • LOEFGREN, A. 1896. Ensaio para uma distribuição dos vegetais nos diversos grupos florísticos no Estado de São Paulo. Bolm Comm. geogr. geol. S. Paulo 11:1-50.
  • MANTOVANI, W. 1983. Composição e similaridade florística, fenologia e espectro biológico do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
  • MANTOVANI ,W. 1987. Análise florística e fitossociológica do estrato herbâceo-subarbustivo do cerrado na Reserva Biológica de Moji Guaçu e em Itirapina. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
  • MANTOVANI, W. 1990. O estrato herbáceo do cerrado na região Sudeste do Brasil. In: 8ş Congresso da Sociedade Botânica de São Paulo (Sociedade Botânica de São Paulo, editora). SBSP, Campinas, (no prelo).
  • MANTOVANI, W. & F.R. MARTINS. 1988. Variações fenológicas das espécies do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, Estado de São Paulo. Revta bras. Bot. 11:101-112.
  • MANTOVANI, W.; G.F. LEITÃO; F.R. MARTINS. 1985. Chave baseada em caracteres vegetativos para identificação de espécies lenhosas do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, Estado de São Paulo. Hoehnea 12:35-56.
  • MUELLER-DOMBOIS, D. & H. ELLENBERG. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. John Wiley & Sons, New York.
  • PEREZ Fş, A.; J.L. DONZELLI; I.F. LEPSCH 1980. Relação solos-geomorfologia em várzea do Rio Mogi Guaçu (S). Revta bras. Ciênc. Solo 4:181-187.
  • PIJL, L. VAN DER 1972. Principles of dispersal in higher plants. Springer-Verlag, Berlim.
  • RATTER, J. A. 1980. Notes on the vegetation of Fazenda Água limpa (Brasília-DF, Brasil). Royal Botanical Garden, Edinburgh.
  • RAUNKIAER, C. 1934. The life forms of plants and statistical geography. Clarendon, Oxford.
  • RIZZINI, C.T. 1963a. A flora do cerrado. In Simpósio sobre o cerrado. (M. G. Ferri, coord.). Edgard Blücher e EDUSP, São Paulo, 125-178.
  • RIZZINI, C.T. 1963b. Nota prévia sobre a divisão fitogeográfica (florística-sociológica) do Brasil. Revta bras. Geogr. 26:3-64.
  • RIZZINI, C.T. 1979. Tratado da fitogeografia do Brasil: Aspectos ecológicos, HUCITEC e EDUSP, São Paulo.
  • RODRIGUES, W.A. 1971. Plantas dos campos de Rio Branco (Território de Roraima). In: 3ş Simpósio sobre o cerrado. (M.G. Ferri, coord.). Edgard Blücher e EDUSP, São Paulo, 180-193.
  • STELLFELD, C. 1950. Fitogeografia do Estado do Paraná. Archos Mus. Paran. 7:309-349.
  • TAKEUCHI, M. 1960. The structure of amazonian vegetation. I. Savanna in northern amazon. J. Fac. Sci. Tokyo Univ. sect. 3, Botany, 7:523-533.
  • TROPPMAIR, H. 1974. A cobertura vegetal primitiva do Estado de São Paulo baseada em estudos toponímicos, históricos e ecológicos. Ciênc. Cult. 26:240-243.
  • VELOSO, H.P. 1963. Os grandes clímaces do Brasil. III: Considerações gerais sobre a vegetação do Centro-Oeste. Mem. Inst. Osw. Cruz 61:357-370.
  • VELOSO, H.P. 1964. Os grandes clímaces do Brasil. IV: Considerações gerais sobre a vegetação da Região Nordeste. Mem. Inst. Osw. Cruz 62:203-223.
  • WARMING, E. 1892. Lagoa Santa, contribuição para a geographia phytobiológica. (A. Loefgren, trad.) In: Lagoa Santa e A vegetação dos cerrados brasileiros. (E. Warming & M.G. Ferri). Itataia, Belo Horizonte, EDUSP, São Paulo, 1-284.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    Jul 1993

Histórico

  • Aceito
    24 Mar 1993
  • Recebido
    09 Abr 1992
Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
E-mail: acta@botanica.org.br