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Papilionoideae (Leguminosae) nos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, MG, Brasil

Papilionoideae (Leguminosae) in the campos rupestres of Itacolomi State Park, Minas Gerais State, Brazil

Resumos

O presente trabalho trata do estudo florístico de Papilionoideae dos Campos Rupestres do Parque Estadual do Itacolomi (PEI), localizado no sul da Cadeia do Espinhaço. O trabalho de campo foi realizado no período entre setembro/2003 e outubro/2004. Foram encontradas 28 espécies de Papilionoideae, reunidas em 18 gêneros, sendo Desmodium o mais representativo, com cinco espécies. São fornecidos neste trabalho chaves analíticas, diagnoses, ilustrações e comentários sobre a distribuição geográfica e fenologia de cada espécie.

campos rupestres; flora; Leguminosae; Papilionoideae; Parque Estadual do Itacolomi


A floristic study of Papilionoideae in the campos rupestres of Itacolomi State Park, South Espinhaço Range, was carried out. Field work took place from September 2003 to October 2004. Twenty eight species of Papilionoideae, grouped into 18 genera, were found. Desmodium was the most representative with five species. Analytical keys, diagnoses, illustrations and comments on the geographic distribution and phenology of each species are also presented.

campos rupestres; flora; Itacolomi State Park; Leguminosae; Papilionoideae


Papilionoideae (Leguminosae) nos campos rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, MG, Brasil11 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora

Papilionoideae (Leguminosae) in the campos rupestres of Itacolomi State Park, Minas Gerais State, Brazil

Valquíria Ferreira DutraI,22 Autor para correspondência: valquiria.dutra@bol.com.br; Flávia Cristina Pinto GarciaI; Haroldo Cavalcante de LimaII

IDepartamento de Biologia Vegetal, Universidade Federal de Viçosa, 36570-000 Viçosa, MG, Brasil

IIInstituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 915, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

RESUMO

O presente trabalho trata do estudo florístico de Papilionoideae dos Campos Rupestres do Parque Estadual do Itacolomi (PEI), localizado no sul da Cadeia do Espinhaço. O trabalho de campo foi realizado no período entre setembro/2003 e outubro/2004. Foram encontradas 28 espécies de Papilionoideae, reunidas em 18 gêneros, sendo Desmodium o mais representativo, com cinco espécies. São fornecidos neste trabalho chaves analíticas, diagnoses, ilustrações e comentários sobre a distribuição geográfica e fenologia de cada espécie.

Palavras-chave: campos rupestres, flora, Leguminosae, Papilionoideae, Parque Estadual do Itacolomi

ABSTRACT

A floristic study of Papilionoideae in the campos rupestres of Itacolomi State Park, South Espinhaço Range, was carried out. Field work took place from September 2003 to October 2004. Twenty eight species of Papilionoideae, grouped into 18 genera, were found. Desmodium was the most representative with five species. Analytical keys, diagnoses, illustrations and comments on the geographic distribution and phenology of each species are also presented.

Key words:campos rupestres, flora, Itacolomi State Park, Leguminosae, Papilionoideae

Introdução

Leguminosae é uma família amplamente distribuída nas regiões tropicais, sendo a terceira maior família das angiospermas, com ca. 730 gêneros e 19.500 espécies (Lewis et al. 2005). No Brasil sua ocorrência é muito significativa, estando presente na maioria das regiões (Lima 2000) e apresentando alta diversidade na maioria das formações vegetacionais brasileiras.

Papilionoideae está representada por 440 gêneros e 12.000 espécies, distribuídas desde florestas úmidas até desertos (Polhill 1981). No Brasil são 88 gêneros e 180 espécies nativas (Barroso et al. 1991). É a subfamília mais representativa nos campos rupestres, com 157 espécies e 35 gêneros (Garcia & Dutra 2004). Apresenta hábito variado, folhas 1-plurifolioladas, na maioria trifolioladas, digitadas ou pinadas, flores geralmente zigomorfas (exceto em Swartzia), cálice gamossépalo com iniciação das sépalas unidirecional, corola papilionácea com prefloração vexilar, os frutos são do tipo legume e suas variações, como: lomento, folículo, sâmara e drupa e as sementes apresentam a região do hilo bem delimitada e radícula com eixo infletido (Polhill 1981; Barroso et al. 1999; Doyle et al. 2000).

Nos campos rupestres, estudos específicos sobre Leguminosae são poucos, restringindo-se aos de Conceição et al. (2003), Queiroz (2004) e Dutra et al. (2005).

Este trabalho tem como objetivo fornecer o inventário florístico da subfamília Papilionoideae dos Campos Rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, bem como a elaboração de chave analítica para a identificação dos táxons estudados, diagnoses, ilustrações e comentários sobre a distribuição geográfica e a fenologia dos mesmos.

Material e métodos

Área de estudo - O Parque Estadual do Itacolomi (PEI) localiza-se no Estado de Minas Gerais (20º22'30"-20º30'00"S e 43º32'30"-43º22'30"W), nos municípios de Ouro Preto e Mariana, limite sul da Cadeia do Espinhaço (Peron 1989). Criado em 1967, possui uma área de aproximadamente 7.000 ha, na zona de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado (Messias et al. 1997). Os Campos Rupestres ocorrem em altitudes superiores a 900 m e ocupam ca. de 60% da área do Parque.

Coleta e tratamento do material botânico - Foram realizadas visitas mensais ao PEI, entre setembro/2003 a outubro/2004, ao longo de oito trilhas do parque: Estrada de Cima, Estrada de Baixo, Morro do Cachorro, Baú, Calais, Tesoureiro, Serrinha e Sertão (Dutra 2005), abrangendo seis tipos de formações vegetacionais, segundo Dutra (2005): os campos graminosos secos, os campos graminosos úmidos, os campos graminosos úmidos de altitude, campos quartzíticos dos afloramentos rochosos, os campos ferruginosos e os escrubes.

O material coletado foi herborizado, identificado e depositado no acervo do Herbário VIC, do Departamento de Biologia Vegetal, da Universidade Federal de Viçosa. Duplicatas foram enviadas aos Herbários OUPR, da Universidade Federal de Ouro Preto e RB, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

A nomenclatura morfológica usada nas diagnoses foi baseada nos trabalhos de Radford et al. (1974) e Polhill & Raven (1981), e os tipos de frutos em Barroso et al. (1999). A chave de identificação dos táxons e as diagnoses foram elaboradas com base nos caracteres vegetativos e reprodutivos e nas variações morfológicas observadas no material coletado no PEI. As ilustrações foram confeccionadas com o auxílio de um estereomicroscópio, utilizando-se materiais herborizados e/ou fixados em álcool 70%.

Resultados e discussão

Nos Campos Rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, Papilionoideae está representada por 28 espécies, reunidas em 18 gêneros e oito tribos. O gênero mais representativo, em número de espécies, foi Desmodium (5), seguido por Crotalaria (3), Centrosema, Dalbergia, Machaerium e Stylosanthes (2 spp. cada). Aeschynomene, Andira, Indigofera, Calopogonium, Camptosema, Clitoria, Periandra, Rhynchosia, Vigna, Sesbania, Swartzia e Zornia apresentaram apenas uma espécie cada.

Chave para os táxons específicos e infraespecíficos de Papilionoideae dos Campos Rupestres do Parque Estadual do Itacolomi, MG, Brasil

1. Folhas pinadas, plurifolioladas 2. Folíolos opostos ou subopostos; fruto legume, folículo, lomento ou drupa 3. Folhas 7-19-folioladas 4. Folíolos 0,5-2,4 cm compr. 5. Estípulas lanceoladas; inflorescência 1-2-flora; corola amarela; fruto lomento ...................... 1. Aeschynomene elegans var. elegans 5. Estípulas filiformes; inflorescência multiflora; corola rósea; fruto legume ......................................... 18. Indigofera suffruticosa 4. Folíolos 3,8-8,7 cm compr. 6. Folíolos com face abaxial esparso-tomentosa; inflorescência paniculada; corola violácea; estames 10 .. 2. Andira surinamensis 6. Folíolos com face abaxial glabra; inflorescência racemosa; corola branca; estames numerosos ........................ 26. Swartzia oblata 3. Folhas 30-38-folioladas ...................................... 23. Sesbania virgata 2. Folíolos alternos; fruto sâmara 7. Ramos puberulentos, inermes; inflorescência paniculada; sâmara com núcleo seminífero central e pouco distinto da ala 8. Folíolos 3,1-4,6 cm compr., face abaxial puberulenta e adaxial glabra ..................................... 11. Dalbergia frutescens var. frutescens 8. Folíolos 1,7-2,7 cm compr., ambas as faces esparso-tomentosas .................................................12. Dalbergia villosa var. villosa 7. Ramos tomentosos, aculeados ou inermes; inflorescência racemosa; sâmara com núcleo seminífero basal e bem distinto da ala 9. Arbustos escandentes, ramos com estípulas espinescentes; folhas 21-29-folioladas, folíolos 1,5-1,9 cm compr.; sâmara 2,8-3,1 cm compr. ........................................................ 19. Machaerium aculeatum 9. Arbustos, sem estípulas espinescentes; folhas 7-11-folioladas, folíolos 3,3-6,8 cm compr.; sâmara 5,7-7,7 cm compr ....................................................... 20. Machaerium brasiliense 1. Folhas uni-, bi- ou trifolioladas 10. Folhas uni- ou bifolioladas 11. Folhas unifolioladas; inflorescência racemosa; legume inflado 12. Folíolos denso-seríceos, inflorescência 3-4-flora .............................................................. 10. Crotalaria velutina 12. Folíolos esparso-tomentosos, inflorescência multiflora .............................................................. 8. Crotalaria breviflora 11. Folhas bifolioladas; inflorescência espiciforme; lomento ....................................................................... 28. Zornia reticulata 10. Folhas trifolioladas 13. Ervas ou arbustos 14. Estípulas soldadas, amplexicaules, adnadas à base do pecíolo 15. Ramos vilosos a glabros, sem tricomas glandulares; folíolos lanceolados, face abaxial puberulenta ................................................. 24. Stylosanthes guianensis 15. Ramos viscoso-hirsutos, com tricomas glandulares; folíolos elípticos, ambas as faces estrigosas .................. 25. Stylosanthes viscosa 14. Estípulas sem as características anteriores ou ausentes 16. Estípulas filiformes; corola amarela; anteras dimorfas; legume inflado ............................................................. 9. Crotalaria micans 16. Estípulas lanceoladas; corola rósea ou violácea; anteras uniformes; legume plano ou lomento 17. Face abaxial dos folíolos pruinosa; inflorescência racemosa; fruto legume ........................... 21. Periandra mediterranea 17. Face abaxial dos folíolos esparso-tomentosa, esparso-serícea, vilosa ou velutina; inflorescência pseudoracemosa; fruto lomento 18. Folíolos 0,5-2,3cm compr. 19. Folíolos orbiculares ou obcordiformes, 0,5-1,1 cm compr.; estípulas ca. 3 mm compr.; artículo do lomento quase retangular ........... 13. Desmodium adscendens 19. Folíolos elípticos ou ovados, 1,5-2,3 cm compr.; estípulas 4-8 mm compr.; artículo do lomento depresso-oboval ........................... 15. Desmodium barbatum 18. Folíolos 2,5-7,9 cm compr. 20. Estípulas soldadas; folíolos elípticos, face adaxial glabra ....................................... 16. Desmodium incanum 20. Estípulas livres; folíolos ovados, face adaxial estrigosa 21. Ramos velutinos, uncinado-pubérulos; folíolos com face abaxial esparso-serícea; artículo do lomento semi-elíptico .................... 14. Desmodium affine 21. Ramos uncinado-hirsutos; folíolos com face abaxial velutina; artículo do lomento subtriangular ................................17. Desmodium uncinatum 13. Trepadeiras 22. Folíolos 1,1-2,6 cm compr.; carena torcida lateralmente ..................................... 27. Vigna peduncularis var. peduncularis 22. Folíolos 3,2-8 cm compr.; carena reta 23. Folíolos com face abaxial esparso-tomentosa 24. Ramos cilíndricos, velutinos; estípulas lanceoladas; inflorescência multiflora; corola vermelha ..............................4. Camptosema scarlatinum var. pohlianum 24. Ramos estriados, hirsutos; estípulas ovado-lanceoladas; inflorescência 1-4-flora; corola branca, amarelada quando herborizada ........................... 7. Clitoria falcata var. falcata 23. Folíolos com face abaxial vilosa, velutina ou glabra 25. Ramos tomentosos; corola amarela . 22. Rhynchosia reticulata 25. Ramos hirsutos, pubescentes ou glabros; corola rosa ou violácea 26. Folíolos elípticos ou oblongo-lanceolados, inflorescência 2-5-flora 27. Folíolos coriáceos, ambas as faces glabras; corola rósea ...................................... 5. Centrosema coriaceum 27. Folíolos cartáceos, face abaxial vilosa, face adaxial pubérula; corola violácea . 6. Centrosema virginianum 26. Folíolos ovados; inflorescência multiflora ......................................3. Calopogonium mucunoides

1. Aeschynomene elegans Schltdl. & Cham. var. elegans, Linnaea 5: 583-584. 1830.

Ervas 40-50 cm alt., ramos cilíndricos, seríceos. Folhas 10-12-folioladas; estípulas 4-7 mm compr., lanceoladas; folíolos 5-13×2-5 mm, opostos, oblongos, cartáceos, seríceos. Inflorescência racemosa, 1-2-flora, axilar; cálice ca. 3 mm compr., campanulado, seríceo; corola amarela, vexilo 7-8 mm compr., alas 7-8 mm compr., pétalas da carena 7-8 mm compr.; estames 5-7 mm compr., diadelfos (5+5), anteras uniformes; ovário 3-4 mm compr., estipitado, tomentoso, estilete ca. 2 mm compr., curvo, glabro, estigma terminal. Lomento 4-5-articulado, 2,3-3,2×0,2 cm, uncinadopubérulo, artículos indeiscentes; sementes 4-5, ca. 2 mm compr., reniformes, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 18/III/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 202 (VIC); 5/II/2002 fl., fr., Dutra 108 (OUPR); Estrada de Baixo, 4/II/2002, fl., fr., Dutra 97 (OUPR).

Ocorre do México até a Argentina (Brandão 1992). No Brasil, é encontrada nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (Fernandes 1996). No PEI, foi coletada no Calais, em campos quartzíticos dos afloramentos rochosos e na Estrada de Baixo, em escrube sobre filito, e sua ocorrência observada na Estrada de Cima, em escrube sobre filito. Floresceu de dezembro a março e frutificou em março.

2. Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff, Meded. Bot. Mus. Herb. Rijks Univ. Utrecht 52: 60. 1939.

Fig. 1-5


























Arbustos ca. 4 m alt., ramos estriados, puberulentos. Folhas 7-9-folioladas; estípulas não observadas; folíolos 4,4-8,7×1,2-3 cm, opostos, obovados a elípticos, coriáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência paniculada, multiflora, terminal; cálice 6-8 mm compr., campanulado, 5-laciniado, tomentoso; corola violácea, vexilo 1,1-1,5 cm compr., alas 1,1-1,5 cm compr., pétalas da carena 1,3-1,4 cm compr.; estames 7-12 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário 4-5 mm compr., estipitado, glabro, estilete ca. 3 mm compr., estilete curvo, glabro; estigma terminal. Legume não observado.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 30/IX/2003, fl., Dutra et al. 132 (VIC).

Possui ampla distribuição na América tropical, e no Brasil ocorre nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e no Estado de Minas Gerais, em matas ou como árvores isoladas no Cerrado (Mattos 1979). No PEI foi encontrada apenas na Serrinha, em campos graminosos úmidos. Floresceu em setembro.

3. Calopogonium mucunoides Desv., Ann. Sci. Nat. (Paris) 9: 423. 1826.

Fig. 6

Trepadeiras, ramos estriados, ferrugíneo-hirsutos. Folhas trifolioladas; estípulas 3-5 mm compr., lanceoladas; folíolo terminal 4,1-8,5×3,1-6,4 cm, folíolos laterais 3,7-7×2,5-5,1 cm, assimétricos, ovados, cartáceos, velutinos. Inflorescência racemosa, axilar, multiflora; cálice 5-6 mm compr., campanulado, 5-laciniado, hirsuto, lacínios subulados; corola violácea, vexilo 6-7 mm compr., alas 5-6 mm compr., pétalas da carena 4-5 mm compr.; estames 4-5 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 3 mm compr., séssil, seríceo, estilete ca. 2 mm compr., glabro, estigma terminal, capitado. Legume 2,6-3,5×0,2-0,3 cm, hirsuto; sementes 1-8, ca. 3 mm compr., retangulares, castanho-escuras.

Material examinado: BRASIL.Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Baixo, próximo à entrada do PEI, 27/III/2001, fl., Dutra 32 (OUPR, VIC); 18/III/2004, fl., Dutra & Garcia 199 (VIC); 14/IV/2004, fr., Dutra & Garcia 224 (VIC); 14/VI/2001, fr., Dutra 61 (OUPR).

Espécie de distribuição predominantemente neotropical, ocorrendo desde o sul do México até o sudeste do Paraguai. No Brasil, ocorre nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, em capoeiras, beira de estradas e ao longo de rios (Carvalho-Okano & Leitão Filho 1985). No PEI, ocorre apenas na Estrada de Baixo, próximo à portaria do parque, área de escrube sobre filito bastante alterada. Floresceu em março e frutificou em abril e maio.

4. Camptosema scarlatinum (Benth.) Burkart var. pohlianum (Benth.) Burkart, Darwiniana 16(1-2): 205. 1970.

Fig. 7-8

Trepadeiras, ramos cilíndricos, velutinos. Folhas trifolioladas; estípulas 3-4 mm compr., lanceoladas, caducas; folíolo terminal 5,7-8×1,8-2,5 cm, folíolos laterais 4,9-8×1,4-2,4 cm, elípticos a oblongolanceolados, cartáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência pseudoracemosa, nodosa, axilar; multiflora; cálice ca. 2,1 cm compr., tubuloso, 4-laciniado, velutino; corola vermelhococcínea, vexilo 2,3-2,7 cm, alas 2,2-2,3 cm, pétalas da carena 2,3-2,5 cm; estames 1,9-2,5 cm compr., pseudomonadelfos, anteras uniformes; ovário ca. 9 mm compr., estipitado, velutino, estilete ca. 1,1 cm compr., filiforme, reto, estigma apical, truncado. Legume 3,5-6,2×0,5-0,8 cm, elasticamente deiscente, ferrugíneoviloso; sementes 3-12, 3,5×2-3 mm, elípticas, castanhas com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Cima, 30/IX/2003, fr., Dutra et al. 136 (VIC); 30/IX/2003, fl., fr., Dutra et al. 135 (VIC); 27/XI/2001, fr., Messias & Dutra 568 (OUPR).

No Brasil ocorre nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, em campos e orlas de mata e, segundo Lewis (1995), em locais perturbados e em matas. No PEI foi coletada na Estrada de Cima e sua ocorrência observada na Estrada de Baixo, em campos graminosos secos. Floresceu e frutificou de setembro a dezembro.

5. Centrosema coriaceum Benth., Comm. Legum. Gen. 54. 1837.

Fig. 9-11

Trepadeiras, ramos estriados, pubescentes a glabros. Folhas trifolioladas; estípulas 3-5 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 3,7-5,5×1,5-2 cm, folíolos laterais 3,7-7,9×1,1-3,5 cm, elípticos, coriáceos, glabros. Inflorescência racemosa, 2-5-flora, axilar; flor ressupinada; cálice 8-9 mm compr., curtamente campanulado, 5-laciniado, puberulento; corola rósea, vexilo 3-4,1 cm compr., calcarado no dorso, alas 2,6-3,3 cm compr., pétalas da carena 2,2-2,6 cm compr.; estames 1,9-3,9 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário séssil, 1,1-1,4 cm compr., puberulento, estilete 2-2,4 cm compr., encurvado, hirsuto, estigma apical, truncado, barbado. Legume 6,5-8,8×0,4-0,5 cm, elasticamente deiscente, falcado, apiculado, com margens espessadas, puberulento a glabro; semente ca. 15, 3-4×2-3 mm, elíptica, castanha com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Morro do Cachorro, 22/I/2004, fl., Dutra et al. 173 (VIC); 5/II/2004, fl. fr, Dutra et al. 175 (VIC); Mariana, Serrinha, 7/II/2003, fl., Messias 759 (OUPR).

Espécie de distribuição restrita à Bahia e Minas Gerais, ocorrendo em cerrados, campos, capoeiras e margens de rios (Barbosa-Fevereiro 1977). No PEI foi coletada no Morro do Cachorro e Serrinha, em campos graminosos secos, e sua ocorrência observada no Sertão, sendo a única espécie de Leguminosae que ocorre nos campos graminosos úmidos de altitude do Parque. Floresceu de janeiro a maio e frutificou de fevereiro a maio.

6. Centrosema virginianum (L.) Benth., Comm. Legum. Gen. 56. 1837.

Fig. 12

Trepadeiras, ramos estriados, hirsutos. Folhas trifolioladas; estípulas 3-4 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 2,9-4,5×0,7-1,4 cm, folíolos laterais 3,2-5,6×0,6-1,4 cm, ovados, elípticos ou oblongos, cartáceos, face abaxial vilosa, face adaxial pubérula. Inflorescência racemosa, 2-4-flora, axilar; flor ressupinada; cálice 8-9 mm compr., curtamente campanulado, 5-laciniado, puberulento; corola violácea, vexilo 2,2-3,1 cm compr., calcarado no dorso, alas 1,8-2 cm compr., pétalas da carena 1,9-2,2 cm compr.; estames ca. 2,4 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 2,1 cm compr., séssil, puberulento, estilete ca. 1,2 cm compr., encurvado, puberulento, estigma apical, truncado, barbado. Legume 8-9,7×0,3 cm, elasticamente deiscente, reto, apiculado, com margens espessadas, glabro; sementes 19-20, ca. 3 mm compr., oblongas, castanhas com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Baixo, entrada do PEI, 18/III/2004, fl., Dutra & Garcia 197 (VIC); Calais, 8/V/2004, fl., fr., Dutra et al. 232 (VIC).

Ocorre dos Estados Unidos até a Argentina, estando amplamente distribuída no Brasil, em campos, matas, restingas, cerrados e caatingas (Barbosa-Fevereiro 1977; Miotto 1987). No PEI, foi encontrada na Estrada de Baixo, próximo à portaria do Parque, uma área bastante alterada de escrube sobre filito. Floresceu de março a maio e frutificou de abril a maio.

7. Clitoria falcata Lam. var. falcata, Encycl. Botanique 2(1): 51. 1786.

Fig. 13-15

Trepadeiras, ramos estriados, hirsutos. Folhas trifolioladas; estípulas 4-6 mm compr., ovadolanceoladas, persistentes; folíolo terminal 4-7,7×1,4-4,5 cm, folíolos laterais 4,7-7×2,8-4,2 cm, ovados a elípticos, cartáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência racemosa, 1-4-flora, axilar; flor ressupinada, cálice ca. 2,5 cm compr., tubuloso, 5-laciniado, hirsuto; corola branca, vexilo ca. 2,6 cm compr., alas ca. 1,6 cm compr., pétalas da carena ca. 1,5 cm compr.; estames 1,3-1,6 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 9 mm compr., estipitado, puberulento, estilete ca. 1 cm compr., encurvado, hirsuto, estigma apical, rodeado por uma coroa de pêlos muito curtos. Legume não observado.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 6/II/2004, fl., Dutra & São-Thiago 179 (VIC); 29/III/2004, fl., Dutra et al. 212 (VIC).

Espécie encontrada na América do Sul tropical, América Central, oeste da Índia e África tropical. No Brasil, ocorre nos Estados do Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, em áreas abertas, matas com solo arenoso e campos arbustivos, secos ou inundados (Fantz 1980; Miotto 1987). No PEI, foi encontrada apenas na Serrinha, em campos graminosos úmidos. Floresceu em fevereiro e março.

8. Crotalaria breviflora DC., Prodr. 2: 127. 1852.

Fig. 16-18

Ervas 0,3-1,6 m alt., ramos cilíndricos, seríceos. Folhas unifolioladas; estípulas verdadeiras ausentes, alas internodais presentes; folíolos 3,2-6,1×0,9-2,3 cm, elípticos ou lanceolados, cartáceos, esparso-tomentosos. Inflorescência racemosa, multiflora, opositifólia ou terminal; cálice 1,3-1,7 cm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola amarela, vexilo 1,1-1,6 cm compr., alas 1,1-1,4 cm compr., pétalas da carena 1,1-1,5 cm compr.; estames 10, 1-1,2 cm compr., monadelfos, anteras dimorfas: 5 longas e basifixas alternadas com 5 curtas e dorsifixas; ovário 5-6 mm compr., estipitado, glabro, estilete 6-9 mm compr., curvo, glabro, estigma terminal, truncado. Legume inflado 3-3,7 cm compr., elasticamente deiscente, glabro; sementes 3×2 mm, reniformes.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 9/XII/2003, fl., Dutra et al. 155 (VIC); 26/V/2004, fl., Dutra & Ferreira 236 (VIC); 17/VI/2004, fl., fr., Dutra & Pereira 243 (VIC); Estrada de Cima, 23/VI/2003, fl., fr., Dutra & Lima 246 (VIC).

Apresenta distribuição restrita ao Brasil, ocorrendo na Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal, em afloramentos rochosos, campos rupestres, cerrado, mata e brejo (Filliettaz 2002). No PEI, foi encontrada no Calais, em campos graminosos secos e campos quartzíticos dos afloramentos rochosos, e na Estrada de Cima, em escrube sobre filito. Floresceu de janeiro a março e frutificou de janeiro a junho.

9. Crotalaria micans Link, Enum. Hort. Berol. Alt. 2: 228-229. 1822.

Arbustos 0,6-1 m alt., ramos estriados, tomentosos. Folhas trifolioladas; estípulas ca. 5 mm compr., filiformes; alas internodais ausentes; folíolo terminal 3,5-7,1×0,9-1,9 cm, folíolos laterais 3,4-5,7×0,8-1,6 cm, elípticos, cartáceos, face abaxial tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência racemosa, multiflora, terminal; cálice ca. 5 mm compr., campanulado, 5-laciniado, tomentoso; corola amarela, vexilo 1,3-1,5 cm compr., alas 1,4-1,5 cm compr., pétalas da carena 1,3-1,4 cm compr.; estames 10, 8-13 mm compr., monadelfos, anteras dimorfas: 5 longas e basifixas alternadas com 5 curtas e dorsifixas; ovário 5-6 mm compr., estipitado, puberulento, estilete 8-10 mm compr., curvo, glabro, estigma terminal, truncado. Legume inflado, ca. 4 cm compr., elasticamente deiscente, tomentoso; sementes ca. 30, ca. 2 mm compr., reniformes, vermelho-alaranjadas.

Material examinado: BRASIL.Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Baixo, 29/III/2004, fl., Dutra et al. 207 (VIC); 4/II/2002, fl., fr., Dutra 95 (OUPR).

É encontrada em todo Brasil habitando campos e orla de capões, sendo abundante em locais perturbados como beira de estradas (Flores & Miotto 2001). No PEI, é muito freqüente na Estrada de Baixo, em escrubes sobre filito. Floresceu em março.

10. Crotalaria velutina Benth., Ann. Nat. Hist. 3: 429. 1839.

Ervas ca. 30 cm alt., ramos cilíndricos, seríceos. Folhas unifolioladas; estípulas verdadeiras ausentes, alas internodais presentes, obsoletas; folíolos 2,9-5,8×0,8-1,2 cm, lanceolados, cartáceos, denso-seríceos. Inflorescência racemosa, 3-4-flora, opositifólia; cálice 1,8-1,9 cm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola amarela, vexilo ca. 1,2 cm compr., alas ca. 1 cm compr., pétalas da carena ca. 1,2 cm compr.; estames 10, 0,9-1 cm compr., monadelfos, anteras dimorfas: 5 longas e basifixas alternadas com 5 curtas e dorsifixas; ovário ca. 4 mm compr., estipitado, glabro, estilete ca. 7 mm compr., curvo, glabro, estigma terminal, truncado. Legume inflado, 3-3,5 cm compr., elasticamente deiscente, glabro; sementes 3×2 mm, reniformes.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 9/XII/2003, fl., fr., Dutra et al.154 (VIC).

Ocorre em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal, em cerrados e campos (Fillliettaz 2002; Flores 2004). No PEI, ocorre no Calais, em campos graminosos secos. Floresceu e frutificou em dezembro.

11. Dalbergia frutescens (Vell.) Britton var. frutescens, Bull. Torrey Bot. Club 16(12): 324. 1889.

Fig. 19-20





























Arbustos, eretos ou escandentes, 1,5-3 m alt., ramos cilíndricos, puberulentos. Folhas 11-15-folioladas; estípulas não observadas, decíduas; folíolos 3,1-4,6×1,4-2,3 cm, obovados a elípticos, coriáceos, face abaxial puberulenta, face adaxial glabra. Inflorescência paniculada, multiflora, axilar; cálice ca. 3 mm compr., campanulado, 5-laciniado, puberulento; corola creme, vexilo 4-5 mm compr., alas 4-5 mm compr., pétalas da carena 3-4 mm compr.; estames 10, 2-3 mm compr., monadelfos, anteras uniformes; ovário ca. 2 mm compr., estipitado, seríceo, estilete ca. 1 mm compr., reto, seríceo, estigma terminal. Sâmara 6,1-7,6×1,5-2 cm, indeiscente, com região do núcleo seminífero central e pouco distinto da ala, glabro; semente 1, 9-11×6-7 mm, elíptica, castanho-escura.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Morro do Cachorro, 12/XII/1990, fl., Lima et al. 4065 (OUPR); 29/III/2004, fr., Dutra et al. 206 (VIC); Calais, 20/I/2004, fl., Dutra et al. 162 (VIC); Estrada de Baixo, 14/IV/2004, fr., Dutra & Garcia 227 (VIC); 5/IX/1996, fr., Messias & Roschel (OUPR 6377).

É encontrada na Guiana, Venezuela, Paraguai, Argentina e Brasil, em restinga, borda de Mata Atlântica, em floresta de altitude e matas de galeria no Cerrado (Carvalho 1997). No PEI, foi encontrada no Calais, em escrube sobre quartzito, no Morro do Cachorro e na Estrada de Baixo, em escrubes sobre filito. Floresceu em janeiro e frutificou de fevereiro a abril.

12. Dalbergia villosa (Benth.) Benth. var. villosa, J. Linn. Soc. Bot. 4(suppl.): 38. 1860.

Fig. 21

Arbustos ca. 2 m alt., ramos cilíndricos, vilosos. Folhas 15-17-folioladas; estípulas não observadas, decíduas; folíolos 1,7-2,7×0,6-0,8 cm, elípticos ou oblongos, cartáceos, esparso-tomentosos. Inflorescência paniculada, multiflora, axilar; cálice 3-4 mm compr., campanulado, 5-laciniado, viloso; corola creme, vexilo 5-6 mm compr., alas 5-6 mm compr., pétalas da carena 4-5 mm compr.; estames 9-10, 4-5 mm compr., monadelfos, anteras uniformes; ovário 3-4 mm compr., estipitado, viloso, estilete 1-2 mm compr., reto, glabro, estigma terminal. Sâmara ca. 5 cm compr., indeiscente, com região do núcleo seminífero central e pouco distinto da ala, glabro; semente 1, ca. 1,1 cm compr., reniforme, castanho-escura.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Baixo, para Fazenda do Manso, 15/I/1994, fl., Dias & Roschel s.n. (OUPR 1347, VIC 28480); Estrada de Cima, 22/XI/2001, fr., Messias & Dutra 536 (OUPR).

Ocorre no Brasil Central, especialmente em Minas Gerais e norte de São Paulo, sendo uma espécie predominantemente de Cerrado (Carvalho 1997). No PEI, foi coletada nas Estradas de Cima e de Baixo e sua ocorrência observada na Serrinha, Sertão, Calais e Tesoureiro. É a espécie mais amplamente distribuída no Parque, ocorrendo em todos as fitofisionomias estudadas. Não foram observados flores e frutos no período de estudo.

13. Desmodium adscendens (Sw.) DC., Prodr. 2: 332. 1826.

Fig. 22-25

Ervas prostradas, ramos cilíndricos, puberulentos. Folhas trifolioladas; estípulas 3-4 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 8-15×5-10 mm, folíolos laterais 5-11×3-8 mm, orbiculares a obcordiformes, cartáceos, face abaxial pubérula, face adaxial esparso-tomentosa a glabra. Inflorescência pseudoracemosa, multiflora, terminal; cálice ca. 3 mm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola rósea, vexilo 5-6 mm compr., alas 5-6 mm compr., pétalas da carena ca. 6 mm compr.; estames ca. 5 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário 3-4 mm compr., séssil, velutino, estilete ca. 3 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, globoso. Lomento 1-3-articulado, 6-14×2-3 mm, uncinado-pubérulo, artículo indeiscente, quase retangular; sementes 1-3, 2-4 mm compr., reniformes, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 26/V/2004, fr., Dutra & Ferreira 237 (VIC); 5/II/2004, fl., fr., Dutra et al. 177 (VIC); Estrada de Baixo, 4/II/2002, fl., fr., Dutra 96 (OUPR).

Encontra-se amplamente distribuída no território brasileiro, ocorrendo em diversos hábitats (Azevedo 1981). No PEI, foi coletada no Calais, sobre campos quartzíticos do afloramento rochoso e Estrada de Baixo, em escrube sobre filito, e sua ocorrência observada na Serrinha e Estrada de Cima, em campos graminosos úmidos e em campos graminosos secos, respectivamente. Floresceu de dezembro a abril e frutificou de janeiro a abril.

14. Desmodium affine Schltdl., Linnaea 12: 312-313. 1838.

Fig. 26-29

Ervas prostradas, ramos estriados, velutinos, uncinado-pubérulos. Folhas trifolioladas; estípulas 4-6 mm de compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 3,4-6,5×2,7-4,5 cm, folíolos laterais 2,5-5,2×1,5-2,9 cm, ovados, assimétricos, cartáceos, face abaxial esparso-serícea, quando jovem, densoserícea, face adaxial estrigosa. Inflorescência pseudoracemosa, multiflora, terminal; cálice ca. 6 mm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola rósea, vexilo 1-1,1 cm compr., alas 8-9 mm compr., pétalas da carena ca. 8 mm compr.; estames 9-11 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário 7-8 mm compr., séssil, velutino, estilete 3-4 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, globoso. Lomento 4-7-articulado, ca. 5 cm compr., uncinado-pubérulo, artículo indeiscente, semi-elíptico; sementes 4-7, ca. 2 mm compr., reniformes, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 5/II/2002, fl., fr., Dutra 109 (OUPR); Estrada para Morro do Cachorro, próximo à Fazenda do Manso, 17/III/2004, fl., Dutra &.Garcia 189 (VIC).

É encontrada na Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, principalmente em mata, mas também em áreas de campo (Azevedo 1981). No PEI, foi coletada no Calais, em campos graminosos secos, e próximo à Fazenda do Manso, e sua ocorrência observada no Morro do Cachorro, em campos graminosos secos, e Estrada de Baixo, em escrube sobre filito. Floresceu em março e frutificou em abril.

15. Desmodium barbatum (L.) Benth., Pl. Jungh. 2:224. 1852.

Fig. 30-33

Ervas prostradas, ramos cilíndricos, vilosos. Folhas trifolioladas; estípulas 4-8 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 1,2-2,3×0,8-1,1 cm, folíolos laterais 1,5-2,3×0,8-1,1 cm, elípticos ou ovados, cartáceos, face abaxial vilosa, face adaxial glabra, discolores. Inflorescência pseudoracemosa, multiflora, terminal; cálice ca. 5 mm compr., campanulado, 5-laciniado, barbado; corola violácea, vexilo 5-6 mm compr., alas 4-5 mm compr., pétalas da carena 4-5 mm compr.; estames ca. 4 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 3 mm compr., séssil, velutino, estilete ca. 1,5 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, globoso. Lomento 2-3-articulado, 5-9 mm compr., uncinado-pubérulo, artículo indeiscente, depresso-oboval; sementes 2-3, 1,5-2 mm, oblongas, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Morro do Cachorro, 29/III/2004, fl., fr., Dutra et al. 210 (VIC); Calais, 18/III/2004, fr., Dutra & Garcia 201 (VIC).

Ocorre na América do Sul tropical e subtropical, estando amplamente distribuída, no Brasil, em diversos tipos de vegetação (Azevedo 1981). No PEI foi encontrada no Calais e no Morro do Cachorro, em campos quartzíticos dos afloramentos rochosos e campos graminosos secos, respectivamente. Floresceu em março e frutificou em março e abril.

16. Desmodium incanum DC., Prodr. 2: 332. 1825.

Fig. 34-36

Ervas ca. 40 cm alt., ramos cilíndricos, hirsutos, uncinado-pubérulos. Folhas trifolioladas; estípulas 1,1-1,2 cm compr., lanceoladas, soldadas, persistentes; folíolo terminal 3,8-4,8×1,2-2,6 cm, folíolos laterais 3,6-4,7×1,2-2,2 cm, elípticos, cartáceos, face abaxial vilosa, face adaxial glabra. Inflorescência pseudoracemosa, multiflora, terminal; cálice ca. 3 mm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola rósea, vexilo 5-6 mm compr., alas ca. 5 mm compr., pétalas da carena 5-6 mm compr.; estames 4-5 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 4 mm compr., estipitado, velutino, estilete ca. 2 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, globoso. Lomento 2-6-articulado, 1,2-2,7×0,3 cm compr., uncinado-pubérulo, artículo indeiscente, transversalmente oblongo a quase quadrado; sementes 2-6, 4×2 mm, oblongas, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL.Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 18/III/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 204 (VIC); 5/II/2002, fl., fr., Dutra 107 (OUPR).

Ocorre por todo o Brasil, sendo encontrada em vários tipos de ambientes (Azevedo 1981). No PEI, foi coletada no Calais, em escrubes sobre filito, e sua ocorrência observada no Morro do Cachorro e Estrada de Baixo, sobre campos graminosos secos e escrubes sobre filito, respectivamente. Floresceu em março e frutificou em março e abril.

17. Desmodium uncinatum (Jacq.) DC., Prodr. 2: 331. 1825.

Fig. 37-39

Ervas prostradas, ramos estriados, uncinadohirsutos. Folhas trifolioladas; estípulas 0,5-1 cm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 3,7-7,4×1,6-3,4 cm, folíolos laterais 4,9-7,9×2,2-3,4 cm, ovados, cartáceos, face abaxial velutina, face adaxial estrigosa, geralmente com uma mácula glauca acompanhando a nervura central. Inflorescência pseudoracemosa, multiflora, axilar ou terminal; cálice 5-6 mm compr., campanulado, 5-laciniado, velutino; corola rósea, vexilo 0,8-1,6 cm compr., alas ca. 1,4 cm compr., pétalas da carena 8-9 mm compr.; estames 1-1,3 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 7 mm compr., estipitado, seríceo, estilete 2-3 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, globoso. Lomento 5-8-articulado, 3,7-5 cm compr., uncinado-hirsuto, artículo indeiscente, subtriangular; sementes 5-8, ca. 3 mm compr., triangulares, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Baixo, 27/III/2001, fl., fr., Dutra 20 (OUPR, VIC); Baú, 16/III/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 184 (VIC); 16/III/2004, fl., Dutra & Garcia 185 (VIC).

Ocorre na Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, em Cerrado, restinga, campo rupestre, mata, capoeira, pastagem e locais úmidos (Azevedo 1981). Foi coletada, no PEI, na Estrada de Baixo, em escrubes sobre filito, e no Baú e sua ocorrência foi observada no Morro do Cachorro e Estrada de Cima, em campos graminosos secos. Floresceu em março e abril e frutificou em abril e maio.

18. Indigofera suffruticosa Mill., Gard. Dict ed. 8 n. 2. 1768.

Arbustos, 1-1,5 m alt., ramos estriados, com tricomas bifurcados. Folhas 9-15-folioladas; estípulas 4-6 mm compr., filiformes, persistentes; folíolos 1,7-2,4×0,6-0,7 cm, opostos, elípticos a obovados, cartáceos, face abaxial tomentosa, face adaxial glabra, discolores. Inflorescência racemosa, axilar; multiflora; cálice 1-2 mm compr., campanulado, puberulento; corola rósea, vexilo ca. 3 mm compr., alas ca. 2 mm compr., pétalas da carena ca. 3 mm compr.; estames 2-3 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes, com conectivo apiculado; ovário 2-3 mm compr., subséssil, glabrescente, estilete ca. 5 mm compr., curvado, glabro, estigma apical, globoso. Legume curvado, 1,4-1,5×0,5 cm, com tricomas bifurcados; sementes 3-7, ca. 2 mm, cubóides, castanhas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 10/XII/2003, fl., Dutra et al. 159 (VIC); 14/IV/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 215 (VIC).

Distribui-se pela América tropical e subtropical, habitando beira de estradas, campos arbustivos e locais alterados (Eisinger 1987). No PEI, foi coletada na Serrinha, em campos graminosos úmidos. Floresceu de dezembro a abril e frutificou de janeiro a abril.

19. Machaerium aculeatum Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Men. Fis. 18(2): 398-399. 1820.

Fig. 40-41














Arbustos escandentes, ramos cilíndricos, armados. Folhas 21-29-folioladas; estípulas espinescentes, unciformes, decíduas; folíolos alternos, 1,5-1,9×0,5-0,6 cm, oblongos, cartáceos, face abaxial serícea, face adaxial glabra, discolores. Flor não observada. Sâmara 2,8-3,1×0,9-1 cm, indeiscente, com região do núcleo seminífero basal e bem distinto da ala, glabra; semente 1, 1,1×0,4 cm, reniforme, castanho-escura.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 10/XII/2003, fr., Dutra et al. 157 (VIC).

Ocorre na Bolívia, Argentina e Brasil, nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro (Hoehne 1941; Mendonça Filho & Braga 1996). No PEI, foi encontrada apenas na Serrinha, em campos graminosos úmidos. Foi observada em final de frutificação em dezembro.

20. Machaerium brasiliense Vogel, Linnaea 11: 185. 1837.

Fig. 42-43

Arbustos 2-5 m alt., ramos cilíndricos, tomentosos. Folhas 7-11-folioladas; estípulas não observadas, decíduas; folíolos alternos, 3,3-6,8×1,2-2,4 cm, elípticos, oblongos ou obovados, coriáceos, glabros. Flor não observada. Sâmara 5,7-7,7×1,7-2,1 cm, indeiscente, com região do núcleo seminífero basal e bem distinto da ala, glabra; semente 1, 1,7-0,7 cm, reniforme, castanho-escura.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Cima, 30/IX/2003, fr., Dutra et al. 139 (VIC); 29/III/2004, fr., Dutra et al. 205 (VIC); Estrada de Baixo próximo aos limites do parque, 22/I/2004, fr., Dutra et al. 174 (VIC).

É encontrada em São Paulo e Minas Gerais (Mendonça Filho 1996; Sartori & Tozzi 1998). No PEI, ocorre nas Estradas de Cima e de Baixo, em escrubes sobre filito. Frutificou de janeiro a setembro.

21. Periandra mediterranea (Vell.) Taub., Nat. Pflanzenfam. 3(3): 359. 1894

Fig. 44-48

Arbustos 0,5-2 m alt., ramos estriados, puberulentos. Folhas trifolioladas, ocasionalmente unifolioladas na base dos ramos; estípulas 2-5 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 4,9-7,3×1-2,2 cm, folíolos laterais 4,3-7,3×1-2,1 cm, lanceolados a elípticos, coriáceos, face abaxial com nervuras seríceas, pruinosa nos espaços formados pelos retículos, face adaxial glabra. Inflorescência racemosa, multiflora, congesta, axilar ou terminal; flor ressupinada; cálice ca. 5 mm compr., campanulado, 5-laciniado, puberulento; corola violácea, vexilo 1,8-2,6 cm compr., alas 2,4-2,5 cm compr., pétalas da carena 1,7-2,6 cm compr.; estames 2-2,8 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 1 mm compr., subestipitado, puberulento, estilete ca. 1,4 cm compr., curvo, puberulento, estigma terminal, cuneiforme. Legume 5,6-7,4×0,7-0,8 cm compr., puberulento; sementes 4-13, ca. 6 mm compr., oblongas, castanhas com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, estrada de cima, 22/IV/2001, fl., fr., Dutra 50 (OUPR, VIC); Calais, 9/XII/2003, fl., Dutra et al. 152 (VIC); 9/XII/2003, fl., Dutra et al. 156 (VIC); 26/V/2004, fr., Dutra & Ferreira 234 (VIC); 26/V/2004, fr., Dutra & Ferreira 235 (VIC).

Ocorre na maioria dos Estados brasileiros, preferencialmente em Campo Rupestre (Funch & Barroso 1999). No PEI foi coletada na Estrada de Cima e Calais, e observada no Baú, Serrinha e Morro do Cachorro, sobre campos quartzíticos dos afloramentos rochosos, escrubes sobre filito, escrubes sobre quartzito e campos graminosos secos. Floresceu de dezembro a abril e frutificou de dezembro a agosto.

22. Rhynchosia reticulata (Sw.) DC., Prodr. 2: 385. 1825.

Trepadeiras, ramos estriados, tomentosos. Folhas trifolioladas; estípulas ca. 3 mm compr., lanceoladas, caducas; folíolo terminal 3,9-6,1×1,8-4,2 cm, folíolos laterais 3,2-5,3×1,6-3,4 cm, ovados, cartáceos, face abaxial vilosa, com tricomas glandulares, face adaxial esparso-tomentosa. Inflorescência racemosa, multiflora, axilar; cálice 7-8 mm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola amarela, vexilo 8-9 mm compr., alas 6-8 mm compr., pétalas da carena 6-8 mm compr.; estames 7-8 mm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 3 mm compr., séssil, esparso-tomentoso, estilete 4-5 mm compr., reto, seríceo, estigma capitado. Legume 2,3-2,5×0,7-0,8 cm, viloso; semente 2, 4-5 mm, reniforme, negra.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, base do Itacolomi, 18/IV/1979, fl., fr., Badini s.n. (OUPR 17742, VIC 28487); Calais, 5/II/2002, fl., Dutra et al. 106 (OUPR, VIC); 22/I/2004, fl., Dutra et al. 172 (VIC); 18/III/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 198 (VIC), 18/III/2004, fl., fr., Dutra & Garcia 203 (VIC).

Distribui-se do México à América do Sul, habitando áreas perturbadas, florestas úmidas e savanas (Poston 1980). Ocorre no PEI apenas no Calais, em área antropizada de escrube sobre filito. Floresceu de janeiro a abril e frutificou de março a abril.

23. Sesbania virgata (Cav.) Pers., Syn. Pl. 2: 316. 1807.

Arbustos ca. 2 m alt., ramos estriados, seríceos. Folhas 30-38-folioladas; estípulas ca. 6 mm compr., lanceoladas; folíolos 2,7-3,2×0,7-0,9 cm, opostos a subopostos, obovados ou oblongos, cartáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência racemosa, multiflora, axilar; cálice 3-4 mm compr., campanulado, 5-laciniado, seríceo; corola amarela, vexilo ca. 1,4 cm compr., alas 1,2-1,3 cm compr., pétalas da carena ca. 1 cm compr.; estames ca. 1,2 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 8 mm compr., estipitado,glabro, estilete ca. 3 mm compr., linear, glabro, estigma terminal, capitado. Folículo 4,9-7×0,7-1 cm, 4-angulado, puberulento; sementes 4-6, 7×5 mm, reniformes, amarelo-esverdeadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 30/IX/2003, fl., fr., Dutra et al. 133 (VIC).

Ocorre no Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo (Monteiro 1994). No PEI, foi encontrada apenas na Serrinha, em campos graminosos úmidos. Floresceu de setembro a dezembro e frutificou em setembro e janeiro.

24. Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw., Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 10: 301-302. 1789.

Fig. 49-51

Ervas 0,5-1 m alt., ramos estriados, vilosos a glabros. Estípulas 0,5-2,3 cm compr., lanceoladas, soldadas, amplexicaules, 2-dentadas, adnadas à base do pecíolo, persistentes; folíolo terminal 12-35×1-3 mm, folíolos laterais 15-30×1-3 cm, lanceolados, cartáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial glabra. Inflorescência espiciforme, multiflora, terminal; cálice 7-8 mm compr., glabro, tubuloso, 5-laciniado; corola amarela, vexilo 8-9 mm compr., alas 8-9 mm compr., pétalas da carena 8-9 mm compr.; estames 10, 8-9 mm compr., monadelfos, anteras dimorfas: curtas e versáteis alternadas com longas e sub-basifixas;; ovário ca. 1 mm compr., subséssil, glabro, estilete 7-8 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, diminuto. Lomento 1-articulado, 2-3 mm compr., indeiscente, glabro; semente ca. 2 mm, oblonga, castanho-escura.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Estrada de Cima, 1/IV/2001, fl., Dutra 38 (OUPR, VIC); Calais, 9/XII/2003, fl., Dutra et al. 153 (VIC); 8/V/2004, fl., fr., Dutra et al. 233 (VIC); Mariana, Serrinha, 21/I/2004, fl., fr., Dutra et al. 169 (VIC).

Ocorre da América Central até o norte da Argentina (Mohlenbrock 1958). No PEI foi coletada na Serrinha, Calais e Estrada de Cima, em campos graminosos úmidos, campos quartzíticos dos afloramentos rochosos e campos graminosos secos, respectivamente, e sua ocorrência observada no Morro do Cachorro, em escrube sobre filito. Floresceu de dezembro a abril e frutificou de fevereiro a maio.

25. Stylosanthes viscosa (L.) Sw., Prodr. 108. 1788.

Fig. 52-53

Arbustos ca. 50 cm alt., ramos cilíndricos, viscoso-hirsutos, com tricomas glandulares. Estípulas 0,8-1,2 cm compr., lanceoladas, soldadas, amplexicaules, 2-dentadas, adnadas à base do pecíolo, persistentes; folíolo terminal 15-21×5-6 mm, folíolos laterais 12-19×4-5 cm, elípticos, cartáceos, estrigosos. Inflorescência espiciforme, multiflora, axilar ou terminal; cálice 8-9 mm compr., tubuloso, 5-laciniado, puberulento; corola amarela, vexilo ca. 1,2 cm compr., alas 1,1-1,2 cm compr., pétalas da carena 1,1-1,2 cm compr.; estames 10, 1-1,1 cm compr., monadelfos, anteras dimorfas: curtas e versáteis alternadas com longas e sub-basifixas; ovário ca. 1 mm compr., subséssil, glabro, estilete ca. 9 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal, diminuto. Lomento 1-articulado, ca. 3 mm compr., indeiscente, glabro; semente ca. 2 mm, oblonga, amarela.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 20/I/2004, fl., Dutra et al. 164 (VIC); Morro do Cachorro, 29/III/2004, fl., Dutra et al. 209 (VIC); Estrada de Cima, 1/IV/2001, fr., fl., Dutra 37 (OUPR).

Ocorre amplamente no Brasil (Brandão & Costa 1979). Foi encontrada, no PEI, no Calais e Morro do Cachorro, sobre campos graminosos secos, e na Estrada de Cima, em escrubes sobre filito. Floresceu de janeiro a maio.

26. Swartzia oblata R.S. Cowan, Brittonia 33(1): 11-13. 1981.

Fig. 54-55

Arbustos ca. 2,5 m alt., ramos estriados, puberulentos. Folhas 15-19-folioladas; estípulas não observadas; folíolos 3,8-6,1×1,6-2 cm, opostos, ovados a elípticos, coriáceos, glabros. Inflorescência racemosa, multiflora, axilar ou cauliflora; cálice ca. 9 mm compr., ferrugíneo-puberulento; pétala branca, ca. 5 mm compr.; estames 2-3 maiores, 5-6 mm compr., ca. 100 menores, livres, anteras uniformes; ovário 4-5 mm compr., estipitado, seríceo, estilete ca. 1 mm compr., curvado, glabro, estigma terminal. Legume não observado.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Mariana, Serrinha, 14/IV/2004, fl., Dutra & Garcia 223 (VIC).

Ocorre na faixa litorânea dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, no sul da Bahia, leste de Minas Gerais e no Espírito Santo (Mansano & Lima 2007). No PEI, foi encontrada apenas na Serrinha, em um escrube sobre quartzito. Floresceu em abril.

27. Vigna peduncularis (Kunth.) Fawc. & Rendle var. peduncularis, Fl. Jamaica 4(2): 68. 1920.

Fig. 56-57

Trepadeiras, ramos estriados, seríceos. Folhas trifolioladas; estípulas 1-2 mm compr., lanceoladas, persistentes; folíolo terminal 1,8-2,6×1,1-1,6 cm, folíolos laterais 2-4,4×1,1-2,6 cm, ovados, assimétricos, cartáceos, glabros. Inflorescência pseudoracemosa, 1-4-flora, axilar; cálice 5-6 mm compr., campanulado, 5-laciniado, glabro; corola violácea, vexilo ca. 2 cm compr., alas ca. 2,3 cm compr., pétalas da carena 1,9-2 cm compr., torcidas lateralmente; estames 2,1-2,4 cm compr., diadelfos (9+1), anteras uniformes; ovário ca. 8 mm compr., séssil, tomentoso, estilete ca. 1,8 cm compr., curvado, hirsuto a glabro, estigma terminal. Legume 5,9-10×0,2-0,5 cm, seríceo; sementes ca. 3, ca. 7 mm, oblongas, castanhas com manchas negras.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 9/XII/2003, fl., Dutra et al. 151 (VIC); Estrada de Baixo, 19/III/2001, fl., Dutra et al. 36 (OUPR); Estrada de Cima, 21/III/2001, fl., fr., Dutra 56 (OUPR).

Espécie de ampla distribuição geográfica, sendo encontrada da América Central ao norte da Argentina (Maréchal et al. 1978). No PEI, foi coletada no Calais e Estradas de Cima, em campos graminosos secos, Estrada de Baixo, em escrube sobre filito e sua ocorrência observada no Baú, em campos quartzíticos dos afloramentos rochosos e Morro do Cachorro, sobre campos graminosos secos. Floresceu de dezembro a março e frutificou em janeiro.

28. Zornia reticulata Sm., Cycl. (Rees) 39: 2. 1819

Fig. 58-59

Ervas 30-50 cm, ramos cilíndricos, vilosos a glabros. Folhas bifolioladas; estípulas 0,9-2 cm compr., lanceoladas, persistentes; folíolos das folhas inferiores 5-7×10-11 mm, ovados, cartáceos, vilosos a glabros, folíolos das folhas superiores 1,6-3,5×0,6-1 cm, elípticos ou lanceolados, cartáceos, face abaxial esparso-tomentosa, face adaxial serícea a glabra. Inflorescência espiciforme, multiflora, congesta, axilar; cálice 4-5 mm compr., em tubo curto, 5-laciniado, viloso; corola amarela, vexilo ca. 9 mm compr., alas 7-8 mm compr., pétalas da carena 7-10 mm compr.; estames 10, ca. 8 mm compr., monadelfos, anteras dimorfas: orbiculares e versáteis alternadas com lanceoladas e dorsifixas; ovário ca. 3 mm compr., subséssil, viloso, estilete ca. 5 mm compr., curvado, glabro, estigma truncado. Lomento 6-7-articulado, 1,2-1,5×0,2 cm, viloso, com cerdas glandulares, artículos indeiscentes; sementes 6-7, 1-2×1-2 mm, orbiculares, alaranjadas.

Material examinado: BRASIL. Minas Gerais: Ouro Preto, Calais, 26/V/2004, fr., Dutra & Ferreira 238 (VIC); 20/I/2004, fl., Dutra et al. 165 (VIC); estrada de cima, 27/III/2001, fr., Dutra 27 (OUPR), Mariana, Serrinha, 10/XII/2003, fl., Dutra et al. 161 (VIC).

Ocorre na Índia, sul dos Estados Unidos e da América Central até o Paraguai (Brandão 1996). Foi encontrada, no PEI, na Serrinha, Calais e Estrada de Cima, em escrubes sobre filito ou quartzito. Floresceu de dezembro a março e frutificou de janeiro a maio.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), em nome do Eng. Alberto Vieira de Mello Matos, Diretor do Parque Estadual do Itacolomi, pela licença de coleta concedida; aos funcionários do Parque, pelo auxílio nas coletas; aos curadores dos herbários visitados: OUPR, RB e HUEFS; ao Jorge L. Silva, pelo auxílio nos trabalhos de campo; e ao Reinaldo A. Pinto, pela elaboração das ilustrações.

Recebido em 30/07/2007

Aceito em 4/06/2008

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  • 1
    Parte da Dissertação de Mestrado da primeira Autora
  • 2
    Autor para correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Out 2009
    • Data do Fascículo
      Mar 2009

    Histórico

    • Recebido
      30 Jul 2007
    • Aceito
      04 Jun 2008
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