Acessibilidade / Reportar erro

Recursos medicinais de espécies do Cerrado de Mato Grosso: um estudo bibliográfico

Medicinal plants resources in the Cerrado of Mato Grosso State, Brazil: a review

Resumos

A flora do Cerrado é de enorme riqueza, mas somente 1,5% de sua extensão é protegida por lei. Em vista disto, é preciso valorizar os recursos que ela oferece e que estão sob forte pressão de extinção, como as espécies medicinais. Assim, o presente estudo faz uma revisão bibliográfica aprofundada de trabalhos que indiquem as informações das espécies medicinais do cerrado mato-grossense, com intuito de se estabelecer uma base de dados regionais e, conseqüentemente, iniciar uma discussão em nível nacional. A revisão da flora medicinal constatou o total de 509 espécies, distribuídas em 297 gêneros e 96 famílias. As famílias com maior número de espécies foram Asteraceae e Fabaceae (7% das espécies) e os gêneros foram Hyptis e Tabebuia (oito espécies). As espécies com maior número de citações bibliográficas foram Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville e Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. O predomínio foi de espécies arbóreas (31%). Os valores relatados superaram, em muito, estimativas anteriores e, em vista das áreas que ainda não foram cobertas por pesquisas mato-grossenses, acredita-se que o presente resultado poderá ser significativamente ampliado no futuro.

Cerrado; plantas medicinais; Mato Grosso; Etnobotânica


The Cerrado flora has an enormous richness, but only 1,5% of its area is protected by law. Therefore, it is necessary to take care of the resources it offers which are under heavy risks of extinction, like the medicinal species. Thus, the present study is a review of the information on medicinal species of Mato Grosso, Brazil, aiming to establish a regional data base and consequently start a discussion at national level. A review of the medicinal flora has shown a total of 509 species, belonging to 297 genera and 96 families. The families with the greatest number of species were Asteraceae and Fabaceae (with 7% of the species) and the genera were Hyptis and Tabebuia (eight species). The species with the greatest number of citations were Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville and Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. The preponderance was of arboreal species (31%). The reported values greatly overcome the previous estimates and, considering the areas which have not been covered by regional research in Mato Grosso, it is believed that the present results could be much amplified in the near future.

Cerrado; medicinal plants; Mato Grosso; Ethnobotany


Recursos medicinais de espécies do Cerrado de Mato Grosso: um estudo bibliográfico1 1 Parte revisada e ampliada do trabalho vencedor do Prêmio Jovem Pesquisador "Prof. Severino Márcio Pereira Meirelles"; UFMT (PIBIC - 2000 - Roman Gil de Morais). Apoio: CNPq e FAPEMAT

Medicinal plants resources in the Cerrado of Mato Grosso State, Brazil: a review

Germano Guarim NetoI; Ronan Gil de MoraisII

IDepartamento de Botânica e Ecologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal de Mato Grosso, CEP 78060-900, Cuiabá, MT, Brasil (gguarim@terra.com.br)

IIMestrando em Saúde e Ambiente, Área de concentração Etnobotânica, PPG / Instituto de Saúde Coletiva - Universidade Federal de Mato Grosso, Brasil, Bolsista CAPES

RESUMO

A flora do Cerrado é de enorme riqueza, mas somente 1,5% de sua extensão é protegida por lei. Em vista disto, é preciso valorizar os recursos que ela oferece e que estão sob forte pressão de extinção, como as espécies medicinais. Assim, o presente estudo faz uma revisão bibliográfica aprofundada de trabalhos que indiquem as informações das espécies medicinais do cerrado mato-grossense, com intuito de se estabelecer uma base de dados regionais e, conseqüentemente, iniciar uma discussão em nível nacional. A revisão da flora medicinal constatou o total de 509 espécies, distribuídas em 297 gêneros e 96 famílias. As famílias com maior número de espécies foram Asteraceae e Fabaceae (7% das espécies) e os gêneros foram Hyptis e Tabebuia (oito espécies). As espécies com maior número de citações bibliográficas foram Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville e Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. O predomínio foi de espécies arbóreas (31%). Os valores relatados superaram, em muito, estimativas anteriores e, em vista das áreas que ainda não foram cobertas por pesquisas mato-grossenses, acredita-se que o presente resultado poderá ser significativamente ampliado no futuro.

Palavras-chave: Cerrado, plantas medicinais, Mato Grosso, Etnobotânica

ABSTRACT

The Cerrado flora has an enormous richness, but only 1,5% of its area is protected by law. Therefore, it is necessary to take care of the resources it offers which are under heavy risks of extinction, like the medicinal species. Thus, the present study is a review of the information on medicinal species of Mato Grosso, Brazil, aiming to establish a regional data base and consequently start a discussion at national level. A review of the medicinal flora has shown a total of 509 species, belonging to 297 genera and 96 families. The families with the greatest number of species were Asteraceae and Fabaceae (with 7% of the species) and the genera were Hyptis and Tabebuia (eight species). The species with the greatest number of citations were Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville and Anemopaegma arvense (Vell.) Stelf. The preponderance was of arboreal species (31%). The reported values greatly overcome the previous estimates and, considering the areas which have not been covered by regional research in Mato Grosso, it is believed that the present results could be much amplified in the near future.

Key words: Cerrado, medicinal plants, Mato Grosso, Ethnobotany

Introdução

O Brasil possui cinco áreas de grande abundância de plantas nativas, estando entre elas o bioma Cerrado. Como acrescentam Ribeiro & Walter (1998), este é o segundo maior em área do país, ocupando 23% do território nacional (dois milhões de km2), estando localizado basicamente no planalto central e sendo considerado um complexo vegetacional de grande heterogeneidade fitofisionômica. Para Proença et al. (2000), o Cerrado é o mais brasileiro dos biomas sul-americanos, pois, excetuando-se algumas pequenas áreas na Bolívia e no Paraguai, ele está totalmente inserido no território nacional.

Este bioma é apontado como grande detentor de diversidade biológica, sendo a formação savânica com maior diversidade vegetal do mundo, especialmente quando se consideram as espécies lenhosas. Mendonça et al. (1998) fizeram extensa compilação referente à diversidade do Cerrado brasileiro, sendo apontados, no total, 6.671 táxons nativos, distribuídos em 170 famílias e 1.140 gêneros. Nesse trabalho ainda são relatados 11 táxons novos, conseqüentes às excursões realizadas para tal pesquisa. Porém, os autores acrescentam que a flora do bioma Cerrado ainda é pouco conhecida.

Ainda há carência de estudos voltados para a identificação de plantas úteis do Cerrado, principalmente quando comparada à diversidade e à área ocupada. O desconhecimento de sua riqueza e possibilidades se agrava quando Ratter et al. (1997) estimam que cerca de 40% do bioma já tenha sido devastado e quando Kaplan et al. (1994) afirmam que o Cerrado possui somente 1,5% de sua extensão protegida por lei, sendo atualmente a vegetação em maior risco no país. É preciso considerar que os recursos naturais oferecidos por ele, uma vez extintos, estarão indisponíveis às futuras gerações. Entre estes, pode-se considerar o recurso terapêutico oferecido pelas plantas medicinais.

Nos últimos vinte anos no Brasil, país com a maior diversidade vegetal do mundo (Plotkin 1991; Brasil 1998), o número de informações sobre plantas medicinais tem crescido apenas 8% anualmente (Brito & Brito 1993). Isso mostra que em um país biologicamente tão rico, mas com ecossistemas tão ameaçados, pesquisas com plantas medicinais devem ser incentivadas. Afinal, elas poderiam levar à reorganização das estruturas de uso dos recursos naturais (em vista da necessidade de sua extração estar associada aos planos de manejo) e à elevação do PIB, visto que há grande tendência mundial de aumento na utilização de fitoterápicos.

Gottlieb & Borin (1994) relatam que há possivelmente mais espécies vegetais (diversidade específica) em áreas amostrais de Floresta Amazônica que nas de Cerrado de mesmo tamanho, salientando porém que a diversidade taxonômica é certamente muito maior no último. Esta diversidade é relativa aos táxons mais elevados (gênero, família e ordem), mostrando a importância do Cerrado para pesquisas com plantas medicinais. Isto porque, quanto maior for a diversidade taxonômica em níveis superiores, maior é o distanciamento filogenético entre as espécies e maior é a diferença e diversidade química entre elas. Por isso, a gama e o potencial de compostos bioativos produzidos pelas espécies do Cerrado seriam maiores que as da Floresta Amazônica. Isto se evidencia quando Kaplan et al. (1994) afirmam que, utilizando-se o mesmo método de extração fitoquímica, há diferenças muito contrastantes, visto que as espécies de Mata Atlântica apresentam pequeno número de compostos em grandes quantidades e as de Cerrado, grande número de compostos estreitamente relacionado, mas em quantidades tão pequenas que só poderiam ser identificados por análise espectral. Por essas características o bioma Cerrado deveria ser considerado área prioritária de pesquisas com plantas medicinais e conservação de recursos naturais.

Em Mato Grosso, diversos trabalhos com plantas medicinais estão disponíveis à comunidade científica (Berg 1980; Guarim Neto 1987, 1996; Jorge et al. 1998; dentre outros). Porém, em todos eles, as plantas medicinais do Cerrado são discutidas junto com espécies de outros ambientes (Pantanal, Floresta Amazônica ou exóticos) e por isso não se tem um número exato de quantas são as ocorrentes no Cerrado de Mato Grosso.

Deste modo, o presente estudo tem por objetivo compilar as espécies medicinais citadas na literatura com ocorrência no Cerrado mato-grossense, estimando-se e comparando-se a quantidade e a diversidade taxonômica de espécies medicinais ao nível estadual. Procura-se também estabelecer uma base mais concreta ao se discutir o número de espécies medicinais do Cerrado, partindo-se da caracterização de valores regionais.

Material e métodos

O presente trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica referente a trabalhos que indicassem o uso de plantas medicinais do Cerrado mato-grossense. Foram compilados trabalhos etnobotânicos, etnoecológicos, taxonômicos e florísticos que indicassem ou citassem plantas medicinais de Cerrado. Procurou-se a maior profundidade de dados, o que levou à consulta de artigos, teses, dissertações e monografias (de conclusão de graduação e especialização). A inclusão de dados de monografias, dissertações e teses fez-se necessária posto que fornecem elementos importantes para a flora medicinal do Cerrado do Estado de Mato Grosso, e não poderiam ser relevadas, encontrando-se disponíveis na Biblioteca da Universidade Federal de Mato Grosso. Os trabalhos sobre as espécies medicinais foram restringidos aos relatados para o Estado de Mato Grosso. As espécies ruderais encontradas em áreas de cerrado também foram consideradas. Para revisão dos nomes científicos, sinonímias e hábitos das espécies encontradas foram considerados Dubs (1998), Mendonça et al. (1998) e, em alguns casos, a edição recente do Index Kewensis e revisões taxonômicas.

Resultados e discussão

Quando se analisa a relação de autores consultados por década (Quadro 1), constata-se que o início das pesquisas com plantas medicinais em Mato Grosso se deu praticamente na década de 80 (com média de um trabalho/ano). Antes disso pode-se salientar o trabalho inicial de naturalistas (Hoehne, Langsdorff, D´ Alincourt, Martius) e o trabalho de Amann (1969), que, por não citar os nomes científicos das plantas indicadas, não foi considerado na presente revisão. Pode-se constatar crescimento bastante acentuado das pesquisas com plantas medicinais na década de 90 (média de quatro trabalhos/ano), principalmente na segunda metade da década (com aproximadamente 74% dos trabalhos), e a possibilidade de que o período posterior siga a mesma tendência (2,5 trabalhos/ano).


As espécies do Cerrado mato-grossense compiladas e os autores consultados foram reunidos na Tab. 1, que mostra ainda os nomes vernaculares e hábitos das plantas indicadas com potencial terapêutico.

Na presente compilação foi encontrado o total de 509 espécies, distribuídas em 297 gêneros e 96 famílias botânicas, o que resulta em uma média de cinco espécies/família. O número de espécies relatadas como medicinais para Mato Grosso representa aproximadamente 8% da compilação florística de Mendonça et al. (1998). Mesmo se forem retiradas as famílias criptogâmicas, o número de famílias com espécies medicinais no Cerrado de Mato Grosso representa aproximadamente 56% do total de famílias da lista fanerogâmica do bioma (Mendonça et al. 1998).

Somente 67 táxons foram identificados ao nível de gênero (p. ex.: Ocotea sp. - canela). Se eles fossem desconsiderados, ainda assim, o valor resultaria em 442 espécies potenciais.

O número total de espécies supera em muito o relatado por Dias (1996), que estimou haver mais de 100 espécies medicinais em todo o bioma Cerrado. Supera também o valor apresentado por Vieira & Martins (2000) para todo o bioma que em uma revisão sobre plantas medicinais do cerrado, considerando alguns autores de diferentes estados, compilaram 82 famílias botânicas contendo 270 espécies com indicação medicinal.

Desconsiderando-se as plantas identificadas ao nível de gênero, o presente trabalho indica mais 291 espécies não relatadas por Vieira & Martins (2000), o que faz com que o número estimado de espécies vegetais medicinais do bioma Cerrado, até o presente, se eleve para 561.

Assim, pode-se considerar que este bioma tenha muito mais que 600 espécies medicinais, visto o alto grau de endemismo que cada região possui em relação a certas espécies do cerrado (Pagano et al. 1989; Batalha et al. 1997). Dessa forma, cada Estado apresentará uma flora medicinal com espécies comuns a outros e com espécies particulares.

Entre as espécies com maior número de citações bibliográficas estão Stryphnodendron adstringens (30 autores), Anemopaegma arvense (26), Senna occidentalis (26), Cochlospermum regium (23), Bidens pilosa (22), Chenopodium ambrosioides (21), Hymenaea stigonocarpa (21), Macrosiphonia velame (21), Scoparia dulcis (21), Simaba ferruginea (21), Tabebuia aurea (21), Brosimum gaudichaudii (20) e Guazuma ulmifolia (20); as demais têm menos de 20 citações.

Bragança (1996) relatou 54 espécies utilizadas popularmente para tratamento do diabetes mellitus, porém entre elas não estavam algumas espécies de Cerrado citadas em Mato Grosso para essa finalidade. Entre elas estão Acosmium subelegans, Anacardium humile, Annona dioica, Aspidosperma polyneuron, Bauhinia nitida, B. rufa, Bowdichia virgilioides, Caesalpinia ferrea, Heteropterys aphrodisiaca, Jacaranda decurrens, Oxalis hirsutissima, Pterodon pubescens, Senna occidentalis, Simaba ferruginea, Solanum lycocarpum, Tabebuia heptaphylla e Vatairea macrocarpa. Assim, o número de espécies brasileiras potencialmente úteis no tratamento desse problema sobe para 71 e fica a sugestão de que estas aqui listadas sejam estudadas química e farmacologicamente com tal finalidade, visto que são indicações de uso popular.

Entre os gêneros com maior número de espécies estão Hyptis e Tabebuia (com oito espécies), seguidos de Bauhinia e Jacaranda (sete espécies) e Gomphrena (seis espécies).

Entre os grupos relatados estão famílias criptogâmicas e fanerogâmicas. Entre as criptogâmicas estão Equisetaceae, Pteridaceae e Schizaeaceae. Porém, a grande maioria é de fanerógamas, com predominância elevada de angiospermas (92 famílias) e uma família de gimnosperma (Cycadaceae).

As famílias com maior número de espécies medicinais são Asteraceae (7%), Fabaceae (7%), Caesalpiniaceae (5%), Bignoniaceae (4,9%), Mimosaceae (3,5%), Rubiaceae (3,1%), Euphorbiaceae (2,9%), Sapindaceae (2,5%), Sterculiaceae (2,3%), Malpighiaceae (2,1%), Arecaceae (1,9%), Lamiaceae (1,9%), Moraceae (1,9%), Poaceae (1,9%) e Vochysiaceae (1,9%). As demais famílias possuem cada uma menos de dez espécies.

Se Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae fossem consideradas sub-famílias de Leguminosae, esta representaria 15,5% do número de espécies botânicas citadas. Esta é a família com maior número de espécies em todo o bioma Cerrado (Mendonça et al. 1998). Assim, quanto maior o número de espécies de uma família, maior é a probabilidade de que venha a ser utilizada por populações humanas que façam uso dos recursos da flora nativa. A quantidade e a distribuição dos indivíduos também são dados muito importantes a serem levados em consideração, como se percebe no estudo de Guarim Neto et al. (1994). Ao nível nacional, outros trabalhos têm encontrado Leguminosae como família representativa (Pagano et al. 1989; Batalha et al. 1997). Acredita-se que mais trabalhos, tanto fitossociológicos quanto químicos e/ou farmacológicos, com plantas medicinais desta família, poderão mostrar porque Leguminosae é bastante utilizada em áreas de Cerrado.

O predomínio de hábito entre as espécies foi arbóreo (31%), seguido de herbáceo (24%), arbustivo (17%), subarbustivo (12%), trepadeira (9%), palmeira (2%), epifítico (1,5%), e cactáceo (0,5%), porém não foi informado o hábito de 3% das espécies.

Quando se constata a quantidade de espécies com potencial medicinal na flora do Cerrado mato-grossense, perguntas vêm à mente: por que grande parte desta diversidade é trocada (destruída) em favor de espécies exóticas? Por que algumas pessoas (principalmente os grandes proprietários rurais) ainda consideram a vegetação do Cerrado pobre e sem recursos de interesse? Este bioma tem possibilidades de aproveitamento sustentável e a atual forma de manejo e aproveitamento do Cerrado em Mato Grosso, na maioria das vezes imediatista, pode levar à extinção de muitas espécies que não podem ser encontradas em outras áreas.

Em Mato Grosso, muitas localidades e municípios ainda não foram áreas de estudo de plantas medicinais, o que poderá aumentar a quantidade de dados da compilação regional. É perceptível também que a maioria dos trabalhos consultados obteve os dados por meio de informantes, o que mostra o alto grau de sabedoria acumulado (empírica e historicamente) nas comunidades tradicionais e camadas menos abastadas em suas relações com o ambiente e no estabelecimento das suas representações saúde/doença.

A quantidade de espécies medicinais em todo o bioma Cerrado é seguramente maior do que até o presente momento estabelecida, mas somente ao se compilar a flora medicinal do Cerrado em cada Estado (GO, MG, SP e demais) de forma aprofundada é que se poderá avaliá-la como um todo. A revisão com base em alguns autores de cada Estado não mostra e nem mostrará a real quantidade e diversidade de espécies medicinais do bioma de uma forma geral. Em vista disso, sugere-se que sejam feitas revisões bibliográficas aprofundadas em cada estado da área de abrangência do Cerrado.

Mesmo com uma extensa revisão da literatura sobre plantas medicinais do Cerrado brasileiro, muitas plantas ainda estariam fora dos olhares da ciência. Se já é grande o número de espécies citadas como medicinais, maior ainda deve ser a relação de plantas que não foram listadas, mas que têm possibilidades de uso pela humanidade. Outras espécies reconhecidamente terapêuticas correm o risco de desaparecer ou tiveram suas populações drasticamente reduzidas, como já vem sendo relatado para a poaia - Psychotria ipecacuanha (Facchim & Guarim 1995) e arnica - Brickelia brasiliensis (Jorge et al. 1998), entre outras. Para que isto seja contornado, planos de manejo devem ser estabelecidos dentro das perspectivas abordadas por Shiki et al. (1997).

Estudos químicos e farmacológicos devem ser feitos para comprovação laboratorial dos efeitos medicinais e/ou toxicológicos das espécies do Cerrado. Estes tipos de trabalhos vêm sendo feitos (Tonello 1993; Lima 1997; Canepelle 1998; Lima 1999; Solon 1999; Tamashiro Filho 1999; Santos 2000), contudo, a destruição do bioma Cerrado caminha a passos largos e rápidos. E, por fim, os produtos desenvolvidos devem ser levados ao mercado para que toda a população se beneficie das vantagens (menor custo de aquisição, poucas contra-indicações e efeitos colaterais, dentre outras) dos remédios produzidos à base de plantas.

Já se caminha no terceiro milênio e, entretanto, ainda há grande necessidade de investimentos em pesquisa, educação ambiental e programas de conservação de áreas intactas ou de recomposição de áreas degradadas. Essa necessidade é dependente e deveria estar associada a uma mudança da postura econômica e política que marcaria a distinção entre o modelo vigente e um modelo adequado de utilização sustentável dos Cerrados brasileiros.

Recebido em 06/05/2002

Aceito em 24/05/2003

  • Amann, C. 1969. Socorro aos doentes do Sertão ETF, Cuiabá.
  • Añez, R. B. da S. 1995. Morfologia e taxonomia de angiospermas da flora mato-grossense Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Añez, R. B. S. 1999. O uso de plantas medicinais na Comunidade do Garcês (Cáceres, Mato Grosso) Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Arruda, M. L. M. 1983. Medicina popular: a arte de curar dos raizeiros Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Assunção, L.; Paulino, L. M. & Leão, M. G. 1993. Utilização popular de plantas medicinais no município de Cáceres, Estado de Mato Grosso Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Batalha, M. A.; Aragaki, S. & Mantovani, W. 1997. Florística do cerrado em Emas (Pirassununga, SP). Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 16: 49-64.
  • Berg, M. E. van den. 1980. Contribuição à flora medicinal do Cerrado do Mato Grosso. Ciência e Cultura (Supl.) 33: 163-170.
  • Bragança, L. A. R. 1996. Plantas brasileiras usadas no tratamento do diabetes. Pp. 145-180. In: L. A. R. Bragança (ed.). Plantas medicinais antidiabéticas EDUFF, Niterói.
  • Brasil. 1998. Primeiro relatório nacional para a conservação sobre diversidade biológica: Brasil Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, Brasília.
  • Brito, A. R. M. & Brito, A. A. S. 1993. Forty years of Brazilian medicinal plant research. Journal of Etnopharmacology 39: 53-67.
  • Caneppele, D. 1998. Estudo químico de constituintes com potencial atividade anti-úlcera da casca do caule de Calophyllum brasiliense Camb. (Guanandi) Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Costa, M. A. R. 1992. Espécies de Bignoniaceae com potencial econômico no Estado de Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Cruz, S. F. O. 2000. O estudo etnoecológico na Comunidade Rio dos Peixes, Cuiabá, Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • De-La-Cruz, M. G. F. 1997. Plantas medicinais utilizadas por raizeiros: uma abordagem etnobotânica no contexto da saúde e doença. Cuiabá, Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Dias, B. F. S. 1996. Cerrados: uma caracterização. Pp. 11-25. In: B. F. S. Dias (coord.). Alternativas de desenvolvimento dos cerrados: manejo e conservação dos recursos naturais renováveis Fundação Pró-Natureza, Brasília.
  • Duarte, T. G. 2001. Um estudo etnoecológico sobre o uso de recursos vegetais em Nova Xavantina, Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Dubs, B. 1998. Prodromus florae matogrossensis Betrona-Verlag, Küsnacht (Suiça).
  • Fachim, E. 1992. Conservação da biodiversidade: espécies da flora de Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Fachim, E. & Guarim, V. L. M. S. 1995. Conservação da biodiversidade: espécies da flora de Mato Grosso. Acta Botanica Brasilica 9(2): 281-287.
  • Faria, A. P. O. C. 1998. O uso de plantas medicinais em Juscimeira e Rondonópolis, Mato Grosso: um estudo etnoecológico Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Gonçalves, V. S. 1993. Flora mato-grossense: Dilleniaceae D.C. Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Gottlieb, O. R. & Borin, M. R. M. B. 1994. The diversity of plants. Where is it? Why is it there? What will it become? Anais da Academia Brasileira de Ciências 66 (Supl. 1 - Parte I): 205-210.
  • Guarim Neto, G. 1984. Plantas utilizadas na medicina popular cuiabana - um estudo preliminar. Revista da Universidade Federal de Mato Grosso 4(1): 45-50.
  • Guarim Neto, G. 1987. Plantas usadas na medicina popular do Estado de Mato Grosso CNPq/Assessoria Editorial, Brasília.
  • Guarim Neto, G. 1996. Plantas medicinais do Estado do Mato Grosso ABEAS, Brasília.
  • Guarim Neto, G.; Guarim, V. L. M. S. & Prance, G. T. 1994. Structure and floristic composition of the trees of an area of Cerrado near Cuiabá, Mato Grosso, Brazil. Kew Bull. 49(3): 499-509.
  • Jorge, S. S. A. 1980. Algumas plantas medicinais de Cuiabá e arredores Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Jorge, S. S. A. 2001. O saber medicinal ribeirinho: comunidades de Poço e Praia do Poço, Santo Antônio de Leverger - Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Jorge, S. S. A.; Nardes, P. R. B.; Guarim Neto, G. & Macedo, M. 1998. O uso medicinal da arnica, Brickelia brasiliensis (Spreng.) Robinson (Asteraceae). Revista Saúde e Ambiente 1(2): 107-121.
  • Kaplan, M. A. C.; Figueiredo, M. R. & Gottlieb, O. R. 1994. Chemical diversity of plants from Brazilian Cerrados. Anais da Academia Brasileira de Ciências 66 (Supl. 1 - parte I): 50-55.
  • Laturner, N. 1992. Estudos morfológicos e taxonômicos de espécies da flora mato-grossense Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Leite, H. S. 1995. Garrafada: uma forma de preparo e uso de plantas medicinais Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Lima, E. F. 1999. Contribuição ao estudo químico e farmacológico de Cariniana rubra Gardner ex Miers: triterpenóides potencialmente ativos Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Lima, J. C. S. 1997. Triagem farmacológica de plantas utilizadas popularmente como anti-inflamatórias e avaliação farmacológica da atividade anti-inflamatória de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Loureiro, R. N. O. 1999. Plantas medicinais no cotidiano da comunidade de Baxiú, Barra do Bugres, Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Luca, A. S. 1993. Plantas utilizadas em rituais afro-brasileiros na cidade de Cuiabá, Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Mendonça, R. C.; Felfili, J. M.; Walter, B. M. T.; Silva Júnior, M. C.; Rezende, A. V.; Filgueiras T. S. & Nogueira, P. E. 1998. Flora Vascular do Cerrado. Pp. 287-556. In: S. M. Sano & S. P. Almeida (eds.). Cerrado: ambiente e flora Embrapa Cerrados, Planaltina.
  • Miranda, E. J. 1986. Plantas do pantanal utilizadas na medicina popular: Santo Antônio de Leverger, Barão de Melgaço e Poconé - MT Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Miranda, D. P. G. & Ferraz, Z. L. 1983. Contribuição ao conhecimento de nomes vulgares, científicos e utilização de plantas do Cerrado de Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Pagano, S. N.; Cesar, O. & Leitão-Filho, H. F. 1989. Composição florística do estrato arbustivo-arbóreo da vegetação de cerrado da área de proteção ambiental (APA) de Corumbataí - Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Biologia 49(1): 37-48.
  • Pasa, M. C. 1999. A utilização dos recursos vegetais no Vale do Aricá, Mato Grosso: um estudo etnoecológico Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Pedrotti, D. E. 1995. Flora ruderal da cidade de Cuiabá, Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Pedrotti, D. E. & Guarim Neto, G. 1998. Flora ruderal da cidade de Cuiabá, Mato Grosso, Brasil. Acta Botanica Brasilica 12(2): 113-204.
  • Pinheiro, J. 1990. Plantas utilizadas na medicina popular em Colider - MT Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Plotkin, M. J. 1991. Traditional knowledge of medicinal plants: the search for new jungle medicines. Pp. 5364. In: O. Akerele, V. Heywood & H. Synge. Conservation of medicinal plants Cambridge University Press, Cambridge.
  • Prado, A. L. 1981. Contribuição para o conhecimento de gêneros da família Malpighiaceae ocorrentes no Cerrado de Mato Grosso Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Proença, C.; Oliveira, R. S. & Silva, A. P. 2000. Flores e frutos do cerrado Ed. UnB, Brasília.
  • Ratter, J. A.; Ribeiro, J. F. & Bridgewater, S. 1997. The brazilian cerrado vegetation and threats to its biodiversity. Annals of Botany 80: 223-230.
  • Rezende, A. B. 1999. Notas etnobotânicas sobre o uso da flora na Gleba Pombal (Juscimeira - São Pedro da Cipa, Mato Grosso, Brasil) Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Ribeiro, J. F. & Walter, B. M. T. 1998. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. Pp. 87-166. In: S. M. Sano & S. P. Almeida (eds.). Cerrado: ambiente e flora Embrapa Cerrados, Planaltina.
  • Santana, S. R. 1999. Notas etnobotânicas de espécies da família Sapindaceae Jussieu Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Santos, E. N. 2000. Triagem farmacológica de plantas medicinais usadas popularmente em Mato Grosso como anti-inflamatórias e validação pré-clínica de Cariniana rubra Gardner ex Miers (Jequitibá-vermelho) como anti-inflamatória Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Santos, I. F. 1983. Estudo preliminar das Rubiaceae de áreas do Cerrado de mato-grossense Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Sartori, N. T. 1997. Triagem de plantas medicinais popularmente utilizadas como anti-úlcera em Mato-Grosso - Parte I. Avaliação do efeito anti-úlcera da fração diclorometânica (DCM2) de Calophyllum brasiliense Camb. (Clusiaceae) - Parte II Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Schimöller, E. 1997. Levantamento preliminar das plantas medicinais utilizadas pelos índios Bakairi, Aldeia Pakueran (Paranatinga, Mato Grosso) Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Serigatto, E. M. 1994. Utilização regional de espécies da Família Leguminosae Adans. No Estado de Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Serigatto, E. M. & Campos, R. A. B. 1997. Plantas utilizadas na medicina caseira na região de Alta Floresta, Mato Grosso Universidade Estadual de Mato Grosso, Alta Floresta.
  • Shiki, S.; Silva, J. G. da. & Ortega, A. C. 1997. Agricultura, meio ambiente e sustentabilidade do cerrado brasileiro Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.
  • Siqueira, J. C. 1981. Utilização popular de plantas do Cerrado Ed. Loyola, São Paulo.
  • Solon, S. 1999. Alguns aspectos químico-farmacológicos da entre-casca do caule de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava-brava, Lythraceae) Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Somavilla, N. V. 1998. Utilização de plantas medicinais por uma comunidade garimpeira do Sudeste mato-grossense, Alto Coité - Poxoréo / Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Souza, F. E. F. 1997. Espécies de angiospermas da região de Chapada dos Guimarães, Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Souza, L. F. 1992. Levantamento etnobotânico na localidade de São Gonçalo, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Souza, L. F. 1995. Estudo etnobotânico na comunidade ribeirinha de Coxipó do Ouro, Cuiabá, Mato Grosso, Brasil Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Souza, L. F. 1998. Estudo Etnobotânico da Comunidade de Baús: o uso de plantas medicinais (Município de Acorizal, Mato Grosso) Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Tamashiro Filho, P. 1999. Validação pré-clínica da atividade anti-úlcera do extrato bruto metanólico de Lafoensia pacari St. Hil. (Mangava-brava) Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Tonello, V. M. 1993. Kielmeyera: abordagem botânica, fitoquímica e farmacológica Monografia de Especialização. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Tonello, V. M. 1997. Estrutura de populações de Lafoensia pacari St. Hil. e dados etnobotânicos e fenológicos em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Urquiza, N. G. 2001. Flora mato-grossense: fanerógamas de Poxoréo, Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • Vieira, R. F. & Martins, M. V. M. 2000. Recursos genéticos de plantas medicinais do Cerrado: uma compilação de dados. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 3(1): 13-36.
  • Werlang, R. C. 1996. Espécies de Melastomataceae Jussieu referidas para o Estado de Mato Grosso Monografia de Graduação. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
  • 1
    Parte revisada e ampliada do trabalho vencedor do Prêmio Jovem Pesquisador "Prof. Severino Márcio Pereira Meirelles"; UFMT (PIBIC - 2000 - Roman Gil de Morais). Apoio: CNPq e FAPEMAT
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      23 Abr 2004
    • Data do Fascículo
      Dez 2003

    Histórico

    • Aceito
      24 Maio 2003
    • Recebido
      06 Maio 2002
    Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
    E-mail: acta@botanica.org.br