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Uma avaliação recente da repolarização ventricular em pacientes diabéticos

CARTA AO EDITOR

Uma avaliação recente da repolarização ventricular em pacientes diabéticos

Yaniel Castro TorresI; Anamary Fleites PérezI; Danlet Prado CastroII

IUniversidad de Ciencias Médicas - Serafin Ruiz de Zarate Ruiz - Villa Clara, Cuba

IIHospital Universitario Calixto Garcia Iñiguez, La Habana, Cuba

Correspondência Correspondência: Yaniel Castro Torres Luz Caballero 161 entre Hospital Y Alejandro Oms, Parroquia 50100, Santa Clara, Villa Clara E-mail: yanielct@edu.vcl.sld.cu

Palavras-chave: Eletrocardiografia, Diabetes Mellitus, Morte Súbita Cardíaca, Arritmias Cardíacas.

Ao Editor,

Lemos com grande interesse o artigo publicado na edição anterior relatado por Clemente e cols.1sobre a análise de alguns parâmetros de repolarização ventricular em pacientes diabéticos (PD). No estudo, os autores dão novas informações sobre um tópico relevante e atual. O risco de desenvolver arritmias ventriculares e, posteriormente, morte súbita cardíaca (MSC) em PD tem sido demonstrado em vários estudos. A associação referida, pelo menos, em parte, é devida à presença de aterosclerose coronária, doença microvascular e neuropatia autonômica, que são muito frequentes em pacientes com essa condição. O substrato arritmogênico, nesses casos de doenças cardíacas isquêmicas, inclui reentrada no miocárdio devido à formação de cicatriz, hipertrofia compensatória em miocárdio não infartado, remodelamento ventricular progressivo e anormalidades neuro-hormonais2.

Esse estudo comparou as medidas de alguns preditores de arritmia ventricular entre PD e controles. A maioria dos preditores mostrou ser mais prolongada no primeiro. Esses resultados significam que esses pacientes têm uma maior predisposição para desenvolver arritmias ventriculares malignas, devido a um aumento na dispersão espacial e transmural. Em um trabalho anterior, Cardoso e cols.3 observaram que os parâmetros de intervalo QT prolongado estavam associados com um risco aumentado de MSC em pacientes com Diabetes Mellitus. Ambos os estudos mostraram resultados semelhantes. No entanto, a característica marcante do estudo de Clemente e cols.1 é a avaliação de alguns parâmetros de repolarização ventricular como Tpeak-Tend e jTpeak-jTend e suas dispersões. Embora anteriormente a Tpeak-Tend tenha mostrado ser um preditor de arritmias ventriculares em outra situação4, essas medidas são bastante novas na prática clínica e mais estudos são necessários para avaliar sua real utilidade. Por esse motivo, a sua caracterização nesse estudo é um avanço nesse campo. Se futuras investigações definitivamente demonstrarem a importância desses marcadores em prever MSC em PD, os médicos terão uma nova ferramenta para estabelecer estratégias e melhorar o prognóstico desses pacientes.

Uma limitação do artigo é que os pacientes não foram acompanhados e, assim, alguns dos resultados mostrados são incertos. No entanto, o estudo de Clemente e cols.1 fornece novas informações que aumentam o nosso conhecimento sobre um tema tão interessante. Outros estudos prospectivos com maior número de indivíduos devem ser realizados para identificar populações em risco de MSC no futuro.

Artigo recebido em 10/12/12, revisado em 08/01/13, aceito em 08/01/13.

  • 1. Clemente D, Pereira T, Ribeiro S. Repolarização ventricular em pacientes diabéticos: caracterização e implicações clínicas. Arq Bras Cardiol. 2012;99(5):1015-22.
  • 2. Siscovick DS, Sotoodehnia N, Rea TD, Raghunathan TE, Jouven X, Lemaitre RN. Type 2 diabetes mellitus and the risk of sudden cardiac arrest in the community. Rev Endocr Metab Disord. 2010;11(1):53-9.
  • 3. Cardoso CR, Salles GF, Deccache W. Prognostic value of QT interval parameters in type 2 diabetes mellitus: results of a long-term follow-up prospective study. J Diabetes Complications. 2003;17(4):169-78.
  • 4. Castro Hevia J, Antzelevitch C, Tornés Bárzaga F, Dorantes Sánchez M, Dorticós Balea F, Zayas Molina R. Tpeak-Tend and Tpeak-Tend dispersion as risk factors for ventricular tachycardia/ventricular fibrillation in patients with the Brugada syndrome. J Am Coll Cardiol. 2006;47(9):1828-34.
  • Correspondência:

    Yaniel Castro Torres
    Luz Caballero 161 entre Hospital Y Alejandro Oms, Parroquia
    50100, Santa Clara, Villa Clara
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Maio 2013
    • Data do Fascículo
      Abr 2013
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