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Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (ILCOR): papel nas novas diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados cardiovasculares de emergência 2005-2010

PONTO DE VISTA

Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação (ILCOR). Papel nas novas diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados cardiovasculares de emergência 2005-2010

Sergio Timerman; Maria Margarita Castro Gonzalez; Evandro Tinoco Mesquita; Flavio Rocha Brito Marques; José Antônio Franchini Ramires; Ana Paula Quilici; Ari Timerman

Comitê Científico da Fundação Interamericana do Coração, São Paulo, SP

Correspondência Correspondência: Sergio Timerman Rua Pará, 270/13 01243-020 – São Paulo, SP E-mail: timerman@cardiol.br

Palavras-chave: Ressuscitação, parada cardíaca, emergências cardiovasculares.

A International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) [Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação] foi formada em 1992 para promover um fórum entre as principais organizações de ressuscitação de todo o mundo. Ainda que os critérios para a participação não tivessem sido rigorosamente definidos, esperava-se que as organizações-membro tivessem uma participação ativa na criação das diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar (RCP), preferivelmente que servissem para mais de um país, e que fossem multidisciplinares. No momento, o ILCOR compreende representantes da American Heart Association (AHA), European Resuscitation Council (ERC), Heart and Stroke Foundation of Canada (HSFC), Australian and New Zealand Committee on Resuscitation, Resuscitation Councils of Southern Africa (RCSA) e InterAmerican Heart Foundation (IAHF).

Os objetivos do ILCOR são:

  • Promover um fórum para discussão e coordenação mundial de todos os aspectos da ressuscitação cardiopulmonar e cerebral, acidente vascular cerebral e síndromes coronarianas agudas.

  • Criação de pesquisas científicas nas áreas da ressuscitação em que haja falta de dados ou existam controvérsias.

  • Promover a disseminação de informações para o treinamento e a educação em ressuscitação.

  • Fornecer um mecanismo para coletar, revisar e compartilhar dados científicos internacionais de ressuscitação.

  • Fazer que as declarações sejam adequadas em temas específicos relacionados à ressuscitação, de modo que reflitam um consenso internacional.

O ILCOR se reúne duas vezes por ano, alternando, geralmente, entre um local nos Estados Unidos e um local em alguma outra parte do mundo (tab. I). Em colaboração com a AHA, o ILCOR produziu as primeiras Diretrizes Internacionais de RCP em 2000. De novo, em colaboração com a AHA, o ILCOR promoveu uma ampla revisão com base em evidências científicas, que culminou com o Consenso Internacional de Ciência em RCP e Atendimento em Emergências Cardiovasculares com Recomendações de Tratamento na Conferência de janeiro de 2005. Os procedimentos dessa reunião forneceram o material para as organizações de consensos regionais escreverem suas diretrizes de ressuscitação.

A criação do ILCOR estabeleceu uma oportunidade única para a colaboração mundial nas diretrizes de ressuscitação e treinamento nos últimos quinze anos. A seguir, apresentamos um breve resumo dos pontos relevantes e o progresso dessa organização, que se tornou a voz de autoridade do consenso científico na retaguarda das diretrizes de ressuscitação nacionais e internacionais.

História do ILCOR

1990 - Em junho, representantes da American Heart Association (AHA), da European Resuscitation Council (ERC), da Heart and Stroke Foundation of Canada (HSFC) e da Australian Resuscitation Council (ARC) participaram de uma reunião, organizada pela Laerdal Foundation, no mosteiro de Utstein, na remota ilha Mosteroy, Noruega. O propósito dessa reunião era discutir os problemas de nomenclatura na ressuscitação e a falta de padronização de linguagem nos relatórios relativos à parada cardíaca em adultos em ambiente extra-hospitalar. Esse foi o primeiro empreendimento colaborativo importante envolvendo os Conselhos de Ressuscitação existentes em todo o mundo. Uma reunião seguinte aconteceu em dezembro de 1990, em Surrey, Inglaterra, onde foi tomada a decisão de se adotar o termo "Utstein-style" ["modelo de Utstein"] para uniformizar os relatórios de dados de paradas cardíacas fora do hospital1. A partir desse marco que foi a reunião no mosteiro de Utstein, foram publicadas muitas declarações adicionais ao consenso das declarações internacionais "Utstein-style", incluindo relatório uniforme de suporte avançado de vida para neonatos2 e pediatria3, pesquisa laboratorial em RCP4, ressuscitação intra-hospitalar5, e registros de RCP6.

1992 - A Quinta Conferência de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) e Atendimento em Emergências Cardiovasculares [Fifth National Conference on Cardiopulmonary Resuscitation (CPR) and Emergency Cardiac Care (ECC] foi realizada em Dallas, Texas, Estados Unidos, em fevereiro de 1992. Graças à generosidade da AHA, mais de 25% dos delegados vieram de fora dos Estados Unidos, representando mais de 25 países e 53 organizações internacionais. Foi uma oportunidade ideal para a discussão de temas internacionais, galgada na cooperação já alcançada na primeira reunião de Utstein. A Conferência enfocou três temas: 1) a necessidade de apoio internacional para os países desenvolverem um Atendimento em Emergências Cardiovasculares efetivo; 2) a criação de uma infra-estrutura permanente para cooperação internacional; 3) a necessidade de diretrizes internacionais comuns e de uma conferência internacional de RCP e Atendimento em Emergências Cardiovasculares. Um Painel de Discussão sobre RCP e Atendimento em Emergências Cardiovasculares, co-presidida por Richard Cummins e Douglas Chamberlain incluiu palestrantes dos Estados Unidos, Canadá, Europa, Austrália e África do Sul. Seu relatório final declarou:

A Conferência recomendou que a maioria das organizações existentes com uma responsabilidade de diretrizes em RCP e Atendimento em Emergências Cardiovasculares deveria procurar sincronizar sua revisão das diretrizes, com o objetivo de publicar atualizações no mesmo ano. Com tal programação, as organizações poderiam criar grupos de trabalho internacionais formando um quadro com os principais especialistas de todo o mundo em suas respectivas áreas de atuação. Esses grupos poderiam oferecer revisões da literatura internacional e, baseados no compartilhamento científico e experiências, fariam sugestões para as modificações nas diretrizes. As modificações propostas, com o suporte científico que as gerou, seriam oferecidas como evidências para a maioria das organizações internacionais para suas próprias reuniões e deliberações: à AHA, Canadian Heart and Stroke Foundation, European Resuscitation Council, às associações ou sociedades na América Latina, Austrália, África e Ásia, para todos os países ou organizações multinacionais que quisessem participar. As modificações propostas seriam examinadas por estas organizações. Se a ciência fosse incontestável, é provável que as modificações fossem adotadas com ou sem alterações, levando em consideração necessidades e realidades locais.

Tal plano para uma cooperação internacional teria grandes vantagens nas disposições existentes: 1) os maiores especialistas teriam uma comunicação e cooperação proveitosa: 2) a orientação para as diretrizes provavelmente teriam menos interferência do hábito, tradição ou a pressão do dia a dia: 3) as diretrizes geradas desta maneira seriam amplamente aceitas dentro das organizações existentes: 4) provavelmente seria alcançada uma maior similaridade (ou mesmo identidade) das diretrizes sem o receio que um grupo fosse subvertido por outro; 5) existiria o potencial para eventuais diretrizes universais; 6) as organizações existentes não sentiriam risco para sua independência ou autonomia."

O evento "Resuscitation 92", ocorrido em Brighton, Inglaterra, em novembro de 1992, foi a primeira conferência internacional realizada pelo grupo europeu. Ao final da conferência, representantes das organizações produtoras das diretrizes, European Resuscitation Council, American Heart Association, Heart and Stroke Foundation of Canada, Australian Resuscitation Council e Resuscitation Council of Southern Africa, realizaram a primeira reunião do ILCOR (International Liaison Committee). Presidida por Douglas Chamberlain, a reunião propôs que deveria haver cooperação internacional contínua por meio de um comitê de ligação permanente, compreendendo organizações ativas, bem estabelecidas, que no momento estivessem fazendo diretrizes e que fossem, de maneira geral, naturalmente multinacionais ou multidisciplinares.

1993 - O Update in Sudden Cardiac Death Congress [Congresso de "Atualização na Morte Súbita Cardíaca"[em Viena, Áustria, em março de 1993, o recém-formado ILCOR realizou sua segunda reunião, na qual foi adotada uma Declaração de Missão formal:

Para fazer um mecanismo de consenso pelo qual a ciência internacional e o conhecimento relevante de cuidados de emergência cardíaca possam ser identificados e revisados. Esse mecanismo de consenso será usado para elaborar diretrizes internacionais consistentes no atendimento em emergências cardiovasculares para Suporte Básico de Vida (SBV) [BLS], Suporte de Vida em Pediatria (SVP) [PLS] e Suporte Avançado de Vida (SAV) [ALS]. Apesar do foco principal ser nas diretrizes de tratamento, o comitê dirigente dará ênfase também à efetividade da educação e a abordagens de treinamento e tópicos relacionados com a organização e a implementação do Atendimento em Emergências Cardiovasculares. O Comitê também estimulará a coordenação de datas para o desenvolvimento das diretrizes e de conferências por vários conselhos nacionais de ressuscitação. Estas diretrizes internacionais visam uma comunidade apoiada na ciência para BLS, ALS e PLS.

Concordou-se que, sempre que possível, as reuniões seriam junto a eventos internacionais de ressuscitação, sendo maior o custo/efetividade, e dando oportunidade para que líderes no campo da ressuscitação pudessem encontrar e compartilhar informações e perícia em bases regulares, com uma ampla audiência multinacional e multidisciplinar (tab. I). Na terceira reunião, co-presidida por Douglas Chamberlain e Richard Cummins, foram formados Grupos de Trabalhos formais de BLS, ALS e PLS, com a tarefa de rever dados científicos nas suas respectivas áreas de atuação.

1994 - Quando o ERC publicou suas diretrizes de ressuscitação, o presidente, Peter Baskett, relatou que "O ERC não trabalhou isoladamente e que foi agradável a cooperação cordial e produtiva com o Comitê de Cuidados na Emergência Cardíaca da AHA, Conselho de Ressuscitação Australiano, Heart and Stroke Foundation of Canada, Conselho de Ressuscitação da África do Sul e muitos Conselhos de Ressuscitação e autoridades da Europa. Nossa meta no futuro é colaborar com nossos colegas para fazer diretrizes que tenham uma aceitação mundial. Há um Comitê de Aliança Internacional ativo buscando, no momento, atingir esta meta de forma que possamos entrar no Século 21 com unanimidade".

1995 - Foi considerada uma proposta de John Kattwinkel, da American Academy of Pediatrics, de formar um Subgrupo de Pediatria Neonatal no Grupo de Trabalho de Pediatria. Houve consenso nas diretrizes recomendadas para revisão, relatórios e condução de pesquisa em ressuscitação no hospital5. Um representante fez uma observação que mostrou o espírito triunfante da cooperação: "Em sete reuniões do International Liaison Committee, o Comitê nunca precisou pedir um voto em nenhuma questão".

1996 - Por sugestão de Walter Kloeck, da África do Sul, o nome International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) foi aprovado formalmente, em maio de 1996. Foi um jogo de palavras intencional, relacionado ao desenvolvimento de diretrizes para tratamento para um coração doente – "ill cor"! Determinou-se a necessidade significativa de se fazer uma "Declaração Consultiva" e cada Grupo de Trabalho foi incumbido de apresentar consensos das declarações atualizados.

1997 - Em 1997, o Consejo Latino–Americano de Resucitación (CLAR), representando os países da América Latina, tornou-se oficialmente a sétima organização-membro do ILCOR. A Declaração Consultiva do ILCOR em Suporte Básico de Vida para um só socorrista7, um algoritmo universal de ALS8, Desfibrilação Precoce9, Suporte de Vida em Pediatria10, e Situações Especiais de Ressuscitação11 foram publicadas mundialmente.

1998 - O Conselho de Ressuscitação Neozelandês e o Conselho de Ressuscitação Australiano se uniram para formar uma entidade de ressuscitação multinacional. Petter Steen, do ERC, foi indicado para co-presidente do ILCOR, junto com Richard Cummins, após a saída do presidente-fundador Douglas Chamberlain. Decidiu-se que o desenvolvimento das diretrizes tentaria mudar da opinião de especialistas e discussões de consenso para um processo muito mais explícito, baseado em evidências e no uso de "níveis de evidência" e "classes de recomendações".

1999 - Representantes da China, de Taiwan, da Tailândia, do Japão e da Malásia foram recebidos nas reuniões do ILCOR como observadores. Determinou-se que a secretaria administrativa do ILCOR seria exercida pelo Comitê de Ressuscitação da Austrália e Nova Zelândia (ANZCOR). O ILCOR publicou uma Declaração Consultiva de Ressuscitação para Neonatos2, e decidiu que haveria uma Conferência de Avaliação de Evidências precedendo a Conferência "Guidelines 2000" (Diretrizes 2000) em Dallas, em Setembro de 1999.

2000 - A Conferência das Diretrizes 2000, realizada em Dallas em fevereiro de 2000, foi a primeira conferência internacional organizada especificamente para fazer as diretrizes internacionais de ressuscitação12. Bill Montgomery, da AHA, foi eleito co-presidente do ILCOR, ao lado de Petter Steen, do ERC.

2001 - O primeiro simpósio de Educação em Ressuscitação do ILCOR aconteceu no Mosteiro de Utstein (fig. 1), em junho de 200113, com o apoio da Laerdal Foundation. Nessa reunião, foi minutada uma Constituição formal para o ILCOR.


2002 - ILCOR organizou uma reunião em Melbourne, Austrália, para atualizar e simplificar as tabelas de Utstein para relatórios de paradas cardíacas fora e dentro de hospitais, e para desenvolver recomendações para registros de ressuscitação. Jerry Nolan, do ERC, foi eleito co-presidente do ILCOR, com Bill Montgomery da AHA. Concordou-se que o ILCOR seria um grupo consultivo para o Grupo Cochrane Heart, e Ian Jacobs foi indicado como coordenador oficial. Foram criadas uma Força-Tarefa Neonatal e uma Força-Tarefa Interdisciplinar, para temas como epidemiologia, educação e ética na ressuscitação.

2003 - ILCOR publicou a Declaração Consultiva para Uniformização de Transmissão de Dados de Afogamento14, Hipotermia Terapêutica após Parada Cardíaca15, e o uso de DEA em crianças16. A Fundação Interamerican do Coração The Inter-American Heart Foundation (IAHF) substitui o CLAR como a organização-membro oficial representando os países das Américas Central e do Sul. Começou um planejamento intenso para o Consenso da Ciência de Ressuscitação 2005 em uma reunião do ILCOR no Brasil, presidida pelo Dr. Sergio Timerman.

2004 - Tabelas atualizadas do "Utstein-style" para pesquisas de ressuscitação, que foram criadas primeiramente por representantes de Conselhos de Ressuscitação Internacionais em 1990, foram publicadas sob a égide do ILCOR6. Foi aprovado e adotado um logo oficial do ILCOR (fig. 2), e foram feitos planejamentos para que o ILCOR fosse formalmente incorporado como Associação Não-Lucrativa. Os preparativos continuaram nas reuniões em Dallas e Budapeste para a publicação, em 2005, de consenso científico de ressuscitação atualizado, usando ferramentas sistemáticas dedicadas à avaliação de evidências.


2005 - A Conferência do Consenso Internacional 2005 de Atendimento em Emergências Cardiovasculares e RCP com Recomendações de Tratamento (CoSTR), organizada pela AHA, representa a maior revisão científica da ressuscitação já realizada e envolveu o mais alto grau de cooperação internacional que o ILCOR jamais viu.

A seguir, o resumo das conclusões e recomendações do processo de avaliação de evidências

A meta de toda organização de ressuscitação e especialistas em ressuscitação é prevenir a morte cardiovascular prematura. Quando ocorre uma parada cardíaca ou alguma emergência que ponha a vida em risco, uma resposta rápida e hábil pode fazer a diferença entre vida e morte e entre a sobrevivência intacta e as seqüelas. Este documento resume as evidências atuais para o reconhecimento e resposta aos eventos que colocam a vida em risco, particularmente morte súbita em vítimas de qualquer idade. A ampla série e número de tópicos revisados e as inevitáveis limitações do espaço do jornal requerem a concisão das declarações da ciência e, onde as recomendações são apropriadas, brevidade na recomendação do tratamento. Esta não é uma revisão abrangente em todos os aspectos da medicina da ressuscitação; alguns tópicos foram omitidos caso não houvesse evidência ou nenhuma nova informação.

Processo de avaliação de evidências

Para começar o processo de avaliação de evidência atual, os representantes do ILCOR estabeleceram seis forças-tarefas: suporte básico de vida, suporte avançado de vida, síndromes coronarianas agudas, suporte de vida em pediatria, suporte de vida neonatal e uma força-tarefa interdisciplinar para a consideração de tópicos sobrepostos, tais como os temas de educação. Cada força-tarefa identificou tópicos que precisavam de avaliação de evidências e indicou especialistas internacionais para revisá-los. Para assegurar uma abordagem consistente e profunda, foi criada uma planilha com orientações passo-a-passo para ajudar os especialistas a documentar suas revisões de literatura, estudos de avaliação, determinar níveis de evidências e desenvolver as recomendações de tratamento. Quando possível, dois especialistas revisores foram recrutados para ficarem incumbidos da avaliação independente para cada tópico. Além disso, dois especialistas em avaliação de evidências revisaram todas as planilhas e ajudaram os revisores assegurando que essas tivessem consistentemente um alto padrão. Isso foi descrito em detalhes em um editorial anexo17. Mais duas forças-tarefas foram criadas pela AHA para fazerem as revisões das evidencias sobre Acidente Vascular Cerebral e primeiros socorros. Esses tópicos foram incluídos na Conferência do Consenso 2005 e resumidos neste documento, mas não eram parte do processo do ILCOR.

Um total de 281 especialistas completou 403 planilhas em 276 tópicos. Duzentos e quarenta e nove autores de planilhas (141 dos Estados Unidos e108 de dezessete outros países) participaram da Conferência do Consenso 2005. Em dezembro de 2004, foram disponibilizados na internet, no site http://www.C2005.org, a revisão de evidências e partes do resumo das planilhas de avaliação de evidências, com a declaração de conflito de interesse do autor das planilhas. Propaganda em jornais e e-mails convidaram para comentários públicos. Às pessoas que mandaram comentários foi solicitado que indicassem seus potenciais conflitos de interesse. Esses comentários foram enviados ao presidente da força-tarefa do ILCOR apropriada e ao autor da planilha para consideração.

Para dar a mais ampla disseminação das revisões científicas realizadas para a Conferência do Consenso 2005, as planilhas preparadas para a conferência estiveram junto com a versão eletrônica deste documento. Todos os 380 participantes da Conferência do Consenso 2005 receberam uma cópia das planilhas em CD-ROM. O acesso à internet estava disponível a todos os participantes durante a Conferência para facilitar a verificação da literatura em tempo real. Em plenário, simultaneamente, em sessões de pôsteres da conferência, os revisores especialistas apresentaram cada tópico. Apresentadores e participantes então debatiam as evidências, conclusões e esboço do resumo das declarações. Todos os dias os tópicos mais controvertidos do dia anterior, como identificado pelos presidentes de cada força-tarefa, foram apresentados e debatidos em uma ou mais sessões adicionais. As forças-tarefas do ILCOR se reuniam diariamente durante a conferência para discutir e debater as recomendações dos especialistas e fazerem declarações provisórias do consenso científico. Cada declaração científica resumia a interpretação do especialista de todos os dados relevantes de um tópico específico. Foram adicionados esboços de recomendações de tratamento se fosse alcançado um consenso. A redação final da declaração científica e das recomendações de tratamento foi completada após revisão posterior pelas organizações-membro do ILCOR e o quadro editorial internacional. Esse formato assegura que o documento final representa um processo de consenso verdadeiramente internacional.

No momento de submissão, esse documento representou o estado de arte científico da medicina de ressuscitação. Vários artigos que foram aceitos para publicação em revistas médicas antes da Conferência do Consenso 2005, mas não foram publicados, circularam com a permissão de editores de jornais de relevância, para as forças-tarefas do ILCOR e contribuíram para as declarações do consenso.

Esse manuscrito foi aprovado por último por todas as organizações-membro do ILCOR e por um quadro editorial internacional (relacionado na primeira página deste suplemento). O Comitê Científico Consultivo da AHA e o editor da revista Circulation obtiveram pré-revisões desse documento antes que tivesse sido aceito para publicação. O documento está sendo publicado simultaneamente nas revistas Circulation e Resuscitation, embora a versão da Resuscitation não inclua seções de AVC e primeiros socorros.

Gerenciamento do conflito de interesses

As principais autoridades do mundo em ressuscitação científica fizeram seus trabalhos se responsabilizando e publicando pesquisas e o respectivo trabalho de estudo (exemplo: apresentação de resumos de pesquisas e participação em conferências científicas). Este trabalho cria potencialmente conflitos de interesse financeiros e intelectuais (COI) para o especialista18,19. Subsídios e outros apoios para pesquisa científica, taxa dos palestrantes e honorários podem criar conflitos de interesse financeiros. Conflitos de interesse não-financeiros incluem apoio em espécie, colaboração intelectual ou investimento intelectual em idéias próprias e agendas de pesquisa de longo prazo, nas quais os pesquisadores tenham investido um período de tempo significativo. Uma política forte de conflitos de interesse foi desenvolvida para assegurar uma revelação total de conflitos de interesse potenciais e proteger a objetividade e credibilidade da avaliação de evidências e do processo desenvolvimento do processo de consenso. Representantes de fabricantes e da indústria não participaram dessa conferência. Foi solicitado a todos os 380 participantes que preenchessem os formulários para que seus potenciais conflitos de interesse fossem documentados. Participantes não incluídos nas condições citadas tiveram seus formulários preenchidos com a AHA.

Aplicando a ciência para melhorar a sobrevivência

Do consenso científico às diretrizes 20

Este documento apresenta declarações científicas do consenso internacional de ressuscitação e, sempre que possível, recomendações de tratamento. As organizações-membro do ILCOR irão, subseqüentemente, publicar diretrizes de ressuscitação que estejam cientificamente coerentes com a ciência deste documento, mas também serão levadas em conta as diferenças geográficas, econômicas e sistemáticas na prática e disponibilidade de equipamentos médicos e agentes. Todas as organizações-membro do ILCOR esforçam-se para minimizar as diferenças internacionais na prática da ressuscitação e otimizar a efetividade dos métodos de instrução, ensinando socorros e treinando redes.

As recomendações da Conferência do Consenso 2005 confirmam a segurança e efetividade das abordagens atuais, reconhecem outras abordagens como ineficientes e apresentam novos tratamentos resultantes da avaliação baseada em evidências. Recomendações de tratamento novas e revisadas não significam que o cuidado clínico que envolve o uso das diretrizes anteriores seja inseguro ou ineficiente. Os cientistas do ILCOR e organizações-membro consideram que essas novas recomendações sejam mais eficientes e as intervenções mais fáceis de serem aprendidas do que o baseado no conhecimento atual, pesquisas e experiências. Também foram consideradas implicações para educação e retenção quando do desenvolvimento das recomendações de tratamento finais.

A doença isquêmica do coração é a principal causa de morte no mundo21. A morte súbita é responsável por mais de 60% das 335 mil mortes anuais estimadas de doenças coronarianas, nos Estados Unidos21,22. A maior parte das vítimas morre fora do hospital sem receber as intervenções descritas nesta publicação. As ações que aumentam as chances de sobrevivência das vítimas de morte súbita são chamadas de Corrente de Sobrevivência do adulto. Os elos da Corrente de Sobrevivência (fig. 3) são o reconhecimento imediato da emergência e ativação dos serviços médicos de emergência (SME), RCP imediata, desfibrilação imediata e suporte avançado de vida imediato. Os elos na corrente de sobrevivência no lactente e crianças são a prevenção das condições que levam à parada cardiorrespiratória, RCP imediata, ativação dos sistemas de emergências imediata e suporte avançado de vida imediato (fig. 3).


O determinante mais importante da sobrevivência de uma morte súbita é a presença de um socorrista leigo treinado que esteja pronto, disposto, capaz e equipado para agir. Embora algumas técnicas de suporte avançado de vida melhorem a sobrevivência23, essas melhoras geralmente são menos significantes do que o aumento das taxas de sobrevivência registradas em programas de RCP e desfibrilação externa automática na comunidade24-25. Dessa maneira, nosso maior desafio está na educação de socorristas leigos. Precisamos aumentar a efetividade e eficiência da instrução, melhorar a habilidade de retenção e diminuir as barreiras para a ação tanto de provedores de suporte básico quanto de suporte avançado de vida26,27. A ciência da educação em ressuscitação está evidenciada nesta publicação.

O algoritmo universal

Muitas das novas recomendações de tratamento estão incluídas no Algoritmo Universal de Parada Cardíaca do ILCOR (fig. 4). Esse algoritmo destina-se a pôr em prática e simplificar as manobras de ressuscitação cardiopulmonar de lactentes, crianças e adultos vitimas de parada cardíaca (excluindo-se neonatos). Fez-se todo esforço para manter simples esse algoritmo e ainda fazê-lo aplicável a vítimas de parada cardíaca de todas as idades, em todas as circunstâncias. Inevitavelmente, serão necessárias modificações em algumas situações. Cada organização de ressuscitação irá basear suas diretrizes nesse algoritmo do ILCOR, embora possa haver modificações regionais sutis.


Os socorristas começam a RCP se a vítima estiver inconsciente ou não responsiva, sem movimentos e sem respirar. A relação compressão-ventilação na razão de 30:2 é usada por um socorrista para atendimento de uma vítima lactente, criança ou adulto (excluindo-se neonatos). Essa relação é recomendada para o socorrista leigo e para RCP em adulto. Essa única razão foi desenhada para simplificar o ensino, promove a habilidade de retenção, aumenta o número de compressões dadas e diminui a interrupção das compressões.

Uma vez que o desfibrilador é colocado, se for confirmado um ritmo chocável, um único choque é administrado. Independentemente do ritmo resultante, compressão torácica e ventilação (5 ciclos de 30:2 – aproximadamente dois minutos) são retomadas para minimizar o tempo de "não fluxo" (exemplo, tempo durante o qual não são feitas compressões para ações como análise do ritmo). Intervenções de suporte avançado de vida estão dentro de uma caixa no centro do algoritmo. Uma vez que uma via aérea avançada (exemplo, tubo traqueal, via de mascara laríngea [VML] ou combitubo) tenha sido colocada, os socorristas devem fazer oito a dez ventilações/min durante RCP para lactentes (exceto neonatos), crianças e adultos, sem pausas para as compressões torácicas.

O tema de mínima interrupção das compressões torácicas é enfatizado no consenso, e evidência recente indica que essas interrupções ocorrem freqüentemente, tanto fora como no hospital28-29. O tempo de "Hands off" (não realizar compressão torácica) durante a RCP deve ser minimizado.

Perspectivas futuras

A ciência da ressuscitação está se desenvolvendo rapidamente. Não seria do interesse dos pacientes se nós tivéssemos que esperar cinco anos ou mais para informar aos profissionais de saúde os avanços nesse campo. Os membros do ILCOR continuarão a rever novas ciências e, quando necessário, publicar declarações consultivas provisórias para atualizar as diretrizes de tratamento de forma que os médicos possam praticar sempre com o "estado da arte". As brechas existentes no nosso conhecimento somente serão fechadas com a continuidade de pesquisas de alta qualidade em todas as facetas da RCP.

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Recebido em 28/11/05; revisado recebido em 08/12/05; aceito em 08/12/05.

  • Correspondência:
    Sergio Timerman
    Rua Pará, 270/13
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Mar 2007
    • Data do Fascículo
      Nov 2006
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