Resumo
Fundamento:
A catarata subcapsular posterior é uma reação tecidual encontrada com frequência nos profissionais expostos à radiação ionizante.
Objetivo:
Avaliar a prevalência de catarata nos profissionais que atuam na área de hemodinâmica no Brasil.
Métodos:
Profissionais expostos à radiação ionizante (grupo 1, G1) foram submetidos ao exame biomicroscópico com lâmpada de fenda para avaliação do cristalino, e comparados aos não expostos (grupo 2, G2). Os achados foram descritos e classificados quanto ao grau de opacidade e localização por meio do Lens opacities classification system III. Ambos os grupos responderam questionário sobre condições de trabalho e de saúde para afastar fatores de risco para catarata, e foram comparados quanto aos achados. Foi utilizado um nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados:
Foram avaliados 112 voluntários (G1) com média de idade 44,95 (±10,23) anos e 88 voluntários (G2) com média de 48,07 (±12,18) anos. Desses, 75,2% (G1) e 85,2% (G2) eram médicos. A análise estatística entre os grupos G1 e G2 mostrou uma prevalência da catarata no grupo G1 de 33% comparada ao G2 de 16% (p = 0,0058), sendo a catarata subcapsular posterior presente em 13% no G1 e 2% no G2 (p = 0,0081). Considerando apenas os médicos, 38% no G1 e 15% no G2 (p = 0,0011) apresentaram catarata, sendo a subcapsular posterior 13% e 3% (p = 0,0176), respectivamente. No grupo dos profissionais não médicos, não houve diferença estatisticamente significativa na prevalência dos achados oftalmológicos.
Conclusões:
A catarata esteve mais presente no grupo de profissionais expostos à radiação ionizante, sendo que a catarata subcapsular posterior foi o dano tecidual mais encontrado.
Palavras-chave:
Catarata/cirurgia; Radiação Ionizante; Cardiologistas; Hemodinâmica; Riscos Ocupacionais; Proteção Radiológica