Fundamento:
Estudos indicam que o Doppler ecocardiograma possibilita a identificação de um maior número de casos de valvopatia reumática, quando comparado ao exame clínico, em indivíduos aparentemente saudáveis.
Objetivos:
Determinar a prevalência de valvopatia sugestiva de envolvimento reumático segundo as avaliações clínicas e Doppler ecardiográficas em alunos de escola pública de Belo Horizonte.
Métodos:
Estudo transversal realizado com 267 escolares entre 6 e 16 anos, selecionados de forma aleatória. Os alunos foram submetidos à anamnese e exame físico com o objetivo de estabelecer critérios prévios para o diagnóstico de febre reumática. Todos realizaram o estudo Doppler ecocardiográfico com o emprego de um aparelho portátil. Aqueles que apresentaram regurgitação valvar mitral (RM) e ou aórtica (RAo) sugestiva de não fisiológica foram encaminhados ao laboratório de Doppler ecocardiografia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) para a realização de novo estudo. Conforme os achados, os casos de valvopatia reumática foram classificados em definitiva, provável e possível.
Resultados:
Dos 267 escolares, um (0,37%) apresentou história compatível com o diagnóstico de febre reumática aguda (FRA), 25 (9,4%) apresentaram RM e/ou RAo consideradas não fisiológicas ao Doppler ecocardiograma portátil. Destes, 16 (6%) realizaram Doppler ecocardiograma no HC-UFMG, sendo evidenciadas: valvopatia reumática definitiva em um escolar; valvopatia reumática provável em três; valvopatia reumática possível em um escolar.
Conclusão:
Na população estudada a prevalência de casos compatíveis com envolvimento reumático foi cinco vezes maior ao Doppler ecocardiograma (18,7/1000 - IC 95%, 6,9/1000 - 41,0/1000) em relação à avaliação clínica (3,7/1000 - IC 95%).
Febre Reumática / epidemiologia; Prevalência; Cardiomiopatia Reumática; Valvas Cardíacas; Ecocardiograma Doppler