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Cartas

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Cartas

Senhor Editor,

Queremos cumprimentar o Dr. Atik e cols. do InCor por abordarem o controvertido papel da endarterectomia coronariana na revascularização do miocárdio (Arq Bras Cardiol 2000; 75: 269-74) 1 cuja incidência e a mortalidade variam muito nos diversos trabalhos sobre o tema 2-4.

Com o bom desempenho dos stents, a indicação de cirurgia de revascularização do miocárdio ficou reservada para doentes com doença arterial coronariana difusa. O objetivo da endarterectomia coronariana é tornar "ponteável" uma artéria imprestável para a ponte.

À medida que o estudo BARI demonstra a superioridade da revascularização do miocárdio sobre a angioplastia em diabéticos, tornam-se ainda mais importantes estudos como o do Dr. Atik e cols. 1.

No nosso serviço, na Casa de Saúde São Raimundo, entre 404 pacientes submetidos a CRM entre janeiro/92 a dezembro/94, 38 foram submetidos a endarterectomia coronariana, uma incidência de 9,4% (grupo 1). Em 1999, foram submetidos a CRM, 185 pacientes com 8 endarterectomias, uma incidência de 4,3% (grupo 2). Todos os pacientes foram operados com circulação extracorpórea, oxigenador descartável, hipotermia moderada e reperfusão intermitente.

No grupo 1, entre 404 pacientes, 366 sem endarterectomia coronariana, a mortalidade foi de 3%, enquanto nos 38 pacientes com endarterectomia coronariana houve 1 (2,63%) óbito. Em 1999, foram realizadas 8 endarterectomias coronarianas sem óbito. Um paciente com endarterectomia de artéria descendente anterior apresentou diminuição de onda R.

Em 1999, a incidência de endarterectomia coronariana foi menor e a mortalidade, nula. Desde 1992 até hoje, amadurecemos o conceito da endarterectomia intencional e incidental. Incidental quando a partir da angiografia e do aspecto anatômico decidimos pela endarterectomia coronariana e incidental quando, ao abrirmos a artéria para anastomose do enxerto, somos obrigados a realizá-la para um melhor resultado cirúrgico.

Não custa lembrar os excelentes resultados obtidos com a endarterectomia carotídea, procedimento semelhante mas em outro segmento arterial e com a mesma etiologia.

À medida que os doentes mais graves, com doença difusa, são encaminhados para a cirurgia de revascularização do miocárdio, o papel da endarterectomia deve ser revisitado, já que o procedimento é antigo 3,4. Inúmeras séries demonstram que a perviabilidade do enxerto para a artéria endarterectomizada é satisfatória.

E. Régis Jucá, Sanuel S. Eduardo

Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará

Referências

1. Atik FA, Dallan AD, Oliveira SA, et al. Revascularização do miocárdio com endarterectomia - Estratificação dos fatores de risco de mortalidade imediata. Arq Bras Cardiol 2000; 75: 269-74.

2. Detre KM, Lombardero MJ, Brooks MM, et al. The effect of previous coronary-artery bypass on the prognosis of patients with diabetes who have acute myocardial infarction. N Engl J Med 2000; 342: 989-97.

3. Brenowitz JB, Kaiser KL, Johnson WD. Results of coronary endarterectomy and reconstruction. J Thorac Cardiovasc Surg 1988; 1: 95.

4. Effler DB, Sones JR FM, Favaloro R, Groves LK. Coronary endarterectomy with patch graft reconstruction. Ann Surg 1965; 162: 590-601.

Senhor Editor,

Ficamos honrados em receber a carta dos Drs. Régis Jucá e Samuel Eduardo a respeito do artigo "Revascularização do miocárdio com endarterectomia da artéria coronária. Estratificação dos fatores de risco de mortalidade imediata" 1, publicado em Arq Bras Cardiol 2000; 75: 269-74. Agradecemos os comentários e parabenizamos o grupo pelos excelentes resultados encontrados na casuística apresentada, compatíveis com os mais renomados serviços internacionais 2,3.

As características dos pacientes referidos para tratamento cirúrgico têm sofrido modificações na última década. A cirurgia cardíaca da atualidade se depara com a doença coronariana multiarterial, em pacientes com múltiplos fatores de risco, já submetidos a algum tipo de tratamento farmacológico e/ou hemodinâmico intervencionista, levando à postergação da indicação cirúrgica. Desta forma, torna-se cada vez mais freqüente a presença de pacientes com doença coronariana difusa, que vão requerer a endarterectomia coronariana, como forma de promover a revascularização completa do miocárdio.

Estudos recentes 4,5 têm demostrado resultados estatisticamente semelhantes entre os pacientes submetidos a endarterectomia e aqueles em que a revascularização do miocárdio foi isolada, justificando o procedimento, como boa opção de tratamento dessa afecção. Esta melhoria dos resultados deve-se principalmente à melhor seleção dos pacientes, considerando os fatores de risco individuais, realizando-a de maneira programada, com retirada completa da placa ateromatosa e respeitando os conceitos de miocárdica adequada. O uso de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes é recomendado no período pós-operatório.

A incorporação de novas alternativas de tratamento para os pacientes com doença aterosclerótica difusa e miocárdio viável, como a revascularização transmiocárdica a laser 6, abre o espectro de possibilidades terapêuticas para esse grupo de pacientes. Estudos futuros devem analisar comparativamente estes métodos, dando ênfase à perviabilidade dos enxertos, e principalmente à análise de viabilidade e função miocárdica segmentar.

Fernando Antibas Atik, Luis Alberto Oliveira Dallan, Sérgio Almeida de Oliveira

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas - FMUSP

Referências

1. Atik FA, Dallan AD, Oliveira SA, et al. Revascularização do miocárdio com endarterectomia da artéria coronária. Estratificação dos fatores de risco de mortalidade imediata. Arq Bras Cardiol 2000; 75: 269-74.

2. Sundt III TM, Camillo CJ, Mendeloff EN, Barner HB, Gay WA. Reppraisal of coronary endarterectomy for the treatment of diffuse coronary artery disease. Ann Thorac Surg 1999; 68: 1272-7.

3. Asimakopoulos G, Taylor KM, Ratnatunga CP. Outcome of coronary endarterectomy: a case-control study. Ann Thorac Surg 1999; 67: 989-93.

4. Shapira DM, Akopian G, Hussain A, et al. Improved clinical outcomes in patients undergoing coronary artery bypass grafting with coronary endarterectomy. Ann Thorac Surg 1999; 68: 2273-8.

5. Abrahamov D, Tamaris M, Guru V, et al. clinical results of endarterectomy of the right and left anterior descending coronary arteries. J Card Surg 1999; 14: 16-25.

6. Dallan LAO, Oliveira SA. Cirurgia de revascularização transmiocárdica a laser de CO2.Rev Bras Cir Cardiovasc 2000; 15: 89-104.

Estimado Prof. Dr. Alfredo Mansur,

Estive presente na reunião do Conselho Editorial, em Goiânia, no dia 01/10/01 e gostaria de expressar alguns pensamentos e reflexões, a cerca das diversas opiniões que ouvi na reunião:

1) Este tipo de reunião deve se repetir nos congressos nacionais.

2) Os Arquivos cresceram em qualidade com a adoção da língua inglesa, mas por enquanto, deveríamos manter a língua portuguesa. Muitos colegas têm nos Arquivos, a única revista cardiológica de consulta, e muitas vezes, exibem dificuldade na língua inglesa.

3) A criação da edição eletrônica seria uma prioridade na minha opinião, fato pouco salientado na reunião passada. Sua criação poderia resolver dois problemas citados em sua apresentação oral: a das citações e a possibilidade de mantermos a versão em português, apenas na página eletrônica.

4) Tenho certeza em afirmar, que a citação dos Arquivos aumentaria com a adoção da consulta eletrônica. A consulta visando a busca de citações tem que ser rápida e prática, e na fase atual, ou autores que desejam citar os Arquivos, contam com a consulta a sua biblioteca, ou a procura por autor na Medline. A possibilidade de apresentar os Arquivos, talvez a partir de 1990, de modo eletrônico, aumentaria a divulgação, consulta e citação da nossa revista.

5) Assim, poderíamos reduzir, dividir ou alternar, a apresentação de alguns artigos, como revisões, apenas na versão eletrônica.

6) Quanto as demais revistas existentes, devemos esquecê-las e seguir em frente. A maioria é mantida por razões políticas ou de ordem pessoal. Posso afirmar isto em relação a minha Sociedade (Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista - SBHCI), que possui uma revista, fraca, com baixa qualidade, mas que será mantida em circulação, pelos motivos conhecidos.

Por outro lado, a qualidade das publicações dessas publicações deixam muito a desejar, principalmente se comparadas com os Arquivos. O aspecto negativo, como foi muito bem exposto, está relacionado à pulverização do patrocínio. Contudo, a qualidade superior dos Arquivos é um patrimônio que tende a crescer sempre, atraindo ainda mais a indústria farmacêutica.

7) Aprendi a respeitar as publicações dos Arquivos, desde cedo, com meu pai e irmã, professores e cardiologistas no Rio Grande do Sul, e a oportunidade de participar na revista, seja como autor ou eventual revisor, é motivo de honra e estímulo constante.

Subscrevo atenciosamente,

Luiz Alberto Mattos

São Paulo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2002
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
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