Open-access Custo-Efetividade de Diferentes Estratégias Diagnósticas de Doença Coronária Estável em Portugal

Resumos

Fundamento:  O custo-efetividade é um fator de crescente importância na escolha de um exame ou terapêutica.

Objetivo:  Avaliar o custo-efetividade de vários métodos habitualmente empregados no diagnóstico de doença coronária estável em Portugal.

Métodos:  Foram avaliadas sete estratégias diagnósticas. O custo-efetividade de cada estratégia foi definido como o custo por cada diagnóstico correto (inclusão ou exclusão de doença arterial coronária obstrutiva) num doente sintomático. Os custos e a eficácia de cada método foram avaliados por meio de inferência bayesiana e análise de árvores de decisão, fazendo variar a probabilidade pré-teste entre 10 e 90%.

Resultados:  O custo-efetividade das várias estratégias diagnósticas é fortemente dependente da probabilidade pré-teste. Em doentes com probabilidade pré-teste ≤ 50%, os algoritmos diagnósticos, que incluem a angiotomografia computadorizada cardíaca são os mais custo-efetivos. Nesses doentes, dependendo da probabilidade pré-teste e da disponibilidade para pagar por diagnóstico correto adicional, a angiotomografia computadorizada pode ser usada como teste de primeira linha ou ser reservada a doentes com teste ergométrico positivo/inconclusivo ou escore de cálcio > 0. Em doentes com probabilidade pré-teste ≥ 60%, o envio direto para angiografia coronária invasiva parece ser a estratégia mais custo-efetiva.

Conclusão:  Os algoritmos diagnósticos, que incluem a angiotomografia computadorizada cardíaca, são os mais custo-efetivos em doentes sintomáticos com suspeita de doença arterial coronária estável e probabilidade pré-teste ≤ 50%. Em doentes de risco mais elevado (probabilidade pré-teste ≥ 60%), o envio direto para coronariografia invasiva parece ser a estratégia mais custo-efetiva. Em todas as probabilidades pré-teste, as estratégias baseadas em testes de isquemia parecem ser mais onerosas e menos eficazes que aquelas baseadas em testes anatômicos.

Doença das coronárias / economia; Doença das coronárias / diagnóstico; Análise do custo-benefício


Background:  Cost-effectiveness is an increasingly important factor in the choice of a test or therapy.

Objective:  To assess the cost-effectiveness of various methods routinely used for the diagnosis of stable coronary disease in Portugal.

Methods:  Seven diagnostic strategies were assessed. The cost-effectiveness of each strategy was defined as the cost per correct diagnosis (inclusion or exclusion of obstructive coronary artery disease) in a symptomatic patient. The cost and effectiveness of each method were assessed using Bayesian inference and decision-making tree analyses, with the pretest likelihood of disease ranging from 10% to 90%.

Results:  The cost-effectiveness of diagnostic strategies was strongly dependent on the pretest likelihood of disease. In patients with a pretest likelihood of disease of ≤50%, the diagnostic algorithms, which include cardiac computed tomography angiography, were the most cost-effective. In these patients, depending on the pretest likelihood of disease and the willingness to pay for an additional correct diagnosis, computed tomography angiography may be used as a frontline test or reserved for patients with positive/inconclusive ergometric test results or a calcium score of >0. In patients with a pretest likelihood of disease of ≥ 60%, up-front invasive coronary angiography appears to be the most cost-effective strategy.

Conclusions:  Diagnostic algorithms that include cardiac computed tomography angiography are the most cost-effective in symptomatic patients with suspected stable coronary artery disease and a pretest likelihood of disease of ≤50%. In high-risk patients (pretest likelihood of disease ≥ 60%), up-front invasive coronary angiography appears to be the most cost-effective strategy. In all pretest likelihoods of disease, strategies based on ischemia appear to be more expensive and less effective compared with those based on anatomical tests.

Coronary disease / economics; Coronary disease / diagnosis; Cost-Benefit analysis


Introdução

A avaliação clínica do indivíduo com suspeita de Doença Arterial Coronária (DAC) estável é geralmente complementada por testes não invasivos como o Teste Ergométrico (TE), a Cintilografia de Perfusão Miocárdica (CPM) ou o Ecocardiograma de Sobrecarga (EcoStress). O aparecimento da Angiotomografia Computadorizada (AngioTC) cardíaca veio alargar as opções para a avaliação desses doentes, apresentando-se como uma alternativa potencialmente vantajosa para indivíduos com Probabilidade Pré-Teste (PPT) intermediária ou baixa1 . No entanto, a crescente pressão econômica a que estão sujeitos os sistemas de saúde impõe cautelas na adoção generalizada de novas técnicas que, apesar de atrativas, podem acarretar custos adicionais sem benefícios acrescidos. Torna-se, assim, importante conhecer o custo-efetividade das várias estratégias diagnósticas habitualmente empregues no diagnóstico da DAC estável e compreender em que doentes a AngioTC pode ser uma alternativa custo-efetiva.

Métodos

Avaliou-se o custo-efetividade de sete estratégias diagnósticas: (1) TE seguido de CPM, nos casos positivos ou inconclusivos; (2) TE seguido de AngioTC cardíaca de 64 detetores, nos casos positivos ou inconclusivos; (3) CPM (como primeira opção); (4) ecocardiograma de estresse com dobutamina (como primeira opção); (5) AngioTC cardíaca (como primeira opção); (6) Escore de Cálcio Seguido de AngioTC (EscCa-AngioTC), quando EscCa > 0; e (7) Coronariografia Invasiva (CAT) como primeiro e único teste. Todas as estratégias consideradas pressupõem o fim da marcha diagnóstica quando um exame for negativo, e a realização de CAT confirmatório quando o último exame da estratégia não invasiva for positivo ou inconclusivo. Nos indivíduos com PPT de 10%, avaliou-se, ainda, uma oitava hipótese, a de não realizar qualquer exame complementar de diagnóstico e assumir ausência de DAC obstrutiva.

Foi efetuada uma análise de árvore de decisão segundo o método previamente utilizado por Patterson e cols.2,3 , destinado a avaliar o custo-efetividade de cada uma das estratégias, de acordo com a PPT. Em linhas gerais, esse método consiste em submeter coortes hipotéticas de doentes com uma determinada PPT a cada uma das estratégias de diagnóstico e, utilizando inferência bayesiana, estimar os custos e a efetividade de cada uma delas, de acordo com as caraterísticas dos exames em questão. Sensibilidade, especificidade e taxa de exames não diagnósticos de cada teste foram obtidas de meta-análises, de recomendações clínicas e de séries publicadas (Tabela 1). As taxas de exames não diagnósticos do TE e do ecocardiograma de estresse dizem respeito à percentagem média de doentes que não atingem a frequência cardíaca alvo. Considerou-se que a CPM seria sempre diagnóstica e que sua acuidade seria independente do método de estresse utilizado. Considerou-se também que os exames de AngioTC seriam sempre diagnósticos, uma vez que a meta-análise utilizada foi feita com base na intenção de diagnosticar, assumindo conservadoramente que todos os testes não diagnósticos seriam falso-positivos, com consequente diminuição da especificidade do teste4 . A sensibilidade e a especificidade de um EscCa > 0 no diagnóstico de DAC obstrutiva foram obtidas por análise combinada dos resultados de dois ensaios clínicos multicêntricos internacionais5,6 . Assumiu-se que o CAT seria sempre diagnóstico, com uma sensibilidade e especificidade de 100%.

Tabela 1
Sensibilidade, especificidade e taxa de exames não diagnósticos assumidas no modelo econômico, para cada um dos métodos

Comparação de custo-efetividade

O custo-efetividade de cada estratégia foi definido como o custo por cada diagnóstico correto (inclusão ou exclusão de DAC obstrutiva) num doente sintomático. Note-se que, nessa definição, um valor inferior de custo por diagnóstico correto traduz uma melhor custo-efetividade. A comparação entre as várias estratégias diagnósticas foi feita na perspectiva da sociedade (isto é, incluindo todos os custos independentemente do pagador)14 . Para avaliar o custo-efetividade incremental de cada uma das opções face às suas alternativas, as várias estratégias diagnósticas foram ordenadas por ordem crescente de custo, eliminando aquelas preteridas por dominância completa (isto é, simultaneamente mais caras e menos eficazes) e por dominância incompleta (isto é, menos eficazes e com uma razão de custo-efetividade incremental − RCEI − mais elevada). As RCEI (custo acrescido por cada diagnóstico correto adicional) foram calculadas para cada estratégia relativamente à estratégia menos onerosa precedente.

Definição de custos

O custo de uma estratégia diagnóstica compreende seus custos diretos e indiretos. Considerou-se como custos diretos o custo dos exames realizados pelos vários doentes de cada coorte, usando como referência a Tabela de Preços do Serviço Nacional de Saúde atualmente em vigor, definida pela Portaria 839-A/2009 de 31 de julho de 200915 . O preço da AngioTC cardíaca foi definido como a soma dos valores de AngioTC, suplemento de contraste endovenoso e pós-processamento (Tabela 2). Na estratégia EscCa-AngioTC, assumiu-se um custo de € 80,00 (idêntico ao de uma TC torácica sem contraste)15 para os doentes que apenas realizaram o EscCa, e de € 207,10 para os que prosseguiram para AngioTC.

Tabela 2
Preço dos exames considerados nas diferentes estratégias diagnósticas (valores de Portugal)

Foram incluídos como custos indiretos:

1. custo associado aos achados acidentais no EscCa e AngioTC cardíaca. Assumiu-se que 7% desses exames teriam achados extracardíacos acidentais de significado clínico duvidoso com necessidade de investigação dirigida16 , tipicamente para avaliação de nódulos pulmonares. Assumiu-se que esses casos obrigariam a uma TC de tórax sem contraste alguns meses mais tarde17 , com um custo adicional de € 80,0015;

2. custo associado às complicações do CAT diagnóstico. Assumiu-se para tal uma taxa de eventos adversos cardiovasculares iatrogênicos major (morte, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral) de 0,05%18 e uma taxa de complicações de acesso vascular requerendo transfusão ou cirurgia de 0,4% (para uma taxa de utilização de acesso radial de 80%)19 . Para os eventos cardiovasculares major, tomou-se como complicação-tipo o infarto agudo do miocárdio3,20 , cujo custo foi estimado somando o custo do Grupo de Diagnóstico Homogêneo (GDH) de um infarto do miocárdio não fatal sem complicações major (€ 3.671,53)15 ao custo de um mês de incapacidade temporária para o trabalho, para um Produto Interno Bruto (PIB) per capita de € 16.100, e assumindo que metade da população avaliada por suspeita de DAC se encontraria em idade ativa. O custo médio de um evento cardiovascular major iatrogênico assim estimado totalizou € 4.342. O custo médio de uma complicação de acesso vascular com necessidade de transfusão ou cirurgia foi estimado em € 1.500 (opinião de perito);

3. custo dos falso-negativos. Os custos potenciais de um falso-negativo incluem a repetição de testes para diagnóstico de DAC, a realização de outros exames para diagnóstico diferencial de dor torácica, uma pior Qualidade de Vida e risco acrescido de eventos cardiovasculares devido à não prescrição de terapêutica médica adequada. Esses custos são particularmente difíceis de avaliar. Utilizando métodos diferentes, estudos prévios estimam que o custo de um falso-negativo seja 1,4 a 6,7 vezes superior ao custo de um falso-positivo3,20,21 . Assim, optou-se por atribuir aos falso-negativos um custo três vezes superior ao de um falso-positivo (isto é, € 1.818 por cada falso-negativo). No cenário em que se opta por não realizar qualquer exame complementar de diagnóstico assumindo por defeito ausência de DAC (hipótese equacionada para doentes com PPT de 10%), os custos dos falso-negativos foram os únicos custos contabilizados.

Optou-se por não se incluírem, no modelo, os custos das complicações dos exames não invasivos, já que as complicações graves desses testes são muito raras e apenas aumentariam seus custos de uma forma marginal. Também não se incluíram custos potencialmente associados à exposição a radiação ionizante, por se tratar de um modelo de custo-eficácia de curto prazo e devido à grande incerteza quanto aos efeitos da radiação nas doses empregadas nesses exames22 .

Análise de sensibilidade

Para avaliar até que ponto os resultados obtidos dependem de algumas das variáveis assumidas, efetuaram-se várias análises de sensibilidade, repetindo os cálculos com pressupostos diferentes dos iniciais, nomeadamente: reduzindo os valores de sensibilidade e especificidade da AngioTC cardíaca para 96% e 81%, respectivamente (limites inferiores dos Intervalos de Confiança de 95% − IC95% − da meta-análise de 53 estudos considerada)4 ; reduzindo o custo da CPM para € 207,10 (isto é, equiparando o custo da CPM ao da AngioTC); reduzindo a taxa de exames inconclusivos do EcoStress para 5%; assumindo um custo nulo para os falso-negativos.

Resultados

Na Figura 1 estão representados os planos de custo-eficácia das várias estratégias diagnósticas em cada cenário de PPT. De maneira geral, à medida que a PPT aumenta, os custos também aumentam e a percentagem de diagnósticos corretos diminui (devido ao aumento no número de falso-negativos).

Figura 1
Planos de custo-efetividade das várias estratégias diagnósticas consoante a probabilidade pré-teste.

A composição dos custos diretos e indiretos é ilustrada na Tabela 3, que simula os resultados esperados ao avaliar-se uma coorte de cem doentes com PPT de 30%.

Tabela 3
Resultados de custo e efetividade das várias estratégias diagnósticas para cem doentes com probabilidade pré-teste de 30%

A Tabela 4 sumariza os resultados de custo-efetividade incremental das várias estratégias diagnósticas em coortes hipotéticas de cem doentes com PPT entre 10 e 90%. Em cada PPT avaliada, as estratégias diagnósticas encontram-se ordenadas por ordem crescente de custos e das respectivas RCEI. Em todos os cenários de PPT, as estratégias diagnósticas TE-CPM, CPM e EcoStress são dominadas por alternativas simultaneamente menos onerosas e mais eficazes. Utilizando o critério de custo-efetividade, a escolha da melhor estratégia diagnóstica dependerá da percentagem de falso-negativos que se está disposto a aceitar e da disponibilidade para pagar (willingness to pay) por cada diagnóstico correto adicional (Figura 2). Por exemplo, utilizando um limiar de € 5.000 por diagnóstico correto adicional, a estratégia preferida seria EscCa-AngioTC para PPT de 10%, AngioTC para probabilidades 20% a 40% e CAT para probabilidades ≥ 50%.

Figura 2
Escolha da estratégia diagnóstica mais custo-efetiva, de acordo com a probabilidade pré-teste e disponibilidade para pagar por diagnóstico correto. Estabelecido o valor máximo que a sociedade aceita pagar por um diagnóstico correto adicional, a estratégia que representa o melhor uso desses recursos é aquela que intercepta a linha do valor da disponibilidade para pagar. Por exemplo, para uma disponibilidade para pagar de € 1.500 por diagnóstico correto adicional, o método escolhido seria teste ergométrico-angiotomografia computadorizada quando a probabilidade pré-teste for de 10%; escore de cálcio-angiotomografia computadorizada quando a probabilidade pré-teste for de 20% a 30%; angiotomografia computadorizada quando a probabilidade pré-teste for de 40% a 50%; e coronariografia invasiva quando a probabilidade pré-teste ≥ 60%.

Resultados da análise de sensibilidade

Com o intuito de avaliar a robustez dos resultados e a influência de vários pressupostos, reformulou-se o modelo, alterando alguns parâmetros, nomeadamente: acuidade diagnóstica da AngioTC, preço da CPM, taxa de exames inconclusivos do EcoStress, e custo dos falso-negativos.

A redução da sensibilidade e da especificidade da AngioTC para 96% e 81%, respectivamente, fez aumentar o custo total e a RCEI das estratégias que incluem a AngioTC. Apesar disso, as estratégias diagnósticas TE-CPM, CPM e EcoStress continuam sendo dominadas, mantendo-se a ordenação de custo-efetividade incremental disposta na Tabela 4, em cada uma das PPT avaliadas.

Tabela 4
Custo-efetividade incremental das várias estratégias diagnósticas em coortes de cem doentes hipotéticos com probabilidades pré-teste entre 10% e 60%. Acima de uma probabilidade pré-teste de 60%, todas as estratégias são dominadas pela estratégia de Coronariografia Invasiva (CAT)

Equiparando o custo da CPM ao custo da AngioTC (€ 207,10), as estratégias diagnósticas TE-CPM e CPM têm seu custo-efetividade melhorado. No entanto, essas estratégias permanecem dominadas por outros métodos de diagnóstico (menos onerosos e mais eficazes) em todas as PPT consideradas (Tabela 5).

Tabela 5
Custo-efetividade incremental das várias estratégias diagnósticas em coortes de cem doentes hipotéticos com probabilidades pré-teste entre 10% e 60%, assumindo preços idênticos para Cintilografia de Perfusão Miocárdica (CPM) e Angiotomografia Computadorizada (AngioTC) das artérias coronárias. Acima de uma probabilidade pré-teste de 60%, todas as estratégias são dominadas pela estratégia Coronariografia Invasiva (CAT)

A redução da taxa de exames inconclusivos do EcoStress de 18% para 5% resulta numa melhoria de seus resultados de custo-efetividade sem que, no entanto, esse método deixe de ser dominado por outras estratégias diagnósticas em todas as PPT avaliadas. Comparando, em cada patamar de PPT, a estratégia EcoStress com as estratégias não invasivas dominantes (mais custo-efetivas), a estratégia EcoStress acarretaria um custo acrescido de € 303 a € 2.700 por cada cem pacientes, juntamente de um acréscimo absoluto de falso-negativos de 1,1% a 5,7%.

No modelo em que se assume a ausência de custos indiretos nos doentes com exames falso-negativos, a estratégia TE-AngioTC é a menos dispendiosa em todos os níveis de PPT. No entanto, essa marcha diagnóstica resulta num número considerável de falso-negativos, sobretudo para PPT intermediárias ou elevadas. A transição para estratégias mais efetivas vai sendo menos onerosa à medida que aumenta a prevalência de DAC obstrutiva (Tabela 6).

Tabela 6
Custo-efetividade incremental das várias estratégias diagnósticas em coortes de cem doentes hipotéticos com probabilidades pré-teste entre 10% e 90%, assumindo um custo nulo para os falso-negativos. As estratégias dominadas são omitidas

Discussão

Nos últimos anos, tem havido uma crescente preocupação com a necessidade de se considerarem os custos nas decisões clínicas. As análises de custo-efetividade podem nos ajudar a fazer um uso mais eficiente dos recursos de saúde e a racionalizar a utilização de novas tecnologias, frequentemente mais dispendiosas que suas alternativas. Tanto quanto é do nosso conhecimento, esta é a primeira avaliação de custo-efetividade de várias estratégias diagnósticas de DAC estável no contexto português. Os resultados desta análise indicam que, em Portugal, os algoritmos diagnósticos que incluem a AngioTC cardíaca são os mais custo-efetivos em doentes sintomáticos com suspeita de DAC obstrutiva e PPT ≤ 50%. Em doentes de risco mais elevado (PPT > 50%), o envio direto para CAT parece ser a estratégia mais custo-efetiva. O modelo sugere que os métodos imagiológicos de isquemia (CPM e EcoStress) são mais onerosos e menos eficazes que outras estratégias diagnósticas em todas as PPT consideradas. Quanto aos doentes com PPT ≤ 50%, e no cenário conservador com a disponibilidade para pagar € 1.000 por diagnóstico correto adicional, os resultados de custo-efetividade incremental apontam para a vantagem de preceder a AngioTC por um teste ergométrico nos doentes com PPT mais baixa (10%), fazer uma pré-determinação "eliminatória" do EscCa naqueles com PPT 20% a 30% e usar a AngioTC como primeiro exame nos doentes com PPT de 40% a 50%. No cenário mais liberal com a disponibilidade para pagar € 5.000 por diagnóstico correto adicional, a estratégia preferida seria SCa-AngioTC para PPT de 10%, AngioTC para probabilidades de 20% a 40% e CAT para probabilidades ≥ 50%.

Em última análise, a escolha de um método diagnóstico por critérios de custo-efetividade depende da PPT e da disponibilidade para pagar por diagnóstico correto adicional. Ao contrário do que sucede nos estudos de custo-efetividade de longo prazo, não existe, neste contexto, um limiar de custo-eficácia comumente aceito (por exemplo: € 30.000/QALY − sigla do inglês Quality-Adjusted Life-Year, Anos de Vida Ajustados por Qualidade de Vida) que possa servir de referência para a adoção ou rejeição de uma estratégia diagnóstica. Não obstante, um estudo recente sugeriu que, para níveis de prevalência de DAC ≥ 30%, os valores de custo incremental por diagnóstico correto no modelo de curto prazo são semelhantes aos valores de custo incremental por QALY estimado em modelos de longo prazo23 . Numa perspectiva mais conservadora, pode se considerar que a disponibilidade da sociedade portuguesa para pagar por diagnóstico correto adicional será pelo menos ≥ € 1.010, valor correspondente ao somatório dos custos diretos de uma CPM seguida de CAT, uma estratégia diagnóstica bem aceita e frequentemente utilizada em Portugal.

Dos cenários avaliados na análise de sensibilidade, aquele em que se assumem preços iguais para a AngioTC e CPM tem particular importância por se tratar da realidade de alguns países. Mesmo nesse cenário, a CPM permanece uma estratégia dominada (isto é, mais onerosa e menos efetiva), devido ao fato de ter menor acurácia que a AngioTC, sobretudo em termos de sensibilidade. Apenas num cenário (não testado) em que o preço fosse idêntico e a cintilografia tivesse melhor acurácia é que os resultados poderiam ser diferentes.

De forma geral, esses resultados estão em linha com as análises realizadas noutros países17,20,24-29 , que posicionam a AngioTC cardíaca como um método custo-efetivo no diagnóstico ou exclusão de DAC obstrutiva em doentes com probabilidade intermediária. A explicação reside, provavelmente, numa combinação favorável de custo (relativamente acessível) e boa acurácia. Uma melhor acurácia diagnóstica permite simultaneamente aumentar o denominador da equação de custo-efetividade (número de diagnósticos corretos) e diminuir o numerador, com menores custos indiretos com falso-negativos e falso-positivos.

A interpretação desses resultados e a aferição de suas potenciais implicações devem ter em conta vários fatores. Em primeiro lugar, deve se notar que o custo-efetividade das várias estratégias diagnósticas está criticamente dependente de uma adequada seleção dos pacientes. O cálculo da PPT é assumido aqui como um passo central e decisivo na escolha de uma estratégia diagnóstica custo-efetiva. Essa avaliação pode ser feita facilmente e de maneira rápida por meio de escores clínicos bem validados e recentemente calibrados em populações europeias contemporâneas30 . Em segundo lugar, é importante realçar que os resultados dessa análise apenas se aplicam a doentes sem DAC conhecida. Esses achados não significam, portanto, que os exames funcionais não são úteis ou custo-efetivos noutros contextos, nomeadamente em doentes com DAC estabelecida, na qual a AngioTC tem um desempenho subótimo e nos quais as questões fundamentais são a presença ou a ausência de isquemia, e sua localização, extensão e gravidade. Mais do que ver esses resultados em termos de vencedores e vencidos, importa conhecer as vantagens e desvantagens dos métodos anatômicos e funcionais nos diferentes contextos. Em terceiro lugar, deve reconhecer-se que o uso exclusivo de métodos anatômicos no diagnóstico de DAC obstrutiva comporta alguns riscos, nomeadamente o de originar revascularizações desnecessárias. No entanto, a CAT nas várias estratégias avaliadas tem uma finalidade diagnóstica e não obrigatoriamente terapêutica (tal como sucedeu no estudo COURAGE)31 e, apesar de ambas as coronariografias (invasiva ou por TC) fornecerem informação essencialmente anatômica, existe a possibilidade de complementar esta avaliação com a informação funcional fornecida pela Reserva de Fluxo Coronário (FFR), método que se assume hoje como gold standard e que demonstrou ele próprio ser custo-efetivo32 . É possível que, num futuro próximo, a AngioTC permita a avaliação de isquemia por técnicas de perfusão33 ou de reserva de fluxo coronário virtual34,35 , mas essa ainda não é uma aplicação estabelecida.

Limitações

Este trabalho apresenta algumas limitações. Em primeiro lugar, trata-se de um modelo teórico cujos resultados estão dependentes das premissas assumidas como, por exemplo, os valores de sensibilidade e especificidade das várias técnicas que podem, no "mundo real", ser diferentes dos reportados em estudos internacionais de referência. No que diz respeito à AngioTC, deve se assinalar que sua especificidade depende da PPT devido à diferente prevalência de calcificações coronárias. Ao utilizarmos valores médios, provavelmente subvalorizou-se o custo-efetividade da AngioTC nos doentes com probabilidades pré-teste mais baixas e se sobrevalorizou nos doentes com probabilidades pré-teste mais elevadas36 . Da mesma forma e como em todas as análises deste tipo, os resultados só são aplicáveis a doentes que possam realizar qualquer um dos exames avaliados (isto é, capazes de fazer esforço físico, sem bloqueio completo de ramo esquerdo, sem insuficiência renal grave e sem alergia ao contraste iodado etc.). Optou-se por não incluir no modelo os custos e benefícios para além da fase diagnóstica (como custos com medicação, revascularizações, internações e eventuais ganhos em QALY), por implicarem maior complexidade e grau de incerteza. No entanto, existe evidência de que o diagnóstico de DAC obstrutiva (vs. falso-negativo) se associa a um aumento de três QALYs ao longo de um período de 10 anos3 . Dependendo dos pressupostos assumidos, é possível que uma análise de longo prazo produza resultados significativamente diferentes dos desta análise. Para não tornar a análise demasiado complexa, também não foram consideradas todas as estratégias diagnósticas possíveis, tendo-se optado por modalidades e marchas diagnósticas acessíveis e frequentemente utilizadas. Por outro lado, classificaram-se os exames conclusivos como positivos ou negativos, numa dicotomização que é redutora mais inevitável neste tipo de análise. Finalmente, importa recordar que o custo-efetividade deve ser um dos critérios presentes na decisão clínica, mas não o único. Outros fatores relacionados com o doente ou com o contexto local (disponibilidade, experiência etc.) devem ser tomados em conta na escolha de um método complementar de diagnóstico.

Conclusão

Os algoritmos diagnósticos que incluem a angiotomografia computadorizada cardíaca são os mais custo-efetivos em pacientes sintomáticos com suspeita de doença coronária estável e probabilidade pré-teste ≤ 50%. Nesses pacientes, dependendo da probabilidade pré-teste e da disponibilidade para pagar por diagnóstico correto, a angiotomografia computadorizada pode ser usada como teste de primeira linha ou ser reservada a doentes com teste ergométrico positivo/inconclusivo ou escore de cálcio > 0. Em doentes de risco mais elevado (probabilidade pré-teste ≥ 60%), o envio direto para coronariografia invasiva parece ser a estratégia mais custo-efetiva. Em todas as probabilidades pré-teste, as estratégias baseadas em testes de isquemia parecem ser mais onerosas e menos eficazes que as estratégias baseadas em testes anatômicos.

  • Contribuição dos autores
    Concepção e desenho da pesquisa; Análise e interpretação dos dados; Redação do manuscrito; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual: Gonçalves PA, Cardim N, Marques H, Ferreira AM. Obtenção de dados e análise estatística: Ferreira AM.
  • Fontes de financiamento
    O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
  • Vinculação acadêmica
    Não há vinculação deste estudo a programas de pós-graduação.
  • O valor do euro presentemente: 1 euro = 3,23 reais brasileiros

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Abr 2014
  • Data do Fascículo
    29 Abr 2014

Histórico

  • Recebido
    13 Maio 2013
  • Revisado
    10 Nov 2013
  • Aceito
    10 Dez 2013
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