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Valor preditivo de variáveis ventilatórias e metabólicas para óbito em pacientes com insuficiência cardíaca

Resumos

OBJETIVO: Avaliar o valor preditivo de variáveis respiratórias, metabólicas e hemodinâmicas, no teste de esforço cardiopulmonar, para óbito em pacientes com insuficiência cardíaca. MÉTODOS: Foram estudados 87 pacientes em classe funcional II e III da NYHA, faixa etária de 51±0,5 anos, dos quais 26 eram de etiologia chagásica, 30 isquêmica e 31 idiopática. O teste de esforço cardiopulmonar consistiu de protocolo em rampa com incremento de 5 a 15W/min, realizado em cicloergômetro, até a exaustão. RESULTADOS: A análise dos fatores de controle, realizada com regressão múltipla de Cox, mostrou que a idade, estatura, peso, superfície corporal e sexo não foram estatisticamente significativos. O consumo de oxigênio, o equivalente ventilatório de oxigênio, o equivalente ventilatório de dióxido de carbono, o pulso de oxigênio, a pressão parcial de dióxido de carbono ao final da expiração, no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício apresentaram-se como importantes preditores de óbito. A relação do aumento de dióxido de carbono como função da elevação da ventilação minuto e a relação do aumento do consumo de oxigênio e da elevação da carga de trabalho do início do exercício até o limiar anaeróbio apresentaram correlação estatisticamente significativa com óbito (p<0,05). CONCLUSÃO: O teste de esforço cardiopulmonar possibilita a avaliação de variáveis ventilatórias, metabólicas e hemodinâmicas, que podem ser utilizadas como marcadores importantes do prognóstico de vida, nesses pacientes.

Teste de esforço cardiopulmonar; prognóstico; insuficiência cardíaca


OBJECTIVE: To analyze the predictive value of respiratory, metabolic, and hemodynamic variables obtained during the cardiopulmonary stress test for the risk of death in patients with heart failure. METHODS: Eighty-seven NYHA Functional Class II and III patients were analyzed, ages 51 ± 0.5 years, 26 of them with Chagas' disease, 30 with coronary ischemia, and 31 with idiopathic etiology. The cardiopulmonary stress test consisted of a ramp-protocol with 5 to 15 W/min workload increments performed on a bicycle-ergonometer until exhaustion. RESULTS: In this study, the multiple Cox regression analysis of age, height, weight, body surface, and gender showed that these parameters were not statistically significant control factors. Oxygen uptake, ventilatory equivalent of oxygen, ventilatory equivalent of carbon dioxide production, oxygen pulse, and end-tidal partial pressure of carbon dioxide at the anaerobic threshold, respiratory compensation point, and peak exercise proved to be important death predictors in heart failure patients. The relationship between the increase in carbon dioxide output as a function of the increase in minute ventilation, and the association between the oxygen uptake increase and the elevation of the workload from the beginning of exercise to the anaerobic threshold were statistically significant predictors of death in heart failure patients (p<0.05). CONCLUSION: The cardiopulmonary stress test makes it possible to evaluate ventilatory, metabolic, and hemodynamic variables that may be utilized as important markers of life prognosis in these patients.

Cardiopulmonary stress test; prognosis; heart failure


ARTIGOS ORIGINAIS

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Valor preditivo de variáveis ventilatórias e metabólicas para óbito em pacientes com insuficiência cardíaca

Ana Maria F. Wanderley Braga; Maria Urbana P. B. Rondon; Carlos Eduardo Negrão; Maurício Wajngarten

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas – FMUSP e Escola de Educação Física da USP - São Paulo, SP

Correspondência Correspondência: Ana Maria F. Wanderley Braga InCor Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44 05403-000 – São Paulo, SP E-mail: cndbraga@incor.usp.br

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar o valor preditivo de variáveis respiratórias, metabólicas e hemodinâmicas, no teste de esforço cardiopulmonar, para óbito em pacientes com insuficiência cardíaca.

MÉTODOS: Foram estudados 87 pacientes em classe funcional II e III da NYHA, faixa etária de 51±0,5 anos, dos quais 26 eram de etiologia chagásica, 30 isquêmica e 31 idiopática. O teste de esforço cardiopulmonar consistiu de protocolo em rampa com incremento de 5 a 15W/min, realizado em cicloergômetro, até a exaustão.

RESULTADOS: A análise dos fatores de controle, realizada com regressão múltipla de Cox, mostrou que a idade, estatura, peso, superfície corporal e sexo não foram estatisticamente significativos. O consumo de oxigênio, o equivalente ventilatório de oxigênio, o equivalente ventilatório de dióxido de carbono, o pulso de oxigênio, a pressão parcial de dióxido de carbono ao final da expiração, no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício apresentaram-se como importantes preditores de óbito. A relação do aumento de dióxido de carbono como função da elevação da ventilação minuto e a relação do aumento do consumo de oxigênio e da elevação da carga de trabalho do início do exercício até o limiar anaeróbio apresentaram correlação estatisticamente significativa com óbito (p<0,05).

CONCLUSÃO: O teste de esforço cardiopulmonar possibilita a avaliação de variáveis ventilatórias, metabólicas e hemodinâmicas, que podem ser utilizadas como marcadores importantes do prognóstico de vida, nesses pacientes.

Palavras-chave: Teste de esforço cardiopulmonar, prognóstico, insuficiência cardíaca.

A insuficiência cardíaca é uma síndrome caracterizada por dispnéia e intolerância ao esforço. O teste de esforço cardiopulmonar é um método freqüentemente utilizado para avaliar o grau de intolerância ao esforço e a capacidade funcional de pacientes portadores de insuficiência cardíaca.

Com base nessas informações tem sido possível evidenciar a gravidade e mesmo o prognóstico de pacientes acometidos desta síndrome, responsável por inúmeras mortes, inclusive no Brasil1-2.

Entre as variáveis obtidas no teste de esforço cardiopulmonar o consumo de oxigênio, medido no pico do exercício (VO2 pico) é a variável mais utilizada, por permitir a determinação da capacidade funcional dos pacientes com vários graus de insuficiência cardíaca. Isto é fundamental quando temos de tomar decisões importantes, tais como a indicação de transplante cardíaco3-5, o valor prognóstico de mortalidade3,6-17, a estratificação do grau de severidade da insuficiência cardíaca 3,18-21, o diagnóstico diferencial entre dispnéia de origem cardíaca ou dispnéia de origem pulmonar21-24, a avaliação da intervenção com marcapasso cardíaco22,25, bem como a avaliação dos resultados terapêuticos medicamentosos em relação à capacidade física21,26-28 ou mesmo a prescrição de exercícios físicos29. Adicionalmente, o consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.) estimado por meio de equações de regressão linear é aplicável, com maior precisão, somente para exercícios submáximos30.

Contudo a avaliação do VO2 pico em pacientes com insuficiência cardíaca, pode apresentar limitações. A parada precoce do exame por falta de motivação ou mesmo receio do paciente em continuar o esforço, assim como o término precoce do exercício pelo examinador, podem subestimar o VO2 pico e, com isso, prejudicar uma avaliação diagnóstica adequada11,31. Adicionalmente, estudo realizado por Chomsky e cols.32 mostrou que o débito cardíaco parece ser melhor preditor de mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca do que o VO2 pico. Isto é, esses autores observaram que pacientes com um débito cardíaco baixo durante o esforço apresentavam menor sobrevida, independente do valor de VO2 pico, comparada à daqueles pacientes com débito cardíaco normal. Mais recentemente, ainda, Corrà e cols.6 demonstraram que pacientes com capacidade física intermediária, isto é, com VO2 pico entre 10 e 18 ml.kg-1.min.-1, mas com a relação do aumento de dióxido de carbono como função da elevação da ventilação minuto (inclinação VE/VCO2) maior ou igual à 35, tinham taxa de mortalidade semelhante à daqueles pacientes com VO2 pico menor ou igual à 10 ml.kg-1.min.–1, mas com inclinação VE/VCO2 menor que 35. Esses resultados sugerem, portanto, a necessidade de se buscarem informações adicionais, obtidas ao longo do teste de esforço cardiopulmonar, que possam identificar as limitações funcionais e metabólicas nesses pacientes.

Nesse sentido, alguns autores ocuparam-se em avaliar o valor prognóstico de outras variáveis metabólicas e respiratórias, tais como o equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2)10,33, o equivalente ventilatório de dióxido de carbono (VE/VCO2)10,33,34, o pulso de oxigênio (VO2/FC)7,10, a freqüência cardíaca (FC)34-37 a inclinação VE/VCO26,11,38-39 e, a relação entre o aumento do consumo de oxigênio e a elevação da carga de trabalho (inclinação DVO2/DW) 6, 8-11.

Apesar de muitos estudos já terem sido realizados nessa área, principalmente relacionando-se o valor prognóstico do VO2 e da inclinação VE/VCO2, a maioria desses autores avaliaram o valor prognóstico das variáveis metabólicas e respiratórias no pico do exercício3, 38.

Contudo, como muitas vezes o paciente com insuficiência cardíaca apresenta dificuldades em realizar o esforço máximo, a análise do valor prognóstico de mortalidade para o risco de óbito durante a fase submáxima do exercício, no teste de esforço cardiopulmonar, passa a ser extremamente interessante. De fato, muitos pacientes com insuficiência cardíaca não conseguem realizar um teste máximo, interrompendo o exercício por limitações músculo-esqueléticas40-42 ou mesmo por apresentarem arritmias cardíacas potencialmente letais43-45. Além disso, a comparação das variáveis metabólicas em momentos distintos, tais como no limiar anaeróbio e no ponto de compensação respiratória, garante-nos que o estresse metabólico durante o exercício está sendo o mesmo em todos os pacientes. Quando se comparam as diferentes variáveis metabólicas em cargas absolutas, o percentual do esforço realizado não é necessariamente o mesmo e, com isso, o estresse metabólico e o impacto hemodinâmico para cada paciente será diferente. De fato, num estudo realizado por Gitt e cols.11 os autores verificaram maior valor prognóstico para o risco de óbito em pacientes com insuficiência cardíaca com a associação do VO2 no limiar anaeróbio à inclinação VE/VCO2. Contudo, apesar desse importante achado, o estudo do valor prognóstico para risco de óbito das variáveis metabólicas no momento do exercício em que ocorre a transição do metabolismo predominantemente aeróbio para o metabolismo predominantemente anaeróbio, com instalação da acidose metabólica (ponto de compensação respiratória)46, tem sido pouco divulgado em pacientes com insuficiência cardíaca.

Outro aspecto interessante a ser considerado é que o valor prognóstico para risco de óbito das variáveis metabólicas analisadas nos limiares ventilatórios não tem sido devidamente estudado em populações que incluam pacientes com insuficiência cardíaca de etiologia chagásica. Esta é uma característica peculiar, infelizmente presente na nossa população, a qual tem sido considerada um importante problema de saúde pública não só no Brasil, mas também em outros países da América do Sul47.

Dessa forma, foi objetivo deste estudo testar a hipótese de que o nível de respostas respiratórias, metabólicas e hemodinâmicas, durante o exercício físico progressivo, no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício podem predizer mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca.

MÉTODOS

Com base em 400 pacientes que realizaram avaliação por meio do teste de esforço cardiopulmonar, em cicloergômetro, no Instituto do Coração da FMUSP, de 1990 e 1997, selecionou-se uma amostra de 87 portadores de insuficiência cardíaca, segundo a classificação funcional de Weber18, constituída de 74 homens e 13 mulheres, com média de idade de 51 ± 0,5 anos e fração de ejeção <50%. Entre os pacientes, 62% recebiam digital, 75% furosemida e 70% recebiam inibidores da enzima de conversão da angiotensina (captopril ou enalapril) e todos foram submetidos a estudo ecodopplercardiográfico.

Foram exclusos os pacientes que apresentavam limitações ao exercício físico em decorrência de doença muscular esquelética, arteriopatia periférica, caquexia, doença pulmonar obstrutiva crônica ou qualquer outra razão que não dispnéia ou fadiga de origem cardíaca. Foram também exclusos aqueles portadores de infarto agudo do miocárdio com menos de 2 meses de evolução, aqueles com fibrilação ou flutter atrial, cardiopatia congênita, presença de valvopatias como doença de base tais como estenose mitral, estenose aórtica, insuficiência mitral e insuficiência aórtica.

Todos os pacientes foram submetidos a teste de esforço cardiopulmonar, com protocolo de rampa, caracterizado por um incremento contínuo de carga, em cicloergômetro com frenagem eletromagnética (Medifit 400 I, Medical Fitness Equipment Maarn, Holanda). O fluxo respiratório e as frações expiradas de oxigênio e do dióxido de carbono foram coletados a cada ciclo respiratório, utilizando-se em análise posterior a média de sessenta segundos. Essa avaliação foi realizada num sistema computadorizado (modelo CAD/NET 2001, Medical Graphics Corporation, Estados Unidos).

As correções dos volumes gasosos das variáveis analisadas nas condições de BTPS (body temperature, ambient pressure, satured with water vapor) são feitas com a temperatura corporal de 37º C e pressão que corresponde à pressão barométrica. Essas correções são realizadas quando queremos saber o volume de ar ventilado pelos pulmões. Por esse motivo, a ventilação, produto da freqüência respiratória e do volume corrente, é analisada na presença de BTPS. Já as correções dos volumes gasosos analisados em STPD (Standard temperature and pressure, dry), que corresponde à temperatura padronizada de 0º C, pressão barométrica de 760 mmHg ao nível do mar, com o volume ocupado pelas moléculas de vapor d'água corrigido, ou seja, a seco. Essas correções são feitas quando queremos conhecer a quantidade de consumo de oxigênio e a quantidade de gás carbônico48.

Após a adaptação do paciente ao ambiente e à aparelhagem, foram realizadas avaliações no repouso por 2 minutos, seguidos de 3 minutos de aquecimento sem carga, numa velocidade de 60 rotações por minuto (rpm). A partir do quinto minuto iniciou-se o aumento progressivo e constante de carga, e o incremento foi individualizado para cada paciente. A escolha do incremento de carga baseou-se no cálculo de carga máxima predita para adultos normais, seguindo-se as fórmulas estabelecidas para cada sexo, em que se consideram a idade e as características antroprométricas49-50. Nos pacientes com insuficiência cardíaca, calcularam-se 80% da potência máxima predita para os indivíduos normais e, para determinar-se a variação de carga, dividiu-se esse valor predito por 10. O incremento de carga no protocolo de rampa utilizado nos pacientes com insuficiência cardíaca variou entre 5 e 15 W/min. Todos os pacientes foram encorajados a realizar o exercício progressivo até que sintomas como dispnéia, fadiga ou aqueles sintomas que representassem risco para os pacientes os tornassem inábeis para continuar o teste. O período de recuperação foi de 4 minutos; no primeiro minuto foi mantida carga equivalente a 50% e no segundo minuto a 25% da carga máxima atingida no teste. No terceiro minuto, a carga foi retirada, mas manteve-se a velocidade de 60 rpm e, no quarto minuto, o indivíduo permaneceu sentado e parado no cicloergômetro. Determinou-se o limiar anaeróbio pelo método do V-slope, que consiste no ponto de inflexão no qual a produção do gás carbônico se eleva mais rapidamente do que o consumo de oxigênio51 ou no ponto em que se observam os menores valores e posterior elevação das curvas do equivalente ventilatório de oxigênio e da pressão parcial de oxigênio52. O ponto de compensação respiratória foi determinado por meio do ponto mais baixo do equivalente ventilatório para o dióxido de carbono antes do seu aumento contínuo e pelo maior valor da pressão parcial de dióxido de carbono, precedendo a sua queda abrupta46. Tanto o limiar anaeróbio como o ponto de compensação respiratória foram determinados por dois observadores experientes. Em caso de divergência entre ambos, um terceiro observador foi consultado para se chegar a um consenso.

A pressão arterial (PA) foi aferida pelo método auscultatório, utilizando-se uma coluna de mercúrio no repouso, a cada dois minutos de exercício e no primeiro, segundo e quarto minutos do período de recuperação. A freqüência cardíaca (FC) foi continuamente monitorizada pelo sinal eletrocardiográfico (Tecnologia Eletrônica do Brasil, SM, ou Apex 2000) e registrada ao final de cada minuto, durante todo o teste de esforço cardiopulmonar. Os pacientes abstiveram-se da ingestão de bebidas cafeinadas e do uso do fumo no dia do teste.

Análise estatística - Para comparação das características da amostra, a idade, estatura, peso, índice de massa corpórea, superfície corporal e fração de ejeção, foi utilizada a análise de variância de 1 caminho. Em caso de significância, foi utilizado o teste de post hoc de Scheffé. Foi considerado índice de significância p<0,05.

A inclusão dos fatores prognósticos para o tempo entre o teste de esforço cardiopulmonar e o evento de interesse, considerando o óbito, no período de 1.060 ± 90 dias, foi realizada por meio de modelos de riscos proporcionais de Cox multivariados53, considerando-se a amostra estratificada por etiologia. Verificamos a necessidade de se utilizarem possíveis fatores de controle que foram: idade, estatura, peso, índice de massa corpórea, superfície corporal e sexo. Em seguida, cada um dos possíveis fatores prognósticos foi avaliado separadamente, com a inclusão dos fatores de controle que se mostraram importantes na análise anterior. Os fatores prognósticos considerados foram: VO2, em ml.kg-1.min-1, VE/VO2, VE/VCO2, VO2/FC em ml.bat-1, a pressão parcial de dióxido de carbono ao final da expiração (PetCO2) em mmHg, a FC em batimentos por minuto (bpm) e a pressão arterial sistólica (PAS), em milímetros de mercúrio (mmHg). Todas essas variáveis foram analisadas no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do esforço.

A percentagem da FC máxima obtida no teste foi analisada no limiar anaeróbio e no ponto de compensação respiratória. A do limiar anaeróbio foi calculada com base na FC obtida no limiar anaeróbio e dividida pela FC máxima obtida no teste. A do ponto de compensação respiratória foi calculada com base na FC obtida no ponto de compensação respiratória, dividida pela FC máxima obtida no teste.

A inclinação VE/VCO2 foi calculada por meio da equação de regressão linear, do início do exame até o limiar anaeróbio, usando-se os valores da elevação da ventilação minuto em relação a produção de dióxido de carbono. A inclinação da relação DVO2/DW foi calculada pela equação de regressão linear, do início do exame até o limiar anaeróbio, usando-se os valores do aumento de consumo de oxigênio (DVO2) em relação a elevação da carga de trabalho (DW).

Foi considerado nível de significância p<0,05.

RESULTADOS

As características da amostra estudada são apresentadas na tabela 1. Na análise de sobrevida, pelo modelo de Cox multivariado, a idade (p=0,4), estatura (p=0,9), peso (p=0,1), superfície corporal (p=0,3) e sexo (p=0,6) não foram variáveis que influenciaram no tempo até o óbito. Entretanto o índice de massa corpórea (p=0,05) apresentou um valor prognóstico significativo quanto ao tempo de óbito. Essa variável foi considerada como o único fator de controle na análise multivariada realizada para os fatores prognósticos.

A fração de ejeção foi significantemente menor nos pacientes de etiologia idiopática, quando comparada com a dos chagásicos (p<0,05).

Nas tabelas 2, 3 e 4 são apresentadas as variáveis metabólicas, respiratórias e hemodinâmicas com seus valores preditivos de risco para óbito, no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício, respectivamente.

O VO2, o VE/VO2, o VE/VCO2, a PetCO2 e o VO2/FC, apresentaram correlação estatisticamente significativa com risco de óbito no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício.

Quanto à FC, esta não apresentou valor prognóstico estatisticamente significativo em nenhuma das fases do exercício. No entanto a percentagem da FC máxima apresentou correlação estatisticamente significativa com risco de óbito, no limiar anaeróbio e no ponto de compensação respiratória. E a PAS apresentou valor prognóstico de óbito no pico do exercício.

Com relação aos coeficientes angulares das variáveis metabólicas durante o teste de esforço cardiopulmonar analisados até o limiar anaeróbio, ambos, a inclinação VE/VCO2 e a inclinação DVO2/DW, apresentaram correlação estatisticamente significativa quanto ao risco de óbito.

DISCUSSÃO

Os principais resultados do presente estudo são: 1) As variáveis metabólicas e respiratórias VO2, VE/VO2, VE/CO2, PetCO2 e, VO2/FC, no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício, obtidos durante o teste de esforço cardiopulmonar, podem predizer o risco relativo de mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca; 2) o grau de inclinação VE/VCO2 e DVO2 /DW até o limiar anaeróbio, durante um teste de esforço cadiopulmonar progressivo, pode predizer o risco relativo de mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca; 3) as percentagens da freqüência cardíaca máxima obtidas no limiar anaeróbio e no ponto de compensação respiratória foram preditores de mortalidade durante um teste de esforço cadiopulmonar progressivo, nos pacientes com insuficiência cardíaca e 4) a pressão arterial sistólica, no pico do exercício, pode predizer o risco relativo de mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca.

Os resultados do presente estudo ampliam nossos conhecimentos, à medida que eles evidenciam que outras variáveis respiratórias e metabólicas obtidas durante a avaliação do teste de esforço cardiopulmonar podem estimar o risco de mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca, não só no pico do exercício, mas também durante o exercício físico submáximo, no limiar anaeróbio e no ponto de compensação respiratória, momentos metabólicos importantes do exercício. Estes resultados, além de implicações clínicas, têm um cunho prático de importância: eles apontam para o fato de que é possível se obterem informações a respeito do risco de mortalidade, tanto no pico do exercício como durante o exercício submáximo, sem necessariamente expor o paciente a um esforço muito intenso, já que muitos pacientes com insuficiência cardíaca podem terminar o procedimento devido à isquemia e/ou arritmias10 ou mesmo por apresentarem limitação funcional importante, prejudicando, assim, sua avaliação máxima.

Além disso, a avaliação da PetCO2 tem sido foco de interesse durante a avaliação do teste de esforço cardiopulmonar, em pacientes com insuficiência cardíaca54-55. Porém, até onde nós temos conhecimento, esta é a primeira vez que se demonstra o valor prognóstico dessa variável no limiar anaeróbio, no ponto de compensação respiratória e no pico do exercício. Esse fato é extremamente importante devido a que, recentemente, a PetCO2 tem sido correlacionada com o débito cardíaco, durante o exercício, em pacientes com insuficiência cardíaca54-55. Isto é, em pacientes com insuficiência cardíaca em quem se observa uma resposta deprimida do débito cardíaco durante o exercício, a PetCO2 apresenta-se também com seus valores diminuídos.

O nível de respostas metabólicas e respiratórias e mesmo a relação alterada entre elas, que levam a um valor prognóstico preditivo de mortalidade nesses pacientes, nos traz à tona a pergunta sobre quais mecanismos que norteiam a resposta ventilatória exagerada durante o exercício na presença de insuficiência cardíaca. Uma perfusão diminuída na musculatura esquelética, em decorrência de um baixo débito cardíaco, em associação com uma diminuição na capacidade oxidativa muscular e mesmo de caquexia levam a uma acidose metabólica precoce. Em pacientes com insuficiência cardíaca, em quem a sensibilidade dos quimiorreceptores musculares já se encontra hipersensível56-58, um aumento prematuro da acidose metabólica pode potencializar, sobremaneira, o drive ventilatório durante o exercício. Os nossos resultados evidenciam claramente este comportamento ventilatório na insuficiência cardíaca. Enquanto em indivíduos normais o equivalente ventilatório para dióxido de carbono, no pico do exercício é de aproximadamente 37±0,2, em pacientes com insuficiência cardíaca é de 47±0,2.

Outro dado interessante do nosso estudo foi o de que não observamos valor preditivo de mortalidade da freqüência cardíaca nesses pacientes. Contudo, quando se fez a correlação da percentagem da FC máxima atingida no pico do esforço, observamos valor prognóstico significativo tanto no limiar anaeróbio como no ponto de compensação respiratória. O fato de a freqüência cardíaca no pico de esforço não ter apresentado valor preditivo de mortalidade, poderia ser explicado pela própria incompetência cronotrópica observada na insuficiência cardíaca37, 59. Sabe-se que os pacientes com insuficiência cardíaca têm um aumento na atividade simpática, decorrente de níveis elevados de catecolaminas ciculantes60, que parece estar associada à dessensibilização, redução dos receptores b adrenérgicos e downregulation dos receptores cardíacos61 e resposta inotrópica e cronotrópica deprimidas35,37, 62.

Em indivíduos normais, a pressão arterial sistólica aumenta progressivamente com o exercício físico progressivo, fornecendo, de maneira indireta, a avaliação da resposta inotrópica do coração. O fato de o seu aumento inadequado ser considerado um fator de risco para óbito nos pacientes com insuficiência cardíaca é evidenciado, também, nos nossos resultados.

Finalmente, vale a pena ressaltar, na presente investigação, o aspecto relacionado à amostra estudada. Diferentemente dos outros estudos que também avaliaram o valor prognóstico de mortalidade nas variáveis metabólicas obtidas durante o teste ergoespirométrico, a miscigenação racial, característica em nossa população, têm sido sugerida como fator que pode influenciar o VO2 durante o exercício63.

Limitações- Reconhecemos várias limitações neste estudo. O teste de esforço cardiopulmonar foi realizado em cicloergômetro; não sabemos se estes resultados se reproduzem em esteira. Entretanto o teste em cicloergômetro, em protocolo em rampa, tem-se mostrado de grande aplicabilidade em pacientes com insuficiência cardíaca, inclusive para fins de acompanhamento de tratamento farmacológico e não-farmacológico64-65. No período em que este estudo foi realizado, a indicação de betabloqueadores no tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca não era ainda conduta determinante. Hoje, o tratamento com betabloqueadores é uma conduta mandatória. Assim, não sabemos qual é a importância dessas variáveis metabólicas e respiratórias como preditoras de risco relativo de mortalidade, em uso de betabloqueadores.

Perspectivas - Uma continuidade natural deste estudo seria a análise do valor preditivo das variáveis respiratórias, metabólicas e hemodinâmicas de exercício para o risco relativo de mortalidade em uso de betabloqueadores. Somando-se a isto, seria de interesse verificar se o tipo de ergômetro pode influenciar os resultados alcançados neste estudo.

Em conclusão, o teste de esforço cardiopulmonar, além de seguro e de possibilitar a avaliação da capacidade funcional, pode fornecer, com base em respostas respiratórias, metabólicas e hemodinâmicas, informações importantes quanto ao risco relativo de mortalidade, em pacientes com insuficiência cardíaca.

Potencial Conflito de Interesses

Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes.

Recebido em 19/04/04

Aceito em 17/03/06

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  • Correspondência:

    Ana Maria F. Wanderley Braga
    InCor
    Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44
    05403-000 – São Paulo, SP
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      26 Jun 2006
    • Data do Fascículo
      Jun 2006

    Histórico

    • Aceito
      17 Mar 2006
    • Recebido
      19 Abr 2004
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