EDITORIAL
O Índice de massa corpórea tem boa correlação com perfil pró-aterosclerótico em crianças e adolescentes
Marcelo Chiara Bertolami
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil
Correspondência Correspondência: Marcelo Chiara Bertolami Av. Sabiá 667 ap. 141, Moema 04.515-001, São Paulo, SP, Brasil E-mail: mchiara@cardiol.br, bertolami@uol.com.br
Palavras-chave: Índice de massa corporal, criança, adolescente, fatores de risco.
A obesidade tem-se tornado um problema de saúde pública em grande parte dos países do mundo ocidental1. Os principais fatores responsáveis por esse cenário são o cultivo de hábitos de vida que incluem importantes erros alimentares e o sedentarismo. Em muitas culturas, prevalece a preferência por grandes quantidades de alimentos em cada porção, em detrimento da qualidade e de suas características nutricionais. Sabe-se que a obesidade frequentemente vem acompanhada de co-morbidades, entre elas a hipertensão arterial, a dislipidemia e a disglicemia2. Quando incide sobre um mesmo indivíduo, este conjunto de problemas tem sido designado como síndrome metabólica, processo para o qual, reconhecidamente, a resistência à insulina é um componente importante3. A presença desta síndrome aumenta em muito o risco de aparecimento de problemas cardiovasculares e de diabetes, caso este ainda não esteja presente4. Sabe-se que, em geral, a incidência da síndrome metabólica aumenta com o avançar da idade, mas levantamentos têm mostrado, também, que a obesidade e a síndrome metabólica se manifestam cada vez mais cedo, muitas vezes em crianças e adolescentes5. Neste estudo, bem delineado e executado entre indivíduos desta faixa etária, evidenciou-sea associação entre os percentis do índice de massa corpórea com outros fatores de risco cardiovascular, tais como: hipertensão arterial, baixo HDL-colesterol, aumento dos triglicérides, aumento da glicemia e da insulina e resistência à insulina com base no índice HOMA-IR6.
Segundo os autores, as evidências disponíveis sugerem que essa concomitância de fatores de risco surgidos precocemente na vida irá persistir e até piorar se a prevenção primária não for adotada de maneira igualmente precoce; sinalizam também que isso resultará em um aumento da morbidade e da mortalidade nos futuros adultos. Os autores analisam, ainda, as limitações apontadas por outros autores quanto ao uso do índice de massa corpórea para a caracterização da obesidade, mas defendem sua utilização, seja pela facilidade de obtenção das medidas, seja por sua associação com os fatores de risco analisados.
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1World Health Organization (WHO). Consultation on obesity: obesity - preventing and managing the global epidemic. Geneva; 1998. p. 16-34.
- 2. Despres JP, Krauss RM. Handbook of obesity: obesity and lipoprotein metabolism. New York: Marcel Dekker; 1997. p. 651-75.
- 3. Weiss R, Dziura J, Burgert TS, Tamborlane WV, Taksali SE, Yeckel CW, et al. Obesity and the metabolic syndrome in children and adolescents. N Engl J Med. 2004; 350: 2362-74.
- 4. Dietz WH. Health consequences of obesity in youth: childhood predictors of adult disease. Pediatrics. 1998; 101: 518-25.
- 5. Pinhas-Hamiel O, Dolan LM, Daniels SR, Standiford D, Khoury PR, Zeitler P. Increased incidence of non-insulin-dependent diabetes mellitus among adolescents. J Pediatr. 1996; 128: 608-15.
- 6. Costa GB, Horta N, Resende ZF, Souza G, Barreto LMF, Correia LH, et al. Índice de massa corporal apresenta boa correlação com o perfil pró-aterosclerótico em crianças e adolescents. Arq Bras Cardiol. 2009 (In press).
Correspondência:
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Nov 2009 -
Data do Fascículo
Out 2009