Acessibilidade / Reportar erro
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Volume: 116, Número: 4, Publicado: 2021
  • Radi Macruz – O Legado de um Ícone Editorial

    Atik, Edmar; Mady, Charles; Ramires, Jose Antonio Franchini
  • Complicações Neurológicas em Pacientes com Endocardite Infecciosa: Perspectivas de um Centro Terciário Artigo Original

    Alegria, Sofia; Marques, Ana; Cruz, Inês; Broa, Ana Luísa; Pereira, Ana Rita F.; João, Isabel; Simões, Otília; Pereira, Hélder

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: Complicações neurológicas são comuns em pacientes com endocardite infecciosa (EI). Dados recentes sugerem que os eventos neurológicos são os principais determinantes do prognóstico e que a cirurgia é crítica para melhorar o resultado. Objetivo: Caracterizar pacientes com EI e complicações neurológicas e determinar preditores de embolização para o sistema nervoso central (SNC) e mortalidade. Métodos: Análise retrospectiva de pacientes internados em centro terciário com diagnóstico de EI no período de 2006 a 2016. Significância estatística foi definida por um valor de p <0,05. Resultados: Identificamos 148 episódios de EI, 20% dos quais tinham evidências de embolização do SNC. Em pacientes com embolização do SNC, 76% apresentaram acidente vascular cerebral isquêmico. Durante o seguimento, 35% foram submetidos à cirurgia e a mortalidade hospitalar e em um ano foi de 39%. Esses pacientes tiveram hospitalizações mais longas, mas não houve diferenças significativas em relação à mortalidade em pacientes com e sem embolização do SNC. Os preditores independentes de complicações neurológicas foram diabetes (p = 0,005) e ausência de febre na apresentação (p = 0,049). A cirurgia foi associada a menor mortalidade (0 vs. 58%; p = 0,003), enquanto os pacientes com choque séptico tiveram pior prognóstico (75 vs. 25%; p = 0,014). Na regressão multivariada de Cox, a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) foi o único preditor independente de mortalidade hospitalar e de 1 ano (p = 0,011 em ambos). Conclusões: Nessa população, a embolização para o SNC foi comum, mais frequentemente apresentada como acidente vascular cerebral isquêmico, e esteve associada a maior tempo de internação, embora sem diferenças significativas na mortalidade. Nos pacientes com embolização do SNC, os submetidos à cirurgia tiveram boa evolução clínica, enquanto os pacientes com choque séptico e infecção pelo HIV tiveram pior evolução. Esses resultados devem ser interpretados com cautela, levando em consideração que os pacientes com complicações mais graves ou mais frágeis foram provavelmente menos considerados para a cirurgia, resultando em viés de seleção.

    Resumo em Inglês:

    Background: Neurological complications are common in patients with infective endocarditis (IE). Recent data suggest that neurologic events are a major determinant of prognosis, and that surgery is critical in improving the outcome. Objective: To characterize patients with IE and neurological complications and to determine predictors of embolization to the central nervous system (CNS) and mortality. Methods: Retrospective analysis of patients admitted to a tertiary center with the diagnosis of IE from 2006 to 2016. Statistical significance was defined by a p-value < 0.05. Results: We identified 148 episodes of IE, 20% of which had evidence of CNS embolization. In patients with CNS embolization, 76% presented with ischemic stroke. During follow-up, 35% were submitted to surgery and both in-hospital and one-year mortality were 39%. These patients had longer hospitalizations, but there were no significant differences regarding mortality in patients with and without CNS embolization. The independent predictors of neurological complications were diabetes (p=0.005) and the absence of fever at presentation (p=0.049). Surgery was associated with lower mortality (0 vs. 58%; p=0.003), while patients with septic shock had a poorer prognosis (75 vs. 25%; p=0.014). In multivariate Cox regression, human immunodeficiency virus (HIV) infection was the only independent predictor of in-hospital and 1-year mortality (p=0.011 in both). Conclusions: In this population, embolization to the CNS was common, more often presented as ischemic stroke, and was associated with longer hospitalization, although without significant differences in mortality. In patients with CNS embolization, those submitted to surgery had a good clinical evolution, while patients with septic shock and HIV infection had a worse outcome. These results should be interpreted with caution, taking into consideration that patients with more severe complications or more fragile were probably less often considered for surgery, resulting in selection bias.
  • Abordagem ao Paciente com Endocardite Infecciosa e Complicação Neurológica – O Grande Dilema que Persiste até Hoje Minieditorial

    Fortes, Claudio Querido; Fortes, Natália Rodrigues Querido
  • Acesso à Terapia de Reperfusão e Mortalidade em Mulheres com Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST: Registro VICTIM Artigo Original

    Oliveira, Jussiely Cunha; Barros, Mayse Pereira Souza; Barreto, Ikaro Daniel de Carvalho; Silva Filho, Rubens Cruz; Andrade, Volfanio Araújo; Oliveira, André de Melo; Lima, Ticiane Clair Remacre Munareto; Oliveira, Jeferson Cunha; Arcelino, Larissa Andreline Maia; Oliveira, Laís Costa Souza; Santana-Santos, Eduesley; Almeida-Santos, Marcos Antônio; Sousa, Antônio Carlos; Barreto Filho, José Augusto Soares

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: A reperfusão miocárdica é parte fundamental do tratamento para infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST (IAMCSST) e é responsável por reduzir morbimortalidade no paciente acometido. No entanto, as taxas de reperfusão são geralmente mais baixas e as taxas de mortalidade mais altas em mulheres que em homens. Objetivos: Avaliar a prevalência do uso de terapias de reperfusão em mulheres e homens com IAMCSST nos hospitais com capacidade para realizar intervenção coronariana percutânea (ICP) no estado de Sergipe. Métodos: Trata-se de estudo transversal que utilizou dados do Registro VICTIM. Foram avaliados pacientes com diagnóstico de IAMCSST admitidos nos quatro hospitais com capacidade para realizar ICP no estado de Sergipe, sendo um público e três privados, no período de dezembro de 2014 a junho de 2018. Foi aplicada análise multivariada com modelo ajustado utilizando mortalidade como variável dependente. Em todas as análises, o nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: Foram incluídos 878 voluntários com diagnóstico confirmado de IAMCSST, dos quais 33,4% eram mulheres. Apenas 53,3% dos pacientes foram submetidos à reperfusão miocárdica (134 mulheres versus 334 homens). A fibrinólise foi realizada somente em 2,3% de todos os pacientes (1,7% das mulheres versus 2,6% dos homens; p=0,422). Nas mulheres, a taxa de ICP primária foi menor (44% versus 54,5%; p=0,003) e a mortalidade hospitalar foi maior (16,1% versus 6,7%; p<0,001) que nos homens. Conclusão: As mulheres apresentam taxas significativamente menores de ICP primária e significativamente maiores de mortalidade hospitalar que os homens. A taxa de reperfusão em ambos os gêneros foi baixa e houve nítida subutilização de agentes trombolíticos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Myocardial reperfusion is a fundamental part of the treatment for ST elevation myocardial infarction (STEMI) and is responsible for reducing morbidity and mortality in affected patients. However, reperfusion rates are usually lower and mortality rates higher in women compared to men. Objectives: To evaluate the prevalence of the use of reperfusion therapies among women and men with STEMI in hospitals where percutaneous coronary intervention (PCI) is available in the state of Sergipe. Methods: This is a cross-sectional study that used data from the VICTIM Register. Patients diagnosed with STEMI admitted to the four hospitals (one public and three private) where PCI is available in the state of Sergipe were evaluated, from December 2014 to June 2018. A multivariate analysis with adjusted model using mortality as a dependent variable was made. In all analyses, the level of significance adopted was 5% (p < 0.05). Results: A total of 878 volunteers with a confirmed diagnosis of STEMI, of which 33.4% were women, were included in the study. Only 53.3% of the patients underwent myocardial reperfusion (134 women versus 334 men). Fibrinolysis was performed only in 2.3% of all patients (1.7% of women versus 2.6% of men; p = 0.422). The rate of primary PCI was lower (44% versus 54.5%; p = 0.003) and hospital mortality was higher (16.1% versus 6.7%; p < 0.001) in women than in men. Conclusion: Women have significantly lower rates of primary PCI and higher hospital mortality. Reperfusion rates were low in both sexes and there was a clear underutilization of thrombolytic agents.
  • Equidade entre Sexos no Acesso à Reperfusão no Infarto Agudo do Miocárdio: Um Longo Caminho a ser Percorrido Minieditorial

    Fraga, Clara L.; Macedo, Frederico V. B.; Rocha, Rodrigo T. L.; Ferreira Filho, Domingos Sávio G.; Nascimento, Bruno R.
  • Percepção Inadequada do Risco Cardiovascular e Baixo Conhecimento sobre Hipercolesterolemia Familiar em Indivíduos com Hipercolesterolemia Grave Artigo Original

    Santos, Raul D.; Pereira, Carolina; Cesena, Fernando; Laurinavicius, Antonio Gabriele; Tabone, Viviane; Bittencourt, Marcio Sommer

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento Indivíduos com hipercolesterolemia grave apresentam alto risco de desenvolver doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA). Muitos deles apresentam hipercolesterolemia familiar (HF). Objetivos Avaliar, a partir da perspectiva dos pacientes, o nível de conhecimento sobre a hipercolesterolemia grave, especialmente em relação a HF, DCVA, percepção de risco, desempenho do rastreamento em cascata e tratamento de indivíduos participantes de um programa de avaliação periódica de saúde. Métodos De um banco de dados de 70.000 brasileiros avaliados entre 2006 e 2016, 1.987 (2,8%) atenderam aos critérios de inclusão (idade ≥ 18 anos e LDL-C ≥ 190 mg/dL ou ≥ 160 mg/dL se sem uso de estatinas ou em terapia com estatinas, respectivamente). Desses, 200 foram aleatoriamente convidados a preencher um questionário extenso. A HF foi diagnosticada em caso de suspeita pelo médico responsável. Resultados Embora 97% da amostra (48±9 anos; 16% do sexo feminino; 95% com ensino superior; 88% em prevenção primária; LDL-C 209±47 mg/dL) tenha apresentado hipercolesterolemia grave, apenas 18% e 29,5% se consideravam de alto risco para desenvolver DCVA e relataram saber sua meta recomendada de LDL-C, respectivamente. Em relação à possibilidade de o colesterol alto ser uma doença hereditária, 58% relataram conhecimento sobre o fato; 24,5% (n = 49) já tinham ouvido falar em HF; e apenas 14% (n = 20) foram previamente identificados com suspeita de HF (idade ao diagnóstico de HF: 35±12 anos; 79% e 31% foram diagnosticados com > 30 e > 40 anos, respectivamente). Apenas 2,5% foram submetidos a testes genéticos; 17%, à rastreamento em cascata; e 17% não faziam uso de tratamento farmacológico. Conclusões Identificou-se uma importante lacuna na percepção de risco, no controle do colesterol e em aspectos relacionados à HF em indivíduos com hipercolesterolemia grave. (Arq Bras Cardiol. 2021; [online].ahead print, PP.0-0)

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background Individuals with severe hypercholesterolemia are at a high risk of developing atherosclerotic cardiovascular disease (ASCVD). Many of them have familial hypercholesterolemia (FH). Objectives To assess from a patient perspective the degree of awareness about severe hypercholesterolemia, especially FH, ASCVD risk perception, cascade screening performance, and treatment of individuals participating in a routine health evaluation program. Methods From a database of 70,000 Brazilian individuals evaluated between 2006 and 2016, 1,987 (2.8%) met the inclusion criteria (age ≥ 18 years and LDL-C ≥ 190 mg/dL or ≥ 160 mg/dL, respectively, if not in use of statins or on statin therapy). Two-hundred individuals were randomly invited to complete an extensive questionnaire. FH was diagnosed if suspected by the attending physician. Results Although 97% of the sample (age 48±9 years; 16% women; 95% college/university education; 88% primary prevention; LDL-C 209±47 mg/dL) had severe hypercholesterolemia, only 18% and 29.5% believed to be at high ASCVD risk and reported knowledge of their recommended LDL-C goal, respectively. Fifty-eight percent reported being informed that high cholesterol could be a family disease, 24.5% (n = 49) had ever heard about FH, and merely 14% (n = 29) had been previously identified as suspected of having FH (age at FH diagnosis 35±12 years; 79% and 31% diagnosed, respectively, > 30 and > 40 years old). Only 2.5% underwent genetic tests, 17% underwent cascade screening, and 17% were not in use of pharmacological treatment. Conclusions An important gap in risk perception, cholesterol management, and aspects related to FH was encountered in individuals with severe hypercholesterolemia. (Arq Bras Cardiol. 2021; [online].ahead print, PP.0-0)
  • O Risco Desconhecido de Hipercolesterolemia Familiar no Desenvolvimento de Doença Cardiovascular Aterosclerótica Minieditorial

    Nascimento, Elizabeth do; Alves, José Luiz de Brito
  • Agravamento da Função Renal e Congestão em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Aguda: Estudo com Análise Vetorial de Bioimpedância Elétrica (BIVA) e Lipocalina Associada à Gelatinase Neutrofílica (NGAL) Artigo Original

    Villacorta, Humberto; Villacorta, Aline Sterque; Villacorta, Leonardo Simões de Castro; Xavier, Analucia Rampazzo; Kanaan, Salim; Rohen, Felipe Mafort; Albuquerque, Leonardo Dinis; Bastilho, Daniele Dantas; Cudischevitch, Cecília de Oliveira

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: O agravamento da função renal (AFR) é frequentemente observado na terapia agressiva com diuréticos para o tratamento de insuficiência cardíaca aguda descompensada (ICAD) e está associado com piores desfechos em alguns estudos. Objetivo: Avaliar a relação de AFR e congestão na alta hospitalar com ocorrência de eventos (morte cardíaca ou internação por insuficiência cardíaca). Métodos: Oitenta pacientes com ICAD foram estudados. O AFR foi definido por um aumento absoluto (≥0,5 mg/dL) nos níveis séricos de creatinina a partir dos valores obtidos na admissão. Concentrações de peptídeo natriurético do tipo B (BNP) e lipocalina associada à gelatinase neutrofílica (NGAL) foram medidas na admissão e na alta hospitalar. Congestão foi avaliada na alta utilizando a análise vetorial de bioimpedância elétrica (BIVA). O desfecho primário foi o tempo para o primeiro evento, definido como uma combinação de morte cardíaca ou hospitalização por insuficiência cardíaca. Análise de curva Característica de Operação do Receptor (curva ROC) foi realizada para determinar o ponto de corte de IH mais adequado para predição de eventos. Curvas Kaplan-Meier de sobrevida livre de eventos foram construídas e comparadas usando o teste de log-rank. Modelos de riscos proporcionais de Cox foram usados para investigar a associação com eventos. O critério para se estabelecer significância estatística foi um p<0.05. Resultados: A idade média foi 60,6 ± 15,0 anos, e 48 (60%) pacientes eram do sexo masculino. A fração de ejeção média foi 35,3±7,8%. O AFR ocorreu em 37,5% da amostra. A creatinina basal associou-se com AFR (p<0,001), mas nem BNP (p=0,35) nem NGAL (p=0,18) na admissão foram preditores de AFR. Usando modelos de riscos proporcionais de Cox, o índice de hidratação na alta, estimado por BIVA, associou-se significativamente com ocorrência de eventos (HR 1,39; IC95% 1,25-1,54, p<0,0001), mas não com AFR (HR 2,14; IC95% 0,62-7,35, p=0,22). Conclusão: A congestão persistente na alta associou-se com piores desfechos. O AFR parece estar relacionado com alterações hemodinâmicas durante o processo de descongestionamento, mas não com lesões renais.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Worsening renal function (WRF) is frequently observed in the setting of aggressive diuresis for the treatment of acute decompensated heart failure (ADHF) and is associated with poor outcomes in some studies. Objective: We sought to assess the relationship of WRF and congestion at discharge with events (cardiac death or heart failure hospitalization). Methods: Eighty patients with ADHF were studied. WRF was defined by an absolute increase in serum creatinine of ≥0.5 mg/dL from the values measured at the time of admission. B-type natriuretic peptide (BNP) and plasma neutrophil gelatinase-associated lipocalin (NGAL) were measured at admission and at discharge. Congestive state at discharge was assessed using bioelectrical impedance vector analysis (BIVA). Primary endpoint was time to first event defined as a combination of cardiac death or heart failure hospitalization. Receiver operating characteristic (ROC) curve analysis was used to determine the best hydration index cutoff to predict events. Kaplan-Meier event-free survival curves were constructed and compared using the log-rank test. Cox proportional hazards models were used to investigate the association with events. The criterion for determining statistical significance was p<0.05. Results: Mean age was 60.6±15 years, and 48 (60%) were male. Mean ejection fraction was 35.3±7.8%. WRF occurred in 37.5% of the sample. Baseline creatinine was associated with WRF (p<0.001), but neither admission BNP (p=0.35) nor admission NGAL (p=0.18) was predictor of WRF. Using Cox proportional hazard models, hydration index at discharge calculated with BIVA was significantly associated with events (HR 1.39, 95% CI 1.25-1.54, p<0.0001) but not WRF (HR 2.14, 95% CI 0.62-7.35, p=0.22). Conclusion: Persistent congestion at discharge was associated with worse outcomes. WRF seems to be related to hemodynamic changes during the decongestion process but not to kidney tubular injuries.
  • Uso da Terapia Diurética em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Descompensada e Lesão Renal Aguda. O Que Fazer nesse Dilema? Minieditorial

    Calazans, Rafael Marques; Sepulvida, Mariana Bellaguarda de Castro; Quadrado, Egli Belinazzi; Miranda, Roberto Dischinger
  • Perfil Aterosclerótico da Artéria Carótida como Preditor de Risco para Reestenose após Implante de Stent Coronário Artigo Original

    Rodrigues, Cássia da Silva Antico; Bazan, Rodrigo; Reis, Fabrício Moreira; Silveira, Caroline F. S. Mazeto Pupo da; Hueb, Lívia Maria Severino; Carvalho, Fábio Cardoso de; Nunes, Hélio Rubens de Carvalho; Okoshi, Katashi; Hueb, João Carlos; Bazan, Silméia Garcia Zanati

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: A incidência de reestenose da artéria coronária após o implante de um stent não farmacológico é mais baixa que na angioplastia com balão; no entanto, ainda apresenta altas taxas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi identificar novos indicadores de risco para reestenose de stent usando ultrassonografia das carótidas que, em conjunto com indicadores já existentes, ajudariam na escolha do stent. Métodos: Realizamos um estudo prospectivo transversal incluindo 121 pacientes consecutivos com doença arterial coronariana que foram submetidos à intervenção coronária percutânea com angiografia nos 12 meses anteriores. Após os casos de reestenose de stent serem identificados, os pacientes foram submetidos à ultrassonografia de carótidas para avaliar a espessura da camada íntima média e placas ateroscleróticas. Os dados foram analisados por regressão múltipla de Cox. O nível de significância foi p<0,05. Resultados: A idade mediana dos pacientes foi de 60 anos (1º quartil = 55, 3º quartil = 68), e 64,5% dos pacientes eram do sexo masculino. A angiografia coronária mostrou que 57 pacientes (47,1%) apresentaram reestenose de stent. Cinquenta e cinco pacientes (45,5%) apresentaram placas ateroscleróticas ecolucentes nas artérias carótidas e 54,5% apresentaram placas ecogênicas ou nenhuma placa. Dos pacientes que apresentaram placas ecolucentes, 90,9% apresentaram reestenose do stent coronário, e daqueles com placas ecogênicas ou nenhuma placa, 10,6% apresentaram reestenose de stent. A presença de placas ecolucentes nas artérias carótidas aumentou o risco de reestenose de stent coronário em 8,21 vezes (RR=8,21;IC95%: 3,58-18,82; p<0,001). Conclusões: A presença de placas ateroscleróticas ecolucentes na artéria carótida constitui um preditor de risco de reestenose de stent coronário e deve ser considerada na escolha do tipo de stenta ser usado na angioplastia coronária.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: The incidence of restenosis of the coronary artery after a bare-metal stent implant has been lower than in simple balloon angioplasty; however, it still shows relatively high rates. Objective: The aim of this study was to find new risk indicators for in-stent restenosis using carotid ultrasonography, that, in addition to the already existing indicators, would help in decision-making for stent selection. Methods: We carried out a cross-sectional prospective study including 121 consecutive patients with chronic coronary artery disease who had undergone percutaneous coronary intervention with repeat angiography in the previous 12 months. After all cases of in-stent restenosis were identified, patients underwent carotid ultrasonography to evaluate carotid intima-media thickness and atherosclerosis plaques. The data were analyzed by Cox multiple regression. The significance level was set a p<0.05. Results: Median age of patients was 60 years (1st quartile = 55, 3rd quartile = 68), and 64.5% of patients were male. Coronary angiography showed that 57 patients (47.1%) presented in-stent restenosis. Fifty-five patients (45.5%) had echolucent atherosclerotic plaques in carotid arteries and 54.5% had echogenic plaques or no plaques. Of patients with who had echolucent plaques, 90.9% presented coronary in-stent restenosis. Of those who had echogenic plaques or no plaques, 10.6% presented in-stent restenosis. The presence of echolucent plaques in carotid arteries increased the risk of coronary in-stent restenosis by 8.21 times (RR=8.21; 95%CI: 3.58-18.82; p<0.001). Conclusions: The presence of echolucent atherosclerotic plaques in carotid artery constitutes a risk predictor of coronary instent restenosis and should be considered in the selection of the type of stent to be used in coronary angioplasty.
  • Perfil Aterosclerótico da Artéria Carótida como Marcador de Progressão para Doença Cardiovascular Minieditorial

    Aguiar, Guilherme Brasileiro de; Caldas, José Guilherme Mendes Pereira
  • Perfil de Prescrição de Estatinas e de Níveis Lipêmicos em Ambulatórios de Hospital Terciário Público Artigo Original

    Schmidt, André; Moreira, Henrique Turin; Volpe, Gustavo Jardim; Foschini, Vamberto B.; Lascala, Thiago Florentino; Romano, Minna Moreira Dias; Simões, Marcus Vinícius; Santos, José Ernesto dos; Maciel, Benedito Carlos; Marin Neto, José Antonio

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: O surgimento de nova classe de medicamentos com elevada capacidade de reduzir o LDL-colesterol (LDL-c) renovou o interesse na caracterização da hipercolesterolemia familiar (HF). Pouco se conhece do perfil lipídico de pacientes em atendimento terciário em nosso meio para caracterizar a real ocorrência de HF, que começa a ser suspeitada com níveis de LDL-c acima de 190mg/dL. Objetivos: O estudo avaliou o perfil lipídico (colesterol total [CT] e LDL-c) de pacientes de hospital público terciário. Métodos: Estudo retrospectivo de avaliação de prescrições de estatinas e resultados dos lipídios. O nível de significância foi estabelecido em 5%. Resultados: Em 1 ano, 9.594 indivíduos receberam prescrição ambulatorial de estatinas, 51,5% do gênero feminino, idade média de 63,7±12,9 anos (18 a 100 anos). Trinta e duas especialidades prescreveram estatinas, sendo a cardiologia responsável por 43%. Cerca de 15% das prescrições não tinham dosagem recente de CT, e 1.746 (18,0%) não apresentavam resultado recente de LDL-c. A ocorrência de LDL-c > 130mg/dL e < 190mg/dL ocorreu em 1.643 (17,1%) casos, e 228 (2,4%) apresentaram LDL-c ≥ 190mg/dL dentre os que utilizavam estatinas nas diversas doses. Apenas duas estatinas foram utilizadas: sinvastatina e atorvastatina, e a primeira foi prescrita em 77,6% das receitas. Conclusão: Nesta coorte transversal de hospital terciário, foi possível verificar que a prescrição de estatinas é disseminada, mas que a obtenção de metas adequadas de CT e LDL-c não é atingida em grande percentual, e que há, possivelmente, significativo contingente de portadores de HF que necessitariam ser investigados por suas implicações prognósticas.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: The development of a new class of medications that are highly capable of reducing LDL-cholesterol renewed the interest in the characterization of familial hypercholesterolemia patients. Nevertheless, little is known about the lipid profile of patients in tertiary healthcare centers in Brazil in order to better estimate the real occurrence of familial hypercholesterolemia, with initial suspect of LDL-cholesterol levels above 190 mg/d/L. Objectives: This study evaluated the lipid profile (total cholesterol and LDL-cholesterol) in ambulatory patients from a general tertiary public hospital. Methods: Retrospective study comparing prescriptions of statins and lipid profile results. The significance level was established in 5%. Results: In one year, 9,594 individuals received statin prescriptions, of whom 51.5% were females and the mean age was 63.7±12.9 years-old (18 to 100 years-old). Thirty-two medical specialties prescribed statins. Cardiology was responsible for 43% of the total. Nearly 15% of those patients with a prescription did not have a recent total cholesterol result and 1,746 (18%) did not have a recent LDL-cholesterol measurement. The occurrence of the latter between 130 and 190 mg/dL was present in 1,643 (17.1%) individuals, and 228 (2.4%) patients had an LDL-cholesterol ≥190mg/dL among those using statins at distinct doses. Only two statins were used: simvastatin and atorvastatin. The first was prescribed in 77.6% of the prescriptions. Conclusion: In this cross-sectional cohort at a tertiary general hospital, statins have been widely prescribed but with little success in achieving recognized levels of control. There is probably a significant number of FH individuals in this cohort that need to be properly diagnosed in order to receive adequate treatment due to its prognostic implications.
  • Uso de Estatinas e Hipercolesterolemia: Estão sendo Seguidas as Recomendações das Diretrizes Atuais? Minieditorial

    Alves, Renato Jorge
  • Dezesseis Anos de Transplante Cardíaco em Coorte Aberta no Brasil: Análise de Sobrevivência de Pacientes em Uso de Imunossupressores Artigo Original

    Freitas, Natália Cristina Cardoso; Cherchiglia, Mariangela Leal; Simão Filho, Charles; Alvares-Teodoro, Juliana; Acurcio, Francisco de Assis; Guerra Junior, Augusto Afonso

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: O transplante cardíaco é a principal alternativa terapêutica para pacientes com insuficiência cardíaca avançada. Diversos fatores de risco influenciam a sobrevivência desses pacientes, entretanto, poucos estudos acerca do tema estão disponíveis no Brasil. Objetivos: Analisar a sobrevivência de pacientes transplantados cardíacos pelo Sistema Único de Saúde no Brasil entre 2000-2015. Métodos: Trata-se de uma coorte não concorrente, aberta, de pacientes transplantados cardíacos no Brasil. A probabilidade acumulada de sobrevivência foi estimada por Kaplan-Meier e a comparação entre as curvas realizada pelo Teste de Log-Rank. O modelo de Cox foi utilizado para calcular o Hazard-Ratio (HR). As análises foram realizadas ao nível de 95% de confiança. Resultados: A mediana de sobrevivência do transplante cardíaco no Brasil no período foi 8,3 anos. Cada ano adicional na idade do receptor, a ocorrência de infecções e a realização do procedimento cirúrgico na região Sul relacionaram-se ao maior risco de perda do enxerto. Maior proporção de uso dos imunossupressores micofenolato e azatioprina atuou como fator protetor. Conclusões: As análises realizadas fornecem a primeira informação quanto ao tempo de sobrevivência mediana do transplante cardíaco no Brasil. A diferença observada entre as regiões pode estar relacionada aos diferentes protocolos de tratamento adotados no país, principalmente no início dos anos 2000. A proporção de uso de micofenolato e azatioprina como fator protetor sugere que, apesar de não haver diferença entre as estratégias terapêuticas, o uso desses medicamentos pode favorecer a sobrevida de determinados pacientes. O estudo apresenta dados epidemiológicos robustos e importantes para a saúde pública.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Heart transplant is the main therapeutic alternative for advanced heart failure patients. Several risk factors affect these patients' survival; however, few studies about the topic are available in Brazil. Objectives: To review the survival rates of heart transplant patients in the Brazilian Public Health System (Sistema Único de Saúde - SUS) between 2000 and 2015. Methods: This is a non-concurrent, open cohort study, involving cardiac transplant patients in Brazil. The cumulative survival probability was estimated by the Kaplan-Meier curve, and the curve comparison was done using the Log-Rank test. The Cox model was used to calculate the Hazard-Ratio (HR). Analyses were conducted at the 95% confidence level. Results: The heart transplant survival rate median in Brazil, during the period, was 8.3 years. Each additional year in the recipient's age, the occurrence of infections, and the performance of the surgical procedure in the South Region were associated with a higher risk of graft loss. A higher use ratio of immunosuppressants mycophenolate and azathioprine acted as a protection factor. Conclusions: The analyses conducted provide the first information about the median survival time in heart transplant patients in Brazil. The difference noticed among the geographical regions may be related to the different treatment protocols adopted in the country, especially in the early 2000s. The rate of mycophenolate and azathioprine use as a protection factor suggests that, despite the absence of differences among therapeutic strategies, use of these drugs may favor survival of certain patients. The study provides robust epidemiological data, which are relevant for public health.
  • Avanço do Transplante Cardíaco no Brasil: É Hora de se Construir um Banco de Dados Nacional? Minieditorial

    Avila, Mônica Samuel; Belfort, Deborah de Sá Pereira
  • Associação entre os Níveis Séricos se Serglicina e o Infarto do Miocárdio com Supradesnivelamento do Segmento ST Artigo Original

    Ilgın, Burcu Ugurlu; Kızıltunç, Emrullah; Gök, Murat; Ornek, Ender; Topcuoglu, Canan; Çetin, Mustafa; Karayiğit, Orhan

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: Sugere-se que a serglicina tenha funções importantes na estabilização da fibrina e inflamação, mas há informações limitadas sobre seu valor clínico para a doença cardíaca aterosclerótica. Objetivo: O objetivo do presente estudo é descobrir os níveis séricos de serglicina em pacientes com infarto agudo do miocárdio e nos indivíduos do grupo controle; e investigar a associação entre os níveis de serglicina com marcadores de inflamação e marcadores de tamanho do infarto. Métodos: A população do estudo consistiu em 75 pacientes com infarto do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) e 57 pacientes com artérias coronárias normais (NCA) (grupo controle). As características dos pacientes, os níveis séricos de serglicina, os níveis de proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us), os níveis máximos de troponina T e outros parâmetros bioquímicos foram registrados. O valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: O grupo controle consistiu em indivíduos mais jovens e que fumam menos do que os do grupo IAMCSST. O número de mulheres no grupo controle foi maior do que no grupo IAMCSST. Os níveis séricos de serglicina foram significativamente maiores no grupo IAMCSST do que no grupo controle (102,81±39,42 vs. 57,13±32,25, p<0,001). As análises de correlação revelaram uma correlação positiva significativa entre a serglicina e a troponina (correlação de postos de Spearman: 0,419; p<0,001) e entre a serglicina e a proteína C-reativa ultrassensível (correlação de postos de Spearman: 0,336; p<0,001). A análise de regressão logística multivariada demonstrou que os níveis séricos de serglicina apresentaram-se independentemente associados com IAMCSST. Usando um nível de corte de 80,47 μg/L, o nível de serglicina foi preditor da presença de IAMCSST com uma sensibilidade de 75,7% e especificidade de 68,4%. Conclusão: Os níveis séricos de serglicina apresentaram-se significativamente maiores no grupo IAMCSST do que no grupo controle. Os níveis de serglicina sérica mostraram-se positivamente correlacionados com os níveis de proteína C-reativa ultrassensível e troponina.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: It is suggested that serglycin has important functions in fibrin stabilization and inflammation but there is limited information on its clinical value for atherosclerotic heart disease. Objective: The purpose of this study is to find out serum serglycin levels in acute myocardial infarction patients and in the control group individuals; and to investigate the association between serglycin levels with inflammation markers and infarct size markers. Methods: The study population consisted of 75 patients with ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI) and 57 patients with normal coronary arteries (NCA) (control group). Patient characteristics, serum serglycin levels, high-sensitivity C-reactive protein (hs-CRP) levels, peak troponin T levels and other biochemical parameters were recorded. A p value <0.05 was considered statistically significant. Results: The control group consisted of individuals who are younger and smoke less than those of the STEMI group. The number of females in the control group was higher than in the STEMI group. Serum serglycin levels were significantly higher in the STEMI group than in control group (102.81±39.42 vs. 57.13±32.25, p<0.001). Correlation analyses revealed a significant positive correlation between serglycin and troponin (Spearman's Rho: 0.419; p<0.001) and between serglycin and hs CRP (Spearman's Rho: 0.336; p<0.001). Multivariate logistic regression analysis demonstrated that serum serglycin levels were independently associated with STEMI. Using a cutoff level of 80,47 μg/L, the serglycin level predicted the presence of STEMI with a sensitivity of 75.7% and specificity of 68.4%. Conclusion: Serum serglycin levels were significantly higher in the STEMI group than in the control group. Serum serglycin levels were positively correlated with both hs CRP levels and troponin levels.
  • Tendências Recentes de Mortalidade Cardiovascular nas Regiões de Saúde do Estado do Rio de Janeiro e Capital Artigo Original

    Rosa, Maria Luiza Garcia; Mesquita, Claudio Tinoco; Albuquerque, Lucas Zanetti de; Silva, Willian Douglas de Souza; Alves, Vinicius de Padua Vieira; Jordan, Roger Freitas Ramirez; Matos, Ricardo Cardoso de; Silva, Ana Luisa Guedes de França e; Souza Filho, Erito Marques de

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: A mortalidade por doenças cardiovasculares (DCV) vem mostrando tendência à estabilização em alguns países, incluindo o Brasil e o estado do Rio de Janeiro, após décadas de queda. Não encontramos análises detalhadas dessa tendência para o estado do Rio de Janeiro. Objetivo: Analisar as tendências da mortalidade prematura e tardia por doenças do aparelho circulatório (DAC), doença isquêmica do coração (DIC) e doença cerebrovascular (DCBV) por sexo nas regiões de saúde do estado do Rio de Janeiro e capital (1996-2016). Métodos: Dados de óbitos e população foram obtidos no DATASUS/MS. Taxas foram compensadas por códigos mal definidos, corrigidos pelos códigos cardiovasculares mal definidos e ajustadas por sexo e idade pelo método direto. O Joinpoint Trend Analysis Software foi empregado para calcular a variação percentual anual (APC) e variação percentual anual média (AAPC). Foram consideradas para o estudo APC e AAPC significativamente diferentes de zero, calculadas por um teste de student com significância de 5%. Resultados: A mortalidade por DIC estabilizou ou até aumentou em pelo menos 50% das localidades analisadas (EAPC ≥0). Nas regiões Norte e Noroeste, nenhuma mudança foi observada. Para DCBV, apenas uma região apresentou estabilidade na mortalidade (EAPC próximo a 0). Para as outras regiões, a taxa continuou a diminuir (APC <0) até 2016. Conclusão: Esses resultados observados no Rio de Janeiro devem se repetir em várias regiões brasileiras e apontam para a necessidade de uma resposta na abordagem dos comportamentos no estilo de vida. Os médicos da atenção primária devem estar familiarizados com a tendência desfavorável da doença isquêmica do coração entre os adultos mais jovens e rastrear ativamente os fatores de risco para DCV, com atenção especial às mulheres.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Cardiovascular disease (CVD) mortality, after several decades of decrease, has shown a tendency towards the stabilization in some countries, including Brazil and Rio de Janeiro state. This new tendency was not further analyzed by gender, age group and region of the Rio de Janeiro state. Objective: To analyze the trends of premature and late mortality from CVD, ischemic heart disease (IHD) and cerebrovascular disease (CBVD) by gender in the city of Rio de Janeiro (capital) and the health regions of Rio de Janeiro state (from 1996 to 2016. Methods: Data on deaths and the population were obtained from DATASUS/MS. The rates were compensated by ill-defined codes, corrected by Ill-Defined Cardiovascular codes and gender and age-adjusted by the direct method (reference population – population of the state of Rio de Janeiro - 2000 census). The Joinpoint Trend Analysis Software was employed. Results: IHD mortality stabilized or even increased for at least 50% of the analyzed areas (EAPC≥0). No change was observed. in the “North” and “Northwest” regions For CBVD, just one region showed stability regarding mortality (EAPC close to 0). For the other regions, the rate continued to decrease (APC<0) until 2016. Conclusion: These results observed in Rio de Janeiro are possibly appropriate to various Brazilian regions and demonstrate that a serious public health response is needed to address lifestyle behaviors. Primary care physicians should also be familiar with the unfavorable tendency in coronary heart disease among younger adults in recent years and actively screen for risk factors for cardiovascular disease, paying special attention to women.
  • Taxa Atual de Mortalidade por Doenças Cardiovasculares no Estado do Rio de Janeiro: Mais do que Apenas um Sonho no Rio Minieditorial

    Mansur, Antonio de Padua
  • Fatores de Risco Cardiovascular em Cardiologistas Especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia Artigo Original

    Teixeira, Maria Emília Figueiredo; Vitorino, Priscila Valverde de O.; Amodeo, Celso; Martinez, Tânia; Brandão, Andréa Araujo; Barbosa, Eduardo Costa Duarte; Feitosa, Audes Diógenes Magalhães; Jardim, Paulo Cesar B. Veiga; Souza, Ana Luiza Lima; Barroso, Weimar Kunz Sebba

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: Principal causa de morte em todo o mundo, as doenças cardiovasculares (DCV) e sua prevalência nos médicos cardiologistas são pouco conhecidas. Objetivos: Descrever os hábitos de vida e os fatores de risco cardiovascular e verificar a prevalência de diagnóstico, conhecimento e controle dos fatores de risco cardiovasculares (FRCV) de médicos cardiologistas associados e especialistas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Métodos: Estudo multicêntrico nacional transversal que avaliou cardiologistas brasileiros por meio de questionário sobre hábitos de vida, doenças preexistentes, medicações em uso, medidas antropométricas, pressão arterial e dosagens de glicose e lípideos sanguíneos. Resultados: Foram avaliados 555 cardiologistas, 67,9% do sexo masculino, média de idade de 47,2±11,7 anos. A maioria era não tabagista (88,7%), fisicamente ativa (77,1%), consumia bebida alcóolica (78,2%), com circunferência abdominal normal (51,7%) e excesso de peso (56,1%). As prevalências de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM) e dislipidemia (DLP) foram de 32,4%, 5,9% e 49,7%, respectivamente e, destes, apenas 57,2%, 45,5% e 49,6% sabiam ter as doenças. Conclusões: Os cardiologistas brasileiros participantes do estudo apresentaram prevalências significativas de HAS, DM e DLP, mas apenas a metade dos participantes sabia ser portador dessas condições e, entre eles, as taxas de controle eram baixas para HAS e DLP, apesar de os cardiologistas serem profissionais detentores de conhecimento diferenciado sobre esses FRCV. Os achados representam um alerta para a abordagem dos FRCV em cardiologistas brasileiros e estimulam a realização de estudos futuros.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: A major cause of death worldwide, cardiovascular diseases and their prevalence in cardiologists are little known. Objectives: To describe life habits and cardiovascular risk factors (CVRF) and to investigate the prevalence of diagnosis, awareness, and control of these CVRF among cardiologists members affiliated to and specialists from the Brazilian Society of Cardiology. Methods: National multicenter cross-sectional study to assess Brazilian cardiologists using a questionnaire on life habits, preexisting diseases, current medications, anthropometric measurements, blood pressure, and levels of glucose and lipids. Results: A total of 555 cardiologists were evaluated, of which 67.9% were male, with a mean age of 47.2±11.7 years. Most were non-smoker (88.7%) and physically active (77.1%), consumed alcohol (78.2%), had normal weight circumference (51.7%), and were overweight (56.1%). The prevalence of systemic arterial hypertension (SAH), diabetes mellitus (DM), and dyslipidemia (DLP) were 32.4%, 5.9%, and 49.7%, respectively, of which only 57.2%, 45.5%, and 49.6%, respectively, were aware of the diseases. Conclusions: The Brazilian cardiologists participating in the study had a high prevalence of SAH, DM and DLP, but only a half of participants were aware of these conditions and, among these, the rates of controlled disease were low for SAH and DLP, although cardiologists are professionals with great knowledge about these CVRF. These findings represent a warning sign for the approach of CVRF in Brazilian cardiologists and encourage the conduction of future studies.
  • Fatores de Risco Cardiovascular em Cardiologistas Certificados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia: Lições a serem Aprendidas Minieditorial

    Mesquita, Claudio Tinoco; Ker, Wilter dos Santos
  • Efeitos do Exercício Aeróbico Tardio na Remodelação Cardíaca de Ratos com Infarto do Miocárdio Pequeno Artigo Original

    Souza, Lidiane M.; Okoshi, Marina P.; Gomes, Mariana J.; Gatto, Mariana; Rodrigues, Eder A.; Pontes, Thierres H. D.; Damatto, Felipe C.; Oliveira, Leiliane R. S.; Borim, Patrícia Aparecida; Lima, Aline R. R.; Zornoff, Leonardo A. M.; Okoshi, Katashi; Pagan, Luana U.

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: O exercício físico tem sido considerado uma importante terapia não farmacológica para a prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares. No entanto, seus efeitos na remodelação cardíaca leve não são claros. Objetivo: Avaliar a influência do exercício aeróbico sobre a capacidade funcional, estrutura cardíaca, função ventricular esquerda (VE) e expressão gênica das subunidades da NADPH oxidase em ratos com infarto do miocárdio pequeno (IM). Métodos: Três meses após a indução do IM, ratos Wistar foram divididos em três grupos: Sham; IM sedentário (IM-SED); e IM exercício aeróbico (IM-EA). Os ratos se exercitaram em uma esteira três vezes por semana durante 12 semanas. Um ecocardiograma foi realizado antes e após o treinamento. O tamanho do infarto foi avaliado por histologia e a expressão gênica por RT-PCR. O nível de significância para análise estatística foi estabelecido em 5%. Resultados: Ratos com IM menor que 30% da área total do VE foram incluídos no estudo. A capacidade funcional foi maior no IM-EA do que nos ratos Sham e IM-SED. O tamanho do infarto não diferiu entre os grupos. Ratos infartados apresentaram aumento do diâmetro diastólico e sistólico do VE, diâmetro do átrio esquerdo e massa do VE, com disfunção sistólica. A espessura relativa da parede foi menor no grupo IM-SED do que nos grupos IM-EA e Sham. A expressão gênica das subunidades NADPH oxidase NOX2, NOX4, p22phox e p47phox não diferiu entre os grupos. Conclusão: Infarto do miocárdio pequeno altera a estrutura cardíaca e a função sistólica do VE. O exercício aeróbico tardio pode melhorar a capacidade funcional e a remodelação cardíaca por meio da preservação da geometria ventricular esquerda. A expressão gênica das subunidades da NADPH oxidase não está envolvida na remodelação cardíaca, nem é modulada pelo exercício aeróbico em ratos com infarto do miocárdio pequeno.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Physical exercise has been considered an important non-pharmacological therapy for the prevention and treatment of cardiovascular diseases. However, its effects on minor cardiac remodeling are not clear. Objective: To evaluate the influence of aerobic exercise on the functional capacity, cardiac structure, left ventricular (LV) function, and gene expression of NADPH oxidase subunits in rats with small-sized myocardial infarction (MI). Methods: Three months after MI induction, Wistar rats were divided into three groups: Sham; sedentary MI (MI-SED); and aerobic exercised MI (MI-AE). The rats exercised on a treadmill three times a week for 12 weeks. An echocardiogram was performed before and after training. The infarction size was evaluated by histology, and gene expression was assessed by RT-PCR. The significance level for statistical analysis was set at 5%. Results: Rats with MI lower than 30% of the LV total area were included in the study. Functional capacity was higher in MI-AE than in Sham and MI-SED rats. The infarction size did not differ between groups. Infarcted rats had increased LV diastolic and systolic diameter, left atrial diameter, and LV mass, with systolic dysfunction. Relative wall thickness was lower in MI-SED than in the MI-AE and Sham groups. Gene expression of the NADPH oxidase subunits NOX2, NOX4, p22phox, and p47phox did not differ between groups. Conclusion: Small-sized MI changes cardiac structure and LV systolic function. Late aerobic exercise is able to improve functional capacity and cardiac remodeling by preserving the left ventricular geometry. NADPH oxidase subunits gene expression is not involved in cardiac remodeling or modulated by aerobic exercise in rats with small-sized MI.
  • A Importância dos Programas de Exercícios Pós-Infarto Minieditorial

    Teixeira, José Antônio Caldas
  • Obesidade Visceral e Hipertensão Sistólica como Substratos da Disfunção Endotelial em Adolescentes Obesos Artigo Original

    Hussid, Maria Fernanda; Cepeda, Felipe Xerez; Jordão, Camila P.; Lopes-Vicente, Rafaela R. P.; Virmondes, Leslie; Katayama, Keyla Y.; Oliveira, Ezequiel F. de; Oliveira, Luis V. F.; Consolim-Colombo, Fernanda Marciano; Trombetta, Ivani Credidio

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: A obesidade afeta a adolescência, podendo levar à síndrome metabólica (SM) e disfunção endotelial, um marcador precoce de risco cardiovascular. Apesar de a obesidade ser fortemente associada à síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), ainda não está claro o papel da SAOS na função endotelial em adolescentes obesos. Objetivo: Investigar se a obesidade durante a adolescência leva à SM e/ou SAOS e causa disfunção endotelial nesses indivíduos. Além disso, estudamos a possível associação dos fatores de risco para SM e do índice de apneia e hipopneia (IAH) com disfunção endotelial. Métodos: Estudamos 20 adolescentes obesos sedentários (AO; 14,2±1,6 anos, 100,9±20,3kg), e 10 adolescentes eutróficos (AE, 15,2±1,2 anos, 54,4±5,3kg) pareados por sexo. Avaliamos os fatores de risco para SM (critérios da Federação Internacional de Diabetes), função vascular (dilatação mediada pelo fluxo, DMF), capacidade funcional (VO2pico) e presença de SAOS (IAH > 1 evento/hora, pela polissonografia). Consideramos um p<0,05 como estatisticamente significativo. Resultados: AO apresentaram maior circunferência da cintura (CC), gordura corporal, triglicerídeos, pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), maiores níveis de LDL e menores HDL e VO2pico em comparação a AE. Não houve diferença no IAH entre os grupos. AO apresentaram menor DMF que AE (6,17±2,72 vs. 9,37±2,20%, p=0,005). Observou-se uma associação entre DMF e CC (R=-0,506, p=0,008) e entre DMF e PAS (R=-0,493, p=0,006). Conclusão: Em adolescentes, a obesidade associou-se à SM e causou disfunção endotelial. CC e PAS aumentadas poderiam estar envolvidas nessa alteração. SAOS foi detectada na maioria dos adolescentes independentemente de obesidade. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(4):795-803)

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Obesity affects adolescence and may lead to metabolic syndrome (MetS) and endothelial dysfunction, an early marker of cardiovascular risk. Albeit obesity is strongly associated with obstructive sleep apnea (OSA), it is not clear the role of OSA in endothelial function in adolescents with obesity. Objective: To investigate whether obesity during adolescence leads to MetS and/or OSA; and causes endothelial dysfunction. In addition, we studied the possible association of MetS risk factors and apnea hypopnea index (AHI) with endothelial dysfunction. Methods: We studied 20 sedentary obese adolescents (OA; 14.2±1.6 years, 100.9±20.3kg), and 10 normal-weight adolescents (NWA, 15.2±1.2 years, 54.4±5.3kg) paired for sex. We assessed MetS risk factors (International Diabetes Federation criteria), vascular function (Flow-Mediated Dilation, FMD), functional capacity (VO2peak) and the presence of OSA (AHI>1event/h, by polysomnography). We considered statistically significant a P<0.05. Results: OA presented higher waist (WC), body fat, triglycerides, systolic (SBP) and diastolic blood pressure (DBP), LDL-c and lower HDL-c and VO2peak than NWA. MetS was presented in the 35% of OA, whereas OSA was present in 86.6% of OA and 50% of EA. There was no difference between groups in the AHI. The OA had lower FMD than NWA (6.17±2.72 vs. 9.37±2.20%, p=0.005). There was an association between FMD and WC (R=-0.506, p=0.008) and FMD and SBP (R=-0.493, p=0.006). Conclusion: In adolescents, obesity was associates with MetS and caused endothelial dysfunction. Increased WC and SBP could be involved in this alteration. OSA was observed in most adolescents, regardless of obesity. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(4):795-803)
  • Prevenção da Doença Cardiovascular na Adolescência: Novos Horizontes Minieditorial

    Silva, Mariana Xavier e
  • Aumento da Rigidez Arterial Pulmonar e Comprometimento do Acoplamento Ventrículo Direito-Artéria Pulmonar na SOP Artigo Original

    Abacioglu, Ozge Ozcan; Gulumsek, Erdinc; Sumbul, Hilmi Erdem; Kaplan, Mehmet; Yavuz, Fethi

    Resumo em Português:

    Resumo Fundamento: A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a doença endócrino-metabólica mais comum em mulheres em idade reprodutiva, e ocorre em uma a cada 10 mulheres. A doença inclui irregularidade menstrual e excesso de hormônios masculinos e é a causa mais comum de infertilidade em mulheres. A dispneia é um sintoma frequente e muitas vezes acredita-se que seja decorrente da obesidade, mas não se sabe se é decorrente de disfunção cardíaca. Objetivo: Avaliar o acoplamento ventrículo-arterial (VDAP) e a rigidez arterial pulmonar em pacientes com SOP. Métodos: Foram incluídos 44 pacientes com SOP e 60 controles; amostras de sangue venoso foram coletadas para exames laboratoriais e ecocardiograma transtorácico 2-D, Modo-M e com Doppler tecidual foram realizados em todos os participantes. Um valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados: Quando comparadas ao grupo controle, as pacientes com SOP apresentaram valores maiores de rigidez da artéria pulmonar (p = 0,001), que se correlacionaram positivamente com o índice HOMA-IR (r = 0,545 e p <0,001). O acoplamento VDAP também estava comprometido em 34% dos pacientes do estudo. Conclusão: A rigidez da artéria pulmonar está aumentada e o acoplamento VDAP está comprometido em pacientes com SOP. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(4):806-811)

    Resumo em Inglês:

    Abstract Background: Polycystic ovary syndrome (PCOS) is the most common endocrine-metabolic disease in women in reproductive age, and occurs in one of 10 women. The disease includes menstrual irregularity and excess of male hormones and is the most common cause of female infertility. Dyspnea is a frequent symptom and is often thought to be due to obesity, and whether it is due to cardiac dysfunction is unknown. Objective: To evaluate right ventricle-pulmonary artery (RV-PA) coupling and pulmonary arterial stiffness in patients with PCOS. Methods: 44 PCOS patients and 60 controls were included; venous blood samples were taken for laboratory tests and 2-D, m-mode and tissue doppler transthoracic echocardiography were performed for all the participants. P<0,05 was considered as statistically significant. Results: When compared to the control group, PCOS patients had higher pulmonary artery stiffness values (p=0,001), which were positively correlated with HOMA-IR (r=0,545 and p<0,001). RV-PA coupling was also impaired in 34% of the study patients. Conclusion: Pulmonary artery stiffness is increased and RV-PA coupling is impaired in patients with PCOS. (Arq Bras Cardiol. 2021; 116(4):806-811)
  • Hipertensão Pulmonar na Síndrome do Ovário Policístico Minieditorial

    Reddy, Yogesh N. V.
  • Disautonomia: Uma Condição Esquecida – Parte 1 Artigo De Revisão

    Rocha, Eduardo Arrais; Mehta, Niraj; Távora-Mehta, Maria Zildany Pinheiro; Roncari, Camila Ferreira; Cidrão, Alan Alves de Lima; Elias Neto, Jorge

    Resumo em Português:

    Resumo – Pontos Essenciais O termo disautonomia abrange um conjunto de condições clínicas com características e prognósticos distintos. Classificam-se em síndromes reflexas, síndrome postural ortostática taquicardizante (SPOT), síndrome da fadiga crônica, Hipotensão Ortostática Neurogênica (HON) e a Síndrome da hipersensibilidade do seio carotídeo. As síndromes reflexas (vasovagal) não serão discutidas neste artigo. As síndromes reflexas (vasovagal) são, na maioria das vezes, benignas, e ocorrem usualmente em pacientes sem doença intrínseca do sistema nervoso autônomo (SNA) ou do coração. Por isso, geralmente são estudadas separadamente. O termo neuropatia autonômica cardiovascular (NAC) é o mais utilizado na atualidade para definir as disautonomias com comprometimento do sistema nervoso autônomo cardiovascular simpático e/ou parassimpático. Pode ser idiopática, como a atrofia multissistêmica ou a falência autonômica pura, ou secundária a patologias sistêmicas como diabetes mellitus, doenças neurodegenerativas, doença de Parkinson, síndromes demenciais, insuficiência renal crônica, amiloidose, podendo também acometer idosos. A presença de neuropatia autonômica cardiovascular (NAC) implica em maior gravidade e pior prognóstico em diversas situações clínicas. A detecção de hipotensão ortostática (HO) é um sinal tardio e significa maior gravidade no contexto das disautonomias, definida como hipotensão ortostática neurogênica (HON). Deve ser diferenciada das hipotensões por hipovolemia ou medicamentosas, chamadas de hipotensão ortostática não neurogênica (HONN). A HO pode decorrer de causas benignas, como a hipovolemia aguda, crônica, ou ao uso de diversos fármacos. Esses fármacos podem, entretanto, apenas desmascarar quadros subclínicos de disautonomia. Deve-se reavaliar todos os fármacos de pacientes com quadros disautonômicos. O diagnóstico preciso de NAC e a investigação do envolvimento de outros órgãos ou sistemas é de extrema importância na suspeita clínica de uma pandisautonomia. No diabético, além da idade e do tempo de doença, outros fatores estão associados a maior ocorrência de NAC, como descontrole glicêmico, hipertensão, dislipidemia e obesidade. Entre os pacientes diabéticos, 38–44% podem evoluir com disautonomia, com implicações prognósticas e maior mortalidade cardiovascular. Nas etapas iniciais da DM, a disfunção autonômica envolve o sistema parassimpático, posteriormente o simpático e mais tardiamente manifesta-se com hipotensão ortostática. Os testes de Valsalva, respiratório e ortostático (30:15) são os métodos de padrão ouro para o diagnóstico de NAC. Eles podem ser associados aos testes de variabilidade RR no domínio do tempo, e principalmente da frequência, para aumento da sensibilidade (protocolo dos 7 testes). Esses testes podem detectar alterações iniciais ou subclínicas e avaliar a gravidade e o prognóstico. O teste de inclinação (tilt test) não deve ser o exame de escolha para investigação de NAC em fase inicial, pois detecta casos em fases mais avançadas. A resposta no tilt com padrão disautonômico (queda gradativa da pressão arterial sem aumento da frequência cardíaca) pode sugerir NAC. O tratamento dos pacientes em fases moderadas a avançadas das disautonomias é bastante complexo e muitas vezes refratário, necessitando de avaliação especializada e multidisciplinar. Não há cura para a maioria das disautonomias em fase tardia. Os pacientes com HON podem evoluir com hipertensão supina em mais de 50% dos casos, representando um grande desafio terapêutico. O risco imediato e as consequências da HO devem ter preferência sobre os riscos mais tardios da hipertensão supina e valores maiores que 160/90 mmHg são toleráveis. Medidas como dormir com a cabeceira elevada (20–30 cm), não levantar à noite, uso de anti-hipertensivo de ação curta noturna para casos mais severos, como a losartana, captopril, clonidina ou adesivos de nitratos, podem ser necessários e efetivos em alguns casos. As medidas preventivas como cuidados posturais, boa hidratação, maior ingesta de sal, uso de meias e cintas abdominais compressoras, refeições fracionadas, atividade física supervisionada principalmente sentada, deitada ou exercícios na água são etapas importantes no tratamento. Diversos fármacos podem ser usados para HON sintomática, principalmente a fludrocortisona, a midodrina e a droxidopa. Esses últimas não estão disponíveis no Brasil. O risco de exacerbação ou desencadeamento de hipertensão supina deve ser considerado. A síndrome da fadiga crônica representa uma forma de disautonomia e tem sido renomeada como doença sistêmica de intolerância ao exercício, com novos critérios diagnósticos: 1 - Fadiga inexplicada, levando a incapacidade para o trabalho por mais que 6 meses; 2 - Mal-estar após exercício; 3 - Sono não reparador; 4 - Mais um dos seguintes achados: comprometimento cognitivo ou intolerância ortostática. Várias patologias na atualidade têm evoluído com fadiga crônica, sendo denominadas de doenças crônicas associadas a fadiga crônica. A síndrome postural ortostática taquicardizante (SPOT), outra forma de apresentação das síndromes disautonômicas, é caracterizada por elevação sustentada da frequência cardíaca (FC) ≥30 bpm (≥40 bpm se <20 anos) ou FC ≥120 bpm, nos primeiros 10 minutos em posição ortostática ou durante o tilt test, sem hipotensão ortostática clássica associada. Pode ocorrer leve redução na pressão arterial. Os sintomas manifestam-se ou pioram em posição ortostática, sendo comuns a tontura, fraqueza, pré-síncope, palpitações, além de outros sintomas sistêmicos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract — Key Points Dysautonomia covers a range of clinical conditions with different characteristics and prognoses. They are classified as Reflex Syndromes, Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome (POTS), Chronic Fatigue Syndrome, Neurogenic Orthostatic Hypotension (nOH) and Carotid Sinus Hypersensitivity Syndrome. Reflex (vasovagal) syndromes will not be discussed in this article. Reflex (vasovagal) syndromes are mostly benign and usually occur in patients without an intrinsic autonomic nervous system (ANS) or heart disease. Therefore, they are usually studied separately. Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN) is the term most currently used to define dysautonomia with impairment of the sympathetic and/or parasympathetic cardiovascular autonomic nervous system. It can be idiopathic, such as multisystemic atrophy or pure autonomic failure, or secondary to systemic pathologies such as diabetes mellitus, neurodegenerative diseases, Parkinson's disease, dementia syndromes, chronic renal failure, amyloidosis and it may also occur in the elderly. The presence of Cardiovascular Autonomic Neuropathy (CAN) implies greater severity and worse prognosis in various clinical situations. Detection of Orthostatic Hypotension (OH) is a late sign and means greater severity in the context of dysautonomia, defined as Neurogenic Orthostatic Hypotension (nOH). It must be differentiated from hypotension due to hypovolemia or medications, called non-neurogenic orthostatic hypotension (nnOH). OH can result from benign causes, such as acute, chronic hypovolemia or use of various drugs. However, these drugs may only reveal subclinical pictures of Dysautonomia. All drugs of patients with dysautonomic conditions should be reevaluated. Precise diagnosis of CAN and the investigation of the involvement of other organs or systems is extremely important in the clinical suspicion of pandysautonomia. In diabetics, in addition to age and time of disease, other factors are associated with a higher incidence of CAN, such poor glycemic control, hypertension, dyslipidemia and obesity. Among diabetic patients, 38–44% can develop Dysautonomia, with prognostic implications and higher cardiovascular mortality. In the initial stages of DM, autonomic dysfunction involves the parasympathetic system, then the sympathetic system and, later on, it presents as orthostatic hypotension. Valsalva, Respiratory and Orthostatic tests (30:15) are the gold standard methods for the diagnosis of CAN. They can be associated with RR Variability tests in the time domain, and mainly in the frequency domain, to increase the sensitivity (protocol of the 7 tests). These tests can detect initial or subclinical abnormalities and assess severity and prognosis. The Tilt Test should not be the test of choice for investigating CAN at an early stage, as it detects cases at more advanced stages. Tilt response with a dysautonomic pattern (gradual drop in blood pressure without increasing heart rate) may suggest CAN. Treatment of patients at moderate to advanced stages of dysautonomia is quite complex and often refractory, requiring specialized and multidisciplinary evaluation. There is no cure for most types of Dysautonomia at a late stage. NOH patients can progress with supine hypertension in more than 50% of the cases, representing a major therapeutic challenge. The immediate risk and consequences of OH should take precedence over the later risks of supine hypertension and values greater than 160/90 mmHg are tolerable. Sleeping with the head elevated (20–30 cm), not getting up at night, taking short-acting antihypertensive drugs for more severe cases, such as losartan, captopril, clonidine or nitrate patches, may be necessary and effective in some cases. Preventive measures such as postural care; good hydration; higher salt intake; use of compression stockings and abdominal straps; portioned meals; supervised physical activity, mainly sitting, lying down or exercising in the water are important treatment steps. Various drugs can be used for symptomatic nOH, especially fludrocortisone, midodrine and droxidopa, the latter not available in Brazil. The risk of exacerbation or triggering supine hypertension should be considered. Chronic Fatigue Syndrome represents a form of Dysautonomia and has been renamed as a systemic disease of exercise intolerance, with new diagnostic criteria: 1 - Unexplained fatigue, leading to occupational disability for more than 6 months; 2 - Feeling ill after exercising; 3 - Non-restorative sleep; 4 - One of the following findings: cognitive impairment or orthostatic intolerance. Several pathologies today have evolved with chronic fatigue, being called chronic diseases associated with chronic fatigue. Postural orthostatic tachycardia syndrome (POTS), another form of presentation of dysautonomic syndromes, is characterized by sustained elevation of heart rate (HR) ≥30 bpm (≥40 bpm if <20 years) or HR ≥120 bpm, in the first 10 minutes in an orthostatic position or during the tilt test, without classical orthostatic hypotension associated. A slight decrease in blood pressure may occur. Symptoms appear or get worse in an orthostatic position, with dizziness, weakness, pre-syncope, palpitations, and other systemic symptoms being common.
  • Dupla Via de Saída de Ventrículo Direito com Comunicação Interventricular não Relacionada e Estenose Pulmonar, em Evolução Natural, em Mulher com 36 Anos Carta Científica

    Atik, Edmar
  • Bioprótese Valvar Porcina: Um Legado de Mario Vrandecic Carta Científica

    Vrandecic, Erika Correa; Vrandecic, Ektor Correa; Gontijo Filho, Bayard; Elias, Rossana Dall’Orto; Couto, Braulio Roberto Gonçalves Marinho; Malachias, Marcus Vinicius Bolivar
  • Pacientes Naïve Infectados por HIV Apresentam Disfunção Concomitante com Diminuição de Anticorpos Naturais contra Autoantígenos Derivados da Apolipoproteína B Definidos Comunicação Breve

    Fonseca, Henrique Andrade R.; Gidlund, Magnus; Sant’Anna, Viviane Rodrigues; Fernandes, Esteferson Rodrigues; Fonseca, Francisco A. H.; Izar, Maria Cristina

    Resumo em Português:

    Fundamento: Fatores de risco definidos para HIV e tradicionais podem estar associados a um aumento de eventos cardiovasculares. Estudos recentes sugerem que a resposta imune humoral à LDL modificada pode estar associada ao processo de aterosclerose. Objetivos: Avaliar a presença de anti-LDL oxidada e de peptídeos derivados da Apolipoproteína B no sangue, bem como sua associação à função endotelial na infecção por HIV. Métodos: Este estudo incluiu consecutivamente sujeitos com idade, sexo e dados demográficos correspondentes em dois grupos: (1) indivíduos infectados com HIV e naïve para terapia antiviral e (2) indivíduos não infectados. A aterosclerose subclínica foi avaliada pela espessura íntima-média, utilizando-se a ultrassonografia das artérias carótidas. A função endotelial foi determinada pela dilatação mediada por fluxo (DMF) da artéria braquial por ultrassonografia. Os níveis de autoanticorpos (IgM, IgG) de lipoproteínas de baixa densidade antioxidadas (LDL-ox), fragmentos de peptídeos antiapolipoproteína B (peptídeos ApoB-D e 0033G-Cys), e citocina foram avaliados por meio de ELISA. Resultados: Os resultados deste estudo não mostraram diferenças na aterosclerose subclínica entre os grupos. Entretanto, os sujeitos infectados com HIV apresentaram uma DMF mais baixa, em comparação com os sujeitos não infectados. Portanto, os sujeitos infectados com HIV apresentaram níveis mais altos de citocinas inflamatórias, títulos de IgG anti-LDL-ox, e IgG anti-ApoB-D. Em contraste, títulos de IgM anti-ApoB-D foram mais baixos em indivíduos infectados com HIV e associados a funções endoteliais diminuídas. Conclusões: Os resultados deste estudo mostram que a infecção por HIV, em sujeitos naïve, está associada à disfunção endotelial e à diminuição de anticorpos naturais para antígenos Apo-B.

    Resumo em Inglês:

    Abstract Backgorund: Traditional and HIV-defined risk factors may be associated with an increase in cardiovascular events. Recent studies have suggested that the humoral immune response to modified LDL may be associated with the process of atherosclerosis. Objectives: To evaluate the presence of anti-oxLDL and apolipoprotein B-derived peptides in the blood, and their association with the endothelial function in HIV-infection. Methods: This study consecutively included subjects matched for age, gender, and demographic data in two groups: (1) HIV-infected and naïve for antiviral therapy and (2) uninfected individuals. Subclinical atherosclerosis was assessed by intimal-media thickness, using ultrasonography of the carotid arteries. Endothelial function was determined by flow-mediated dilatation (FMD) of the brachial artery by ultrasonography. Autoantibodies (IgM, IgG) anti-oxidized low-density lipoprotein (oxLDL), anti-apolipoprotein B-peptide fragments (ApoB-D and 0033G-Cys peptides), and cytokine levels were evaluated by ELISA. Results: This study's results showed no difference in subclinical atherosclerosis between groups; however, HIV-infected subjects showed a lower FMD, when compared to non-infected subjects. Therefore, HIV-infected subjects showed higher levels of inflammatory cytokines, titers of IgG anti-oxLDL, and IgG anti-ApoB-D. In contrast, titers of IgM anti-ApoB-D were lower in HIV-infected individuals and associated with reduced endothelial functions. Conclusions: This study's results show that HIV infection, in naïve subjects, is associated with endothelial dysfunction and a decline of natural antibodies to apo-B antigens.
  • Amiloidose Cardíaca por Transtirretina Simulando Cardiomiopatia Hipertrófica em um Paciente Idoso Imagem

    Guimarães, José Pedro Alves; Trigo, Joana; Gonçalves, Fernando; Moreira, J. Ilídio
  • Troponina-T e Peptídeo Natriurético tipo B na COVID-19 Carta Ao Editor

    Yasri, Sora; Wiwanitkit, Viroj
  • Errata Errata

Sociedade Brasileira de Cardiologia - SBC Avenida Marechal Câmara, 160, sala: 330, Centro, CEP: 20020-907, (21) 3478-2700 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil, Fax: +55 21 3478-2770 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@cardiol.br