Sumário
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Volume: 122, Número: 10, Publicado: 2025Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Volume: 122, Número: 10, Publicado: 2025
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Minieditorial BRE e a Mudança de Paradigma do IAMCSST para o IAM com Oclusão McLaren, Jesse T.T Helseth, Hans C. Smith, Stephen W. |
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Artigo Original Acurácia da Cronologia do Bloqueio de Ramo Esquerdo e dos Critérios Eletrocardiográficos para o Diagnóstico de Infarto Agudo do Miocárdio: Revisão Sistemática e Metanálise Alencar, José Nunes de Lima, Gleydson Wesley Freire Geraldo, Haissa Assad dos Santos Fernandes, Rinaldo Carvalho Scheffer, Matheus Kiszka Felicioni, Sandro Pinelli Marchi, Mariana Fuziy Nogueira De Resumo em Português: Resumo Fundamento A utilidade diagnóstica do bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo ou presumivelmente novo para o infarto agudo do miocárdio (IAM), no contexto da síndrome coronariana aguda (SCA), permanece controversa. Objetivo Avaliar se a cronologia do BRE prediz IAM e comparar sua acurácia diagnóstica com os critérios eletrocardiográficos (ECG) isquêmicos, com ênfase nos Critérios de Sgarbossa Modificados (CSM). Métodos Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed e Scopus por estudos envolvendo pacientes com SCA e BRE até dezembro de 2023. Foram calculadas sensibilidade, especificidade, razão de verossimilhança positiva (RV+), razão de verossimilhança negativa (RV–) e razão de chances diagnóstica (diagnostic odds ratio, DOR) para avaliar a acurácia diagnóstica. Também foram analisados dados de incidência e mortalidade. O risco de viés foi avaliado por meio da Newcastle-Ottawa Scale (NOS) e do instrumento revisado Quality Assessment of Diagnostic Accuracy Studies (QUADAS-2). Resultados Um total de 51 estudos foi incluído. O BRE esteve presente em 3,3% dos casos de SCA e foi associado a maior mortalidade intra-hospitalar. A distinção entre BRE novo e antigo demonstrou valor diagnóstico nulo: RV+ 1,30 (IC 95%: 0,75 a 1,85), RV– 0,90 (IC 95%: 0,79 a 1,02) e DOR 1,44 (IC 95%: 0,93 a 2,24); todos os intervalos de confiança cruzaram o valor nulo (1,0). Em contraste, os CSM demonstraram sensibilidade de 83,6% (IC 95%: 55,4 a 95,5%) e especificidade de 92,6% (IC 95%: 78,9 a 97,7%) para IAM oclusivo confirmado por angiografia, com RV+ de 11,34 (IC 95%: 3,67 a 34,99) e RV– de 0,18 (IC 95%: 0,054 a 0,575). Conclusão A cronologia do BRE, isoladamente, não altera de forma significativa a probabilidade de IAM. Critérios ECG isquêmicos — especialmente os CSM — apresentam acurácia diagnóstica substancialmente superior e devem nortear a tomada de decisão clínica em pacientes com SCA e BRE.Resumo em Inglês: Abstract Background The diagnostic utility of new or presumed new left bundle branch block (LBBB) for acute myocardial infarction (AMI) in the setting of acute coronary syndrome (ACS) remains controversial. Objective To evaluate whether the timing of LBBB predicts AMI and to compare its diagnostic accuracy with ischemic electrocardiography (ECG) criteria, particularly the Modified Sgarbossa Criteria (MSC). Methods We searched PubMed and Scopus for studies involving patients with ACS with LBBB through December 2023. Sensitivity, specificity, positive (LR+) and negative (LR–) likelihood ratios, and diagnostic odds ratios (DOR) were calculated to assess diagnostic accuracy. Incidence and mortality data were also analyzed. Risk of bias was evaluated using the Newcastle-Ottawa Scale (NOS) and the revised Quality Assessment of Diagnostic Accuracy Studies (QUADAS-2) tool. Results A total of 51 studies were included. LBBB occurred in 3.3% of ACS presentations and was associated with higher in-hospital mortality. Differentiating new from old LBBB was diagnostically neutral: LR+ 1.30 (95% CI: 0.75 to 1.85), LR– 0.90 (95% CI: 0.79 to 1.02), and DOR 1.44 (95% CI: 0.93 to 2.24); all confidence intervals crossed the null value of 1.0. In contrast, MSC demonstrated 83.6% sensitivity (95% CI: 55.4 to 95.5%) and 92.6% specificity (95% CI: 78.9 to 97.7%) for angiographically confirmed occlusive AMI, with LR+ 11.34 (95% CI: 3.67 to 34.99) and LR– 0.18 (95% CI: 0.054 to 0.575). Conclusion LBBB chronology alone does not significantly impact the likelihood of AMI. Ischemic ECG criteria — especially the MSC — provide substantially greater diagnostic accuracy and should guide clinical decision-making in ACS patients with LBBB. |
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Artigo Original Consumo Abusivo de Álcool em Cardiopatas: Análise de Risco pelo Comportamento de Estilo de Vida – Projeto PROSA (Projeto Saúde e Álcool) Martinelli-Filho, Martino Spaggiari, Caio Vitale Baroni, Roberta Vanalli Gomes, Cinthya Ibrahim Guirao Hueb, Thiago Ovanessian Martins, Sergio Augusto Mezzalira Pedrosa, Anísio Alexandre Andrade Nishioka, Silvana Angelina Dório Siqueira, Sergio Freitas de Resumo em Português: Resumo Fundamento A ingestão moderada de álcool parece ter um efeito protetor cardiovascular, enquanto o consumo nocivo de álcool (CNA) está associado a altas taxas de doenças crônicas e mortalidade. A quantidade de álcool ingerido tem sido associada a comportamentos de estilo de vida; no entanto, essa relação ainda não foi avaliada em pacientes com doença cardíaca (DC). Objetivo Avaliar a associação entre o estilo de vida e o CNA em pacientes com DC. Métodos Trata-se de um estudo observacional que incluiu um grupo de pacientes com DC e um grupo de voluntários, com o objetivo de avaliar a associação entre o CNA e o comportamento de estilo de vida utilizando um escore de estilo de vida (o escore LBS). O consumo de álcool foi avaliado por meio do teste AUDIT-C. O LBS foi desenvolvido atribuindo-se 1 ponto para cada variável — tabagismo; sobrepeso ou obesidade (índice de massa corporal ≥24,9); ansiedade; depressão; e falta de atividade física — e classificado como saudável (0/1 ponto), regular (2/3 pontos) ou não saudável (4/5 pontos). A análise estatística adotou como nível de significância o valor de p < 0,05. Resultados O estudo incluiu 1999 pacientes com DC e 2081 voluntários. A análise de regressão, controlada por idade e sexo, revelou que os escores de estilo de vida regular e não saudável são preditores independentes do CNA em pacientes com DC (OR = 1,35, p = 0,04 e OR = 1,76, p = 0,001, respectivamente), similarmente ao observado nos voluntários. A validação temporal demonstrou boa capacidade de discriminação do modelo de regressão (ROC = 0,80). Além disso, melhorias no escore de estilo de vida (LBS) foram associadas à redução do CNA (p = 0,02). Conclusões Este estudo demonstrou que a avaliação do risco de HAC por meio de um novo escore de estilo de vida é um preditor confiável em pacientes com DC. Também foi observado que a melhora nos comportamentos de estilo de vida pode contribuir para a redução do CNA.Resumo em Inglês: Abstract Background Moderate alcohol intake appears to have a protective cardiovascular effect, whereas harmful alcohol consumption (HAC) is associated with a high rate of chronic diseases and mortality. The amount of alcohol intake has been associated with lifestyle behaviors; however, this relationship has not been assessed in patients with heart disease (HD). Objective To evaluate the association between lifestyle behavior and HAC in HD patients. Methods This is an observational study that included one group of patients with HD and one group of volunteers designed to assess the association of HAC with lifestyle behavior using a score of lifestyle behavior (the LBS score). We assessed alcohol consumption using the AUDIT-C test. LBS was developed by assigning 1 point to each variable – smoking; overweight or obese (body mass index ≥24.9); anxiety; depression and lack of physical activity, and classified into healthy (0/1 point), regular (2/3 points), or unhealthy (4/5 points). Statistical analysis adopted as a significance level p-value <0.05. Results The study included 1,999 patients with HD and 2,081 volunteers. Regression analysis controlled for age and sex, revealed that regular and unhealthy LBS are independent predictors of HAC (OR= 1.35, p=0.04 and OR= 1.76, p=0.001, respectively) in HD patients, similar as volunteers. Good discrimination capability of the regression model was reported in the temporal validation (ROC 0.80). Furthermore, LBS improvements were associated with HAC reductions (p=0.02). Conclusions This study showed that risk assessment for HAC using a new lifestyle score is a reliable predictor in HD patients. Also, it was observed that improving lifestyle behavior may help to reduce HAC. |
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Artigo Original Impacto dos Baixos Níveis de Testosterona e SHBG sobre o Risco de Insuficiência Cardíaca: Uma Revisão Sistemática e Metanálise Artioli, Thiago Batista, Layane Bonfante Franchini, Kleber Alencar, José Nunes de Resumo em Português: Resumo Fundamento Estudos sugerem uma possível associação entre baixos níveis de testosterona e globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG) e desfechos cardiovasculares adversos. No entanto, essa relação ainda não está claramente definida. Objetivos Esta revisão sistemática teve como objetivo avaliar o valor preditivo dos níveis basais de testosterona, di-hidrotestosterona (DHT) e SHBG para a incidência de insuficiência cardíaca (IC), oferecendo uma compreensão mais aprofundada da influência hormonal sobre o risco de IC. Métodos Realizamos uma busca abrangente nas bases de dados MEDLINE, Scopus e Web of Science para identificar estudos de coorte e estudos caso-controle aninhados que mediram os níveis hormonais em adultos sem diagnóstico prévio de IC. O risco de viés foi avaliado utilizando a ferramenta ROBINS-E. Razões de risco (hazard risks, HRs) e razões de chances (odds ratios, ORs) agrupadas foram estimadas por meio de modelos bivariados de efeitos aleatórios. Um nível de significância estatística de 0,05 foi adotado para todas as análises. Resultados Dos 1209 artigos analisados, 738 permaneceram após a remoção de duplicatas. Seis estudos, totalizando 233 474 participantes (11 663 mulheres), atenderam aos critérios de inclusão. A redução de um desvio padrão nos níveis de testosterona foi modestamente associada ao aumento do risco de IC em homens (HR: 1,10; IC 95%: 1,03–1,17), mas não em mulheres (HR: 1,05; IC 95%: 0,98–1,16). Comparações entre quartis ou quintis não revelaram associações significativas, e os níveis de SHBG não foram preditores relevantes do risco de IC. A análise bayesiana forneceu evidência fraca para essa associação (fator de Bayes = 0,99). Conclusões Esta metanálise sugere que níveis baixos de testosterona estão modestamente associados ao aumento do risco de IC em homens, destacando um aspecto potencialmente importante, porém pouco explorado, da saúde cardiovascular. A heterogeneidade nos desenhos dos estudos e nas características das populações, juntamente com as associações fracas observadas, reforça a necessidade de investigações mais rigorosas. Ensaios clínicos randomizados bem estruturados são essenciais para confirmar esses achados e esclarecer os mecanismos biológicos subjacentes.Resumo em Inglês: Abstract Background Studies suggest a possible link between low levels of testosterone and sex hormone binding globulin (SHBG) and adverse cardiovascular outcomes; however, this relationship remains poorly defined. Objectives This systematic review aimed to evaluate the predictive value of baseline levels of testosterone, dihydrotestosterone (DHT), and SHBG for the incidence of heart failure (HF), providing deeper insight into the hormonal influence on HF risk. Methods We conducted a comprehensive search of the MEDLINE, Scopus, and Web of Science databases to identify cohort and nested case-control studies that measured hormone levels in adults without prior HF. Risk of bias was assessed using the ROBINS-E tool. Pooled hazard ratios (HRs) and odds ratios (ORs) were estimated using bivariate random-effects models. A statistical significance level of 0.05 was applied to all analyses. Results Out of 1,209 articles screened, 738 remained after deduplication. Six studies, including 233,474 participants (11,663 women), met the inclusion criteria. A one standard deviation decrease in testosterone levels was modestly associated with an increased risk of HF in men (HR 1.10, 95% CI: 1.03-1.17), but not in women (HR 1.05, 95% CI: 0.98-1.16). Comparisons across quartiles or quintiles did not reveal significant associations, and SHBG levels were not significant predictors of HF risk. Bayesian analysis provided weak evidence for the association (Bayes factor = 0.99). Conclusions This meta-analysis suggests that low testosterone levels are modestly associated with an increased risk of HF in men, highlighting a potentially important yet underexplored aspect of cardiovascular health. The heterogeneity in study designs and population characteristics, combined with the weak associations observed, underscores the need for further rigorous investigation. Well-designed randomized controlled trials are essential to confirm these findings and to elucidate the underlying biological mechanisms. |
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Artigo de Revisão Implante de Válvula Aórtica Transcateter (TAVI) versus Substituição Cirúrgica de Válvula em Resultados Clínicos em Pacientes com Estenose Aórtica Cordeiro, André Luiz Lisboa Gonçalves, Emmanuel de Souza Santana, Rute Macêdo de Santos, Tayane Siqueira Martins dos Resumo em Português: Resumo A estenose aórtica (EA) é uma das lesões valvares mais prevalentes, e a substituição do implante transcateter da valva aórtica (TAVI) surgiu como uma alternativa à substituição cirúrgica da valva aórtica (SAVR). O TAVI é um procedimento minimamente invasivo que se mostrou uma opção mais segura em diversos aspectos. O objetivo é revisar o impacto do TAVI em comparação à SAVR na mortalidade, complicações pós-operatórias, hospitalização e qualidade de vida em pacientes com EA. Foi realizada uma revisão sistemática utilizando a estratégia PICO, com buscas nas bases de dados PubMed, Central e LILACS, empregando os seguintes descritores: EA, hospitalização, mortalidade, ensaio clínico, TAVI, qualidade de vida, complicações pós-operatórias, combinados com os operadores booleanos “AND” e “OR”. Um total de 29 artigos foram encontrados após a leitura dos títulos e resumos. Destes, nove mostraram menor mortalidade em pacientes submetidos ao TAVI, enquanto três relataram menor mortalidade no grupo SAVR. Oito artigos apresentaram achados semelhantes em relação às complicações, com seis mostrando menor incidência de complicações pós-operatórias no TAVI e três no SAVR. Além disso, três artigos mostraram melhor qualidade de vida em pacientes submetidos ao TAVI, enquanto um estudo indicou menor tempo de internação hospitalar para pacientes submetidos ao TAVI. Em todos os estudos, os pacientes analisados tinham mais de 70 anos. O TAVI reduziu a mortalidade em comparação com a SAVR em pacientes com EA. Além disso, o TAVI foi associado à redução da internação hospitalar e à melhora da qualidade de vida. Em relação às complicações pós-operatórias, os resultados indicaram que o TAVI tende a apresentar menor taxa de complicações, embora existam variações entre os estudos.Resumo em Inglês: Abstract Aortic stenosis (AS) is one of the most prevalent valve lesions, and transcatheter aortic valve replacement (TAVI) has emerged as an alternative to surgical aortic valve replacement (SAVR). TAVI is a minimally invasive procedure that has proven to be a safer option in several aspects. The objective is to review the impact of TAVI compared to surgical aortic valve replacement on mortality, postoperative complications, hospitalization, and quality of life in patients with AS. A systematic review was conducted using the PICO strategy, with searches in the PubMed, Central, and LILACS databases, employing the following descriptors: aortic stenosis, hospitalization, mortality, clinical trial, transcatheter aortic valve implantation, quality of life, postoperative complications, combined with the Boolean operators “AND” and “OR.” A total of 29 articles were found after reading the titles and abstracts. Of these, nine showed lower mortality in patients undergoing TAVI, while three reported lower mortality in the SAVR group. Eight articles had similar findings regarding complications, with six showing a lower incidence of postoperative complications in TAVI and three in SAVR. Additionally, three articles showed better quality of life in TAVI patients, while one study indicated a shorter hospital stay for TAVI patients. In all studies, the patients analyzed were over 70 years old. TAVI reduced mortality compared to SAVR in patients with AS. Furthermore, TAVI was associated with a reduction in hospital stay and improvement in quality of life. Regarding postoperative complications, the results indicated that TAVI tends to have a lower complication rate, although variations exist between studies. |
