Open-access Variáveis relacionadas à recidiva locoregional e à distância no câncer de esôfago

RESUMO

Racional:  O câncer de esôfago continua sendo uma das neoplasias malignas mais agressivas do trato gastrointestinal, com taxas elevadas de recorrência e mortalidade, apesar da cirurgia com intenção curativa e das terapias adjuvantes. A identificação dos fatores associados à recorrência é crucial para melhorar os desfechos e orientar o tratamento personalizado.

Objetivos:  Avaliar as variáveis pré-tratamento e relacionadas ao tratamento associadas à recorrência, em portadores de câncer de esôfago, submetidos à ressecção cirúrgica.

Métodos:  Estudo retrospectivo que analisou dados de pacientes com carcinoma de esôfago em estágio I-III, submetidos à esofagectomia entre 2000 e 2025, utilizando o banco de dados da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP). Variáveis clínicas, histológicas e relacionadas ao tratamento foram avaliadas. A sobrevida livre de doença e os padrões de recorrência foram avaliados utilizando modelos de riscos proporcionais de Cox e modelos de risco de subdistribuição de Fine-Gray.

Resultados:  O total de 2.057 pacientes foram incluídos, com um acompanhamento médio de 36,5 meses (±44,8). Na análise multivariada, o estágio avançado do tumor (estágio II: HR 1,68, IC95% 1,21–2,33; estágio III: HR 3,23, IC95% 2,29–4,56; ambos p<0,01), localização (esôfago médio: HR 1,31, IC95% 1,11–1,54; p=0,001; esôfago superior: HR 1,54, IC95% 1,21–1,96; p<0,001) e subtipo histológico (histologias raras: HR 2,17, IC95% 1,35–3,49; p=0,001) foram associados a pior sobrevida livre de doença. A terapia multimodal melhorou a sobrevida livre de doença (HR 0,40, IC95% 0,24–0,66) em tumores em estágio III. O carcinoma de células escamosas foi independentemente associado à recidiva locorregional (SHR 1,52, IC95% 1,05–2,20; p=0,027). Para recidiva distante, o carcinoma de células escamosas mostrou um efeito protetor (SHR 0,52, IC95% 0,31–0,88; p=0,015), enquanto o alto grau do tumor (grau II: SHR 3,65, IC95% 1,98–6,72; p<0,001) foi associado a um risco aumentado. Os tratamentos multimodais influenciaram os padrões de recidiva, mas não previram os resultados de forma independente após o ajuste.

Conclusões:  O estágio, a localização e o tipo histológico do tumor foram fortes preditores de sobrevida livre de doença, após cirurgia para câncer de esôfago. Os subtipos histológicos influenciaram significativamente os padrões de recorrência. O carcinoma de células escamosas foi associado a um risco maior de recorrência locorregional, mas a um risco menor de metástase à distância em comparação ao adenocarcinoma. A terapia multimodal demonstrou efeito protetor no estágio III da doença.

Palavras-chave:
Neoplasias Esofágicas; Recidiva; Prognóstico; Procedimentos Cirúrgicos; Estadiamento de Neoplasias

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