RESUMO
RACIONAL: A pancreaticoduodenectomia (PD) é uma intervenção importante na cirurgia digestiva. Embora sua mortalidade seja atualmente baixa em centros experientes, a morbidade permanece alta, dominada pela fístula pancreática.
OBJETIVOS: Analisar os fatores de risco para fístula pancreática pós-operatória (FPO) após pancreaticoduodenectomia.
MÉTODOS: Foi realizado um estudo retrospectivo no Departamento de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Habib Thameur, em Túnis, durante 12 anos (2010–2021). Todos os pacientes submetidos à pancreaticoduodenectomia foram incluídos, independentemente da indicação.
RESULTADOS: Nossa série incluiu 50 pacientes, sendo 27 homens e 23 mulheres. A taxa de fístula pancreática foi de 32% (16 pacientes) com um tempo médio de início de 5 dias (1-12 dias). Foi um vazamento bioquímico (grau A) em 1 paciente (2%), fístula pancreática grau B em 5 pacientes (10%) e grau C em 10 pacientes (20%). A fístula pancreática foi responsável por 10% da mortalidade pós-operatória (5 pacientes). A análise univariada demonstrou uma correlação significativa entre a fístula pancreática pós-operatória e os seguintes fatores: diâmetro do ducto pancreático principal ≤3 mm (p=0,036, p<0,05), textura macia do pâncreas (p=0,025, p<0,05), pancreaticojejunostomia por 2 suturas sobrepostas pela metade (p=0,049, p<0,05), glicemia de jejum ≤8 mmol/l (p=0,025, p<0,05). A análise multivariada mostrou que a textura macia do pâncreas foi o único fator de risco independente para fístula pancreática pós-operatória (p=0,02, p<0,05).
CONCLUSÕES: A textura macia do pâncreas é o único fator de risco independente para FPO. Ainda são necessários estudos prospectivos e randomizados para determinar com precisão os verdadeiros fatores de risco para fístula pancreática após a PD.
DESCRITORES:
Fístula Pancreática; Pancreaticoduodenectomia; Morbidade