Resumos
Introdução: A pancreatite aguda tem como principais causas a doença biliar litiásica e a ingestão abusiva de álcool. Na maioria das vezes, ela apresenta curso autolimitado, com rápida recuperação somente com tratamento suportivo. No entanto, significativo percentual de casos cursa com complicações locais e sistêmicas com elevados índices de mortalidade.
Objetivo: Apresentar o estado atual da utilização dos fatores (escores) prognósticos (preditivos) de gravidade, quanto ao momento da aplicação, complexidade e especificidade.
Método: Revisão não sistemática da literatura através do estudo de 28 trabalhos, com ênfase em 13 artigos publicados em periódicos indexados no período de 2008 a 2013. As bases de dados utilizadas foram: Lilacs, Medline e Pubmed.
Resultados: Diversas variáveis clínico-laboratoriais, moleculares e de imagem podem predizer o desenvolvimento da pancreatite aguda grave. Algumas isoladamente são determinantes da evolução da doença para a forma mais grave, tais como: obesidade, hematócrito, idade e tabagismo. Hematócrito com valor >44% e ureia sérica >20 mg/dl na admissão configuram-se como fatores de risco para a necrose pancreática. Já a PCR diferencia os casos leves dos graves nas primeiras 24 h. Escores multifatoriais mensurados à admissão e durante as primeiras 48 h de internação têm sido utilizados em serviços de terapia intensiva, sendo os mais empregados: Ranson, Apache II, Glasgow, Iget e Saps II.
Conclusão: A pancreatite aguda é doença em que se empregam diversos fatores prognósticos, úteis na predição da mortalidade e do desenvolvimento da forma grave. Sugere-se que a associação de um escore multifatorial, em especial o Saps II associado ao Iget, permite aumento da acurácia da predição prognóstica. Todavia, as preferências do profissional, a experiência do serviço, bem como, as ferramentas disponíveis, são fatores que têm determinado a escolha do escore preditor mais adequado.
Pancreatite aguda; Prognóstico; Índice de gravidade de doença
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Adaptado de Campos T, Parreira JG, Assef JC, Rizoli S, Nascimento B, Fraga GP. Classificação de gravidade na pancreatite aguda. Rev Col Bras Cir. [periódico na Internet] 2013; 40(2). Disponível em URL: http:// www.scielo.br/rcbc
Adaptado de Feldman M, Friedman L, Brandt L. Sleisenger and Fordtran's Gastrointestinal and Liver Disease, Ninth Edition 2010. GB=global de leucócitos; LDH=desidrogenase láctica; AST=aspartato aminotransferase; BUN=uréia sérica; PO2=pressão parcial do oxigênio no sangue arterial
Adaptado de Knaus WA; Draper EA; Wagner DP, Zimmerman JE. APACHE II: a severity of disease classification system. Crit care Med 1985; 13(10): 818-29. T retal=temperatura retal; PAM=pressão arterial média; FC=frequência cardíaca; FR=frequência respiratória; Sato2=saturação de oxigênio; pH art=pH arterial; Na=sódio plasmático; K=potássio plasmático; Cr=creatinina; Ht=hematócrito; GB=global de leucócitos
Adaptado de Bouch DC, Thompson JP. Severity scoring systems in the critically ill. Continuing Education in Anaesthesia, Critical Care & Pain. 2008; 8(5): 181-185. *CPAP=pressão positiva contínua nas vias aéreas; ** PaO2=pressão parcial do oxigênio no sangue arterial; *** FiO2= fração inspirada de oxigênio
Adaptado de Delrue L. J; Waele J. J; Duyck P. O. Acute pancreatitis: radiologic scores in predicting severity and outcome. 2010; 35(3):349-61Adaptado de Ledesma-Heyer JP, Amaral JA. Pancreatitis aguda. Medicina Interna de México. (2009; 25(4): 285-294). * PaO2=pressão parcial do oxigênio no sangue arterial; ** DHL=desidrogenase lática; *** AST=aspartato aminotransferase; ALT=alanino aminotransferase.
* Alguns estudos sugerem uma exatidão moderada do SAPS II no que concerne ao prognóstico da pancreatite aguda; **menor reprodutibilidade para a definição da extensão da necrose pancreática não interferindo na reprodutibilidade do cálculo do IGET; *** estudos tomográficos realizados precocemente mostram achados equívocos relacionados à isquemia da glândula que segundo Balthazar, exames realizados após três dias têm maior acurácia diagnóstica, e para estadiamento da pancreatite aguda, a tomografia somente deveria ser realizada após 48-72 h do início do quadro clínico.