RESUMO
RACIONAL: Cirurgias estão associadas a um alto risco de morbidade e mortalidade quando realizadas em pacientes críticos.
OBJETIVOS: investigar os fatores de risco associados a resultados adversos em uma coorte de pacientes admitidos em unidade de terapia intensiva (UTI) de um único centro de referência após cirurgia abdominal.
MÉTODOS: Pacientes admitidos em UTI cirúrgica entre janeiro 2016 e dezembro 2022 foram avaliados retrospectivamente. Dados referentes a variáveis demográficas, clínicas e perioperatórias foram comparados à mortalidade hospitalar.
RESULTADOS: Foram avaliados 1.717 pacientes (1.096 mulheres, idade 61+17 anos). A maioria dos pacientes foi submetida a cirurgia colorretal (n=499), pancreática (n=148), biliar (n=147), gástrica (n=145), hepática (n=131) e vários procedimentos ginecológicos/obstétricos (n=250). Um total de 52,3% desses procedimentos cirúrgicos foram eletivos. Os escores médios do Índice de Comorbidade de Charlson (CCI) e do APACHE II foram 4,4±2,8 e 10,1±5,6, respectivamente. Mortalidade foi observada em 158 (9,2%) pacientes. Idade (70,4±14,3 vs. 60,6±17,1 anos nos sobreviventes, p=0,002), CCI (6,1±2,5 vs. 4,3±2,8 nos sobreviventes, p=0,005), tipo de cirurgia (13,6% cirurgias emergenciais ou urgentes vs. 5,5% cirurgias eletivas, p<0,001) e APACHE II (16,7±8,4 vs. 9,4±4,7 nos sobreviventes, p=0,001) foram associados à mortalidade na análise univariada, mas somente o índice de comorbidade de Charlson, o tipo de cirurgia e APACHE II foram independentemente correlacionados a um maior risco de morte na análise multivariada.
CONCLUSÕES: Atualmente, a mortalidade após cirurgia abdominal em pacientes que necessitam de suporte pós-operatório em UTI é inferior a 10%, sendo independentemente associada a cirurgias urgentes/emergenciais, gravidade da doença e comorbidades.
DESCRITORES:
Morbidade; Mortalidade; Cirurgia Geral; Unidades de Terapia Intensiva