Acessibilidade / Reportar erro

Hipoglicemia por nesidioblastose: uma complicação rara da cirurgia bariátrica?

Nesidioblastosis hypoglycemia: is it a rare complication of bariatric surgery?

INTRODUÇÃO: A cirurgia bariátrica tem-se mostrado o método mais eficaz na resolução do diabetes mellitus tipo II, chegando a resultados superiores a 80% de cura da doença. Contudo, alguns estudos têm mostrado estado de hiperinsulinemia com hipoglicemia em certos pacientes obesos mórbidos após a realização da cirurgia bariátrica, ao que se denominou nesidioblastose, que corresponde ao hipercrescimento patológico das células beta pancreáticas. O objetivo desse estudo é realizar revisão bibliográfica sobre nesidioblastose pós-cirurgia bariátrica, através da pesquisa por artigos científicos publicados a partir de 2000. MÉTODOS: Realizou-se revisão bibliográfica de artigos científicos publicados a partir de 2000. A base de dados pesquisada foi o PubMed, através do site www.pubmed.gov. cruzando-se os descritores Nesidioblastose. Hiperinsulinismo. Hipoglicemia. Cirurgia bariátrica, complicações. REVISÃO DE LITERATURA: Revisou-se 14 publicações encontradas com o tema. Dentre elas, Cummings defende que após a realização da cirurgia bariátrica, ocorrem alterações no trânsito intestinal gerando estimulação e crescimento excessivo das células beta-pancreáticas e maior atividade dos hormônios pancreáticos, sugerindo possível causa para a nesidioblastose. Corroborando para desvendar a causa dessa doença, autores sugerem que o rápido trânsito alimentar duodenal após o bypass gástrico, eleva os níveis da peptídeo glucagonóide 1 e estimula, assim, a hiperinsulinemia hipoglicêmica nesses pacientes. De forma semelhante, outros defendem que a perda de peso após a cirurgia bariátrica, reduz muito a resistência à insulina devido à hipertrofia e hiperfunção das células beta-pancreáticas, o que é muito comum na obesidade, gerando a nesidioblastose. CONCLUSÃO: A nesidioblastose após cirurgia bariátrica pode representar o extremo patológico de um fenômeno benéfico para a maioria dos pacientes obesos mórbidos com diabetes do tipo II, porém em alguns casos raros esse fenômeno benéfico gera malefícios, ou seja, a nesidioblastose, que deve ser corrigida pela ressecção parcial do pâncreas, sob pena de ameaçar a vida desses pacientes.

Nesidioblastose; Hiperinsulinismo; Hipoglicemia; Cirurgia bariátrica; complicações


Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 278 - 6° - Salas 10 e 11, 01318-901 São Paulo/SP Brasil, Tel.: (11) 3288-8174/3289-0741 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistaabcd@gmail.com