RESUMO
RACIONAL: A pandemia de COVID-19 levou a sobrecarga dos sistemas de saúde em todo o mundo. Outras doenças como as neoplasias, dentre elas o câncer gástrico, continuaram prevalentes e tiveram seu tratamento comprometido.
OBJETIVOS: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no tratamento do câncer gástrico e a adesão ao protocolo de triagem pré-operatória de COVID-19 recomendado.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo que avaliou pacientes com diagnóstico de adenocarcinoma gástrico submetidos a tratamento cirúrgico no período 2015 a 2023.
RESULTADOS: Foram avaliados 769 pacientes com câncer gástrico. O Grupo Pré-COVID, foi composto por 527 pacientes operados entre 2015 e 2019 e Grupo COVID, formado por 242 pacientes de 2020 a 2023. A média de procedimentos cirúrgicos por ano no Grupo Pré-COVID foi de 105 e 81 no Grupo COVID. Houve diferença estatisticamente significativa entre Classificação ASA (p=0,002) e estadiamento clínico (p=0,015), piores no Grupo COVID. Observamos aumento de cirurgias diagnósticas (p=0,026), com aumento da via minimamente invasiva (p<0,001). Nos pacientes submetidos a cirurgia curativa, observa-se maior indicação de UTI pós-operatória (p=0,022) e quimioterapia neoadjuvante (p<0,001). Não houve diferença na mortalidade 30 e 90 dias.
CONCLUSÕES: Não houve comprometimento dos resultados cirúrgicos e oncológicos dos pacientes operados durante a pandemia, apesar do estádio inicial mais avançado e pior performance clínica. A boa adesão ao protocolo e a baixa taxa de complicações pelo coronavírus demonstram que houve segurança na realização das cirurgias no período.
DESCRITORES:
Neoplasias Gástricas; Pandemias; COVID-19; Oncologia Cirúrgica; Gastrectomia