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Desafios aos serviços credenciados de Dermatologia e as implicações na produção científica

Challenges to credentialed Dermatology services and implications for scientific production

EDITORIAL

Desafios aos serviços credenciados de Dermatologia e as implicações na produção científica

Challenges to credentialed Dermatology services and implications for scientific production

Há algum tempo a procura por especialização em Dermatologia extrapola, em muito, a capacidade de absorção dos serviços dedicados à formação de dermatologistas e credenciados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Na visão de parte dos membros da Sociedade, o credenciamento de novos serviços ou a ampliação dos já credenciados é necessária e mesmo bem-vinda, para reduzir a força e a proliferação de cursos pseudocientíficos, denominados de pós-graduação lato sensu em Dermatologia. Na visão de outros, a ampliação das vagas para especialização ou o credenciamento de novos serviços poderia comprometer ainda mais a qualidade da formação e banalizar a especialidade.

No entanto, além do questionamento quanto à formação nos serviços credenciados, de responsabilidade periódica a cargo da Comissão de Ensino da Sociedade, cabe-nos indagar sobre a quantidade e a qualidade da produção científica desses serviços. De forma mais objetiva, os serviços credenciados estão produzindo cientificamente? E, com que qualidade e periodicidade? Esses critérios deveriam ter peso crescente na avaliação para recredenciamento dos serviços? Seria suficiente a apresentação de trabalhos em congressos sob a forma de painel? Quanto do que é apresentado em congressos resulta em publicação efetiva? Caso a relação publicações/apresentações seja baixa ou ínfima, por que isso acontece? E ainda, é lícito exigir que cada serviço obtenha percentual mínimo de aprovação de seus candidatos no exame de título de especialista em Dermatologia para fazer jus ao recredenciamento? Quais as iniciativas que a Sociedade pode oferecer para transformar esse panorama? Além desses questionamentos, vários outros podem e devem ser objeto de reflexão dos leitores e, se possível, tornados públicos.

A bem da verdade, faltam à Sociedade alguns elementos para melhor raciocinar sobre o que foi exposto. Um deles é a ausência de dados, históricos e atuais, sobre a produção científica da Dermatologia brasileira, tanto aquela apresentada/publicada em âmbito nacional quanto em âmbito internacional. Portanto, construir essa base de dados já corresponderia a dar um passo adiante.

A Sociedade, por meio dos Anais Brasileiros de Dermatologia, tem procurado discutir, dentro de seus limites, temas vinculados à produção científica em seus simpósios durante seus congressos anuais. Tem procurado relacionar e exemplificar as diferentes metodologias de pesquisa e associá-las aos diferentes objetos de pesquisa, tem procurado enfatizar a necessidade do treinamento em documentação, e a discutir, inclusive, normas de redação científica. Mas essas iniciativas têm sido nitidamente insuficientes e de alcance aparentemente limitado.

Conseqüentemente, o desafio se transfere primeiro aos serviços credenciados. Enquanto não houver clara conscientização e mobilização dos mesmos, até o ponto de incluir a discussão de temas sobre metodologia de pesquisa, leitura crítica de artigos científicos, dermatologia baseada em evidências e documentação fotográfica, em seus programas de treinamento de especialistas, estaremos destinados a permanecer no que atualmente somos, uma especialidade restrita às ilhas de excelência na produção científica e apenas isso. q

Bernardo Gontijo

Editor Científico dos Anais Brasileiros de Dermatologia

Silvio Alencar Marques

Editor Científico Associado

Everton Siviero do Vale

Editor Científico Associado

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Maio 2008
  • Data do Fascículo
    Abr 2008
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