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Comprometimento da pálpebra e via lacrimal excretora em portador de leishmaniose cutâneo-mucosa: relato de caso

Eyelid and lacrimal excretory system impairment in patients whith leishmaniasis: case report

Resumos

Objetivo: Apresentar um portador de leishmaniose com lesão palpebral e dilatação de via lacrimal excretora. Relato de caso: O paciente em questão foi portador de leishmaniose do tipo cutâneo-mucosa, tendo apresentado múltiplas lesões de pele, ectrópio da pálpebra inferior, lesões na mucosa nasal e alterações na drenagem lacrimal. Discussão: O acometimento da pálpebra e da via lacrimal raramente ocorre em portadores de leishmaniose. Os autores chamam atenção para o diagnóstico e para a necessidade de se adotar medidas preventivas contra os vetores e a rápida instituição do tratamento.

Leisihmaniose cutânea; Pálpebras; Aparelho lacrimal; Relato de caso


Purpose: To report a patient with leishmaniasis with eyelid lesion and dilated lacrimal excretory system. Case report: This patient had mucocutaneous leishmaniasis with multiple skin lesions, ectropium of the inferior eyelid and alterations in the lacrimal excretory system. Discussion: Even though the eyelid and lacrimal ducts are infrequently affected in patients with leishmaniasis, the authors emphasized the necessity of preventing measures against the vector and early treatment.

Leishmaniasis; cutaneous; Eyelids; Lacrimal apparatus; Case report


RELATOS DE CASOS

Comprometimento da pálpebra e via lacrimal excretora em portador de leishmaniose cutâneo-mucosa: relato de caso

Eyelid and lacrimal excretory system impairment in patients whith leishmaniasis: case report

Erika Hoyama1 1 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3 o ano. 2 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente. 3 Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor. 4 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente. 5 Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.

Silvana Artioli Schellini2 1 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3 o ano. 2 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente. 3 Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor. 4 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente. 5 Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.

Hamilton Stolff3 1 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3 o ano. 2 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente. 3 Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor. 4 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente. 5 Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.

Victor Nakagima4 1 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3 o ano. 2 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente. 3 Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor. 4 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente. 5 Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.

Eliane Souto5 1 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3 o ano. 2 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente. 3 Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor. 4 Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente. 5 Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.

RESUMO

Objetivo: Apresentar um portador de leishmaniose com lesão palpebral e dilatação de via lacrimal excretora. Relato de caso: O paciente em questão foi portador de leishmaniose do tipo cutâneo-mucosa, tendo apresentado múltiplas lesões de pele, ectrópio da pálpebra inferior, lesões na mucosa nasal e alterações na drenagem lacrimal. Discussão: O acometimento da pálpebra e da via lacrimal raramente ocorre em portadores de leishmaniose. Os autores chamam atenção para o diagnóstico e para a necessidade de se adotar medidas preventivas contra os vetores e a rápida instituição do tratamento.

Descritores: Leisihmaniose cutânea/complicações; Pálpebras/patologia; Aparelho lacrimal/patologia; Relato de caso

INTRODUÇÃO

A leishmaniose é uma zoonose causada pelo protozoário flagelado Leishmania sp e transmitida pelo mosquito vetor do gênero Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo(1-2). O ciclo da Leishmania (L) envolve 2 estágios: o aflagelado que ocorre no homem ou em outros vertebrados e o flagelado, nos insetos vetores ou nos meios de cultura(3). O vetor adquire os parasitas ao ingerir o sangue de hospedeiros infectados e, através de um ciclo vicioso, perpetua a infecção pela contaminação de espécies sãs que se tornam fonte de infecção. Além do homem, outros animais como ratos, cães, raposas e gambás podem ser reservatórios.

Foram relatados cerca de 12 milhões de casos de leishmaniose no mundo, tendo sido apontada como uma das 6 maiores endemias pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1988(4). É endêmica em áreas tropicais ou de clima quente como na América Central, América do Sul, África, Índia e países do Mediterrâneo(5).

No Brasil, os primeiros casos foram detectados por volta de 1909, durante a construção da estrada-de-ferro Noroeste do Brasil, na região de Bauru (São Paulo), ficando conhecida como úlcera de Bauru(3).

Em 1988 havia cerca de 30.000 brasileiros em tratamento, registrados em 17 estados brasileiros, sendo a maior incidência observada nas regiões norte, nordeste e centro-oeste(4).

A doença é caracterizada por 3 entidades clínicas distintas: a forma cutânea ou oriental causada pela L. tropica, L. major, L. infantum e L. aethiopica no Velho Mundo(5) e L. mexicana no Novo Mundo(1); a forma visceral ou kalazar causada pela L. donovani com afinidade específica pelo sistema reticuloendotelial(6); e a forma muco-cutânea ou leishmaniose americana, causada pela L. brasiliensis(3).

A pálpebra pode estar envolvida em 2 a 5% dos portadores da forma cutânea(7) e cerca de 10 a 20% dos casos da forma muco-cutânea apresentam lesões oculares(8).

O objetivo deste é apresentar um portador de leishmaniose cutâneo-mucosa que apresentou lesão palpebral, na mucosa nasal e alteração da drenagem lacrimal.

RELATO DO CASO

MBMC, 61 anos, masculino, apicultor, procedência atual de São Roque (São Paulo) e remota Bauru (São Paulo), morador da zona rural. Foi atendido no ambulatório de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) - UNESP em 1998, referindo feridas com secreção amarelada na pálpebra inferior do olho direito e antebraço esquerdo, há cerca de 7 meses. Há 3 meses, novas feridas em membros superior e inferior, no tórax e na narina. Queixava-se, ainda, de dificuldade respiratória e tosse seca.

Ao exame, lesões pápulo-nodulares com bordas eritematosas, algumas apresentando centro ulcerado, disseminadas pelo corpo, mais concentradas na região dorsal. Na cavidade nasal verificou-se hiperemia da mucosa e lesão granulomatosa na região do septo nasal.

As biópsias das lesões de pele e do septo nasal foram compatíveis com leishmaniose, sendo a pesquisa de leishmania (coloração de Giemsa) positiva. A reação intradérmica de Montenegro mostrou positividade com formação de pápula de 10 x 7 mm. A biópsia por punch da intradermo-reação de Montenegro em antebraço também foi positiva (4+/4+).

Ao exame ocular externo a pálpebra inferior direita encontrava-se espessada, com ausência de cílios e ectrópio de toda a margem palpebral, queratinização e secreção amarelada na conjuntiva tarsal exposta (Figura 1), lagoftalmo e ceratite puntata na região da fenda palpebral. Acuidade visual de 1,0 (Tabela de Snellen) em ambos os olhos com a melhor correção óptica. Restante do exame oftalmológico dentro da normalidade.


Os testes com corantes para avaliação da excreção lacrimal mostraram: teste de Milder positivo e teste de Jones I negativo bilateralmente. O paciente foi submetido a dacriocistografia (DCG) com contraste oleoso (Lipiodol) que mostrou dilatação bilateral da via lacrimal excretora, sem a presença de obstrução (Figura 2).


O paciente foi tratado com composto antimonial (Glucantine-Rhodia Laboratórios, Anton, França) intramuscular e endovenoso por 20 dias. Após o tratamento o ectrópio se manteve, tendo sido realizada cirurgia para correção, seguindo-se a técnica do "Tarsal strip". O fragmento removido foi enviado para análise, revelando apenas reação inflamatória granulomatosa inespecífica.

Com 1 ano de seguimento o paciente se encontra em bom estado geral e sem queixas.

DISCUSSÃO

O paciente deste relato residiu em região endêmica (Bauru-São Paulo), local onde surgiram os primeiros relatos da doença no Brasil(3). No início do século, a leishmaniose era uma zoonose que afetava os homens de maneira acidental quando estes, por motivos profissionais (construção de estradas ou caça), exploravam as florestas(2). Tendo a apicultura como profissão, o paciente referiu permanecer várias horas do dia na mata, o que provavelmente tenha facilitado o contato com o mosquito vetor.

O paciente evoluiu com um quadro de leishmaniose disseminada anérgica, caracterizada pela anergia específica ao antígeno de Montenegro, ausência de envolvimento visceral e lesões cutâneas disseminadas, com localização principal das lesões na face e no antebraço. As picadas do inseto vetor geralmente se localizam nas áreas descobertas do corpo, sendo por isso a face, a região mais afetada(9).

Entretanto, apenas 2 a 5% das lesões cutâneo-faciais estão restritas às pálpebras, uma vez que os movimentos palpebrais previnem a picada do inseto(10).

As manifestações oculares da leishmaniose são raras. Há relatos de lesões cutâneo-palpebrais com infecção infreqüente da conjuntiva por microrganismos secundários, ceratite ulcerativa por inoculação direta a partir das mãos contaminadas e hemorragias retinianas(6). As alterações fundoscópicas são mais freqüentes na forma visceral, devido a disseminação hematogênica, embora já tenha sido observado trombose de veia central da retina em portador de leishmaniose cutânea(11). É possível também encontrar iridociclite não granulomatosa, tendo sido confirmada a etiologia da uveíte pelo isolamento de Leishmania do humor aquoso(12) e do humor vítreo(13).

As lesões mucosas quase sempre se iniciam pela mucosa nasal, através do aparecimento de inflamação, edema e ulceração. A cartilagem nasal é invadida e destruída, podendo ocorrer as deformidades conhecidas como "nariz em tapir", "nariz de camelo" ou "bico de papagaio". Pode haver envolvimento da fossa nasal, faringe, palato mole, assoalho da boca, trato respiratório e laringe, causando dificuldade para alimentação, respiração e deglutição(3).

Os granulomas ulcerativos que ocorrem na cavidade nasal podem afetar por contigüidade as pálpebras, a conjuntiva e o ducto nasolacrimal(6). O caso relatado apresentava lesão granulomatosa na cavidade nasal, compatível histopatologicamente com leishmaniose e, provavelmente, causadora da dificuldade respiratória e do retardo de drenagem das lágrimas (Teste de Milder e Teste de Jones tipo I alterados bilateralmente, apesar do ectrópio da pálpebra inferior localizar-se apenas à direita). À DCG verificou-se passagem do corante por todo o trajeto até a cavidade nasal, porém com dilatação do ducto nasolacrimal.

Lesões nasais mais intensas ou com evolução menos favorável, poderiam ter propiciado o desenvolvimento de dacriocistite, como observado por outros(8).

Após o tratamento com compostos antimoniais houve resolução das lesões da pele, restando como seqüela o ectrópio, o espessamento da borda palpebral e a perda dos cílios. Oliveira Neto et al.(2) relataram, dentre cinco casos, um paciente com ulceração na pálpebra inferior esquerda com persistência de discreto ectrópio após o tratamento específico e Balddini-Caramelli et al.(8) observaram entrópio palpebral.

O exame histopatológico do fragmento de pálpebra removido por ocasião da correção cirúrgica do ectrópio não demonstrou a presença do parasita, o que não descarta o diagnóstico(3), sendo importante ressaltar que a cirurgia foi realizada na fase de remissão da doença.

Apesar dos esforços para erradicar os animais portadores e os mosquitos vetores de doenças infecciosas, o parasitismo de cães ainda chega a 41,6% de animais examinados em busca aleatória(14).

Com a freqüência cada vez maior de intercâmbio entre os vários estados e países é de extrema importância o conhecimento da doença e suas várias formas para que medidas de prevenção contra os vetores e o tratamento específico contra o parasita sejam instituídos com rapidez, evitando a ocorrência de endemias e complicações oculares irreversíveis.

SUMMARY

Purpose: To report a patient with leishmaniasis with eyelid lesion and dilated lacrimal excretory system. Case report: This patient had mucocutaneous leishmaniasis with multiple skin lesions, ectropium of the inferior eyelid and alterations in the lacrimal excretory system. Discussion: Even though the eyelid and lacrimal ducts are infrequently affected in patients with leishmaniasis, the authors emphasized the necessity of preventing measures against the vector and early treatment.

Keywords: Leishmaniasis; cutaneous/complications; Eyelids/pathology; Lacrimal apparatus/pathology; Case report

Endereço para correspondência: DEP. OFT/ORL/CCP, Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Botucatu (SP) CEP 18618-000. E-mail: sartioli@fmb. unesp.br

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  • 2. Oliveira Neto MP, Martins VJ, Mattos MS, Pirmez C, Brahin LR, Benchimol E. South American cutaneous leishmaniasis of the eyelids: report of five cases in Rio de Janeiro State, Brazil. Ophthalmology 2000;107:169-72.
  • 3. Roizenblatt J. Interstitial keratitis caused by american (mucocutaneous) Leishmaniasis. Am J Ophthalmol 1979;87:175-9.
  • 4. National Health Foundation. Epidemiologic Vigilance Guide: 5.16. American Cutaneous Leishmaniasis; 5.17. Visceral Leishmaniasis. [on line] 4th ed. Brasília, 1996. Disponível em: URL: http://www.funasa.gov.br/pub/gve/gve 0516A.htm
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  • 14. Dias DV, Costa CA, Toledo VPCP, Bambirra E, Genaro O, Michalic MSM, Costa RT, Mayrink W, Oréfice F. Leishmaniose visceral canina- estudo parasitológico e histopatológico em olhos de cães. Rev Bras Oftalmol 1999;58:331-7.
  • 1
    Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - residente de 3
    o ano.
    2
    Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Livre-Docente.
    3
    Departamento de Dermatologia - Professor Assistente Doutor.
    4
    Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço - Professor Assistente.
    5
    Departamento de Patologia - Professor Assistente Doutor.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      10 Dez 2002
    • Data do Fascículo
      Nov 2001
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