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Correlação entre o fluxo sangüíneo intestinal e a cicatrização de anastomoses colônicas: estudo experimental em cães

Correlation between intestinal blood flow and colonic anastomosis healing: experimental study in dogs

Resumos

As anastomoses colônicas estão associadas à alta incidência de deiscências e o choque é um dos fatores etiológicos relacionados.O objetivo do presente estudo foi correlacionar as alterações do fluxo sanguíneo intestinal decorrentes do choque hipovolêmico e a cicatrização das anastomoses colônicas. Dezesseis cães foram submetidos à anastomose cólon-colônica, sendo que em oito deles o choque hipovolêmico foi induzido. Excetuando o período de confecção da anastomose, o fluxo sanguíneo intestinal foi continuamente aferido. Registrou-se a freqüência cardíaca e pressão arterial média durante todo o experimento. Coletou-se três amostras de sangue para determinação do volume globular em três momentos diferentes da cirurgia. No 7º dia de pós-operatório os cães foram submetidos novamente à operação para avaliação clínica da anastomose (presença de abscessos, fistulas ou deiscências). Retirou-se uma porção de 15 cm do cólon contendo a anastomose para aferição da pressão de ruptura e estudo anátomo-patológico com as colorações: H-E e picrosírius (densitometria do colágeno). Os parâmetros clínicos avaliados determinaram um índice de complicações infecciosas duas vezes superior no grupo chocado que no grupo controle. Não houve diferença estatisticamente significante com relação à pressão de ruptura, todavia a concentração de colágeno total foi maior no grupo controle do que no grupo submetido ao choque. O estudo anátomo-patológico (H-E) demonstrou parâmetros de cicatrização mais favoráveis no grupo controle. Assim, concluiu-se que a diminuição do fluxo sanguíneo intestinal acarretou deterioração do processo cicatricial das anastomoses, pelo maior número de complicações, menor concentração de colágeno total e comprometimento nos parâmetros histológicos.

Cicatrização; Cólon; Choque


Laser Doppler Flowmetry in the medical field provides a progress to quantify blood flow. Colonic anastomosis deishence is sometimes associated with hipovolemic shock. The aim of the present study was to correlate the bowel blood flow alterations due to hypovolemic shock and colonic anastomosis healing. Sixteen dogs were submited to colonic anastomosis. In eight of them shock was induced. The blood flow was measured during all surgical procedure except when anastomosis was being performed. Also cardiac frequency and medium arterial pressure were measured during all the experiment and hematocrit was obtained from three different samples. On the 7th post operative day, dogs were reoperated to evaluate the anastomosis. Fifteen centimeters of colon with the anastomosis were resected to access anastomosis rupture pressure, colagen densitometry and histology features. Infection complication were twice higher in the shock group compared to the non-shock group. There was no statistic difference between groups relating to rupture pressure. However the total colagen concentration was higher in the non-shock group and histologic study showed better healing parameters in the non-shock group. We concluded that low intestinal flow provides worse anastomosis healing, a high incidence of clinical complications, low colagen concentration and a low standard histology parameters.

Wound healing; Colon; Shock


CORRELAÇÃO ENTRE O FLUXO SANGÜÍNEO INTESTINAL E A CICATRIZAÇÃO DE ANASTOMOSES COLÔNICAS:

ESTUDO EXPERIMENTAL EM CÃES

Fernando Hintz Greca2 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Maria de Lourdes Pessole Biondo-Simões3 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Josuê Bruginski de Paula4 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Lúcia de Noronha5 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Leonardo Saliba Ferreira da Cunha6 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Paulo Vinícius Baggio7 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq. , Fabiano de Oliveira Bittencourt7 1 . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). 2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM. 4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR. 6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq. 7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. 8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq.

Greca FH, Biondo-Simões MLP, de Paula JB, de Noronha L, Ferreira da Cunha LS, Baggio PV, Bittencourt FO. Correlação entre o fluxo sanguíneo intestinal e a cicatrização de anastomoses colônicas: estudo experimental em cães. Acta Cir Bras 2000; 15 (supl 3): 88-94.

RESUMO: As anastomoses colônicas estão associadas à alta incidência de deiscências e o choque é um dos fatores etiológicos relacionados.O objetivo do presente estudo foi correlacionar as alterações do fluxo sanguíneo intestinal decorrentes do choque hipovolêmico e a cicatrização das anastomoses colônicas. Dezesseis cães foram submetidos à anastomose cólon-colônica, sendo que em oito deles o choque hipovolêmico foi induzido. Excetuando o período de confecção da anastomose, o fluxo sanguíneo intestinal foi continuamente aferido. Registrou-se a freqüência cardíaca e pressão arterial média durante todo o experimento. Coletou-se três amostras de sangue para determinação do volume globular em três momentos diferentes da cirurgia. No 7º dia de pós-operatório os cães foram submetidos novamente à operação para avaliação clínica da anastomose (presença de abscessos, fistulas ou deiscências). Retirou-se uma porção de 15 cm do cólon contendo a anastomose para aferição da pressão de ruptura e estudo anátomo-patológico com as colorações: H-E e picrosírius (densitometria do colágeno). Os parâmetros clínicos avaliados determinaram um índice de complicações infecciosas duas vezes superior no grupo chocado que no grupo controle. Não houve diferença estatisticamente significante com relação à pressão de ruptura, todavia a concentração de colágeno total foi maior no grupo controle do que no grupo submetido ao choque. O estudo anátomo-patológico (H-E) demonstrou parâmetros de cicatrização mais favoráveis no grupo controle. Assim, concluiu-se que a diminuição do fluxo sanguíneo intestinal acarretou deterioração do processo cicatricial das anastomoses, pelo maior número de complicações, menor concentração de colágeno total e comprometimento nos parâmetros histológicos.

DESCRITORES: Cicatrização. Cólon. Choque.

Greca FH, Biondo-Simões MLP, de Paula JB, de Noronha L, Ferreira da Cunha LS, Baggio PV, Bittencourt FO. Correlation between intestinal blood flow and colonic anastomosis healing: experimental study in dogs. Acta Cir Bras 2000; 15 (supl 3): 88-94.

SUMMARY:Laser Doppler Flowmetry in the medical field provides a progress to quantify blood flow. Colonic anastomosis deishence is sometimes associated with hipovolemic shock. The aim of the present study was to correlate the bowel blood flow alterations due to hypovolemic shock and colonic anastomosis healing. Sixteen dogs were submited to colonic anastomosis. In eight of them shock was induced. The blood flow was measured during all surgical procedure except when anastomosis was being performed. Also cardiac frequency and medium arterial pressure were measured during all the experiment and hematocrit was obtained from three different samples. On the 7th post operative day, dogs were reoperated to evaluate the anastomosis. Fifteen centimeters of colon with the anastomosis were resected to access anastomosis rupture pressure, colagen densitometry and histology features. Infection complication were twice higher in the shock group compared to the non-shock group. There was no statistic difference between groups relating to rupture pressure. However the total colagen concentration was higher in the non-shock group and histologic study showed better healing parameters in the non-shock group. We concluded that low intestinal flow provides worse anastomosis healing, a high incidence of clinical complications, low colagen concentration and a low standard histology parameters.

SUBJECT HEADINGS: Wound healing. Colon. Shock.

INTRODUÇÃO

As anastomoses colônicas, especialmente no cólon esquerdo, estão associadas a risco relativamente alto de deiscências. No passado, a incidência dessa complicação variava de 15% a 77%, dependendo do número de fatores associados. De acordo com Ambrosetti e col. (1999), na maioria dos casos, a deiscência pode estar diretamente relacionada à hipoperfusão tecidual na linha de anastomose, influenciando assim o processo cicatricial5.

A ruptura da anastomose com conseqüente deiscência e sepse, que pode se desenvolver precocemente no pós-operatório, estão entre as mais sérias complicações pós-operatórias e uma das principais causas de mortalidade. Um grande número de fatores tem sido associado a essas complicações incluindo a própria doença gastrointestinal, o fluxo sangüíneo inadequado, a tensão na linha de sutura, a falha técnica, o trauma e o insucesso na obtenção de uma anastomose totalmente impermeável. Um estudo realizado em 152 pacientes operados indica que as doenças que afetam o fluxo sangüíneo local e a resposta à infecção (anemia, doença ateroseclerótica e diabete mellitus) constituem fatores de risco para a segurança de uma anastomose. Além disso, Foster e col. (1994) demonstraram que a pobreza de vascularização na linha de sutura, tanto no aspecto anterior como posterior da anastomose levam a sugerir uma omentoplastia , no sentido de estimular uma neovascularização17.

A hemorragia tem sido apontada como causa importante do aumento da susceptibilidade às infecções. Segundo Chaudry e col. (1993), a hipóxia devido à redução do fluxo sangüíneo parece ser o principal indutor de uma série de eventos que levam à imunodepressão e à infecção11.

Com relação ao fluxo sangüíneo intestinal, várias técnicas têm sido utilizadas para medir o fluxo em animais de experimentação. A correlação da circulação esplâncnica e a fisiopatologia das doenças gastrointestinais têm despertado grande interesse entre os pesquisadores18. Em 1982 foi introduzido na área médica a fluxometria a laser (laser doppler velocimetry) baseada no princípio da luz dispersada pelas células vermelhas em movimento. Assim, as fibras ópticas conduzem a luz do laser para os tecidos e a recaptam através de um fotodetector que avalia a freqüência média, aferindo um valor aproximado do fluxo sangüíneo em um determinado período de tempo.

Visto que na prática médica nos deparamos freqüentemente com situações críticas, em que pacientes chocados necessitam de anastomoses gastrointestinais, este estudo teve como objetivo a correlação das alterações do fluxo sangüíneo intestinal decorrentes de choque hipovolêmico induzido e as complicações inerentes ao mesmo, juntamente com as possíveis alterações da cicatrização e fibroplasia nas anastomoses colônicas

MÉTODOS

Estudaram-se 16 cães mestiços, de ambos os sexos, com peso entre 11 e 16 kg, provenientes do Biotério da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, mantidos em ambiente adequado, com temperatura e luminosidade naturais, receberam ração canina e água .

Dividiu-se os animais, aleatoriamente, em dois grupos:

Grupo C: grupo controle (n=8);

Grupo E: grupo experimento (n=8), no qual induziu-se choque hipovolêmico.

Sob anestesia geral endovenosa (indução com Tiopental sódico 2,5% na dose de 10-15 mg/Kg e manutenção com citrato de fentanila 0,05 mg/Kg), os cães tiveram a artéria e veia femoral dissecadas e cateterizadas com sonda naso-gástrica infantil número 8 para a artéria femoral e número 6 para a veia femoral, com a finalidade de monitorização da pressão arterial média (PAM), retirada de sangue e infusão de líquidos.

Realizou-se, em cada um deles, laparotomia mediana e anastomose cólon-colônica, 10 cm acima da reflexão peritoneal. Logo após da demarcação do local da anastomose, o fluxo sanguíneo da parede colônica foi aferido de maneira contínua, utilizando-se para tanto um fluxômetro modelo Laserflo Bood Perfusion Monitor fabricado pela VASAMEDICS (Saint Paul, Minnesota - E.U.A.).

Tanto no grupo controle quanto no grupo experimento, registrou-se o fluxo sanguíneo da parede do cólon por 15 minutos de modo a estabelecer-se o fluxo basal. Em seguida, colhia-se sangue venoso para a determinação do volume globular (VG-1). Baseando-se no método de Wiggers e col. (1942), induziu-se nos cães do grupo experimento, choque hipovolêmico com a retirada de 50 ml de sangue arterial a cada minuto, até que a PAM atingisse 60 mmHg. Desse momento em diante, o volume de sangue retirado tornou-se dependente da PAM e foi estabelecido como sendo a metade do valor da PAM, até o momento em que esta, após 3 determinações, permanecesse com valor constante de 40 mmHg. Neste momento, colheu-se novamente sangue venoso para determinação do volume globular (VG-2) e foi suspensa temporariamente a avaliação do fluxo sanguíneo da parede colônica, para que se realizasse a anastomose cólon-colônica no ponto previamente estabelecido. Confeccionou-se a mesma com plano único utilizando-se fio de poliglactina 000 do tipo gastrointestinal, com pontos separados. Convém salientar que não se realizou limpeza prévia do cólon. Terminada a sutura colônica, restabeleceu-se a aferição do fluxo sanguíneo intestinal e iniciou-se a recuperação do cão com a infusão de solução salina isotônica. A reposição teve por base o volume sanguíneo retirado necessário para o choque, usando-se a relação 3:1 (solução salina isotônica : sangue retirado), procurando-se alcançar 80% do valor da PAM inicial. Após o restabelecimento da PAM encerrou-se a aferição do fluxo sanguíneo intestinal e iniciou-se a síntese da parede abdominal por planos. Neste mesmo tempo, colheu-se nova amostra de sangue venoso para determinação do volume globular (VG-3).

No grupo controle, seguiu-se as mesmas etapas já descritas, inclusive no que tange à cateterização dos vasos femorais. A determinação do fluxo sanguíneo colônico, entretando, foi mantida por um tempo médio de 15 minutos, tempo este correspondente à indução do choque no grupo experimento. Seguiu-se a confecção da anastomose nos moldes já descritos e restabeleceu-se então a medida do fluxo sanguíneo intestinal por um período de 20 minutos equivalente ao tempo médio necessário para a recuperação dos cães do grupo experimento.

Os valores referentes à pressão arterial média, freqüência cardíaca, traçado eletrocardiográfico e temperatura foram registrados de maneira contínua através de um monitor cardíaco digital multicanal (Biomonitor 7 marca BESE® - Bio Engenharia de Sistemas e Equipamentos S. A.), possuidor de três canais de pressão invasiva e um canal de eletrocardiograma.

No 7º dia de pós-operatório, submeteu-se os cães a uma segunda laparotomia através da incisão da primeira cirurgia. Nessa operação, foram analisados os seguintes parâmetros macroscópicos (Estudo Clínico):

1. infecção de parede abdominal e/ou região inguinal;

2. deiscências bloqueadas;

3. deiscências abertas e

4. abscessos intra-abdominais.

Posteriormente, os cães sofreram eutanásia com dose letal endovenosa de cloreto de potássio.

Realizou-se estudo tensiométrico, conforme o descrito a seguir. O segmento do cólon esquerdo contendo a anastomose foi removido, lavado com solução salina isotônica 0,9% e colocado dentro de um recipiente cúbico contendo água. Na extremidade distal do cólon foi realizada uma sutura em bolsa e as extremidades do fio foram ancoradas ao fundo do recipiente, de modo que o cólon ficasse em posição horizontal e totalmente submerso em água. Introduziu-se então um cateter de 3 vias, com 0,7mm de diâmetro e 70mm de comprimento pela entrada de ar, o qual penetrou na luz do cólon por 20mm. A primeira via foi conectada a um cilindro de oxigênio 100% que forneceu o fluxo de 1 litro por minuto. A segunda via foi ligada a um transdutor e deste ao monitor cardíaco digital multicanal (Biomonitor 7, marca BESE®), capaz de de registrar os valores pressóricos intraluminais. Considerou-se pressão de ruptura, a pressão intra-luminar máxima no momento em que se verificava vazamento do oxigênio para dentro do recipiente que continha o cólon imerso na água.

Fragmentos do cólon anastomosado foram retirados e fixados em solução de formaldeído a 5% para estudo anátomo-patológico. Os cortes histológicos obtidos a partir destes fragmentos foram corados com hematoxilina-eosina e sirius red.

Os cortes histológicos corados com hematoxilina-eosina permitiram avaliar os parâmetros abaixo:

1. presença de solução de continuidade;

2. tipo de inflamação (aguda / sub-aguda / crônica);

3. células inflamatórias presentes e sua predominância (neutrófilos e eosinófilos polimorfonucleares, linfócitos e histiócitos monomorfonucleares, e fibroblastos);

4. neovascularização (discreta / moderada / acentuada ou ausente);

5. congestão (discreta / moderada / acentuada ou ausente);

6. edema (discreto / moderado / acentuado ou ausente);

7. reepitelização (completa / incompleta ou ausente) e

8. colagenização (discreta / moderada /acentuada ou ausente).

Para a análise dos resultados obtidos, cada parâmetro recebeu uma pontuação. Assim sendo, para presença de necrose estabeleceu-se escore zero e para ausência da mesma, escore 1. Com relação às células inflamatórias, determinou-se que: para a predominância de leucócitos polimorfonucleares (PMN) o escore seria zero e para o predomínio de monomorfonucleares (MMN) o escore seria 1. Para os demais parâmetros, os escores foram os seguintes:

neovascularização: discreta = 1, moderada = 2, acentuada = 3, ausente = zero;

congestão: discreta = 2, moderada = 1, acentuada = zero, ausente = 3;

edema: discreto = 2, moderado = 1, acentuado = zero, ausente = 3;

reepitelização: completa = 2, incompleta = 1, ausente = zero e

colagenização: discreta = 1, moderada = 2, acentuada = 3, ausente = zero.

Deste modo, quanto maior fosse o valor da pontuação atribuída, melhor seria o resultado, indicando melhor cicatrização. Assim, a pontuação variou de 0 a 16.

Nos cortes histológicos corados com o Sirius red fez-se a densitometria do colágeno

Analisaram-se estes cortes com microscopia óptica, em aumento de 400 vezes, utilizando-se fonte de luz polarizada. As fibras colágenas mais espessas e fortemente birrefringentes apresentam coloração vermelho-alaranjada (colágeno I) e as fibras mais finas e dispersas, fracamente birrefringentes, apresentam coloração esverdeada (colágeno III).

As imagens foram captadas por uma câmera Sony CCD 101, transmitidas a um monitor colorido Trinitron Sony® congeladas e digitalizadas através de placa oculus TCX. Finalmente foi realizada análise das imagens através do aplicativo Optimas 6.0 para Windows em microcomputador da linha Pentium.

A calibração do sistema foi baseada na densidade óptica dos pontos de resolução (pixels) que formam as imagens, selecionando-se o valor limite de melhor resolução (threshold). Quatro campos com ampliação de 400 vezes foram escolhidos para cada lâmina, localizados nas porções superiores, inferior, lateral direita e lateral esquerda.

No sistema RGB (Red, Green, Blue) foram considerados valores para preto (fundo), para tons de vermelho (colágeno I) e para tons de verde (colágeno III). Áreas entre os valores 0-50 para o vermelho, 0-50 para o verde e 0-80 para o azul foram interpretadas como preto. Limites de 70-225 para o vermelho, 0-102 para o verde e 0-115 para o azul foram considerados para as tonalidades de vermelho da lâmina e correspondem à fibras de colágeno tipo I, coradas nessa cor. Valores determinados de 4-110 para o vermelho, 51-225 para o verde e 42-125 para o azul correspondem aos tons de verde, gerado pelas fibras de colágeno tipo III (Junqueira, Cossermelli e Brentani, 1978).

A quantidade de fibras avermelhadas e esverdeadas presentes nos cortes histológicas permitiram a realização de cálculo do percentual da área ocupada por estas fibras. Desta forma, o valor de colágeno total correspondeu à soma de valores das áreas vermelhas e verdes.

Com a finalidade de comparar a variação do fluxo sanguíneo intestinal (FSI), pressão arterial média (PAM) e freqüência cardíaca (FC), selecionou-se dois momentos diferentes durante o ato cirúrgico para suas determinações, em ambos os grupos. O primeiro momento (M1) correspondeu aos 10 minutos iniciais da cirurgia, e o segundo momento (M2) representou os 10 minutos seguintes à anastomose. Realizou-se também a análise comparativa destes dados no M1 entre os dois grupos, procedendo-se o mesmo para M2.

Para a análise dos valores referentes ao fluxo sanguíneo intestinal, pressão arterial média, frequência cardíaca, pressão de ruptura e estudo anátomo-patológico II (densitometria do colágeno), foi utilizado o Teste "t" de student. O teste do Qui-quadrado foi utilizado para análise do estudo anátomo-patológico I (H-E). Para ambos os testes, o nível para rejeição da hipótese de nulidade foi de 5 %, ou seja, p £ 0,05.

RESULTADOS

Análise do fluxo sangüíneo intestinal (FSI)

A comparação entre os grupos controle e experimento dos valores do FSI correspondentes aos 10 minutos iniciais da cirurgia (M1) não foi estatisticamente significante. Entretanto, ao comparar-se os valores do FSI nos 10 minutos subseqüentes à anastomose (M2), observou-se diferença estatisticamente significante, como demonstra a tabela 1.

Análise da Pressão Arterial Média (PAM)

De acordo com a tabela 2, ao comparar-se os valores da PAM aferidos nos 10 minutos iniciais da cirurgia (M1), não observou-se diferença estatisticamente significante. Contudo, quando a comparação foi efetuada nos 10 minutos seguintes à anastomose (M2), observou-se diferença estatisticamente significante.

Análise da Freqüência Cardíaca (FC)

Observou-se diferença estatisticamente significante quando compararam-se os valores da FC correspondentes ao 10 minutos seguintes à anastomose (M2), entre os cães dos grupos experimento e os do grupo controle. Este fato não foi evidenciado após a comparação dos valores da FC referentes aos 10 minutos iniciais da cirurgia (M1), como mostra a Tabela 3.

Análise macroscópica

A partir da análise dos critérios já descritos no método, determinou-se que os cães submetidos ao choque hipovolêmico apresentaram um total de complicações duas vezes maior em relação ao grupo não chocado, conforme demonstra a tabela 4.

Estudo Tensiométrico - Pressão de Ruptura (PR)

No que diz respeito à análise dos valores da pressão de ruptura (PR) da porção do cólon que continha a anastomose, não se encontrou diferença estatisticamente significante entre os grupos estudados. Contudo, é importante ressaltar que em três cães do grupo controle a explosão do cólon deu-se fora da linha da anastomose.

Estudo anátomo-patológico I : Hematoxilina - Eosina (H-E)

Visto que os valores atribuídos ao processo cicatricial poderiam variar de 0 a 16, sendo resultantes da somatória dos parâmetros analisados (presença de solução de continuidade, tipo de inflamação, presença de células inflamatórias e predominância das mesmas, neovascularização, congestão, edema, reepitelização e colagenização), encontrou-se a média desses valores correspondente a 7 no grupo experimento e a 10,62 no grupo controle, diferença esta significante, como se demonstra na tabela 6.

Estudo anátomo-patológico II: Picrosírius - Densitometria do Colágeno:

Comparando-se os valores do colágeno total, colágeno maduro (tipo I) e colágeno imaturo (tipo III) nas linhas das anastomoses, verificou-se que somente em relação ao colágeno total houve diferença estatisticamente significante entre os grupos experimento e controle, conforme mostra a tabela 7.

Análise do volume globular (VG)

Após a avaliação das três amostras de sangue venoso de cada grupo, ou seja, no início da cirurgia (VG-1), durante o choque (VG-2), e após a reposição volêmica (VG-3), somente a comparação de VG-3 entre os grupos experimento e controle demonstrou ser estatisticamente significante, de acordo com a tabela 8.

DISCUSSÃO

A hemorragia severa decorrente de trauma de partes moles ou múltiplas fraturas é uma complicação prevalente nos pacientes politraumatizados. Estudos demonstram que o choque hemorrágico aumenta os riscos de infecção e de falência de múltiplos órgãos 11, 25. Apesar da ressuscitação agressiva com fluidos, suporte nutricional e o uso específico de antibióticos, o prognóstico dos pacientes traumatizados que adquirem infecções é sombrio7, 8.

Livingston e Malangoni (1989) demonstraram que apesar da ressuscitação, o choque hemorrágico aumenta o risco de infecção das feridas cirúrgicas pelo Staphylococcus aureus. Demonstraram tanto em ratos quanto em pacientes traumatizados que o uso de antibióticos era ineficaz na diminuição dos índices de complicações sépticas após o choque hemorágico 22. Livingston e col. (1988), em estudos subseqüentes, verificaram uma queda dessas complicações quando aumentara a dose e a duração dos antibióticos 23.

Abraham e Stevens (1992) demonstraram que após a indução de hemorragia em ratos, os índices de mortalidade por pneumonia por Pseudomonas aeruginosa aumentava significantemente 1. Numerosos estudos têm revelado que a diminuição do fluxo sanguíneo a um determinado órgão após o choque hemorrágico acarreta diminuição de O2 nos tecidos 9. Segundo Chaudry e Ayala (1993), isto leva a um aumento do metabolismo anaeróbico e a redução dos níveis de ATP e de cálcio intracelulares. A redução do ATP, por sua vez, acarreta uma profunda imunossupressão, pois as alterações da função celular induzidas pela hipóxia atuam como estimulante direto ou indireto para a liberação de citocinas inflamatórias como o TNF, IL - 1, IL - 6, e um aumento das prostaglandinas E2 . O aumento das PGE2 diminui as funções imunológicas dos macrófagos e linfócitos, causando imunodepressão e o aumento do risco de infecção11. Diversos estudos demonstraram ainda a translocação bacteriana mediada pelas endotoxinas durante a lesão isquêmica do intestino14.

A literatura revela alterações importantes na depressão da imunidade não específica decorrente de hemorragia, tais como a diminuição da opsonização e da atividade fagocitária. Além disso, a redução da imunidade celular e a queda da função das células B também foram evidenciados 4, 10, 24.

Visto que a hemorragia aumenta os índices de infecção das feridas cirúrgicas, conseqüentemente haveria uma alteração do processo cicatricial das anastomoses gastrointestinais nos pacientes chocados. Independentemente do processo infeccioso, será que as alterações do fluxo sanguíneo intestinal decorrentes da hemorragia não seriam por si só um fator importante no processo cicatricial e na fibroplasia ?

Ao induzir-se o choque hipovolêmico pelo método de Wiggers e col. (1942), verificou-se que em média, o fluxo sanguíneo intestinal durante a anastomose cólon-colônica caiu pela metade em relação ao grupo controle. A fluxometria utilizando a tecnologia laser Doppler permitiu estudar com profundidade as alterações de fluxo que ocorreram na microcirculação da parede intestinal junto à anastomose. Fatores identificados que poderíam danificar tal medida, tais como volume globular, mudança de temperatura, iluminação no local, interposição de coágulo ou de qualquer outro tecido que obscureça a inteface laser - tecido foram mantidos constantes nos dois grupos de animais para que se obtivese valores confiáveis para o fluxo sanguíneo no cólon. Foi estabelecido que esse método oferece várias vantagens em relação a outros, uma vez que é possível determinar monitoramento contínuo de fluxo com uma resolução espacial de 0,5 a 1,0mm. A maior limitação da fluxometria a laser, conforme Shepherd e Riedel(1982), reside na dificuldade de acoplamento do probe à parede intestinal de maneira estática. Graças à um dispositivo especial, conseguiu-se manter o cólon estático, fixo ao probe.

Correlacionando a importante diminuição do fluxo sanguíneo intestinal durante o choque, com as complicações infecciosas pós-operatórias, observou-se que elas foram duas vezes mais freqüentes nos cães chocados. Ao mesmo tempo, verificou-se que os parâmetros histológicos utilizados para análise da cicatrização foram significantemente melhores no grupo controle que no grupo experimento. A densitometria do colágeno realizada através do programa Optimas 6.0 revelou um depósito de colágeno total significantemente maior nos cães do grupo controle do que nos cães submetidos à hemorragia. Apesar dos maiores índices de complicações, menor deposição de colágeno e parâmetros histológicos mais pobres, a pressão de ruptura à insuflação não demonstrou alterações significantes em relação ao grupo controle.

Este estudo não nos permite concluir que as alterações no processo cicatricial sejam decorrentes somente de complicações sépticas. Acreditamos que a diminuição do fluxo sanguíneo por si só seja um fator relevante na fibroplasia e no processo cicatricial como um todo, uma vez que mesmo os cães que não apresentaram complicações sépticas na anastomose, tiveram índices de cicatrização e fibroplasia inferiores aos do grupo controle.

Este estudo permitiu abrir uma nova linha de pesquisa para verificar se a ressuscitação do animal com uma autotransfusão ou com solução hipertônica pode influenciar no processo cicatricial.

Concluiu-se que a diminuição do fluxo sanguíneo intestinal decorrente do choque hipovolêmico induzido foi capaz de alterar significantemente a deposição de colágeno total na área anastomótica, de tornar o processo cicatricial mais precário evidenciado pelo estudo anatomo-patológico I (H-E) e de aumentar os índices de complicações sépticas.

NOTAS

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  • 1
    . Trabalho realizado na Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
    2. Professor Titular da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Professor Adjunto da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Doutor em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM.
    3. Professora Adjunta da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Coordenadora da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFPR. Professora Titular de Experimentação em Clínica e Cirurgia da FEMPAR. Doutora em Cirurgia Experimental pela UNIFESP-EPM.
    4. Professor Assistente da Disciplina de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR.
    5. Professora da Disciplina de Anatomia Patológica da PUCPR.
    6. Monitor de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR. Bolsista do CNPq.
    7. Monitores de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental da PUCPR.
    8. Trabalho realizado com bolsa do CNPq.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Abr 2001
    • Data do Fascículo
      2000
    Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia https://actacirbras.com.br/ - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: actacirbras@gmail.com