Open-access Resultados de programas de aprimoramento vocal para estudantes de comunicação: comparação de duas propostas de treinamento

RESUMO

Objetivo  comparar resultados de dois programas de treinamento vocal para estudantes de comunicação.

Métodos  elaboraram-se Programa de Desenvolvimento da Voz para Comunicação Oral, visando à melhora da qualidade vocal, e Programa de Desenvolvimento da Expressividade para Comunicação Oral, objetivando ampliar expressividade oral. Participaram 103 estudantes, 46 no Programa Voz (16 homens, 30 mulheres, média de 20,6 anos de idade), 57 no Programa Expressividade (10 homens, 47 mulheres, média de 20,2 anos de idade). Os programas ocorreram em oito encontros de duas horas, semanalmente, em grupos de 20 participantes, em média, distribuídos aleatoriamente. Analisaram-se momentos pré e pós-treinamento e compararam-se resultados entre grupos. Foram aplicados protocolos de Autoavaliação da Voz, Teste de Autoavaliação da Competência na Comunicação, questionário de Autoavaliação de Envolvimento e Rendimento da Comunicação no Treinamento e realizou-se julgamento perceptivo-auditivo de leituras de texto pré e pós-treinamento.

Resultados  estudantes autoavaliaram melhor voz e competência comunicativa pós-treinamento, nos dois programas, sem diferença estatística entre eles. Estudantes do Programa Expressividade consideraram-se mais envolvidos e com melhor rendimento da comunicação, com diferença estatisticamente significativa em comparação ao Programa Voz. Leituras foram consideradas melhores no pós-treinamento, com uso adequado de velocidade de fala, pausas, modulação e ênfases, nos dois programas, sem diferença estatística entre eles.

Conclusão  ao comparar dois programas de treinamento vocal para estudantes de comunicação, houve diferença nos resultados de autoavaliação em questionários específicos. Participantes de programa focado em expressividade oral consideraram-se mais envolvidos e com melhor rendimento da comunicação. Comparação pré e pós-treinamento mostrou resultado positivo em ambos os programas.

Palavras-chave:
Voz; Fala; Comunicação; Treinamento da voz; Fonoaudiologia

ABSTRACT

Purpose  To compare the results of two vocal training programs for communication students.

Methods  VP, focused on vocal aspects, and EP, focused on oral expressiveness. 103 students, 46 in VP (16 men and 30 women, mean age of 20.6 years old) and 57 in EP (10 men and 47 women, mean age of 20.2 years old). Small groups were formed with an average of 20 participants per group, randomly distributed between VP and EP. The programs consisted of eight meetings, once a week, and lasted two hours each. The pre- and post-training moments were analyzed to verify the effects of each program and the results obtained post-training in VP and EP were compared. Voice and communicative competence self-assessment protocols, a questionnaire to assess communication engagement and performance in training, and auditory-perceptual judgment of pre- and post-training text readings were applied.

Results  The students of both groups evaluated better their voice and their communication post-training, no statistical difference between them. EP students considered themselves more involved and with better communication performance, with a statistically significant difference compared to VP. The reading was considered better post-training, with better use of speech rate, pauses, modulation and emphases.

Conclusions  When comparing two vocal training programs for communication students, there was a difference in self-assessment results in specific questionnaires. Participants in an oral expressiveness program considered themselves more involved and with better communication performance. Pre- and post-training comparison showed positive results in both programs.

Keywords:
Voice; Speech; Communication; Voice training; Speech, language and hearing sciences

INTRODUÇÃO

No âmbito profissional, o indivíduo que usa a voz em sua atividade laboral deve ajustar sua qualidade vocal e seu padrão de comunicação às exigências ocupacionais. Muitos problemas vocais decorrentes do uso profissional da voz ocorrem por conta do desconhecimento das regras básicas de higiene vocal, ou devido ao emprego inadequado da voz a uma demanda específica, podendo acarretar prejuízos econômicos e profissionais(1,2). Conhecer as características da comunicação oral e corporal de cada categoria profissional e sua verdadeira demanda vocal e expressiva é fundamental para a elaboração de programas efetivos de treinamento vocal e aprimoramento da comunicação oral voltados para públicos específicos(3).

Ao investigar as particularidades dos profissionais de rádio e televisão, termos como clareza, versatilidade, uso controlado dos recursos vocais, naturalidade, segurança e credibilidade são frequentemente usados para descrever seu perfil de voz e de comunicação(1,4-6). Como sua atuação é bastante variada, as escolhas vocais desses profissionais devem se adequar às exigências de suas atividades, por meio da seleção de recursos de voz e fala específicos para cada função exercida. Coordenação respiratória e uso de pausas de acordo com a lógica do texto, articulação bem definida, modulação rica e uso adequado de ênfases são alguns dos marcadores vocais desejados para um bom desempenho vocal do jornalista(7-9).

Os programas de aperfeiçoamento da comunicação oral de profissionais da voz encontrados na literatura(1,10-17) descrevem, genericamente, dois tipos de treinamento: um focado em aspectos vocais e outro direcionado aos aspectos da expressividade oral. Porém, os exercícios indicados para os dois tipos de propostas são, na maioria das vezes, muito semelhantes e voltados à melhora da qualidade vocal por meio do treinamento muscular da voz para aquecimento e preparação vocal, resistência e flexibilidade da voz(1,11,16).

Contudo, o profissional da voz e, em especial, o jornalista que trabalha em rádio e televisão precisam desenvolver a expressividade oral e fazer uso consciente e controlado dos aspectos prosódicos da fala para garantir a efetividade da mensagem transmitida(1,4,7,10,12). Para isso, somente exercícios musculares podem ser insuficientes para que esse profissional compreenda a mensagem a ser transmitida e se aproprie do texto que lê e que fala. O desenvolvimento de propostas de treinamento de habilidades de análise e compreensão de textos, bem como de treino de leitura em voz alta, parece ser importante para a ampliação da expressividade na comunicação oral, possibilitando melhor desempenho profissional(10-12).

Na literatura, não se encontram pesquisas que comparem os resultados do treinamento focado no desenvolvimento vocal, baseado em treinamento muscular da voz, com aquele direcionado ao desenvolvimento da expressividade para a comunicação, ancorado em estratégias de análise, compreensão e leitura em voz alta de textos. Além disso, a falta de descrição detalhada e a não padronização dos procedimentos utilizados dificultam a comparação entre os estudos e o levantamento de dados mais robustos(3,18).

Sendo assim, o objetivo da presente pesquisa foi comparar dois programas de treinamento vocal para estudantes de comunicação: um grupo focado no treinamento muscular da voz para a comunicação oral e o outro, no desenvolvimento da expressividade para a comunicação oral.

MÉTODOS

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo – CEP-UNIFESP, sob parecer nº 304.813. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi desenvolvida em duas fases.

Fase 1

Elaboração dos treinamentos

Foram elaborados programas de oito semanas de duração, acontecendo um encontro de duas horas de cada grupo por semana. O encontro 1 consistiu de apresentação do treinamento, assinatura do TCLE, aplicação de protocolos de avaliação e gravação das vozes dos participantes. No encontro 8, deu-se o encerramento do treinamento, com apresentação de um resumo do programa e retomada de todos os exercícios realizados. Os encontros 2 a 7 foram divididos em três partes para os dois grupos: parte I – Sensibilização para a comunicação, composta por exposição dialogada e treino auditivo; parte II – Exercícios de voz para aquecimento e preparação vocal; parte III – Exercícios com fala encadeada, com leitura de frases e pequenos textos.

O Programa de Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral (PV) teve como objetivo promover melhora da qualidade vocal, resistência e flexibilidade da voz, por meio de treinamento muscular vocal. Foi elaborado pelas pesquisadoras e baseou-se em exercícios que agem sobre a interação entre a fonte sonora e o filtro do trato vocal, que acionam ajustes musculares específicos, promovendo a melhora da qualidade vocal. Foram selecionados exercícios que aparecem comumente na rotina fonoaudiológica, de acordo com a literatura especializada(15,16,19,20). Os exercícios que compõem a parte II do PV estão relacionados no Anexo 1.

O Programa de Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral (PE) teve como objetivo promover a ampliação da expressividade oral, por meio do desenvolvimento de habilidades de análise, compreensão e leitura de textos, e foi elaborado segundo as diretrizes que norteiam o trabalho de expressividade oral em competência comunicativa, de acordo com o mapeamento do eixo condutor da prática profissional em expressividade oral, baseado na opinião de um grupo de fonoaudiólogos com larga experiência nessa área(21). Para os participantes do PE, foram apresentadas questões associadas ao processo de comunicação oral como um todo, à interação entre os interlocutores, à psicodinâmica vocal e à relação entre forma e conteúdo da mensagem. As estratégias realizadas estavam, na maior parte das vezes, atreladas à análise, compreensão, interpretação e leitura de textos(22,23).

Os exercícios relacionados na parte II do PE foram propostos com o objetivo de acionar os ajustes motores que possibilitassem a transmissão da mensagem do texto da forma desejada, de acordo com o interlocutor, e com as diferentes intenções do discurso(10-13) e podem ser identificados no Anexo 1.

Instrução dos fonoaudiólogos que conduziram os grupos

Foram selecionadas duplas de fonoaudiólogas com atuação na área de voz profissional e com experiência autorreferida no trabalho de expressividade, que se revezaram na condução do PV e PE.

As fonoaudiólogas passaram por um processo de instrução de cinco horas de duração, composto pelas seguintes atividades: exposição da pesquisa e da estrutura de funcionamento dos grupos de treinamento, prática de exercícios e estratégias de leitura em voz alta, simulando situações que seriam propostas com os sujeitos do treinamento, indicação de bibliografia e oferta de material de apoio.

Ao longo de todo o processo, a pesquisadora e as fonoaudiólogas mantiveram contato semanal para monitoramento dos grupos e esclarecimento das dúvidas.

Fase 2

Recrutamento dos sujeitos

O treinamento vocal foi divulgado por meio de palestras sobre saúde vocal e uso profissional da voz, realizadas para alunos de cursos de jornalismo, e-mail, redes sociais e aplicativo para smartphones WhatsApp Messenger. Um total de 193 estudantes se inscreveu para participar. Foram definidos como critérios de inclusão: ser aluno de curso de Comunicação e Jornalismo, não ter passado por treinamento vocal prévio, ter disponibilidade para frequentar, pelo menos, 75% do programa e não ter problemas de voz autorreferidos.

Os indivíduos responderam a dois protocolos: Índice de Desvantagem Vocal – IDV-10, validado para o português brasileiro(24) e Escala de Timidez de Cheek & Buss(25). O IDV-10 é um instrumento de autoavaliação com dez questões, que investiga o impacto de um problema vocal. Cada questão deve ser respondida em uma escala de 5 pontos, sendo 0 “nunca” e 4 “sempre”. O escore total é calculado por somatório simples das respostas e varia de 0 a 40 pontos, sendo que 0 indica nenhuma desvantagem e 40, desvantagem máxima. Indivíduos que apresentam escore acima do valor de corte de 7,5 falham na triagem(26) e devem ser encaminhados para uma avaliação vocal completa. A Escala de Timidez de Cheek & Buss é um instrumento mundialmente utilizado, composto por 13 questões relacionadas a comportamentos comunicativos em diferentes situações da rotina. Cada questão deve ser respondida em uma escala de 5 pontos, que varia de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). O escore total é calculado por somatório simples das respostas. O indivíduo é considerado não tímido, podendo ficar tímido em certas situações, quando a pontuação total for menor que 34 pontos; um pouco tímido, quando a pontuação total ficar entre 34 e 49 pontos; muito tímido, quando a pontuação total for maior que 49 pontos.

Os dados dos protocolos foram avaliados conjuntamente, uma vez que a timidez autorreferida pode influenciar e ser um fator de confundimento para a percepção da desvantagem vocal(27). Portanto, foi considerado critério de exclusão falhar no IDV-10 e ser classificado como não tímido pela Escala de Timidez de Cheek & Buss, o que levou à eliminação de 24 estudantes.

Foi realizado um estudo-piloto, que forneceu informações importantes para melhor ajuste do programa a ser oferecido. Os dados dos 30 sujeitos que participaram desse piloto não foram considerados na avaliação final dos resultados da pesquisa. Ao longo do treinamento, 36 estudantes desistiram ou frequentaram menos do que 75% dos encontros, sendo também excluídos. Dessa forma, ao final da pesquisa, foram avaliados 103 estudantes de Comunicação, que tinham sido distribuídos aleatoriamente em 46 em PV (16 homens e 30 mulheres, média de 20,6 anos de idade) e 57 em PE (10 homens e 47 mulheres, média de 20,2 anos de idade). Para a aplicação do programa, foram formados pequenos grupos (G) ao longo de um ano, com média de 20 participantes por grupo, distribuídos de forma aleatória entre PV e PE: G1 (n=19), G2 (n=24), G3 (n=20), G4 (n=25) e G5 (n=15). Os programas foram compostos por oito encontros, que aconteceram uma vez por semana, com duração de duas horas cada um.

Protocolos de autoavaliação e avaliação do treinamento

Foram analisados os momentos pré e pós-treinamento para verificar os resultados de cada programa e foram comparados os dados obtidos pós-treinamento em PV e PE para avaliar se houve diferença entre os programas propostos.

Para avaliar a melhora da qualidade vocal em PV e a ampliação da expressividade oral em PE, foram elaborados e aplicados os questionários de Autoavaliação de Envolvimento e Rendimento da Comunicação no Treinamento, Autoavaliação da Voz, Teste de Autoavaliação da Competência na Comunicação – TACCom(28) e foi realizado o julgamento perceptivo-auditivo da leitura em voz alta de texto pré e pós-treinamento. Também foi aplicada a avaliação da forma e do conteúdo do treinamento para verificar a impressão dos participantes sobre os programas.

Autoavaliação de Envolvimento e Rendimento da Comunicação no Treinamento e avaliação de sua forma e conteúdo - ao longo do treinamento, os alunos fizeram uma autoavaliação de sua comunicação oral e de seu envolvimento com as atividades propostas, dando uma nota de 0 a 10 para essas tarefas. As notas eram registradas semanalmente pelas fonoaudiólogas que conduziram os grupos. Na avaliação do treinamento vocal, os participantes deram uma nota de 0 a 10 para a forma de realização da atividade e seu conteúdo.

Autoavaliação da Voz - foi feita a pergunta “Como você classifica a sua voz?” e os participantes assinalaram sua resposta numa folha de papel que continha a escala 1= excelente, 2= muito boa, 3= boa, 4= razoável, 5= ruim.

Teste de Autoavaliação da Competência na Comunicação – TACCom - quando a pesquisa foi realizada, o TACCom ainda não havia sido validado. Portanto, os participantes responderam ao protocolo original composto por 20 questões que investigam diferentes aspectos da comunicação quanto às habilidades de fala (questões 1 a 10) e de escuta (questões 11 a 20): capacidade de captar e manter a atenção do ouvinte; voz boa e expressiva; fala clara e boa dicção; facilidade em influenciar os outros com a comunicação; garantia de que os outros se lembram do que foi dito; capacidade de falar sem ser interrompido; habilidade de aproveitar as oportunidades de comunicação; ter as sugestões, críticas e feedbacks aceitos pelos outros; iniciativa em melhorar a própria comunicação; uso da comunicação como marketing pessoal; capacidade de não interromper o interlocutor; habilidade em prestar atenção na mensagem verbal e não verbal; capacidade de assumir o que é dito; manutenção da atenção do interlocutor; facilidade de prestar atenção no outro sem distrações; capacidade de responder diretamente ao que é perguntado; demonstração de interesse ao que é dito; confirmação de pontos importantes; habilidade de memorizar fatos importantes e características do outro; possibilidade de receber bem críticas, elogio e feedbacks. Na chave de respostas, o participante deve anotar uma das alternativas: “sim”, “mais ou menos”, “não” ou “não sei”. Para calcular o resultado, deve-se contar 1 ponto para cada resposta. O bom comunicador é aquele que apresenta 16 pontos, ou mais, para a alternativa “sim”.

Na avaliação final, pós-treinamento, os participantes preencheram o questionário de Avaliação de Forma e Conteúdo, realizaram novamente a Autoavaliação Vocal e responderam ao TACCom.

Julgamento perceptivo-auditivo da comunicação oral

Para comparar o desempenho dos participantes na leitura em voz alta de texto, pré e pós-treinamento, os estudantes gravaram a leitura de um mesmo texto informativo no início e no final do treinamento. As amostras de fala foram gravadas diretamente no computador por meio do Programa Fono View versão 4.4 (CTS Informática). Os indivíduos estavam sentados, mantendo uma distância de aproximadamente 10 cm da boca ao microfone. Para o registro das vozes, foram utilizados equipamentos com as seguintes características: computador DELL OPTIPLEX 880, sistema operacional Windows 10 e microfone Radio Shack. As vozes foram gravadas no formato wave, em registro mono, taxa de amostragem de 44.100 Hz e 16 bits. Foram mantidas as mesmas condições de gravação para todos os participantes da pesquisa, nos dois momentos da coleta dos dados de cada grupo. Todas as gravações foram armazenadas num HD externo e, posteriormente, editadas no programa Audacity (versão 2.1.2) instalado em um computador Dell, processador IntelCore2 Duo CPU e sistema operacional Windows 7 Home Premium.

O julgamento perceptivo-auditivo foi realizado por cinco fonoaudiólogos especialistas em voz, com experiência em voz profissional. A apresentação das vozes ocorreu numa sessão coletiva. Os juízes ouviram as leituras de cada participante, organizadas em ordem casual, estando as amostras pré e pós-treinamento sequencializadas de forma aleatória. Houve repetição de 10% das gravações para testar a confiabilidade intra e interjuízas. Em um protocolo de avaliação especialmente desenvolvido para essa tarefa, foram feitos os seguintes registros:

Comparação das leituras e caracterização da melhor emissão - cada juíza anotou se as leituras eram semelhantes ou diferentes. Caso as considerasse diferentes, deveria escolher a melhor emissão, dar uma nota de 0 a 10 e indicar a razão: voz e fala, interpretação ou ambas. Em seguida, deveria assinalar a mudança mais evidente, de acordo com os seguintes parâmetros: voz mais limpa, considerada como clareza vocal; dicção nítida, referente à articulação bem definida dos sons da fala; credibilidade da mensagem, definida como aquilo que se pode crer, crível; envolvimento com o ouvinte, relacionado à leitura mais interpretada do texto. Por fim, foi realizada a análise dos seguintes recursos vocais nas leituras: frequência, relacionada ao uso de tons graves, médios ou agudos; intensidade, ligada à característica de força ou suavidade do som; velocidade de fala, referente à emissão produzida de modo lento ou rápido; modulação, associada à variação tonal no texto; ênfase, vinculada ao destaque dado a uma ou mais palavras durante a leitura. As respostas desta avaliação foram anotadas na escala: 0= totalmente adequado ao texto, 1= parcialmente adequado ao texto e 2= inadequado.

Análise estatística

Foi utilizado o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS, versão 13.0). Foi adotado o nível de significância de 5% (α = 0,050) para todas as análises.

Para avaliar a confiabilidade do julgamento perceptivo-auditivo, foram aplicados o Teste Alfa de Cronbach e o Teste W de Kendall. A partir desta análise, foi sugerido o sorteio de um avaliador para fornecer os dados para as análises do estudo.

Os dados dos protocolos de autoavaliação foram comparados, considerando dois momentos de avaliação, pré e pós-treinamento, e os dois grupos de participantes, PV e PE. Foram aplicados o Teste dos Postos Sinalizados de Wilcoxon e o Teste W de Kendall para verificar se havia diferença entre os dois momentos de avaliação. Foram aplicados os testes de Mann-Whitney e o teste da Razão de Verossimilhança, com o objetivo de checar possíveis diferenças entre PV e PE.

Para a análise dos dados do julgamento perceptivo-auditivo, foram aplicados os testes de Mann-Whitney e o teste da Razão de Verossimilhança, com o intuito de verificar possíveis diferenças entre PV e PE.

RESULTADOS

Não houve diferença estatisticamente significativa na autoavaliação vocal e da competência na comunicação entre PV e PE (Tabela 1). Em ambos os grupos, a comparação entre os dois momentos estudados apontou que os estudantes de comunicação avaliaram melhor sua voz e sua competência na comunicação ao final do treinamento, de acordo com os dados fornecidos pelo teste W de Kendall.

Tabela 1
Autoavaliação da voz e da competência na comunicação nos momentos pré e pós-treinamento nos programas Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral

Não houve diferença estatisticamente significativa entre as médias das notas das leituras nos grupos voz (PV) e expressividade (PE). Houve diferença estatisticamente significativa entre as médias das notas das leituras nos momentos pré e pós-treinamento. A média das notas pós-treinamento foi maior do que a média das notas pré-treinamento (Tabela 2).

Tabela 2
Médias das notas obtidas no julgamento perceptivo-auditivo das leituras nos momentos pré e pós-treinamento nos programas Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral

Não houve diferença estatisticamente significativa entre os programas voz (PV) e expressividade (PE) na comparação entre as leituras, razão da escolha da melhor leitura e caracterização dos parâmetros que indicaram a escolha da melhor leitura (Tabela 3).

Tabela 3
Comparação entre as leituras, razão da escolha da melhor leitura e caracterização dos parâmetros que indicaram a escolha da melhor leitura para os programas Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral no julgamento perceptivo-auditivo

Os recursos vocais de velocidade de fala, pausas, modulação e ênfases foram utilizados de forma adequada ao texto durante a leitura no momento pós-treinamento, em ambos os grupos (Tabela 4).

Tabela 4
Julgamento perceptivo-auditivo dos recursos vocais utilizados nos momentos pré e pós-treinamento nos programas Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral

A comparação entre os grupos revelou que os participantes do PE tiveram maior envolvimento com o treinamento e melhor rendimento da comunicação (Tabela 5), sendo que a forma e o conteúdo do treinamento foram avaliados de maneira positiva, em ambos os grupos (Tabela 5).

Tabela 5
Médias das notas de autoavaliação de envolvimento e de rendimento na comunicação ao longo do treinamento e da avaliação do conteúdo e da forma do treinamento nos programas Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral

DISCUSSÃO

Os estudantes de comunicação avaliaram melhor sua voz e sua competência na comunicação ao final do treinamento, em ambos os grupos (Tabela 1), dados que confirmam os resultados positivos de programas de treinamento vocal e reforçam a unidade voz-linguagem-expressividade como aspectos indissociáveis no trabalho de aprimoramento da comunicação oral(1,7,10-13,29), mesmo quando o foco do treinamento é o desenvolvimento específico da voz para a comunicação.

As leituras dos participantes foram avaliadas de forma melhor no momento pós-treinamento em ambos os grupos (Tabela 2), dado que revela o resultado positivo do treinamento vocal(1,11-13,29). Quanto à razão da escolha, não houve diferença entre os parâmetros ‘voz e fala’ e ‘interpretação’ em PV e PE (Tabela 3), provavelmente porque os dois tipos de treinamento tenham mobilizado, de forma semelhante, aspectos relacionados à voz e à fala, assim como à interpretação do texto.

Ambos os treinamentos abordaram temas relacionados à voz e à expressividade da comunicação sendo, contudo, explorados de formas distintas e desenvolvidos com maior ou menor profundidade em cada proposta. Além da dificuldade de dissociar os aspectos de voz e expressividade ao se trabalhar a comunicação oral(1,10-13,29), a desigualdade planejada entre as abordagens parece não ter sido suficiente para promover desempenhos distintos de leitura e interpretação de texto aos participantes do PV e do PE.

Ao se eleger os indicadores que seriam usados para a identificação das mudanças entre as leituras, optou-se pela escolha de termos relacionados a parâmetros fisiológicos, como ‘voz limpa’ e ‘dicção nítida’, e de parâmetros referentes à interpretação do texto, como ‘credibilidade’ e ‘envolvimento’. Os indicadores ‘voz limpa’ e ‘envolvimento’ evidenciaram as mudanças mais marcantes em ambos os grupos (Tabela 3). O parâmetro ‘voz limpa’ apareceu com altíssima ocorrência, mostrando que o efeito imediato dos treinamentos é percebido por meio de uma mudança global da voz do indivíduo, considerada, aqui, como ‘voz limpa’. O parâmetro ‘envolvimento’ foi definido como ‘texto mais bem interpretado, menos lido’. A leitura mais fluente e interpretada de um texto pôde ser alcançada ao final de oito encontros de treinamento vocal, transmitindo a sensação de envolvimento(10-12). Atingir a credibilidade nesse mesmo período de tempo parece ser mais complexo e desafiador.

Na comparação entre as leituras, esperava-se encontrar diferenças entre os grupos nos parâmetros velocidade de fala, pausas, modulação e ênfases, sendo que o uso adequado dos elementos prosódicos no texto poderia ter sido identificado com maior ocorrência em PE. A associação de diversos fatores contribuiu para o comportamento semelhante entre os grupos (Tabela 4): atributos dos estudantes, duração do treinamento, estratégias escolhidas para cada grupo e a unidade dos aspectos voz e expressividade. Ao se comparar os dois momentos do treinamento, os parâmetros acima citados foram utilizados de forma adequada ao texto durante a leitura no momento pós-treinamento, revelando o resultado positivo do treinamento vocal em ambos os grupos(1,11-13,29) (Tabela 4).

A avaliação positiva da forma e do conteúdo dos treinamentos (Tabela 5), que pôde ser observada pelas notas altas dadas pelos participantes, reforçou a seleção adequada das estratégias propostas. A elaboração dos programas baseou-se em estratégias recomendadas na literatura especializada, com comprovado impacto na melhora da voz e da comunicação oral(1,10,11,15,16,19,20). Porém, se a autoavaliação de envolvimento e de rendimento na comunicação em PE foi melhor do que em PV (Tabela 5), é preciso considerar que o diferencial do PE estava na forma como os recursos vocais e expressivos foram desenvolvidos no programa, com a utilização de estratégias para facilitar a compreensão global do texto(23) e a transmissão dos sentidos(22). As estratégias desenvolvidas em PE e a maneira como foram apresentadas aos participantes parecem ter sido mais efetivas para a adequada transmissão das ideias e mais interessantes, tornando os alunos mais envolvidos. Na Tabela 5, também é possível observar que, ao se comparar os parâmetros estudados, a média das notas de rendimento da comunicação foi maior do que a de envolvimento ao longo do curso. Tal dado pode estar associado a indicadores individuais de percepção das próprias habilidades. Por serem estudantes, suas referências de comunicação profissional estão em construção e formam um conjunto ainda pouco consistente de parâmetros de comparação. Assim, pequenas mudanças na comunicação oral, ao serem muito valorizadas, podem passar a ser avaliadas de forma positiva pelos participantes.

Ao considerar o profissional de rádio e televisão como um comunicador e formador de opinião(4), faz-se necessário o aprimoramento dos recursos vocais e expressivos para seu efetivo emprego na veiculação da mensagem desejada. Mais do que a busca por estratégias que favoreçam a maneira correta de falar(1), um programa de treinamento vocal para profissionais de rádio e televisão deve promover a flexibilidade do uso da voz e da comunicação e desenvolver a expansão das possibilidades vocais e expressivas, levando ao uso mais consciente e controlado dos recursos comunicativos. Se o trabalho de expressividade se baseia na promoção da comunicação oral de forma condizente com o conteúdo da mensagem, a atuação fonoaudiológica seria mais abrangente e, ao mesmo tempo, mais efetiva se também estivesse focada no desenvolvimento de habilidades de compreensão e interpretação do texto(10). O treinamento, dessa forma, poderia conduzir à transformação do indivíduo e o fonoaudiólogo contribuiria para o desenvolvimento de leitores críticos e comunicadores com autonomia para tornarem-se os verdadeiros protagonistas de seu processo de desenvolvimento das habilidades de comunicação.

As abordagens de voz e expressividade, se aplicadas conjuntamente, podem potencializar os resultados de um treinamento fonoaudiológico de aperfeiçoamento da comunicação oral de estudantes de comunicação. Os resultados de uma proposta dessa natureza devem continuar sendo investigados em pesquisas futuras.

CONCLUSÃO

A pesquisa mostrou o resultado positivo do treinamento para estudantes de comunicação nos dois grupos. Houve diferença entre os momentos pré e pós-treinamento em todas as medidas avaliadas. Na comparação entre PV e PE, a única diferença encontrada foi a autoavaliação de envolvimento e rendimento na comunicação, sendo observadas maiores notas em PE.

Anexo 1. Estratégias utilizadas no Programa de Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral e no Programa de Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral

Programa de Desenvolvimento da Voz para a Comunicação Oral
Encontro 1: Apresentação do treinamento
- Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; aplicação de protocolos de avaliação; gravação das vozes dos participantes
Encontro 2: Respiração
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros
- Movimentos amplos da região costodiafragmática durante sequências de inspirações e expirações profundas
- Técnica de sons fricativos em passagem de sonoridade: sss...->zzz...
- Leitura em voz alta de frases que aumentam gradativamente de tamanho
Encontro 3: Aquecimento vocal
- Leitura em voz alta de texto informativo pré-aquecimento vocal
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros
- Movimentos amplos das estruturas da região costodiafragmática durante sequências de inspirações e expirações profundas
- Técnica de sons vibrantes em emissões sustentadas, moduladas e em escalas musicais
- Técnica do bocejo-suspiro
- Técnica de firmeza glótica
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Leitura em voz alta do mesmo texto informativo e comparação das leituras pré e pós-aquecimento vocal
- Leitura em voz alta de outro texto informativo com breve feedback individual, pontuando parâmetros, como frequência, intensidade, articulação da fala e ressonância
Encontro 4: Articulação dos sons da fala
- Leitura em voz alta de texto informativo pré-exercícios
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons vibrantes em emissões moduladas
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de rotação de língua no vestíbulo bucal associada à técnica de sons nasais
- Técnica mastigatória
- Técnica de sobrearticulação associada à emissão de sequências silábicas
- Leitura em voz alta do mesmo texto informativo e comparação das leituras pré e pós-exercícios com breve feedback individual
Encontro 5: Modulação de frequência e intensidade
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de som basal
- Técnica de sopro e som agudo
- Técnica de sons vibrantes em emissões moduladas e em escalas musicais
- Técnica de modulação de frequência e intensidade: leitura de frases especiais para treino de diferentes inflexões e com palavras previamente marcadas para exercício de ênfases
- Leitura em voz alta com breve feedback individual de dois textos informativos curtos: texto de teor mais leve para ser lido com emprego de tons agudos e modulação rica; texto sóbrio para ser lido com tons mais graves e modulação restrita
Encontro 6: Ressonância
- Leitura em voz alta de texto informativo pré-exercícios
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons fricativos: emissão de fricativos sonoros de forma concatenada “vzj vzj vzj”
- Técnica do bocejo-suspiro
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de rotação de língua no vestíbulo bucal associada à técnica de sons nasais
- Técnica de voz salmodiada associada a sequências articulatórias e à fala automática
- Leitura em voz alta do mesmo texto informativo e comparação das leituras pré e pós-exercícios com breve feedback individual
Encontro 7: Comparação da comunicação oral pré e pós-treinamento
- Apresentação dos vídeos de cada participante, organizados aos pares, gravados nos encontros 2 e 6, e considerados como material pré e pós-treinamento, respectivamente
- Análise das gravações:
- Feedbacks feitos imediatamente após observação do vídeo de cada aluno
- Comentários sobre os pontos que melhoraram e aqueles que ainda poderiam ser aprimorados
Encontro 8: Encerramento do treinamento
- Apresentação de um resumo do programa; retomada de todos os exercícios realizados; aplicação de protocolos de avaliação; gravação das vozes dos participantes
Programa de Desenvolvimento da Expressividade para a Comunicação Oral
Encontro 1: Apresentação do treinamento
- Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; aplicação de protocolos de avaliação; gravação das vozes dos participantes
Encontro 2: Respiração
- Discussão sobre pontuação e respiração/realização de pausa respiratória de acordo com a lógica do texto, com exemplo de frase com diferentes significados, de acordo com a pontuação empregada
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros
- Movimentos amplos da região costodiafragmática durante sequências de inspirações e expirações profundas
- Técnica de sons fricativos em passagem de sonoridade: sss... -> zzz...
- Exercício de marcação de pontuação, como vírgula e ponto, em textos impressos sem os sinais gráficos. A anotação deve ser feita de acordo com a lógica do texto, notando a diferença de duração das pausas no caso da vírgula e do ponto final
- Leitura em voz alta dos textos com breve feedback individual
Encontro 3: Aquecimento vocal
- Leitura em voz alta de texto informativo
- Estratégia para orientar o participante na compreensão global do texto, por meio de perguntas para identificar a estrutura do texto e inferir a intenção do autor
- Leitura em voz alta do mesmo texto e comparação entre leituras pré e pós-compreensão do texto
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros
- Movimentos amplos das estruturas da região costodiafragmática durante sequências de inspirações e expirações profundas
- Técnica de sons vibrantes em emissões sustentadas, moduladas e em escalas musicais
- Técnica do bocejo-suspiro
- Técnica de firmeza glótica
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Leitura em voz alta do mesmo texto informativo, análise das situações:
- primeira leitura, sem discussão do texto
- segunda leitura, pós-discussão e compreensão do texto
- terceira leitura, pós-compreensão do texto e pós-aquecimento
- Comparação entre as leituras e breve feedback individual
- Leitura em voz alta de outro texto informativo com breve feedback individual, pontuando parâmetros, como frequência, intensidade, articulação da fala e ressonância, além de sua relação com o conteúdo do texto
Encontro 4: Articulação dos sons da fala
- Leitura em voz alta de texto informativo
- Perguntas para direcionar a compreensão global do texto: identificação da estrutura do texto e inferência da intenção do autor
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons vibrantes em emissões moduladas
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de rotação de língua no vestíbulo bucal associada à técnica de sons nasais
- Técnica mastigatória
- Técnica de sobrearticulação
- Leitura em voz alta do mesmo texto informativo e comparação entre leituras pré e pós-exercícios, com breve feedback individual
- Leitura em voz alta de um texto publicitário que é dirigido a um público jovem; portanto, a ser lido com velocidade rápida de fala, mantendo precisão articulatória. Reunião de todas as habilidades trabalhadas durante este encontro: estratégias de compreensão do texto e exercícios para garantir uma articulação bem definida. Breve feedback individual
Encontro 5: Modulação de frequência e intensidade
- Leitura em voz alta de texto em que a mesma frase tem sentidos distintos, de acordo com a posição do sinal gráfico de vírgula
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de som basal
- Técnica de sopro e som agudo
- Técnica de sons vibrantes em emissões moduladas e em escalas musicais
- Técnica de modulação de frequência e intensidade: leitura de frases especiais para treino de diferentes inflexões e com palavras previamente marcadas para exercício de ênfases
- Leitura em voz alta de poesia. Perceber como cada participante emprega os recursos vocais, de acordo com sua interpretação pessoal do texto e a mensagem que deseja transmitir. Breve feedback individual.
Encontro 6: Ressonância
- Leitura em voz alta de texto publicitário
- Perguntas para direcionar a compreensão global do texto: identificação da estrutura do texto e inferência da intenção do autor
- Leitura em voz alta de texto informativo pré-exercícios
- Técnica de movimentos cervicais e de rotação de ombros associada à técnica de sons vibrantes
- Técnica de sons fricativos: emissão de fricativos sonoros de forma concatenada “vzj vzj vzj”
- Técnica do bocejo-suspiro
- Técnica de sons nasais associada à técnica mastigatória
- Técnica de rotação de língua no vestíbulo bucal associada à técnica de sons nasais
- Leitura em voz alta do mesmo texto publicitário e comparação entre leituras pré e pós-exercícios, com breve feedback individual
- Técnica de voz salmodiada associada a sequências articulatórias e à fala automática
- Leitura em voz alta de texto informativo com breve feedback individual. Reunião de todas as habilidades trabalhadas durante este encontro: estratégias de compreensão do texto e exercícios para garantir uma ressonância equilibrada e promover melhor projeção vocal
Encontro 7: Comparação da comunicação oral pré e pós-treinamento
- Apresentação dos vídeos de cada participante, organizados aos pares, gravados nos encontros 2 e 6, e considerados como material pré e pós-treinamento, respectivamente
- Análise das gravações:
- Feedbacks feitos imediatamente após observação do vídeo de cada aluno
- Comentários sobre os pontos que melhoraram e aqueles que ainda poderiam ser aprimorados
Encontro 8: Encerramento do treinamento
- Apresentação de um resumo do programa; retomada de todos os exercícios realizados; aplicação de protocolos de avaliação; gravação das vozes dos participantes
  • Trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brasil.
  • Financiamento:
    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (33009015).

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    31 Mar 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    22 Set 2024
  • Aceito
    07 Jan 2025
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