RESUMO
Objetivos revisar a literatura nacional e internacional a respeito das propostas para reabilitar/treinar o equilíbrio postural em sujeitos com transtorno do espectro autista e verificar a atuação do fonoaudiólogo na referida área.
Estratégia de pesquisa foram realizadas buscas nas bases BVS, MEDLINE e Scopus, utilizando-se os descritores transtorno do espectro autista, equilíbrio postural e reabilitação.
Critérios de seleção artigos de periódicos nacionais e internacionais em inglês, espanhol e português. Foram excluídos os trabalhos que não se enquadrassem no tema, versassem apenas sobre avaliação do equilíbrio, mencionassem outras doenças/déficits associados ao transtorno e aqueles não disponíveis para leitura. Analisaram-se as amostras, objetivos, instrumentos/métodos/técnicas de avaliação e de reabilitação do equilíbrio, balizadores terapêuticos, profissionais envolvidos e principais resultados.
Resultados foram recuperados 53 artigos e selecionados 12 para leitura integral. Identificou-se importante variedade de propostas de reabilitação/treinamento do equilíbrio para crianças/adolescentes, baseadas em abordagens de atividades físicas e treinos motores. Todas elas propiciaram melhorias e foram conduzidas por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos.
Conclusão Embora seja uma temática pouco explorada pela comunidade científica, existe uma variada gama de propostas exequíveis de reabilitação/treinamento do equilíbrio postural em sujeitos com transtorno do espectro autista, passíveis de adaptações e reprodução nos contextos clínicos brasileiros. As pesquisas não incluíram o fonoaudiólogo no processo de avaliação do equilíbrio postural e, tampouco, na etapa de reabilitação/treinamento, embora a sua atuação seja imprescindível para o cuidado integral e sucesso terapêutico.
Palavras-chave:
Transtorno do espectro autista; Equilíbrio postural; Reabilitação; Movimento; Revisão
ABSTRACT
Purpose The present study aimed to review the national and international literature regarding proposals to rehabilitate/train postural balance in subjects with Autism Spectrum Disorder (ASD) and verify the speech therapist’s performance in that area.
Research strategy searches were carried out in the VHL, MedLine and Scopus databases using the descriptors autism spectrum disorder, postural balance and rehabilitation. Selection criteria: articles published in national and international journals in English, Spanish and Portuguese. Studies not addressing the subject, that only dealt with the assessment of postural balance, that reported other syndromes and/or sensory impairments associated with ASD and those unavailable for reading were excluded. The investigators evaluated the samples, objectives, instruments/ methods/techniques for assessment and rehabilitation of postural balance, therapeutic guidelines, professionals involved and main results obtained.
Results 53 articles were retrieved, 12 being selected for full reading. A variety of rehabilitation/balance training proposals for children and adolescents are identified, based on physical activity approaches and motor exercises. Improvement was observed in all proposed interventions, carried out by Physiotherapists, Occupational Therapists and Physical Educators.
Conclusion From the reviewed studies analyzed, it was concluded that, although it is a topic little explored by the scientific community, there is a wide range of feasible proposals for rehabilitation/training of postural balance in subjects with Autism Spectrum Disorder, capable of adaptation and reproduction in Brazilian clinical contexts. Even so, we point out that the research did not include the Speech Therapist in the postural balance assessment process, nor in the rehabilitation/training stage, although their role is necessary for comprehensive care and therapeutic success.
Keywords:
Autism spectrum disorder; Postural balance; Rehabilitation; Movement; Review
INTRODUÇÃO
O transtorno do espectro autista (TEA) corresponde a um transtorno do neurodesenvolvimento, cujas manifestações são heterogêneas e se caracterizam por déficits persistentes de comunicação e interação social, bem como por padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades(1). Recentemente, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), por meio da Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network (ADDM), estimou a prevalência de TEA, no ano de 2020, em, aproximadamente, uma em 36 crianças aos 8 anos de idade(2).
Em adição às comorbidades clínicas comuns do autismo, os déficits do desenvolvimento motor são igualmente relatados nessa população. Eles conferem suporte aos critérios diagnósticos(3), uma vez que afetam distintos domínios motores, incluindo as habilidades motoras grossas e finas, a coordenação motora, o controle e o equilíbrio postural(4-8).
Especificamente, as alterações de equilíbrio postural ocorrem com mais frequência em sujeitos com TEA quando comparados à população em geral(8). Trata-se de uma complexa tarefa, que é dependente das informações sensoriais de três sistemas distintos, que atuam de forma harmônica e integrada (sistemas somatossensorial, vestibular e visual). Essas informações são, então, utilizadas por um processo de feedback, permitindo que respostas musculares corretivas sejam elaboradas para resistir à gravidade(9). De acordo com a literatura, as informações de cada um dos canais sensoriais são ponderadas conforme a sua confiabilidade relativa após a etapa de Integração Sensorial (IS)(10) - processo neurofisiológico no qual o sistema nervoso central (SNC) organiza, interpreta, processa e modula as informações sensoriais advindas dos três sistemas, de forma rápida e precisa, imprescindível para os ajustes posturais a serem adotados.
Ao considerar as fortes evidências relacionadas aos déficits de IS no autismo, infere-se que a confiabilidade das informações sensoriais advindas dos sistemas proprioceptivo, vestibular e visual, bem como a forma pela qual são integradas em diferentes níveis de processamento central, possivelmente sejam os fatores chave dos déficits de equilíbrio postural no TEA(9,10). No entanto, verifica-se, à luz da literatura especializada, que a avaliação e, principalmente, a reabilitação do equilíbrio postural no autismo são temas pouco explorados, dada sua tamanha importância. Por essa razão, acredita-se que a investigação sobre a natureza dos déficits em equilíbrio postural possa fornecer uma nova perspectiva para as abordagens terapêuticas no TEA e, especialmente, para a Fonoaudiologia e as ciências que, de modo complementar, igualmente se dedicam ao estudo da temática, tais como a Educação Física, a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional.
Diante do exposto, com o intuito de aprofundar o conhecimento relacionado ao equilíbrio postural e suas alterações na população-alvo e analisar a atuação do fonoaudiólogo nessa área específica, a presente revisão integrativa foi proposta frente à incidência crescente do TEA na atualidade, de modo a incentivar as pesquisas futuras e contribuir com o enriquecimento das intervenções terapêuticas, fortalecendo o trabalho multiprofissional e interdisciplinar entre as áreas afins, cada qual com a sua especificidade.
OBJETIVOS
O presente estudo teve por objetivos revisar a literatura nacional e internacional a respeito das propostas para reabilitar/treinar o equilíbrio postural em sujeitos com transtorno do espectro autista (TEA) e verificar a atuação do fonoaudiólogo na referida área.
ESTRATÉGIA DE PESQUISA
Empregou-se como abordagem metodológica a revisão integrativa da literatura, que permite descrever e analisar os dados de outros estudos com distintas abordagens e delineamentos metodológicos (qualitativos, quantitativos, experimentais e não experimentais, dentre outros), facilitando a compreensão do fenômeno de interesse(11).
Para a elaboração da revisão, foram obedecidas as seis etapas propostas pela literatura(11): pergunta norteadora; buscas em bases de dados; coleta de dados dos estudos; análise crítica dos estudos incluídos; discussão dos resultados e apresentação final da síntese do conhecimento.
Na primeira etapa, formulou-se a seguinte questão norteadora: “Quais são as propostas para reabilitar/treinar o equilíbrio postural que vêm sendo utilizadas em pacientes com TEA?”.
Em seguida, na segunda etapa, conforme proposto pelos autores(11), realizaram-se as buscas bibliográficas nas bases de dados eletrônicas BVS, MEDLINE/PubMed e Scopus, utilizando-se tanto os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), quanto os Medical Subject Headings terms (MeSh terms). Optou-se por esses três canais literários devido ao fato de serem vastamente utilizados na grande área da saúde com a qual se relaciona esta revisão. Os termos DeCS utilizados foram: transtorno do espectro autista, equilíbrio postural e reabilitação, nos idiomas inglês, espanhol e português. Já, os MeSh terms foram autism spectrum disorder, postural balance e rehabilitation. Nas bases BVS e Scopus, utilizaram-se, respectivamente, os campos de busca título/resumo e title/abstract/keyword; já na MEDLINE/PubMed, selecionou-se o campo all fields. A estratégia de busca compreendeu uma consulta realizada em cada uma das bases de dados referidas, utilizando-se as mesmas combinações, de forma que apenas o vocabulário (MeSh ou DeCS) foi diferente entre as bases. Ressalta-se que não foi delimitado um período para o levantamento dos trabalhos, com a finalidade de se obter o maior número possível de estudos pertinentes ao objetivo da presente pesquisa e que respondessem à questão norteadora, dada a hipótese prévia dos autores de que haveria, na literatura compulsada, poucos estudos a respeito da temática. As buscas foram realizadas no período de outubro a dezembro de 2023, utilizando-se as seguintes combinações:
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Buscas: “Transtorno do Espectro Autista” OR “Trastorno del Espectro Autista”
OR “Autism Spectrum Disorder” AND “Equilíbrio Postural” OR “Equilibrio
Postural” OR “Postural Balance” AND Reabilitação OR Rehabilitación OR
Rehabilitation
Salienta-se que o operador booleano OR foi utilizado para que os documentos que tivessem qualquer um dos termos empregados como sinônimos fossem encontrados. Além disso, também não se utilizou o recurso de restrição dos resultados aos textos completos ou aos free full texts, em decorrência da possibilidade de os autores terem acesso a alguns textos via biblioteca institucional, ainda que esses estudos não estivessem disponíveis para leitura na íntegra nas bases de dados eletrônicas.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
Prosseguindo na segunda etapa da revisão(11), foram definidos os critérios de inclusão e exclusão:
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Critérios de inclusão: artigos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais nos idiomas inglês, espanhol e português.
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Critérios de exclusão: estudos que não se enquadravam no tema proposto e/ou não respondiam à questão norteadora da revisão; que abordavam apenas a avaliação do equilíbrio postural, sem a reabilitação; que mencionavam outras síndromes (genéticas e neurológicas) e/ou deficiências sensoriais (ex.: cegueira) associadas ao TEA; aqueles em que o texto integral não estivesse disponível para leitura na íntegra, mesmo nos casos em que os autores tivessem acesso via biblioteca institucional.
Posteriormente à exclusão das duplicações dos artigos recuperados, os trabalhos foram submetidos aos critérios de exclusão a partir da leitura dos títulos e resumos, o que resultou no conjunto de estudos que seriam utilizados para esta revisão e, portanto, lidos na íntegra. O fluxograma das etapas de seleção da amostra, bem como o quantitativo respectivo de artigos resultantes de cada uma delas encontra-se na Figura 1.
Fluxograma das etapas de seleção da amostra da revisão e quantitativo respectivo de estudos
ANÁLISE DOS DADOS
Configurando a terceira etapa da revisão integrativa(11) - coleta e análise de dados dos estudos selecionados - utilizou-se um formulário estruturado para o registro dos seguintes itens: objetivos dos estudos; caracterização da amostra (tamanho amostral, idade dos participantes - faixa etária/média de idade); instrumento(s)/método/técnica de avaliação do equilíbrio postural utilizado(s); denominação da estratégia/técnica de reabilitação/treinamento do equilíbrio e descrição da sua aplicação; balizadores terapêuticos (quantitativo de sessões e tempo duração; periodicidade; tempo total de tratamento); profissional(is) envolvido(s) e, por fim, os principais resultados obtidos a partir da aplicação das estratégias/técnicas propostas. Salienta-se que para descrever o profissional envolvido, as autoras preservaram os termos originais citados nos artigos.
Esses dados foram extraídos, registrados, apresentados e discutidos criticamente, concluindo as três etapas seguintes da revisão integrativa, que correspondem à análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos seus resultados e, finalmente, a apresentação da síntese do conhecimento.
RESULTADOS
Aplicando-se os critérios de busca, foram recuperados 53 artigos. Posteriormente à eliminação das duplicações e observância dos critérios de exclusão, 12 artigos foram selecionados para a leitura integral e representaram a amostra final desta revisão (Figura 1). Ressalta-se que todos os estudos incluídos foram retornados da base de dados eletrônica MEDLINE.
O Quadro 1 descreve a amostra, apresentando a caracterização geral dos artigos selecionados de acordo com o título, autor(res), periódico/ano de publicação e país onde os estudos foram realizados.
A apresentação detalhada dos trabalhos, conforme objetivos, caracterização da amostra, instrumento/método/técnica de avaliação do equilíbrio postural, denominação da estratégia/técnica de reabilitação e descrição da aplicação, balizadores do tratamento, profissional(is) envolvido(s) e principais resultados encontra-se no Quadro 2.
Descrição detalhada dos estudos conforme objetivos, caracterização da amostra, instrumento(s)/método/técnica de avaliação do equilíbrio postural, denominação da estratégia/técnica de reabilitação e descrição da aplicação, balizadores do tratamento, profissional(is) envolvido(s) e principais resultados
Com relação à caracterização amostral, houve predomínio de estudos com tamanhos de amostras relativamente pequenos, variando de 2 a 16 sujeitos com TEA. Quanto à faixa etária dos sujeitos estudados, os resultados indicaram que 8 (66,7%)(5,7,8,12-14,17,18) investigaram apenas crianças e 4 (33,3%)(4,6,15,16) investigaram crianças e adolescentes.
No que se refere aos instrumentos/métodos/técnicas para avaliar o equilíbrio postural, identificaram-se diversos, dentre os quais, 6 (50%)(5,6,13,15-17) pesquisas utilizaram ferramentas simples, de baixa tecnologia (escalas e testes físicos), 5 (41,7%)(4,7,8,12,18) estudos preferiram ferramentas complexas, de maior densidade tecnológica (sistemas de vídeo e distintas plataformas de força e/ou pressão e posturográfica), enquanto 1 (8,3%)(14) dos artigos utilizou-se da combinação de ambas.
No que concerne às estratégias/técnicas de reabilitação/treinamento do equilíbrio postural, 6 (50%)(4,5,8,16-18) pesquisas se basearam em programas constituídos por atividades tradicionais de aptidão/condicionamento físico e treinos motores; em 2(16,17) houve combinação do treino físico/motor com a eletroestimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) e em outro(8) estudo o treino motor foi complementado por estratégia de “gamificação” (Nintendo Wii® ). Outro trabalho (8,3%)(7) sustentou, exclusivamente, a “gamificação” da terapêutica através de um software com jogos interativos de realidade virtual, utilizando a plataforma Framiral®. . Dois (16,7%) estudos investiram no treino de tarefas instrumentais/funcionais da vida diária, por meio da Terapia Assistida por Animais (TAA) (Equoterapia)(12) e da utilização de um protótipo de elefante motorizado(15). Outras 2 (16,7%)(6,13) pesquisas propuseram abordagens esportivas para o treinamento do equilíbrio postural. Por fim, 1 (8,3%)(14) pesquisa utilizou-se da estratégia de Integração Sensorial (IS) com o balanço vestibular.
Quanto aos balizadores terapêuticos, identificou-se que o número de sessões variou entre os estudos, partindo de sessão única até 72 sessões. Verificou-se, também, que a periodicidade das sessões foi variável, sendo prevalentes 2 e 3 sessões semanais, identificadas em 4 (33,4%)(6,8,15,18) e 3 (25%)(4,5,13) pesquisas, respectivamente. Ainda, 2 (16,7%)(7,14) estudos elaboraram sessão única de intervenção (diária), 1 (8,3%)(12) estudo propôs a realização de uma sessão semanal, 1 (8,3%)(17) pesquisa programou 5 sessões semanais, enquanto 1 (8,3%)(16) deles não especificou a informação. Já, o tempo de duração da sessão, variou de 6 a 90 minutos, sendo o tempo médio equivalente a 38,8 minutos; destaca-se, aqui, que 3 (25%)(6,13,15) das pesquisas referidas propuseram sessões com duração de 60 minutos ou mais. Sobre o tempo total de duração do programa de treinamento/reabilitação, os resultados indicaram que 9 (75%)(4-6,8,12,13,15,17,18) estudos organizaram programas terapêuticos em semanas, com média de 10 semanas. Ainda, 2 (16,7%)(7,14) indicaram sessão única (diária), enquanto outro (8,3%)(16) estudo não detalhou o tempo total de duração do programa.
Ao considerar os profissionais com atuação principal nas pesquisas, houve destaque para os fisioterapeutas (33,3%)(4,8,13,17), seguidos por terapeutas ocupacionais (25%)(12,14,15) e por educadores físicos (25%)(5,6,16). Um (8,3%) estudo foi conduzido por profissional médico (Otorrinolaringologia)(7) e outro (8,3%)(18) não referiu a categoria.
A partir da análise dos dados apresentados pelos estudos desta revisão, identificou-se que 100% das propostas de reabilitação/treinamento do equilíbrio postural resultaram em melhora nos parâmetros de equilíbrio postural avaliados previamente, após comparação entre os escores da avaliação inicial de base e os escores da reavaliação com os mesmos instrumentos previamente utilizados.
DISCUSSÃO
Este artigo de revisão integrativa proporcionou o contato e a análise dos estudos que aplicaram diferentes abordagens terapêuticas para reabilitar/treinar o equilíbrio postural de sujeitos com TEA, o que contribui para o amplo conhecimento da temática. Torna-se imprescindível ressaltar que, mesmo havendo um interesse recente pelo assunto (Quadro 1), foi recuperado um reduzido número de referências, demonstrando que o tema é incipiente na literatura especializada, além de instigar para que mais estudos sejam desenvolvidos.
No que concerne à nacionalidade das referidas publicações, houve predominância de produções científicas internacionais desenvolvidas no Irã, Estados Unidos da América e França, indo ao encontro dos achados de um estudo(19), que identificou recorrência de pesquisas também conduzidas no Irã. Tal como apontado no estudo supracitado, as pesquisas executadas no Brasil revelam que o público-alvo mais estudado é o de adulto/idoso, o que fortalece o consenso existente de que as disfunções de equilíbrio corporal são mais comuns nessa faixa etária. Sendo assim, reforça-se a importância de serem incentivadas as pesquisas que explorem o tema com o público infantil.
Em relação aos objetivos dos artigos revisados, notou-se que, embora fossem diversos, centraram-se na investigação da eficácia de distintas abordagens terapêuticas sobre o controle do equilíbrio corporal em crianças com autismo. Ao adotarem tais objetivos, esses trabalhos reforçam a necessidade da produção de subsídios teóricos que possam direcionar e enriquecer a prática clínica dos profissionais que se dedicam à habilitação e reabilitação dos sujeitos autistas.
Quanto à caracterização das amostras dos estudos, observou-se que foram restritas em sua totalidade, pois se constituíram de grupos experimentais com “n” reduzido de participantes (no máximo, 16 sujeitos com diagnóstico de TEA). Considerando que os autores não se preocuparam em generalizar resultados ou efetuar estimativas populacionais, pode-se justificar determinada característica. Além disso, o contexto ratifica a necessidade de se explorar o tema para constituir pesquisas futuras com amostras substancialmente representativas.
De modo geral, não houve especificidade na classificação das faixas etárias, contudo, a faixa etária prevalente foi de 6 a 14 anos, confirmando pesquisas pregressas que investigaram a reabilitação vestibular e o treinamento do equilíbrio no público infantojuvenil(20-22). A preferência pela faixa etária escolar, observada em grande parte dos artigos, reforça o argumento da literatura especializada, segundo o qual o sistema proprioceptivo se desenvolve entre os 3 e 4 anos de idade, enquanto a maturação dos sistemas visual e vestibular estende-se até por volta dos 15 anos de idade - especificamente entre os 7 e 15 anos(23) -, o que possivelmente viabiliza maior precisão aos diagnósticos das alterações de equilíbrio postural.
No que concerne aos instrumentos/métodos/técnicas para avaliar o equilíbrio corporal, constatou-se uma diversidade considerável de opções, sendo relatadas desde escalas e testes de rápida execução(5,6,13,15-17) até plataformas e sistemas digitais(4,7,8,12,18), com protocolos clínicos combinados entre si ou isolados. Interessante observar que tais instrumentos são, regularmente, utilizados pelos profissionais que atuam nas áreas de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Sendo assim, também não se pode negar que esse panorama possivelmente esteja atrelado aos objetivos específicos dessas produções, as quais investigaram distintos parâmetros relacionados ao equilíbrio postural infantil. Soma-se, ainda, a essa afirmativa, o fato de que a aplicação de outra ferramenta exige o cumprimento de tarefas, sendo imprescindível que o pesquisador considere, além das capacidades físicas, os níveis de desenvolvimento cognitivo de cada sujeito a ser avaliado, de forma a garantir a fidedignidade na obtenção dos resultados. Entretanto, apesar dessa variabilidade, ao considerar as particularidades da atuação fonoaudiológica na área de Otoneurologia e Equilíbrio, a presente revisão apontou que somente dois(8,14) estudos recuperados utilizaram-se do exame de posturografia como instrumento de avaliação. Esse fato concorda com a argumentação da literatura compulsada de que, apesar de ser considerada uma ferramenta valiosa e complementar na avaliação do equilíbrio postural, que permite analisar individualmente as informações proprioceptivas, vestibulares e visuais, a sua interação central e as respostas motoras do corpo em distintas condições sensoriais para a manutenção do equilíbrio, as diferenças metodológicas e, principalmente, de análise, surgem como desafios para maximizar sua utilidade clínica(14).
No que diz respeito às propostas de treinamento/reabilitação do equilíbrio, foco do referido estudo, observou-se existência de numerosas estratégias terapêuticas, sendo que algumas delas são facilmente passíveis de adaptação e exequíveis nos contextos clínicos atuais. Tal achado parece fortalecer as considerações de um estudo prévio de que, cada vez mais, têm sido priorizadas as investigações referentes à eficácia das abordagens alternativas para o tratamento dos sintomas clínicos do autismo, consecutivamente ao rápido crescimento da sua prevalência na população(24).
Analisando-se detalhadamente as propostas terapêuticas apresentadas na revisão atual, destacaram-se, majoritariamente, aquelas que planejaram programas focalizados em atividades físicas e treinos motores(4,5,8,16-18), o que denota consonância à revisão sistemática e de metanálise recente, em que se comprova a relação positiva da atividade física na potencialização das habilidades motoras, funções executivas e da comunicação, assim como na redução dos déficits de interação social e comportamentos estereotipados em sujeitos com TEA(25).
É de conhecimento que as pesquisas sobre fisiopatologia do autismo têm evidenciado padrões alterados de crescimento cerebral, bem como de organização da arquitetura neural e da sua conectividade, já descritos em regiões como a amígdala, córtex frontal, cerebelo e corpo caloso(26,27). Nesse sentido, torna-se justificável o investimento em terapêuticas que propiciem ganhos característicos, tal como a técnica de eletroestimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC). Trata-se de um recurso de neurorregulação, não invasivo, seguro e de fácil de aplicação, que permite alterar a excitabilidade cortical e induzir a reorganização funcional do cérebro, ainda que por um curto prazo, justificando a sua eficiência no manejo de sintomas específicos do autismo(28). Na presente revisão, dois(16,17) artigos analisaram os efeitos da referida técnica combinada ao treino físico/motor sobre o controle postural de sujeitos autistas, concordando com estudos pregressos que, igualmente, obtiveram resultados promissores em cognição, habilidades sociais e comportamentais utilizando-se do mesmo recurso(26,27).
Um aspecto de merecido destaque identificado nesta revisão foi a “gamificação” de algumas propostas de treinamento do equilíbrio postural - compreende o uso de sistemáticas de jogos com o intuito de incentivar a adesão e apreensão do público-alvo(28). Porém, é interessante pontuar que um dos trabalhos(7) utilizou-se do recurso de maneira exclusiva, em caráter de treinamento intensivo, por meio de um software contendo dois tipos de exercícios que desafiavam o participante a manter-se estável na postura em pé diante de situações conflitantes. Já, em outro estudo(8) o recurso Nintendo Wii® foi proposto em combinação com um protocolo prévio de exercícios de equilíbrio, salto e estabilização associados a tarefas cognitivas, em caráter de treinamento tradicional, com maior tempo de duração. Isso demonstra que não existe um padrão rígido ao se pensar na elaboração de programas para treinar o equilíbrio postural, contanto que se utilizem abordagens de eficácia comprovada e de acordo com objetivos terapêuticos devidamente traçados. Ainda que a implementação do recurso pareça pouco viável, especialmente nos ambientes clínicos públicos, reflete a inovação no campo da assistência em saúde e instiga a qualificação dos recursos humanos.
Como brevemente mencionado, as intervenções complementares e integrativas têm sido recorrentemente implantadas na assistência à saúde do sujeito autista. Cita-se como um dos tipos mais eficazes e estudados na última década a Intervenção Assistida por Equinos (IAE) ou Equoterapia, na qual um terapeuta treinado e um animal terapêutico mediam atividades recreativas, especialmente em domínios neurocomportamentais(29). Apenas um estudo recuperado na presente revisão(12) relatou a estratégia, indicando efeitos significativos sobre a redução da oscilação postural, fato esse que reforça o postulado no universo científico de que a Equoterapia traz benefícios veementemente reconhecidos nos quadros de autismo, sobretudo, para as funções sensoriais e motoras, funções executivas e cognitivas, funcionamento social, habilidades de linguagem e regulação comportamental(29-31).
Não menos importante, a aplicação de abordagens esportivas por dois dos artigos analisados nesta revisão(6,13) confirma pesquisas anteriores que reafirmaram a infinidade de benefícios gerados pela prática de esportes, especificamente, da natação e das artes marciais nessa população. Os autores detectaram evidente progresso no controle postural e equilíbrio estático e dinâmico, velocidade e coordenação motora global, assim como redução dos déficits sensoriais, dispraxia e estereotipias motoras(32,33).
Com estimativas de prevalência em torno de 90% a 95% dos casos, as dificuldades em processar as informações sensoriais no autismo decorrem da regulação prejudicada do sistema nervoso central à excitação, o que resulta em extrema sensibilidade (hiperreatividade) ou insensibilidade (hiporreatividade) aos estímulos do ambiente. Essa condição é capaz de exacerbar os comprometimentos motores e representa desafios significativos para a funcionalidade e independência do sujeito com TEA e seus familiares nas atividades de vida diária(34). Nessa perspectiva, a abordagem terapêutica de Integração Sensorial de Ayres® (ISA), de domínio da Terapia Ocupacional, é uma das mais recomendadas e solicitadas pelos pais de pacientes autistas nos Estados Unidos da América(35). Na presente pesquisa, os resultados positivos obtidos com a estratégia de Integração Sensorial (IS), utilizando o balanço vestibular(14) concordam com as afirmações dos autores citados, visto o seu impacto positivo no tratamento das disfunções de processamento sensorial(34,35) que podem afetar a função vestibular.
Frente ao exposto, entende-se que as estratégias de treinamento exploradas pelos estudos desta revisão integrativa concordam com a literatura consultada, ao passo que valorizaram abordagens em medicina alternativa e integrativa, comprovando a eficácia dessas modalidades de tratamento, que são complementares aos métodos tradicionais de assistência terapêutica(24,33) para o manejo dos déficits em equilíbrio postural no TEA. Além disso, reforçam a dinamicidade e as particularidades da atuação profissional no autismo.
Apesar de não terem sido identificados, nesta revisão, estudos específicos envolvendo fonoaudiólogos, é imprescindível mencionar que, de acordo com o Sistema de Conselhos em Fonoaudiologia, que publicou o Guia de Orientação sobre Atuação do Fonoaudiólogo em Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio Corporal, entende-se que a atuação desses profissionais é de extrema relevância para o sucesso terapêutico das disfunções do equilíbrio corporal, considerando que, também, é uma das áreas de domínio dessa ciência(36). O referido guia propõe que o tempo de tratamento das disfunções do equilíbrio postural deve ser personalizado de acordo com o quadro clínico, as comorbidades existentes, a idade do paciente e o período em que se iniciou a intervenção, além de incluir tarefas direcionadas para a estimulação somatossensorial, vestibular e visual. A análise dos estudos do Quadro 2 expressa concordância à colocação recomendada. Ainda a respeito desse tópico, a pesquisa atual apresentou conformidade com um estudo(19), em que os autores analisaram propostas de treinamento do equilíbrio corporal infantil cujo tempo total de duração evidenciou importante variabilidade, com tempo médio de oito semanas. Ao retomar o tripé do sistema vestibular, diz-se que o equilíbrio postural é o produto de um complexo conjunto de estruturas e vias neurais de três sistemas sensoriais (vestibular, o proprioceptivo e o visual) com funcionamento integrado entre si e o sistema nervoso central (SNC)(8-10). Por essa razão, torna-se justificável que os três sistemas sejam contemplados nos quadros em que há indicação de reabilitação/treinamento.
No presente estudo, embora as propostas tenham sido variadas, observou-se que os pesquisadores não distinguiram detalhadamente quais os sistemas corporais estariam sendo treinados a partir das atividades e exercícios previstos em seus programas terapêuticos. Uma justificativa possível é a de que os estudos publicados foram restritos aos ambientes de pesquisa e, por esse motivo, apenas um ou outro pilar do equilíbrio postural foi explorado, buscando justamente compreender o seu impacto sobre os demais. Ainda, cabe ressaltar que a condução dos estudos se deu por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, predominantemente. Logo, os direcionamentos específicos para o tratamento das alterações de equilíbrio corporal diferenciam-se daquilo que é comum na prática do fonoaudiólogo, o que não anula a interdisciplinaridade dos saberes e a atuação conjunta desses profissionais.
Em decorrência da complexidade e dos multideterminantes que influenciam o desenvolvimento do sujeito com TEA, é imprescindível que o plano de intervenção contemple objetivos e metas comuns e integrados entre os profissionais da saúde que atuam com essas pessoas, a fim de atingir melhores resultados, o que implica a necessidade de colaboração interprofissional(37). Contudo, nesta revisão de literatura, apenas um artigo(13) constituiu equipe multiprofissional, com fisioterapeuta e treinador de patinação. Em um trabalho(5) conduzido por educador físico com supervisão de um psicólogo não foi possível afirmar se, de fato, ambos os profissionais atuaram de forma colaborativa nos processos terapêuticos. Pode-se inferir que a configuração das equipes muito provavelmente se deu em vista dos objetivos dos estudos, ainda mais se considerarem-se as áreas de conhecimento que, historicamente, se dedicam ao estudo do movimento, como é o caso da Fisioterapia, Educação Física e Terapia Ocupacional.
Finalizando, não foi identificada a atuação do fonoaudiólogo nos estudos revisados. Tampouco foi esse profissional reconhecido como um membro capacitado para conduzir o treinamento/reabilitação das disfunções do equilíbrio postural em sujeitos com autismo. Observa-se, assim, que o domínio da temática é ainda fragmentado entre os profissionais da área da saúde. Desse modo, estudos vindouros se tornam necessários, visando à divulgação e à ampliação do campo de atuação da Fonoaudiologia nos casos de TEA, que hoje é centrado nas áreas da linguagem oral e comunicação social(38), além de reforçar a importância do trabalho em equipe multidisciplinar para o sucesso dos prognósticos de evolução nos casos de autismo.
Sugere-se, portanto, que novas pesquisas sejam realizadas com o público-alvo e inserção do fonoaudiólogo como integrante essencial para avaliar e reabilitar/treinar o equilíbrio, a fim de enriquecer os programas terapêuticos no TEA, potencializando as habilidades e capacidades dos indivíduos.
CONCLUSÃO
Embora seja uma temática pouco explorada pela comunidade científica, existe uma variada gama de propostas exequíveis de reabilitação/treinamento do equilíbrio postural em sujeitos com transtorno do espectro autista, passíveis de adaptações e reprodução nos contextos clínicos brasileiros. As pesquisas não incluíram o fonoaudiólogo no processo de avaliação do equilíbrio postural e, tampouco, na etapa de reabilitação/treinamento, embora a sua atuação seja imprescindível para o cuidado integral e sucesso terapêutico.
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Trabalho realizado na Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria (RS), Brasil.
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Financiamento:
Nada a declarar.
REFERÊNCIAS
- 1 APA: American Psychiatric Association. Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 5th ed. Washington, D.C.: American Psychiatric Association; 2013.
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2 CDC: Centers for Disease and Prevention Control. Prevalence and characteristics of Autism Spectrum Disorder among children aged 8 years - Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2020. MMWR Surveillance Summaries [Internet]. 2023 [citado em 2023 Maio 5];72(2):1-14. Disponível em: https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/72/ss/pdfs/ss7202a1-H.pdf
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Maio 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
12 Jun 2024 -
Aceito
23 Fev 2025


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