RESUMO
Objetivo
verificar a associação entre o número de deglutições e presença de resíduo faríngeo e broncoaspiração em pessoas com esclerose múltipla.
Métodos
estudo transversal observacional de exames de videofluoroscopia de 231 deglutições de indivíduos com esclerose múltipla. Três fonoaudiólogas avaliaram as deglutições de IDDSI 1 (International Dysphagia Diet Standardisation Initiative) (5 ml e 10 ml) e IDDSI 4 (8 ml) quanto à presença de resíduo faríngeo e de penetração/aspiração. Deglutições que não apresentaram resíduo faríngeo foram classificadas como deglutições sem resíduos faríngeos (DSR) e as que apresentaram, como deglutições com resíduos faríngeos (DCR), sendo estas últimas subdivididas em resíduos faríngeos em todas as ofertas ou eventuais (DCR1 e DCR2). O número de deglutições foi analisado por um avaliador cego e comparado com os dados demográficos e clínicos.
Resultados
das 231 deglutições, 73 (31,6%) apresentaram resíduos faríngeos. O número médio de deglutições foi semelhante nas deglutições sem e com resíduos faríngeos em cada consistência e volume e nas variáveis idade, gênero, tipo de esclerose múltipla e incapacidade funcional. Houve associação entre a média do número de deglutições e a ausência de penetração/aspiração, quando comparada às deglutições sem e com resíduos faríngeos, nas DCR2 e em indivíduos acima de 50 anos. Ao analisar intragrupo, observou-se associação nas DCR, sendo maior na ausência de penetração/aspiração e nas DCR2.
Conclusão
não houve correlação entre o número de deglutições e a presença de resíduos em recessos faríngeos na esclerose múltipla. Todavia, o número de deglutições foi maior quando houve resíduo e ausência de disfagia e de penetração/aspiração, em indivíduos mais velhos.
Palavras-chave:
Esclerose múltipla; Transtornos de deglutição; Resíduo faríngeo; Aspiração respiratória; Fisiologia