Open-access Escravatura, concubinagem e casamento em Macau: séculos XVI-XVIII

Resumos

Nas últimas décadas, o interesse pela história de Macau tem crescido, mas as análises têm privilegiado a história política, institucional e diplomática. É, porém, nosso objetivo estudar matérias menos usuais: movimentos populacionais e mobilidade social; condição social da mulher e subalternidade feminina. Não nos interessa, apenas, conhecer a ligação de Macau ao reino de Portugal, mas a sua conexão no contexto colonial português e asiático. Assim, analisam-se o elemento luso-asiático da população e os elementos étnicos que contribuíram para a constituição de uma sociedade multicultural.

Macau; Oriente; mulher; escrava; mestiçagens


In the last decades, interest in the history of Macau has grown but research into it has favored its political, institutional and diplomatic history. For that reason, it is our objective to study less common topics: populational migrations and social mobility; the woman's social condition and feminine subjugation. We are not only interested in learning their connection regarding Macau to the kingdom of Portugal, but also their connection in the Portuguese and Asian colonial contexts. Thus, the Luso-Asian element of the population and the ethnic elements which contributed to the establishment of a mixed society are analyzed.

Macau; Orient; woman; slave; mixed ethnicities


Referências bibliográficas

  • 11 Ana Maria Amaro, Filhos da terra, Macau: Instituto Cultural, 1988, p. 7.
  • Ler: Clara Sarmento (ed.), Women in the Portuguese Colonial Empire: the Theatre of Shadows, Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, 2008.
  • 2 Leonor Diaz de Seabra, "Traços da presença feminina em Macau", Campus Social, n. 3-4, (2006), pp. 197-208.
  • Sobre o assunto lembramos, igualmente, o estudo de Ivo Carneiro de Sousa, "Cativas e bichas, meninas e moças: a subalternidade social feminina e a formação do mercado matrimonial de Macau (1590-1725)", Campus Social, n. 3-4 (2006), pp. 151-72.
  • O autor baseou-se na documentação publicada por Leonor Seabra ("A Misericórdia de Macau (séculos XVI-XIX): irmandade, poder e caridade na Idade do Comércio", tese de Doutorado apresentada na Universidade do Porto, em 2007, e publicada pela Universidade de Macau, em 2011), destacando a formação de parentesco, famílias e unidades domésticas "portuguesas" e "luso-asiáticas" em Macau, com realce para o uso de alguns conceitos epocais. Recentemente, foi publicado um estudo que retoma parcialmente a análise da mulher macaense: Elsa Penalva, Mulheres em Macau: donas honradas, mulheres livres e escravas, séculos XVI e XVII, Lisboa: Centro de História de Além-Mar, 2011.
  • 4 Jordão de Freitas, Macau, materiais para a sua história no século XVI Macau: ICM, 1988, pp. 15-8.
  • Veja-se, também, Jin Guo Ping, "Combates a piratas e a fixação portuguesa em Macau", Revista Militar, n. 2364 (1999), pp. 199-228.
  • 5 Wu Zhiliang, Segredos da sobrevivência: história política de Macau, Macau: Associação de Adultos de Macau, 1999, p. 45.
  • 6 Jorge Manuel dos Santos Alves, Um porto entre dois impérios: estudos sobre Macau e as relações luso-chinesas, Macau, Instituto Português do Oriente, 1999, p. 67.
  • 7 De uma maneira geral, por todo o Império Português do Oriente, sempre surgiram grandes obstáculos ao casamento entre os portugueses (outros europeus) e as mulheres locais. Quase sempre se relacionavam com grupos marginais à sociedade: prostitutas, órfãs, viúvas. Ver: Maria de Deus Manso, "A mulher 'outra' no espaço ultramarino português: o caso da Índia portuguesa", Textos de História, v. 11, n. 1-2 (2003), pp. 173-86;
  • Timothy Coates, Degredados e órfãs: colonização dirigida pela coroa no Império português, 1550-1755, Lisboa: CNPCDP, 1998.
  • 9 Francisco Peres, SJ a Luís Gonçalves, SJ, Cartas do Japão, v. 3 (Carta de 3-XI-1564), in Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, n. 62, p. 770.
  • 10 Alves, Um porto entre dois impérios, pp. 66-7. Veja-se, também, Manuel Teixeira, Macau no século XVI, Macau: Direcção dos Serviços de Educação e Cultura, 1981.
  • 11 Charles R. Boxer, O Senado da Câmara de Macau, Macau: Leal Senado de Macau, 1997, p. 48.
  • 12 Charles R. Boxer (ed.), Seventh Century Macau in Contemporary Documents and Illustrations, Hong Kong: Kuala Lumpur; Singapore: Heinemann, 1984, p. 74.
  • Alguns viajantes estrangeiros que chegaram a Macau entre os séculos XVI e XIX, e, ainda, as cartas dos missionários que se fixaram naquela cidade e dali partiam para as Missões do Oriente fazem referências às mulheres de Macau, que teremos de classificar como mulheres anónimas, que teriam acompanhado os portugueses, quando se estabeleceram em Macau. Ana Maria Amaro, "A mulher de Macau segundo os relatos dos viajantes", Revista de Cultura, n. 15 (1991), p. 119.
  • 13 Arquivo Histórico de Macau (AHM): Núcleo da Santa Casa da Misericórdia (SCM) 15, fl. 4 (doravante citado por AHM/SCM/). Cf. Bento da França, Macau e os seus habitantes, relações com Timor, Lisboa: Imprensa Nacional, 1897.
  • 14 Leonor Diaz de Seabra, A Misericórdia de Macau (séculos XVI a XIX), Macau: Universidade de Macau; Porto: Universidade do Porto, 2011, p. 134.
  • 15 Charles R. Boxer, Fidalgos no Extremo Oriente (1550-1770), Macau: Fundação Oriente/Museu e Centro de Estudos Marítimos de Macau, 1990, p. 229.
  • 23 Luís Gonzaga Gomes, Curiosidades de Macau antiga, Macau: Instituto Cultural de Macau, 1996, p. 161.
  • 24 Isabel Nunes, "Bailarinas e cantadeiras: aspectos da prostituição em Macau", Revista de Cultura, n. 15 (1991), pp. 95-117.
  • 26 Charles Boxer, O grande navio de Amacau, Lisboa: Fundação Oriente/Centro de Estudos Marítimos de Macau, 1989.
  • 30 Frei José de Jesus Maria, Ásia sínica e japónica, Macau: Instituto Cultural/Centro de Estudos Marítimos, 1988, v. 2, p. 221.
  • 31 Maria de Jesus dos Mártires Lopes, "Mendicidade e 'maus costumes' em Macau e Goa, na segunda metade do século XVIII", in Artur Teodoro de Matos e Luis Filipe Thomaz (dirs.), As relações entre a Índia Portuguesa, a Ásia do Sueste e o Extremo Oriente - Actas do VI Seminário Internacional de História Indo-Portuguesa (Macau: Comissão Territorial de Macau para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses/Instituto Cultural de Macau/ Instituto Português do Oriente; Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses/Fundação Oriente, 1993), p. 74.
  • 36 Tcehong-U-Lam e Ian-Kuong-Iâm, Ou-Mun Kei-Leok (Monografia de Macau), Macau: Mandarim, 1979, p. 208.
  • 37 Cecília Jorge e Beltrão Coelho, A fénix e o dragão: realismo e mito do casamento chinês, Macau: ICM-Editorial Pública, 1988, pp. 39-40.
  • 39 Charles R. Boxer, Estudos para a história de Macau (séculos XVI a XVIII), tomo 1, Lisboa: Fundação Oriente, 1991, p. 179.
  • 45 Ana Maria Amaro, "A mulher macaense, essa desconhecida", Revista de Cultura, n. 24 (1995), p. 9.
  • 70 Manuel Teixeira, Macau e a sua diocese, v. 3: As ordens e congregações religiosas em Macau Macau: Tipografia Soi Sang (1956-1961), pp. 483-510.
  • 85 D. Alexandre da Silva Pedrosa Guimarães nasceu na Bahia, a 21 de julho de 1727, falecendo em Lisboa, em 1799. Foi bispo de Macau entre 1772 e 1789 e governador interino entre 1777 e 1778. Admirador do Marquês de Pombal, foi erudito de relevo e defensor acérrimo do Padroado Português no Oriente. Maria Antónia Espadinha e Leonor de Seabra (coords.), Missionação e missionários na história de Macau (Macau: Universidade de Macau, 2005), pp. 177-81.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jul 2014
  • Data do Fascículo
    Jun 2014

Histórico

  • Aceito
    15 Jul 2013
  • Recebido
    18 Fev 2013
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