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"Já que a desgraça assim queria" um feiticeiro foi sacrificado: curandeirismo, etnicidade e hierarquias sociais (Pelotas - RS, 1879)

Resumos

Numa quarta-feira, 15 de janeiro de 1879, um escravo natural da província de Pernambuco e trabalhador em uma charqueada em Pelotas/RS, assassinou a facadas um africano liberto (de nação mina), famigerado feiticeiro e que comercializava mandingas. Casos coletados das páginas de documentos judiciários envolvendo feiticeiros são ótimos observatórios da sociedade escravista em sua miudeza relacional. Esse artigo, partindo de uma análise de caso, estuda o campo de possibilidades relacionais no qual estavam inseridos ativamente os cativos, mesmo que de estabelecimentos penitenciários como as charqueadas. Além disso, essa pista judiciária nos permite uma aproximação com o mercado da crença e o papel dos feiticeiros/curandeiros na sociabilidade e conformação de identidades etnossociais.

escravidão; feitiçaria; etnicidade; hierarquias sociais; documentos judiciários


On Wednesday, January 15, 1879, a slave born in the province of Pernambuco and who worked making salted meat in Pelotas, Rio Grande do Sul, stabbed to death a freed African (of the Mina nation) who was renowned as a sorcerer and amulet maker. Court cases involving sorcerers provide windows into slave society in intimate detail. This article, based on an analysis of case studies, examines the relational field of possibilities in which captives lived, whether they were in prison or at work making salted meat. This kind of documentation also allows us to come closer to the market of beliefs and the role of sorcerers/healers in sociability and in contouring ethnic and social identity.

slavery; sorcery; ethnicity; social hierarchies; court documents


  • 1
    1 Processo crime, 1879, Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS), Vara Cível e Crime de Pelotas, processo nº 261, maço 261.
  • 3 O Passo dos Negros, localizado próximo ao arroio Pelotas, à beira do canal São Gonçalo, ficou conhecido assim pelo intenso movimento de trabalhadores escravos que por ali entravam e eram comercializados principalmente para as charqueadas. Também foi conhecido como Passo Rico e Passo das Neves; Caiuá Cardoso Al-Alam, "Passo dos Negros", in Beatriz Ana Loner, Lorena Almeida Gill, Mario Osório Magalhães (orgs.), Dicionário de História de Pelotas (Pelotas: Editora da UFPel, 2010), pp. 192-3.
  • 4 Ver: Fernando Henrique Cardoso, Capitalismo e escravidão no Brasil meridional O negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
  • 5 No censo de 1872 foram registradas 21.258 pessoas e em 1890, 37.256 pessoas. Ver: Beatriz Loner, Construção de classe: operários de Pelotas e Rio Grande (1888-1930), Pelotas: Universitária, 2001, p. 69;
  • Ester Gutierrez, Barro e sangue: mão-de-obra, arquitetura e urbanismo em Pelotas (1777-1888), Pelotas: Universitária, 2004, p. 498.
  • 6
    6 Em 1861, a produção relacionada às charqueadas ocupava 74,9% do que produzia a Província, em 1894 houve um declínio para 42,2%; Jefferson Marçal da Rocha, As raízes do declínio econômico da "Metade Sul" do Rio Grande do Sul uma análise da racionalidade econômica dos agentes produtivos da região, Primeiras Jornadas de História Regional Comparada. POA: 2000, p. 8. Disponível em: www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/1/s12a5.pdf, acesso no dia 12 de junho de 2009.
  • 7
    7 Octacilio Camará, Valor estrategico da cidade de Pelotas Novo plano geral de defesa da Província do Rio Grande do Sul e vantagens agricolo-commerciaes que delle resultam Pelotas/Porto Alegre/Rio Grande: Livraria Americana, 1887.
  • 8
    8 Telegrama do Presidente da Câmara Municipal ao Presidente da Província, 14 de abril de 1873, Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS), Fundo Autoridades Municipais. Caixa 48, Maço 108.
  • 9
    9 Paulo Roberto Staudt Moreira, Entre o deboche e a rapina: os cenários sociais da criminalidade popular (Porto Alegre - século XIX), Porto Alegre: Armazém Digital, 2009;
  • Eduardo Silva, João José Reis, Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista, São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 44.
  • 10 Jornal Diário de Pelotas, 9 de abril de 1878, Centro de Documentação e Obras Valiosas (CDOV) da Biblioteca Pública Pelotense (BPP), p. 3.
  • 11 Em oposição às mulheres tidas como "honestas", que não circulavam sozinhas pelas ruas, as mulheres populares tinham uma alta circulação e eram muitas vezes vistas como prostitutas. Moreira, Entre o deboche e a rapina, p. 91.
  • 12 Jornal Diário de Pelotas, 21 de janeiro de 1879, CDOVBPP, p.1.
  • 13 Robert W. Slenes, "Malungu ngoma vem!: África coberta e descoberta do Brasil", Revista USP, n. 12 (1992), pp. 48-67;
  • Robert W Slenes, "Saint Anthony in the Crossroads in Kongo and Brazil:'Creolization' and Identity Politics in the Black South Atlantic, ca. 1700-1850", in L . Sansone, E. Soumonni e B. Barry (orgs.), Africa, Brazil and the Construction of Trans-Atlantic Black Identities (Trenton, Asmara: Africa World Press, 2008), pp. 209-54;
  • e Marina de Mello e Souza, Reis negros no Brasil escravista História da festa de coroação de Rei Congo, Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002;
  • Mary Karasch, A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850), São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 347-8.
  • 14 Segundo Xavier, no Brasil, "era comum que os devotos se dirigissem diretamente aos santos de suas predileções dispensando a interferência dos padres e de seus sacramentos, pedindo-lhes favores. Os santos eram os mediadores ideais mais sensíveis e próximos, entre eles e a esfera divina, entre o mundo natural e o sobrenatural. Seguidamente, pessoas aflitas, diante dos problemas os mais variados que iam desde aqueles mais corriqueiros até os aparentemente mais insolúveis, voltavam-se para os santos, pedindo-lhes que interferissem em suas vidas cotidianas e trouxessem alento para suas angústias e aflições, proporcionando-lhes bem-estar. Para obter tais auxílios, eram capazes de fazer tratos variados: prometiam agrados os mais diversos, faziam-lhes confidências etc. No caso de seus pedidos não serem atendidos, no entantoo, podiam, com o mesmo ardor, puni-los, xingá-los, atirando suas imagens nos cantos". Regina Célia Lima Xavier, Religiosidade e escravidão, século XIX: mestre Tito, Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008, pp. 149-50.
  • 15 Sobre o medo da religião do outro, ver: Yvonne Maggie, Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992.
  • 16 Bruno Stelmach Pessi, "O impacto do fim do tráfico na escravaria das charqueadas pelotenses (C. 1846 – C. 1874)" (Monografia de conclusão de curso de graduação em História, UFRGS, 2008).
  • 17 A complexidade da unidade produtiva charqueadora se evidencia pela diversidade dos trabalhadores que comportava. Além de carneadores, ali se ocupavam salgadores, tripeiros, graxeiros, chimangos, serventes e marinheiros. A palavra chimango é que causa mais estranheza, já que na história política sulina demarca depreciativamente os membros do Partido Republicano Riograndense. Etimologicamente vem do guarani xim'xima e refere-se a uma ave característica do Brasil meridional, Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Bolívia. Ave rapineira de tamanho mediano, sua predileção é pelo consumo de carniça, mas pode atacar animais feridos ou doentes, individual ou coletivamente. Os trabalhadores chimangos eram, provavelmente, encarregados de sacar dos ossos restos de carne, após o desempenho especializado dos seus parceiros carneadores: "Trata-se dos trabalhadores iniciantes e/ou em fim de carreira (que nas charqueadas poderia significar um prazo de validade bem curto, dado a bruteza do serviço) que auxiliam em tarefas gerais, recolha de peças de carne, carregamento de pilhas de charque, limpeza da pista, sempre como auxiliares menores e desqualificados, até aprenderem uma das especialidades do trabalho saladeiril". José Martinho Remedi, Condição (sub)humana. Um estudo das representações do universo saladeiril no romance Xarqueada de Pedro Wayne (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1997), p. 158;
  • Batista Bossle, Dicionário Gaúcho Brasileiro, Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2003, p. 147.
  • 18 Alvarino da Fontoura Marques, Episódio do ciclo do charque Porto Alegre: EDIGAL, 1987, p. 92.
  • 19 Beatriz Loner, "1887: A revolta que efetivamente não houve ou de como abolicionistas se tornaram zeladores da ordem escravocrata", História em Revista, v. 3 (1997), pp. 29-52.
  • 20 Jonas Moreira Vargas, "Das charqueadas para os cafezais? O comércio de escravos envolvendo as charqueadas de Pelotas (RS) entre as décadas de 1850 e 1880", Anais do 5º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Porto Alegre: UFRGS, 2011, p. 1-19, esp. 3;
  • Thiago Leitão Araújo, "Novos dados sobre a escravidão na província de São Pedro", Anais do 5º Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. Porto Alegre: UFRGS, 2011, p. 1-20.
  • 21 Marcelo Farias Corrêa, Deu uma de vila-diogo e fitou cipó: os anúncios de fugas de escravos nos jornais pelotenses (1875-1888), Pelotas: UFPel, 2010, p. 31.
  • 22 João José Reis, Rebelião escrava no Brasil A história do levante dos malês de 1835, São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p. 10.
  • 23 O dr. Abilio substituiu o juiz de Direito e chefe de Polícia interino, Dr. Carlos de Cerqueira Pinto, e, conforme o ofício enviado ao delegado de Polícia suplente do 1º distrito do Recife, Miguel Bernardo Vieira de Amorim, tomou posse da chefatura em 25 de novembro de1862. Ele ficou no cargo até 1864, quando foi substituído por José Pereira da Silva Moraes. Naquele mesmo ano, por decreto de 30 de maio, assumiu como juiz de Direito de Olinda, correspondendo aos termos de Olinda e Iguarassú. O doutor Abilio, de 25 de abril a 10 de maio de 1867, governou como vice-presidente da província de Pernambuco e faleceu em 12 de dezembro de 1871, abintestado, deixando a viúva dona Maria Carolina Tavares da Silva e dois filhos: Manoel, de 12 anos, e José, de 7. Relatório como que o Comendador Dr. Domingos de Souza Leão entregou a administração da província ao 1º vice-presidente Desembargador Anselmo Francisco Peretti, 1º de dezembro de 1864, Arquivo Público do Estado de Pernambuco (APEJE), Recife: Tipografia do Jornal do Recife;
  • APEJE, fundo Secretaria de Segurança Pública, maços 419, 419 A e 420; Inventário dos bens que ficaram com falecimento do Doutor Albino José Tavares da Silva, 4 de janeiro de 1872, Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco, Juízo de Órfãos, Cartório de Recife.
  • 24 Testamento do Comendador Manoel Camilo Pires Falcão, Testamenteiro: Antonio Gonçalves de Matos, 30 de julho de 1889, Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco, Juízo da Provedoria de Recife.
  • 25 Joaquim Gonçalves Cascão era natural do Reino de Portugal, freguesia de Santo Estevão de Gião, filho legítimo de Antônio Gonçalves Cascão e Ana Maria de Jesus. Joaquim e seu irmão, Manoel Gonçalves Ferreira, eram sócios de uma casa de consignação instalada em Rio Grande. No inventário post-morten do irmão de Joaquim, de 1865, a casa de negócios de ambos foi avaliada em mais de 7 contos de réis. Inventário, 1865, APERS, 2º Cartório Cível e Crime, inventário nº 137, maço 4.
  • 27 Denise Ognibeni, Charqueadas pelotenses no século XIX: cotidiano, estabilidade e movimento (Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2005), p. 164.
  • Rasgado enviuvou em 12 de outubro de 1904 e, nessa ocasião, tinha os seguintes filhos: o doutor em medicina Joaquim Rasgado (casado com Maria José Dias de Castro, moradores em Pelotas), o tenente José Inácio da Cunha Rasgado (casado com Maria da Gloria Lemos Rasgado, moradores em Porto Alegre), Noemy Grounauer (casada com Alexandre Grounauer) e Clotilde Rasgado (solteira, maior). Inventário, 1912, APERS, 2º Cartório do Civel, nº 500, maço 12.
  • Inventariado: Joaquim Rasgado, inventariante: Joaquim Rasgado; Inventário, 1905, APERS, 1º Cartório de Órfãos e Provedoria, nº 1526, maço 82.
  • 28 APERS - Livros Notariais de Registros Ordinários de Pelotas, Livro 15, folha 4r, 4v, 5r,6r - RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Administração e Recursos Humanos. Departamento de Arquivo Público. Catálogos seletivos sobre a escravidão no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2010.
  • 29 Paulo Roberto Staudt Moreira, "Podem minha cabeça e orelhas levar, mas meu corpo não: os processos criminais como fontes para a investigação das culturas negras meridionais", in Rio Grande do Sul. Secretaria de Administração e Recursos Humanos, Departamento de Arquivo Público, Catálogos seletivos sobre a escravidão no Rio Grande do Sul (Porto Alegre: CORAG, 2010).
  • 30 Em 25 de outubro de 1869, anos antes do que estamos tratando, a sogra de Joaquim Rasgado, Zeferina Gonçalves da Cunha, passou uma carta de alforria para seu escravo africano de nação mina, Roberto, de 40 anos, mediante o pagamento, pelo escravo, de 2 contos e réis. O teor desse documento nos leva a cogitar que Rasgado tenha adiantado a quantia para que Roberto se distanciasse do cativeiro, pois trazia como condição "ficar servindo pelo espaço de 2 anos a contar desta data, na charqueada que tenho arrendada a meu genro Joaquim Rasgado, percebendo de aluguel 32$ mensais". Carta de Alforria, 26 de outubro de1869, APERS, livro 8, p. 14v, livro 10, p. 21r.
  • 31 No ano seguinte, 1885, encontramos o tenente coronel Joaquim Rasgado passando outras cartas de alforria, não para escravos próprios, mas para cativos beneficiados pela Junta Classificadora de Escravos municipal, atuando como Juiz de Órfãos suplente. APERS - Livros Notariais de Registros Ordinários de Pelotas, Livro 10, folha 33v, 34r., 34v.
  • 32 Correio Mercantil, 21 de maio de 1887, CDOVBPP, p. 1, coluna 7.
  • 33 Sílvia Lara, Campos da violência, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
  • 34 Em outro trabalho já demonstramos o quão complexas eram as relações entre escravos e libertos na região da cidade de Pelotas. Um exemplo interessante era a rede de informações construída entre escravos das charqueadas e das chácaras nas Serra dos Tapes que objetivavam avisar sobre as partidas organizadas contra quilombolas. Caiuá Cardoso Al-Alam, A negra forca da princesa: polícia, pena de morte e correção em Pelotas (1830-1857), Pelotas: Edição do Autor/ Sebo Icária, 2008.
  • 35 A Discussão, 8 de fevereiro de 1883, CDOVBPP, p. 3,coluna 3.
  • 36 Diário de Pelotas, 22 de março de 1885, CDOVBPP, p. 2.
  • 37 Marco Antonio Lírio de Mello, Reviras, batuques e carnavais: a cultura de resistência dos escravos em Pelotas, Pelotas: Universitária UFPel, 1994, p. 28.
  • 38 Sidney Mintz e Richard Price, apud João José Reis, "Magia jeje na Bahia: a invasão do calundu do Passo de Cachoeira, 1785", Revista Brasileira de História, v. 8, n. 16 (1988), pp. 57-81.
  • 39 Inventário, 1898, APERS, 2º Cartório do Civel, nº 228, maço 6.
  • Inventariado: Joaquim José de Assumpção (Barão Jaráo), inventariante: Joaquim Augusto Assumpção; Lista Geral dos Cidadãos Qualificados Votantes no 1º Distrito de Pelotas, 3 de fevereiro de 1865, AHRS, Fundo Eleições, maço 2.
  • 40 Ele faleceu na estação Azevedo Sodré em 27 de abril de 1904, deixando 3 filhos vivos: Carlos Natusch da Silva (solteiro, 25 anos), Celestina da Silva Bianchi (21 anos, casada com Luiz Bianchi), Emilia Natusch da Silva (19, solteira). Inventário, 1904, APERS, 2º Cartório de Órfãos e Ausentes de Pelotas, nº 1160, maço 4.
  • Inventariado: Leonardo Honório da Silva, Inventariante: Emilia Natusch da Silva; Inventário, 1880, APERS, 2º Cartório de Órfãos e Ausentes de Pelotas, nº 111, maço 6.
  • 41 Ver o Diário Oficial: <http://www.jusbrasil.com.br/diarios/1676798/dou-secao-1-27-10-1898-pg-2/pdfView - http://www.jusbrasil.com.br/diarios/1685611/dou-secao-1-18-10-1890-pg-10/pdfView - http://www.jusbrasil.com.br/diarios/1608467/dou-secao-1-01-02-1906-pg-11/pdfView> páginas acessadas em 26 de janeiro de 2012.
  • 43 Antonio de Moraes Silva, Diccionario da Língua Portuguesa, Tomo 2, Lisboa: Tipografia Lacerdina, 1813[1789], p. 419.
  • 44 Batista Bossle, Dicionário Gaúcho Brasileiro, p. 263.
  • 45 Gabriel Berute, "Rio Grande de São Pedro do Sul: uma análise do tráfico doméstico de escravos (1788-1822)" (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006), pp. 49-50;
  • e Berenice Corsetti, "Estudo da charqueada escravista gaúcha no século XIX" (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Fluminense, 1983).
  • 46 Lista Geral dos Cidadãos Qualificados Votantes no 1º Distrito de Pelotas, 3 de fevereiro de 1865, AHRS – Fundo Eleições, maço 2.
  • 47 Inventário, 1884, APERS, 2º Cartório do Civel, nº210, maço 6.
  • 48 Sérgio da Costa Franco, Dicionário Político do RGS – 1821/1937 Porto Alegre: Suliani Letra & Vida, 2010, p. 37.
  • 49 Inventário, 1879, APERS, Cartório de Órfãos e Provedoria, nº 916, maço 53.
  • 50 Inventário, 1896, APERS, 1º Cartório de Órfãos e Provedoria de Pelotas, nº 1353, maço 73.
  • 51 Ofícios da Câmara Municipal de Pelotas, 1878, CDOVBPP, Maço 03 e 04
  • 52 Marcus J. M. de Carvalho, Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife, 1822-1850, Recife: Editora Universitária da UFPE, 1998.
  • 53 João José Reis, Flávio dos Santos Gomes, Marcus J. M. de Carvalho, O alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico, São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 305.
  • 54 James H. Sweet, Recriar a África Cultura, parentesco e religião no mundo afro-português (1441-1770), Lisboa: Edições 70, 2007, p. 212
  • 55 Sweet, Recriar a África, p. 212.
  • Daniela Buono Calainho, Metrópole das mandingas Religiosidade negra e inquisição portuguesa no Antigo Regime, Rio de Janeiro: Garamond, 2008, pp. 95-6 e 184.
  • Ver também: Eduardo França Paiva, "Celebrando a alforria: amuletos e práticas culturais entre as mulheres negras e mestiças do Brasil", in István Jancsó, Iris Kantor (orgs.), Festa: cultura e sociabilidade na América Portuguesa (São Paulo: Fapesp, 2001) v..2.
  • Já na costa africana da Guiné, portugueses, lançados e tangomaos contataram e assimilaram hábitos de diversos grupos mandingas que ali viviam. Roger Sansi, "Feitiço e fetiche no Atlântico moderno", Revista de Antropologia, v. 51, n. 1[online] (2008), pp. 123-53, esp. 132
  • 56 Luis da Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, Belo Horizonte / Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limitada, 1988, p. 234.
  • 57 Nei Lopes, Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, São Paulo: Selo Negro, 2004, p. 487.
  • 58 Amadou Hampãtè Bâ, Amkoullel, o menino fula São Paulo: Palas Athena/Casa das Áfricas, 2003, p. 60.
  • 59 O romancista nigeriano Chinua Achebe reiteradamente salienta a importância da noz-de-cola em vários rituais do povo ibo: oferendas aos ancestrais, demonstração de boas-vindas aos parentes e aliados, cerimoniais divinatórios diversos. Ele narra, por exemplo, o caso de um homem conhecido como "curandeiro malvado. Mais de duas vezes fora obrigado a tomar noz-de-cola da palma da mão de um homem morto, para jurar que não tivera nenhuma participação no seu falecimento". Chinua Achebe, A flecha de Deus, São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 286.
  • Atualmente, segundo estudos etnobotânicos, a noz-de-cola ou obi continua importante nos cultos afro-brasileiros em várias situações ritualísticas, como nas iniciações, cerimônias especiais (ebós/despachos, celebrações fúnebres), ornamento e proteção das casas e também por suas propriedades curativas (rejuvenesce e diminui a queda de cabelo) e divinatórias; Ulysses Paulino de Albuquerque, "Formas de uso de espécies vegetais nos cultos afro-brasileiros do Recife-Pe", Biologica Brasilica, v. 6, n. 1/2 (1995), pp. 111-20.
  • 60 Scherer já mostrou a organização e eficácia dos minas na cidade de Rio Grande, em termos da obtenção de alforrias; Jovani de Souza Scherer, "Experiências de busca da liberdade: alforria e comunidade africana em Rio Grande, século XIX" (Dissertação de Mestrado, Unisinos, 2008).
  • 61 Ofício do Presidente da Província Manoel Joaquim de Souza Medeiros para o Ministro da Justiça Antonio Elzeário de Miranda Brito, 10 de novembro de 1838, Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, fundo GIFI, Ministério da Justiça, 3ª seção, maço 5C 478.
  • 62 Reis, Rebelião escrava, p. 285.
  • 63 Reis et al, O alufá Rufino, p. 62.
  • 64 Sheila de Castro Faria, "Sinhás pretas, damas mercadoras. As pretas minas nas cidades do Rio de Janeiro e de São João Del Rey (1700-1850)" (Tese apresentada para concurso de professor titular em História do Brasil, Universidade Federal Fluminense, 2004), p. 34.
  • 65 Manolo Florentino, "Sobre minas, crioulos e a liberdade costumeira no Rio de janeiro, 1789-1871", in Manolo Florentino (org.), Tráfico, cativeiro e liberdade (Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX) (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005), pp. 332-66, esp. 353.
  • 66 Ofícios da Presidência da Província do RGS dirigidos ao Ministério dos Negócios da Justiça, 1876, Arquivo Nacional do RJ, Série Justiça, Maço IJ603.
  • Ver também: Melina Kleinert Perussato, "Como se de ventre livre nascesse: experiências de cativeiro, parentesco, emancipação e liberdade nos derradeiros anos da escravidão – Rio Pardo/RS, c.1860 - c.1888" (Dissertação de Mestrado, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2010).
  • 67 Sílvio Marcus de Souza Corrêa, "Africanos na província de São Pedro (1835-1848): quanto vale a liberdade?", in III Jornada sobre Escravidão e liberdade no Brasil meridional, Florianópolis: 2007, disponível em <http://www.escravidaoeliberdade.com.br/site/images/Textos3/silvio%20de%corres.pdf>, acessado em 21 de setembro de 2012
  • 68 João José Reis, Domingos Sodré. Um sacerdote africano: escravidão, liberdade e candomblé na Bahia do século XIX , São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 260.
  • 69 Edward Evans-Pritchard, Bruxaria, oráculos e magia entre os azande Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005, pp. 129-30.
  • 70 Evans-Pritchard, Bruxaria, oráculos e magia entre os azande, pp. 133-4.
  • 71 Roger Costa da Silva, Muzungas: consumo e manuseio de químicas por escravos e libertos no Rio. Grande do Sul (1828 – 1888), Pelotas: EDUCAT, 2001;
  • Paulo Roberto Staudt Moreira, "Feiticeiros, venenos e batuques: religiosidade negra no espaço urbano (Porto Alegre - século XIX)", in Luiz Alberto Grijó, Fábio Kuhn, César A. Barcellos Guazzelli, Eduardo Santos Neumann (orgs.), Capítulos de História do Rio Grande do Sul (Porto Alegre: Ed UFRGS, 2004), p. 147-77.
  • 72 Inventários, APERS, Cartório da Provedoria, nº 528 e 2022, maço 30 e 70.
  • 73 Carta de Alforria, 9 de abril de 1863, APERS, Livros do 1º Tabelionato de Porto Alegre - Registros Diversos nº 17, folha 133v.
  • 74 Carta de Alforria, 19 de julho de 1858, APERS - Livros do 1º Tabelionato de Porto Alegre - Registros Diversos nº 4, folha 17v.
  • 75 Reis, Rebelião escrava no Brasil, p. 380.
  • 76 Scherer, Experiências de busca da liberdade, p. 121;
  • Florentino, "Sobre minas, crioulos e a liberdade costumeira, pp. 331-66, esp. 352.
  • 77 Carlos Eugênio Líbano Soares, Flavio Gomes, Juliana Barreto Farias Gomes, No labirinto das nações: africanos e identidades no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005, p. 50.
  • Ver também João José Reis, "Identidade e diversidades étnicas nas irmandades negras no tempo da escravidão", Tempo, v. 2, n. 3 (1997), pp. 7-22, esp. 9.
  • Sobre as reinvenções étnicas, ver também: Robert W. Slenes, "Malungu, ngoma vem!" África encoberta e descoberta no Brasil. Cadernos da escravatura (1995).
  • 78 Moreira, Entre o deboche e a rapina.
  • 80 O delegado de Polícia de Pelotas, na véspera do natal de 1870, narrou ao chefe de Polícia que um grupo de escravos da charqueada do major Joaquim Rasgado, receosos de castigos de seu senhor ou capataz, passou pela cidade Os sete cabeças do movimento foram presos, conduzidos até a cadeia civil e moderadamente castigados Helga L. Piccolo, "A resistência escrava no Rio Grande do Sul", Cadernos de Estudos, n. 6 (1991), p. 51;
  • Ofício de 23 de dezembro de 1870, AHRS, fundo Delegacia de Polícia, maço 10.
  • 82 Réu: Caetano, solteiro, preto, 20/25 anos, de Santa Catarina, carneador/cozinheiro, filho de Sertório e Maria, escravo do tenente coronel Joaquim Rasgado. Caetano apunhalou às 21 horas de 11 fevereiro de 1882 Celestino Marques Lisboa, praça de policia particular, que faleceu. Foi preso em flagrante. Processo crime, 1882, APERS, Vara Cível e Crime de Pelotas, nº 264;
  • Códice de Polícia, AHRS, nº 95.
  • 83 Reis, Domingos Sodré, p. 152.
  • 84 Reis, Domingos Sodré, p.271.
  • 85 A. J. R. Russell-Wood, Escravos e libertos no Brasil colonial, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 171.
  • 86 Reis, Domingos Sodré, p.132.
  • 87 Sweet, Recriar a África , p. 16 e 158.
  • 88 Sweet, Recriar a África, p. 160.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Maio 2013
  • Data do Fascículo
    2013

Histórico

  • Recebido
    07 Fev 2012
  • Aceito
    22 Jul 2012
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