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Avaliação funcional de pacientes idosos candidatos à cirurgia bariátrica

Contexto

A obesidade em idosos está associada ao maior comprometimento da funcionalidade, que ocorre com o envelhecimento e em decorrência de perda de massa e força muscular, além de disfunção articular. Como consequência, há perda progressiva de autonomia, dor crônica, diminuição de qualidade de vida e dependência progressiva. A perda de peso pode trazer benefícios em todos esses aspectos, principalmente quando acompanhada de exercícios físicos. Pacientes idosos com obesidade mórbida podem ser submetidos ao tratamento cirúrgico, levando-se em consideração que a perda de peso maciça, proporcionada pela cirurgia bariátrica, pode agravar a perda de massa muscular e trazer complicações nutricionais que poderão prejudicar a saúde global e a qualidade de vida desses pacientes. A avaliação funcional de pacientes idosos candidatos à cirurgia bariátrica e, em que medida a cirurgia pode trazer benefícios ao paciente no campo da funcionalidade ainda precisam ser determinadas.

Objetivos

Objetivo - O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de funcionalidade de pacientes idosos em um programa de cirurgia bariátrica.

Método

Trata-se de um estudo transversal que avaliou por meio de entrevista, exame físico, exames laboratoriais e revisão de prontuários pacientes com obesidade graus II e III, candidatos à cirurgia bariátrica, com 60 anos ou mais. A análise incluiu peso, IMC, presença de comorbidades mais comuns, utilização de medicações para doenças crônicas e testes funcionais. Para os últimos foram utilizados questionários de avaliação de atividades diárias, atividades diárias instrumentalizadas e o teste “Timeupandgo” que avalia mobilidade, cujo tempo de corte é de até 10 segundos.

Resultados

Quarenta pacientes completaram a avaliação. A idade média foi de 64,1 anos (60-72) e 75% dos pacientes eram do sexo feminino. O peso médio foi de 121,1 kg (72.7-204) e o IMC médio de 47.2 kg/m2 (35,8-68,9). Dezesseis (40%) pacientes apresentaram dependência para avaliação de atividades diárias, 19 (47,5%) para atividades diárias instrumentalizadas e 20 (50%) pacientes tiveram um “Timedupandgo” test acima de 10 segundos. A análise estatística (t-Student, Mann-Whitney, Regressão logística) mostraram correlação positiva entre dependência em avaliação de atividades diárias e IMC >49 kg/m2, dependência em atividades diárias instrumentalizadas e IMC >46,5 kg/m2, e “Timedupandgo” test acima de 10 segundos e IMC >51 kg/m2 (P<0,05). Nenhuma diferença em dependência foi observada para pacientes entre 60 e 65 anos ou acima de 65 anos.

Conclusões

O declínio funcional foi observado em praticamente metade dos pacientes com obesidade grave acima dos 60 anos. Está relacionado com o aumento progressivo do IMC (IMC >46,5 kg/m2) mas não com a idade (60 à 65 anos ou acima de 65 anos). O declínio funcional deve ser considerado uma comorbidade do idoso obeso e deve ser avaliado para a indicação de cirurgia bariátrica, nesta população.

Obesidade mórbida, cirurgia; Cirurgia bariátrica; Saúde do idoso


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