RESUMO
Contexto:
O teste de tolerancia à lactose (TTL) é ampliamente utilizado por ser minimamente invasivo e de baixo custo, disponível na atenção primária e muito útil na prática clínica. Está bem estabelecido o polimorfismo C/T-13910 na persistência da lactase em populações caucasianas, mas não há estudos avaliando a concordância entre os resultados da genotipagem do polimorfismo C/T-13910 e do TTL no Brasil, onde a população é altamente miscigenada.
Objetivo:
Avaliar a concordância entre a presença do polimorfismo C/T-13910 e a má absorção nos resultados do TTL.
Métodos:
Análise retrospectiva de dados coletados de um laboratorio presente em vários estados brasileiros. Os resultados dos pacientes que realizaram um teste genético para intolerância à lactose (genotipagem do polimorfismo C/T-13910) e um TTL de abril de 2016 a fevereiro de 2019 foram analisados para avaliar a concordância entre os testes. Os grupos foram classificados de acordo com a idade (<10 anos; 10-17 anos, ≥18 anos) e estado de residência (São Paulo ou Rio Grande do Sul).
Resultados:
Entre os 404 pacientes avaliados, houve concordância entre os resultados de genotipagem e TTL em 325 (80,4%) pacientes e discordância em 79 (19,6%) pacientes (K=0,42 - concordância moderada). Em relação ao genótipo, 47 pacientes com genótipo C/C (não persistência de lactase) apresentaram TTL normal e 32 com genótipo C/T ou T/T (indicando persistência da lactase) apresentaram TTL anormal. A idade e o estado de residência (Rio Grande do Sul ou São Paulo) não afetaram a concordância entre os resultados dos exames.
Conclusão:
Considerando a concordância moderada entre a genotipagem do polimorfismo C/T-13910 e os resultados de TTL (κ=0,42) na população brasileira, sugerimos que a análise de outros polimorfismos poderia ser uma estratégia para melhorar a concordância entre os testes.
Palavras-chave:
Intolerância alimentar; lactose; teste genético; teste de tolerância à lactose