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A antiga técnica em um novo estilo: desenvolvendo habilidades procedimentais em paracentese em simulador de baixo custo

Daniel Araujo Kramer de MESQUITA Erika Feitosa QUEIROZ Maria Allyce de OLIVEIRA Carlos Magno Queiroz da CUNHA Fernanda Martins MAIA Rafaela Vieira CORREA Sobre os autores

RESUMO

CONTEXTO:

A paracentese é um procedimento médico de rotina bastante relevante na prática clínica. Devido à sua importância na assistência médica diária e seus riscos de complicações, o treino do procedimento é essencial em currículos médicos reconhecidos.

OBJETIVO:

Descrever a construção de um simulador de paracentese de baixo custo, destacando a percepção de estudantes sobre o seu uso para treinamento na graduação em Medicina.

MÉTODOS:

Um modelo de baixo custo foi desenvolvido pelo Programa de Educação Tutorial para treinamento de estudantes de Medicina durante três edições de um curso teórico-prático de procedimentos invasivos à beira do leito. Os autores construíram um modelo a partir de materiais comuns e de fácil acesso, como manequim comercial e suportes de madeira e plástico para representar o abdômen, tecido de couro sintético para a pele, esponja revestida com filme plástico para representar a parede abdominal e luvas de procedimento com água misturada com tinta para simular o líquido ascítico e outras estruturas abdominais. Para avaliar o modelo, aplicou-se um questionário semiestruturado com aspectos quantitativos e qualitativos para médicos especialistas e estudantes.

RESULTADOS:

O modelo para paracentese tem orçamento inicial de US$22.00 / R$70,00 para 30 simulações e US$16.00 / R$50,00 para cada 30 simulações adicionais. Foi testado por oito especialistas (clínico geral, cirurgião geral e gastroenterologista), dos quais quatro são gastroenterologistas, e todos concordaram plenamente que o procedimento deve ser realizado no manequim antes de ser feito no paciente real, e todos eles aprovaram o modelo para o ensino de graduação. Durante as edições do curso, um total de 87 estudantes de graduação em Medicina (56% homens) realizaram individualmente o procedimento. Em relação às etapas do procedimento, do total de alunos avaliados, 80,5% identificaram o local apropriado para a punção e 75,9% procederam com a técnica Z ou tração. Ao final, 80,5% dos alunos conseguiram aspirar ao conteúdo ascítico, com 80,5% realizando o curativo e finalizando o procedimento. Todos os alunos concordaram plenamente que o treinamento com paracentese simulada deve ser feito antes de se realizar o procedimento em um paciente real.

CONCLUSÃO:

A elaboração de um modelo de ensino em paracentese proporcionou experiência única a autores e participantes, permitindo uma visível correlação da anatomia humana com materiais sintéticos, aprofundando o conhecimento desta ciência básica e desenvolvendo habilidades criativas, o que potencializa a prática clínica. Não há dados sobre o uso de modelos de simulação de paracentese em universidades brasileiras. No entanto, o procedimento é bastante realizado nos serviços de saúde e precisa ser treinado. O modelo descrito acima foi apresentado como de qualidade, baixo custo e de fácil reprodutibilidade, sendo inédito no cenário da educação médica nacional, mostrando-se uma ferramenta complementar de ensino na graduação e preparando os alunos para o procedimento in vivo.

DESCRITORES:
Educação médica; Simulação; Paracentese

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