RESUMO
Contexto: Coleções pancreáticas são uma complicação comum da pancreatite aguda. Na América Latina, as informações sobre os tipos de coleções pancreáticas e seu manejo são limitadas e podem variar entre regiões, dependendo da disponibilidade de recursos especializados e minimamente invasivos.
Métodos: Estudo de coorte retrospectivo com pacientes apresentando coleções pancreáticas secundárias à pancreatite aguda, atendidos no Hospital Universitário San Ignacio, Bogotá (Colômbia), entre 2012 e 2023. Foram descritas características clínicas, perfis laboratoriais e tratamentos recebidos, comparando pacientes com e sem desfecho fatal.
Resultados: Dos 689 pacientes com pancreatite aguda, 113 desenvolveram coleções pancreáticas (55,1% mulheres, idade média de 55 anos). Entre eles, 47,8% apresentaram coleção necrótica aguda, 36,3% coleção líquida aguda, 9,7% necrose encapsulada e 6,2% pseudocisto pancreático. Níveis de proteína C reativa, ureia, creatinina (na admissão e após 48 horas), PaO2/FiO2 (na admissão e após 48 horas) e uso de antibióticos foram significativamente associados à mortalidade (P<0,05). A maioria das coleções necróticas agudas, necrose encapsulada e pseudocistos recebeu tratamento intervencionista, sendo os métodos minimamente invasivos e combinados mais comuns do que a abordagem cirúrgica. O uso de antibióticos ocorreu em 48,6% dos casos, embora o isolamento microbiológico tenha sido realizado em apenas 24,7% dos pacientes.
Conclusão: As coleções pancreáticas agudas são complicações frequentes e heterogêneas da pancreatite, exigindo intervenção principalmente em casos mais complexos. Alguns parâmetros laboratoriais parecem estar mais associados à mortalidade.
Palavras-chave:
Pancreatite aguda; necrose isolada; coleção necrótica aguda; coleção aguda de fluidos