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Impacto da retroflexão na detecção de lesões de cólon proximal: avaliação de 393 pacientes em hospital privado terciário

RESUMO

CONTEXTO:

O exame padrão ouro para rastreamento de câncer colorretal é a colonoscopia. Apesar de ser o exame de escolha, a colonoscopia perde um número não desprezível de lesões, principalmente no cólon proximal. Com a intenção de reduzir a perda de lesões, novas técnicas são estudadas, dentre elas, a retroflexão em cólon direito e a segunda visão frontal direta.

OBJETIVO:

Avaliar a segurança da retrovisão no cólon proximal (ceco e cólon ascendente), o seu impacto na detecção de lesões em cólon proximal e sua superioridade sobre a dupla visão frontal direta usando taxa de detecção de adenoma e taxa de adenoma perdido.

MÉTODOS:

Foram avaliados 393 pacientes de forma prospectiva que procuraram o Hospital Mater Dei para realizar colonoscopia entre março e julho de 2017. Desses, 372 foram incluídos baseados nos critérios de exclusão: menores de 18 anos, preparos intestinais inadequados (escala de Boston <7), com antecedente de colectomia, doença inflamatória intestinal ou síndromes polipoides. Primeiramente um endoscopista realizou a inserção do colonoscópio até o ceco e examinou o ceco e o cólon ascendente em visão frontal por duas vezes. Na terceira reinserção até o ceco era realizada a retroflexão e inspeção da mucosa do ceco até a flexura hepática em busca de pólipos perdidos à visão frontal. Todas lesões encontradas foram ressecadas e enviadas para análise histológica.

RESULTADOS:

Em 334 (89,8%) pacientes a retroflexão foi realizada com sucesso, 65,8% dos insucessos foram atribuídos a alças no aparelho que impediram a manobra. A visão direta identificou 175 pólipos no cólon proximal em 102 pessoas. A retroflexão detectou 26 pólipos perdidos pela visão direta em 24 (6,5%) pessoas, com uma taxa de perda de 12,9% no exame apenas em visão frontal. Dos 26 pólipos encontrados em retrovisão, 21 (80,76%) eram adenomas, um deles com displasia de alto grau. Onze pacientes tinham pólipos vistos apenas em retroflexão. A realização da retrovisão aumentou a taxa de detecção de pólipo de 27,41% para 31,72% e a taxa de detecção e adenomas de 21,77% para 25%. A taxa de adenoma perdido pela dupla visão direta foi de 12,8%. Se a retrovisão não fosse realizada, um pólipo a cada 13,91 colonoscopias seria perdido (NNT=13,91). Não houve nenhum evento adverso.

CONCLUSÃO:

A técnica de retroflexão em cólon proximal mostrou-se segura, rápida e factível na maioria dos casos. Ela aumentou a taxa de detecção de adenomas e mostrou-se soberana neste estudo com benfeitorias além da dupla visão direta.

Palavras-chave:
Detecção de pólipos; rastreamento de câncer colorretal; retroflexão; aumento taxa de detecção de adenoma; dupla visão frontal direta

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