RESUMO
CONTEXTO:
A gastrostomia endoscópica percutânea (GEP) é o principal método aceito para a alimentação por sonda em um longo período.
OBJETIVO:
Investigar os fatores de risco associados à mortalidade precoce após a realização de GEP.
MÉTODOS:
Análise retrospectiva de sobrevida em um centro terciário em Recife, Brasil. Prontuários de 150 pacientes submetidos a colocação de GEP forma revisados. Os dados foram analisados pelo método de Kaplan-Meier. Os modelos de regressão proporcional Multivariável de Cox também foram construídos para testar os efeitos da GEP na mortalidade.
RESULTADOS:
Um total de 150 pacientes submetidos a GEP foram estudados (70 homens). Dos participantes, 87 (58%) tinham hipertensão arterial; 51 (34%) eram diabéticos; 6 (4%) pacientes tinham doença renal crônica e 6 (4%) tinham alguma malignidade. As doenças crônicas neurodegenerativas foram a indicação clínica mais comum para a GEP. As taxas de probabilidade de mortalidade proporcionais de 30 e 60 dias foram de 11,05% e 15,34% respectivamente. A análise multivariada por meio da regressão de Cox mostrou a hemoglobina (HR 4,39, 95% IC: 1,30-14,81, P=0,017) e a permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) (HR 0,66, 95% IC 0,50-0,87, P=0,004) como preditores significantes de mortalidade precoce. O corte no valor da hemoglobina de 10,05 g/dL mostrou uma sensibilidade de 82,6% (61,2%-95% IC) e uma sensibilidade aceitável de 59,0 (50,6%-68,6% IC), com uma taxa de 2,06 para a mortalidade em oito semanas.
CONCLUSÃO:
Em pacientes que foram submetidos a GEP para nutrição por um longo período, baixa hemoglobina e internamento em UTI antes do procedimento estão associados com o risco de mortalidade precoce. A GEP não deve ser indicada nesses casos.
DESCRITORES:
Transtornos de deglutição; Desnutrição; Nutrição enteral; Estado terminal; Demência