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Transplante hepático: variação dos níveis sanguíneos de tacrolimo e desfechos de sobrevida, rejeição e óbito

RESUMO

CONTEXTO:

Os imunossupressores desempenham importante papel no transplante de órgãos sólidos, com o objetivo de evitar a rejeição aguda e crônica, aumentando o tempo de sobrevida do órgão e do paciente. No Brasil, em 2016, o transplante de fígado foi o 3° mais frequente, com um número de 1.880 transplantes, sendo 150 realizados no Rio Grande do Sul.

OBJETIVO:

Investigar a associação da variação dos níveis sanguíneos de tacrolimo com os desfechos clínicos, rejeição celular aguda tardia, óbito, sobrevida de paciente e enxerto em pacientes submetidos ao transplante hepático.

MÉTODOS:

Trata-se de um estudo longitudinal retrospectivo, no qual foram incluídos os pacientes submetidos ao transplante hepático adulto pelo grupo de transplante hepático na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, no período de janeiro de 2006 a janeiro de 2013, e que fizeram o uso de tacrolimo como terapia imunossupressora.

RESULTADOS:

Dos 127 pacientes incluídos no estudo, a maioria era do gênero masculino (70,1%), caucasiana (86,4%), com idade entre 52 e 60 anos (33,9%). As associações de causas mais frequentes para transplante hepático foram vírus da hepatite C, carcinoma hepatocelular (24,4%) e álcool (15,7%). Um total de treze pacientes apresentaram rejeição celular aguda tardia (10,2%); destes, três tiveram dois episódios. O tempo médio de rejeição após o transplante hepático foi de 14 meses, variando de 8 a 33 meses. A sobrevida global foi de 8,98 anos. Em relação aos níveis sanguíneos de tacrolimo, foram identificados 52 pacientes com uma variação maior ou igual a dois desvios-padrão. Destes pacientes, oito tiveram rejeição, contudo, a associação não foi significativa (P=0,146). Foi encontrada uma associação significativa entre a variação maior ou igual a dois desvios-padrão nos níveis sanguíneos de tacrolimo com óbito (P=0,023) e sobrevida (P=0,019). Em relação ao acompanhamento de sobrevida do enxerto em cinco anos, estar dois desvios-padrão acima aumenta em 2,26 vezes o risco de perda do enxerto transplantado, e a cada unidade de aumento de desvio-padrão dos níveis sanguíneos de tacrolimo há um aumento de duas vezes no risco de perda do enxerto transplantado em 5 anos.

CONCLUSÃO:

O aumento do risco da perda do enxerto associado ao aumento da variação dos níveis sanguíneos de tacrolimo pode indicar a necessidade do acompanhamento mais rigoroso e prospectivo dos níveis sanguíneos de tacrolimo.

Palavras-chave:
Transplante hepático; tacrolimo; rejeição de transplante

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