Contexto
A doença inflamatória intestinal acarreta consequências físicas, psicológicas e sociais que podem afetar a qualidade de vida dos doentes.
Objetivos
Avaliar a relação entre os fatores clínicos, demográficos e psicossociais e a qualidade de vida na doença inflamatória intestinal.
Métodos
Um total de 150 doentes, 92 com doença de Crohn e 58 com colite ulcerosa, preencheram um questionário para avaliação da qualidade de vida na doença inflamatória intestinal (IBDQ-32) e um questionário para recolha de dados sociodemográficos e clínicos. A associação entre variáveis categóricas e o IBDQ-32 foi determinada com o teste t-Student. Variáveis estatisticamente significativas na análise univariada foram incluídas no modelo de regressão linear múltipla.
Resultados
A análise univariada revelou uma qualidade de vida significativamente menor nas mulheres (P<0,001) e nos doentes com uma perceção individual de falta de compreensão pelos colegas de trabalho (P<0,001) e de diminuição do sucesso laboral (P<0,001). Doentes com necessidade de apoio psicológico (P = 0,010) e tratamento farmacológico da ansiedade e/ou depressão (P = 0,002) também apresentaram IBDQ-32 scores significativamente mais baixos. A análise de regressão linear múltipla identificou como preditores de diminuição da qualidade de vida o sexo feminino (P<0,001), perceção individual da falta de compreensão pelos colegas de trabalho (P = 0,025) e de diminuição do sucesso laboral (P = 0,001).
Conclusões
A diminuição da qualidade de vida relaciona-se significativamente com o sexo feminino e a percepção pessoal de impacto da doença no sucesso e relações laborais. Estes fatores merecem uma atenção acrescida para que atempadamente se possam implementar medidas que possibilitem a melhoria da qualidade de vida destes doentes.
Doenças inflamatórias intestinais; Doença de Crohn; Colite ulcerativa; Qualidade de vida; Questionários