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Alterações hepáticas em transplantados renais do maior centro de transplante do Brasil

RESUMO

Contexto

O transplante renal é o tratamento de escolha para pacientes com doença renal terminal e está associado a menor mortalidade quando comparado aos métodos dialíticos. O Brasil é o país com o segundo maior número de transplantes renais do mundo e, entre esses pacientes, observa-se que as alterações hepáticas são comuns. A frequência das alterações hepáticas varia de 20 a 50% pós-transplante e tem importante impacto na sobrevida e qualidade de vida desses pacientes. Existem poucos dados sobre a frequência, causas e características dessas alterações.

Objetivo

Determinar a prevalência das diferentes causas de anormalidades hepáticas em receptores de transplante renal, associar as características dessas anormalidades a variáveis demográficas, epidemiológicas e clínicas, comparar as características das alterações hepáticas entre diferentes etiologias e avaliar possíveis alterações no diagnóstico em dois períodos diferentes de tempo.

Métodos

Estudo epidemiológico descritivo, transversal, observacional, realizado no ambulatório “Hepato-Rim” do Hospital São Paulo (EPM/UNIFESP), centro de atendimento especializado a pacientes com anormalidades hepáticas e doenças renais de base.

Resultados

Quinhentos e oitenta e um pacientes transplantados foram avaliados. As etiologias mais prevalentes de anormalidades hepáticas foram hepatite C e B, sobrecarga de ferro, doença hepática gordurosa não alcoólica e lesão hepática induzida por drogas. A causa mais comum — hepatite C — foi analisada em maiores detalhes. Em comparação com as outras causas, essa infecção foi a mais frequente em pacientes mais velhos, pacientes do sexo feminino e pacientes com mais tempo de transplante e hemodiálise. A análise dos dois períodos mostrou que os pacientes do período 1 (P1 — 1993 a 2005) eram mais velhos e encaminhados com maior frequência devido à sorologia positiva; encaminhamento devido a anormalidades de aminotransferases predominou durante o período 2 (P2 — 2006 a 2018). Os diagnósticos predominantes foram hepatite C e B durante P1 e doença hepática gordurosa não alcoólica e lesão hepática induzida por drogas durante P2.

Conclusão

A avaliação das principais alterações hepáticas em receptores de transplante renal é importante, pois permite melhor manejo desses pacientes na investigação diagnóstica e no tratamento e contribui para a prevenção de complicações nesta população especial.

Palavras-chave:
Transplante renal; alterações hepáticas; doença hepática

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