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METÁFORA E SIGNIFICAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS EM ANÁLISE

METAPHOR AND SIGNIFICANCE: THE CONSTRUCTION OF MEANINGS IN ANALYSIS

RESUMO:

Neste artigo, discriminamos dois tipos de intervenções no contexto analítico: as metafóricas comparativas, cuja referência para produção de sentido é o significado; e as metafóricas criativas, produção de sentido via significante. Como base para tais desenvolvimentos, temos a figura da metáfora e suas teorias no campo da linguística e da retórica, acrescidas da teoria psicanalítica da metáfora desenvolvida por Lacan. Concluímos que as alternativas de intervenção aqui elaboradas, embora não esgotem outras formas, podem contribuir com o desenvolvimento para uma teoria da técnica psicanalítica.

Palavras-chave:
técnica psicanalítica; metáfora; Lacan

Abstract:

This article describes two types of interventions in the analytical context: the comparative metaphorical, whose reference for the production of sense is the meaning; and the creative metaphorical, production of sense by significant. As a basis for such development, there is the figure of metaphor and its theories in the field of linguistics and rhetoric, plus the psychoanalytic theory of metaphor developed by Lacan. We conclude the alternatives of intervention developed here, although they do not exhaust other forms, can contribute to the development of a theory of psychoanalytic technique.

Keywords:
psychoanalytic technique; metaphor; Lacan

INTRODUÇÃO

Foi no início do século XX que Freud desenvolveu uma das mais importantes teorias e, com ela, um método de tratamento das neuroses. Freud subverte o método clássico da medicina - do olhar para o corpo, buscando fator orgânico e patogênico para as crises e sintomas histéricos - e passa à escuta rigorosa de suas pacientes. Freud observa que as falas das histéricas possuíam sentido inconsciente. Atitude metodológica, portanto, na qual a fala, a linguagem e o sentido são “postos em cena” na técnica psicanalítica (GOLDGRUG, 2004GOLDGRUB, F. W. A metáfora opaca: cinema, mito, sonho, interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.; BIRMAN, 1994BIRMAN, J. Psicanálise, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.).

Dessas descobertas advém a complexidade do trabalho psicanalítico, na medida em que, ao adentrar o campo dos sentidos e da linguagem, a multiplicidade dos objetos para o homem se evidencia. Lacan (1957/1999LACAN, J. As formações do inconsciente (1957). Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 1999. (Seminário, 5)) foi um autor que elevou a primeiro plano o papel da linguagem e sua relação com o inconsciente, trazendo como consequência que “o objeto humano, o mundo dos objetos humanos, permanece inapreensível como objeto biológico” (1957/1999, p. 53). Além disso, os objetos que existem para o homem, e com os quais ele se relaciona, são de uma heterogeneidade e diversidade extensamente maiores do que os objetos biológicos. Lacan explica: “A existência de qualquer organismo vivo tem como correlato no mundo um conjunto singular de objetos que apresentam um certo estilo. Mas, em se tratando do homem, esse conjunto é de uma diversidade superabundante, luxuriante” (1957/1999, p. 53). Isso porque, na perspectiva de Lacan, toda apreensão do mundo está submetida ao fenômeno da linguagem.

Articulamos, portanto, as operações metodológicas da psicanálise aos saberes da linguagem (BIRMAN, 1994BIRMAN, J. Psicanálise, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.; DUNKER, 2007DUNKER, C. O nascimento da clínica. In: DUNKER, C. Estrutura e constituição da clínica psicanalítica: uma arqueologia das práticas de cura, psicoterapia e tratamento. São Paulo: AnnaBlume, 2007.) e, partindo desta inscrição, visamos a técnica psicanalítica, cujo material de trabalho consiste não no corpo anatômico e biológico, mas na fala do paciente e nas construções de sentidos dela decorrentes. Seria nesse campo que a atuação do psicanalista se daria, tendo como um de seus objetivos a reconstrução desses sentidos. Mas, como promover essa reconstrução? No terreno acima proposto é que emerge a figura da metáfora como instrumento para viabilizar tais articulações.

A metáfora é uma figura de linguagem que trata essencialmente do sentido. Fazer metáfora é brincar com os sentidos das palavras, fazer empréstimos desses sentidos. A esse respeito, Simanke explica que “a metáfora - no sentido mais restrito e poético do termo - propicia a melhor ilustração para a tese de que os termos da linguagem, isto é, os significantes em si, não significam nada, mas apenas adquirem significação pelo uso que deles fazem os sujeitos falantes” (2003, p. 294).

O presente artigo propõe a possibilidade - embora não a única - de pensar a construção de sentido no contexto analítico a partir da concepção de metáfora no campo da linguística e da retórica e da forma como Lacan concebe a metáfora em sua teoria, a psicanálise. A proposta é considerar as intervenções no contexto clínico como processo metafórico, induzindo alguma alteração de sentido na fala dos pacientes. Problematizamos também qual alteração e qual sentido podem ser visados nesse movimento metafórico, discriminando pelo menos duas vias que serão assim denominadas: intervenções metafóricas comparativas e intervenções metafóricas criativas. Durante os tópicos subsequentes, verificaremos a estratégia de diálogo constante entre as teorias clássicas da metáfora: a concepção lacaniana de metáfora e a técnica psicanalítica.

1 INTERVENÇÃO METAFÓRICA COMPARATIVA: PRODUÇÃO DE SENTIDO VIA SIGNIFICADO

a. Teorias substitutivas e comparativas da metáfora

Imanishi (2014) explica que existem três grandes teorias clássicas da metáfora. Dois grandes grupos de teorias - a substitutiva e a comparativa - derivam de estudos de Aristóteles do século IV a.C. Para ambas, a metáfora é resultado de um processo de semelhança e substituição entre termos. Trata-se de comparar duas coisas inicialmente distintas e substituir um termo literal por outro metafórico. Sobre o terceiro grande grupo, discorreremos adiante.

Tomemos a seguinte metáfora inspirada em Aristóteles (s.d./2005) sobre a velhice ser o entardecer da vida. A base da metáfora reside na comparação estabelecida a partir de quatro termos: a velhice está para a vida, assim como o entardecer está para o dia.

Como essa sentença poderia ser traduzida sem o uso de metáforas? Algumas possibilidades seriam: a velhice é o fim/o término/o encerramento da vida. Essas “traduções” literais são chamadas de paráfrases. Na definição de Carone (1975CARONE, I. A função da paráfrase na tradução de enunciados da linguagem natural para uma linguagem formalizada. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Faculdade de Filosofia, PUCSP. 1975.|), a paráfrase é uma relação (prefixo grego para) entre sentenças que, embora diferentes, têm o mesmo conteúdo semântico, ou seja, são sinônimas. Parafrasear uma metáfora é a tentativa de esgotar seu conteúdo semântico por meio de várias sentenças literais sinônimas a ela.

Ainda sobre as perspectivas substitutivas e comparativas da metáfora, Black (1966) evidencia que a expressão metafórica - no exemplo acima, “entardecer” - substitui uma expressão literal - “encerramento” -, sendo que o sentido de ambas as expressões é o mesmo, ou seja, não há alteração, do ponto de vista semântico, entre a sentença literal ou metafórica. O leitor teria como tarefa inverter essa substituição, recuperar o termo literal original e substituído pela expressão metafórica; nesse sentido, compreender uma metáfora seria como decifrar um código.

b. Interpretação e arqueologia

Partindo do exposto até o momento, ensaiemos algumas relações entre metáfora e intervenção analítica. Seria possível compreender a interpretação - conceito fundamental da técnica psicanalítica - como processo de “desmetaforização” do discurso do analisando?

Autores como Goldgrub (2004GOLDGRUB, F. W. A metáfora opaca: cinema, mito, sonho, interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.) e Zanello (2007ZANELLO, V. Metáfora e transferência. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 20, n. 1. Porto Alegre, 2007, p. 132-137.) propõem tal articulação, entendendo o discurso do analisando como metafórico. O trabalho do analista seria promover a “decifração” desse conteúdo a partir da associação livre do analisando e da atenção flutuante.

Nessas perspectivas, observamos um resgate às elaborações freudianas em A interpretação dos sonhos (1900/2006), sendo o discurso consciente (conteúdo manifesto) como uma metáfora do discurso inconsciente (conteúdo latente) e o trabalho de interpretação, a partir da associação livre do analisando, seria desmembrar o discurso em suas paráfrases. A interpretação seria, portanto, responsável por liberar o sentido latente que estaria presente na fala do paciente durante a sessão analítica.

No artigo Construções em análise, Freud (1937/2006FREUD, S. Construções em análise (1937). Rio de Janeiro: Imago, 2006. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 23)) compara o trabalho do psicanalista ao do arqueólogo. Em ambos os casos, tratar-se-ia de “escavar camada após camada”, ressaltando o caráter “estratificado” da estrutura psíquica. O objetivo do analista seria chegar “aos tesouros mais profundos e valiosos”, trazendo à luz o que estava até então escondido. Psicanalistas e arqueólogos buscariam reunir e combinar as ruínas arqueológicas - no caso da arqueologia - e os fragmentos de pensamento inconsciente - no caso da psicanálise - para reconstruir o objeto perdido ou o que foi esquecido e recalcado pelo paciente, respectivamente.

Qual o efeito desse tipo de intervenção? Mais uma vez, a referência aos estudos sobre a metáfora no campo da linguística e da retórica pode fornecer a base para um ensaio de possível resposta.

Em sua tese de doutorado, Desvendando Lacan: duas metáforas e uma teoria psicanalítica da metáfora, Imanishi (2014) realiza um estudo sobre as teorias clássicas da metáfora e sistematiza algumas características das “boas metáforas”: satisfação gerada sempre que descobrimos semelhanças entre eventos, inicialmente distintos; a forma como a metáfora pode conferir insights; além de características como “ênfase” e “ressonância”, as quais referem o poder cognitivo que as boas metáforas têm, na medida em que possibilitam maior abundância de desenvolvimentos analógicos entre os termos originalmente comparados.

Tais efeitos e características podem ser correlatos ao se avaliar uma boa interpretação. Quanto maior o poder analógico de uma interpretação (ao estabelecer relação entre um discurso consciente e outro inconsciente), maior seu poder cognitivo, bem como a possibilidade de promover o surgimento de insights e de satisfação deles decorrentes.

c. Críticas às teorias substitutivas e comparativas da metáfora

Neste tópico, passemos às críticas feitas por filósofos sobre a teoria comparativa da metáfora e que podem auxiliar na reflexão sobre os problemas, bem como aportar alternativas possíveis à forma comparativa de produzir sentidos em análise. Tais críticas provêm das teorias interacionistas, o terceiro grande grupo das teorias clássicas da metáfora. Dirão eles:

I. O sentido da metáfora não é esgotado pelas paráfrases dela derivadas

Um dos grandes problemas das teorias substitutivas e comparativas reside na perspectiva de que a metáfora pode ser parafraseada sem danos à mensagem. Aparentemente, as paráfrases em uma metáfora não conseguem esse esgotamento semântico, pois sempre sobra um “etc.” (CARONE, 1975CARONE, I. A função da paráfrase na tradução de enunciados da linguagem natural para uma linguagem formalizada. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Faculdade de Filosofia, PUCSP. 1975.|).

Observemos a frase “Meu trabalho é uma prisão”. Como poderíamos traduzi-la em sentenças literais? Algumas possibilidades: meu trabalho... “é limitador”, “não deixa fazer o que quero”, “me deixa preso”, “me faz refém”, etc. A tentativa revela que, além da dificuldade em parafraseá-la sem recorrer a novas metáforas (preso, refém), as sentenças literais parecem não esgotar o sentido produzido originalmente pela metáfora.

II. A metáfora é a interação entre duas ideias

Baseadas em Richards (1971RICHARDS, I. A. The philosophy of rhetorics. London: Oxford Univerity Press, 1971.), para as teorias interacionistas, a metáfora não é apenas resultado da substituição de um termo por outro - com sentidos equivalentes -, mas, antes, uma interação entre duas ideias ou dois contextos. A expressão metafórica permitiria ver o assunto principal por meio de um “filtro” (IMANISHI, 2014IMANISHI, H. A. Desvendando Lacan: dua metáforas e uma teoria psicanalítica da metáfora. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. 2014.). No exemplo acima, passo a compreender o “meu trabalho” a partir da ideia de “prisão”. O efeito desta operação seria a função criativa da metáfora.

III. A metáfora comporta uma função criativa e cria uma nova perspectiva

Para as teorias comparativas, as metáforas se diferenciam das analogias apenas pela forma (ao invés de “meu trabalho é como uma prisão”, digo “meu trabalho é uma prisão”), e, consequentemente, essa concepção perde de vista o caráter essencialmente criativo da metáfora. A crítica de Black (1966) a respeito incide sobre o fato de tal enfoque comparativo tender a nos fazer considerar as semelhanças de significados que subjazem à metáfora, como objetivamente dadas. No entanto, para o autor, as metáforas são necessárias justamente quando está descartada a precisão dos enunciados. Ela não é uma substituição de um termo literal, mas, antes, possui uma capacidade de construção que lhe é própria. Dizer que a metáfora cria semelhanças seria, para Black (1966), mais esclarecedor do que dizer que ela formula uma semelhança previamente existente. Oferecendo-se de filtro para observar um fenômeno, a metáfora cria uma nova perspectiva. Black acrescenta: “O mundo é necessariamente um mundo sob certa perspectiva - ou um mundo visto de uma certa perspectiva. Algumas metáforas podem criar esta perspectiva” (1995, p. 38).

Estes seriam alguns problemas da metáfora arqueológica freudiana. Embora Freud (1937/2006) destaque as diferenças entre o trabalho do arqueólogo e do analista, Spence (1992SPENCE, D. P. A metáfora freudiana: para uma mudança paradigmática na Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1992.), por um lado, discute que essa metáfora perpetua o mito de que a narrativa da sessão são “fatos” a serem desvendados e descobertos, descartando a possibilidade de que o material clínico tivesse mais do que uma interpretação. Por outro lado, alimenta a ilusão de um “analista inocente”, que apenas ouve o que está “ali”, cujo trabalho seria reunir peças do passado que estariam soterradas em algum lugar do inconsciente. Como se as semelhanças entre os eventos que se estabelecem em análise fossem dadas e não criadas no contexto analítico.

Também tomando de empréstimo as afirmações interacionistas, Black (1966) defende que as metáforas são necessárias justamente quando está descartada a precisão dos enunciados. Na falta de termos literais, de palavras para expressar algum fenômeno ou experiência, recorre-se a metáforas.

Pensar as intervenções clínicas como produções metafóricas é levar em conta a fala do analisando, não como algo dado, mas, antes, como algo a ser construído.

2 INTERVENÇÃO METAFÓRICA CRIATIVA: PRODUÇÃO DE SENTIDO VIA SIGNIFICANTE

Guardemos as teses acima para que desviemos momentaneamente pelo caminho promovido por Lacan.

Imanishi (2014IMANISHI, H. A. Desvendando Lacan: dua metáforas e uma teoria psicanalítica da metáfora. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo. 2014.) defende que, em sua concepção sobre a metáfora, Lacan articula as teorias comparativas e interacionistas. Como conclusão, a autora refere a criação de uma nova teoria da metáfora pelo psicanalista, tendo em vista a necessidade de atender a tese da primazia do significante e dar conta da linguagem do inconsciente. No trabalho acima mencionado, é apresentada uma teoria psicanalítica da metáfora a partir do estudo de textos lacanianos, e tomaremos alguns de seus principais pressupostos como base às presentes indagações.

Lacan afirma que “não existe sentido, senão metafórico, só surgindo o sentido da substituição de um significante por outro significante na cadeia simbólica” (1957/1999, p. 16). Ademais, ao fazer da linguagem o fundamento do inconsciente, Lacan destaca a metáfora, junto à metonímia, como um dos mecanismos do inconsciente.

Define-se a metáfora como pura operação, substituição significante. Lacan formula: “[...] uma palavra por outra, eis a fórmula da metáfora” (1957/1999, p. 510, grifos do autor), fazendo-nos inicialmente atribuí-la a uma concepção essencialmente substitutiva e comparativa da metáfora.

Das premissas acima expostas, podemos ensaiar a articulação entre a concepção de metáfora em Lacan e as possibilidades de construções de sentidos em análise, a partir de uma intervenção de Lacan com uma de suas pacientes. Essa intervenção pode ser encontrada em documentário, intitulado Um encontro com Lacan, de 2011ARISTÓTELES. Arte poética(s.d). São Paulo: Martin Claret, 2005., dirigido por Gérard Miller.

Uma paciente, que havia passado pelos horrores da guerra, ao relatar um sonho no qual acorda às cinco horas da manhã, o relaciona ao fato de ser esse o mesmo horário que a Gestapo procurava os judeus em suas casas. Ao ouvir isso, Lacan levanta-se de sua poltrona, vai em direção à paciente e acaricia levemente seu rosto, dizendo-lhe: Geste à peau! (“Um carinho na pele”). Diz a paciente nesse documentário: “Essa surpresa não diminuiu a dor, mas fez outra coisa. A prova é que 40 anos depois eu ainda conto esse gesto, eu ainda o tenho no rosto. É um gesto que também é um apelo à humanidade. Qualquer coisa assim”.

Como pensar a intervenção de Lacan no contexto da presente pesquisa? Lacan substitui o significante Gestapo por Geste à peau. Desenvolveremos esta ideia nos tópicos subsequentes.

a. A primazia do significante

Lacan importa o termo significante da linguística estrutural de Saussure. Um aspecto importante da concepção de saussureana é a ênfase dada à língua falada (os sons e as impressões acústicas produzidas pelas sílabas) nos estudos sobre a linguagem. Para Saussure (2006SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.), o signo une, não uma palavra a uma coisa, mas uma imagem acústica a um conceito. Na sequência, o linguista substituirá esses termos por significante e significado. O signo será representado pelo algoritmo (s/S). O objetivo é marcar as oposições que separam tais termos entre si e do todo do qual fazem parte, como também afirmar a autonomia de um em relação ao outro.

Lacan importa conceitos da linguística, todavia, de modo a lhes imprimir alterações. No caso, a inversão do signo saussuriano, concedendo primazia ao significante em detrimento do significado, o que será determinante em sua concepção psicanalítica da metáfora.

Muito embora Lacan reconheça que a significação seja o dado que domine na metáfora, sua tese é a de que, na verdade, esta figura se define como pura operação significante. Lacan se esforça em evidenciar este último aspecto durante toda teorização sobre a metáfora:

O importante não é que a similaridade seja sustentada pelo significado - cometemos o tempo todo esse erro -, é que a transferência do significado não é possível senão em virtude da própria estrutura da linguagem [...] A transferência do significado, de tal forma essencial à vida humana, só́ é possível em virtude da estrutura do significante. (LACAN, 1956/2010LACAN, J. As psicoses (1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. (Seminário, 3), p. 265).

Quando se faz uma substituição metafórica na linguagem corrente, ela é feita baseada no significado das palavras ou das ideias. Por exemplo: “Estou em um beco sem saída”. Nessa frase metafórica, é a semelhança entre o significado de se estar em um beco sem saída e a situação da minha vida atual (em ambos não tenho escolhas, alternativas, etc.) que é responsável pela substituição significante. Mas, na intervenção “Geste à peau” acima descrita de Lacan com sua paciente, qual semelhança promove a substituição metafórica? A resposta é que a substituição tem como ponto de partida não a semelhança entre os significados de Gestapo e Geste à peau, mas sim a semelhança fonética, significante, dos termos.

Em O aturdito (1973/2003), Lacan propõe a interpretação como equívoco, desde que ela opera a partir da polissemia, da ambiguidade e não da univocidade do campo da linguagem. Mais uma vez, é no campo do significante - e não do significado -, que o equívoco deve operar. No exemplo mencionado acima, podemos pensar no equívoco por homofonia, dependente da ortografia da língua, e que marca a ambiguidade fonética de determinado dito.

Quanto ao significado, vemos surgir algo novo. A “dor” se mantém, mas articulada a “um apelo à humanidade, qualquer coisa assim”. Não houve substituição de sentidos, mas cria-se novo sentido, derivado da interação entre um gesto extremamente carinhoso no rosto (“fez um carinho muito doce no meu rosto”) e a crueldade da Gestapo.

b. A nova realidade produzida pela metáfora

Na perspectiva interacionista, a metáfora cria uma nova concepção de realidade e de verdade. Black (1995BLACK, M. More about metaphor. In: ORTONY, A. (ed.) Metaphor and thought. 2. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.) ressalta duas qualidades da metáfora: ênfase e ressonância. Uma metáfora é enfática quando não permite variação ou substituição dos termos utilizados. Ou seja, uma metáfora pouco enfática é aquela em que suas paráfrases podem substituir a sentença metafórica original, sem grandes impactos no efeito de sentido. A ressonância é quando a metáfora se presta a implicações ou elaborações futuras por parte do ouvinte. Diz respeito à complexidade e ao poder do tema da metáfora em questão e ao grau de interpretação e elaboração incentivados pela metáfora. A ênfase e a ressonância são uma questão de grau, porém, uma metáfora altamente enfática tende a ser simultaneamente ressonante. Nesse caso, Black (1995BLACK, M. More about metaphor. In: ORTONY, A. (ed.) Metaphor and thought. 2. Cambridge: Cambridge University Press, 1995.) refere se tratar de uma metáfora forte. As metáforas fortes têm o poder de apontar semelhanças entre os fenômenos que passam a fazer parte da realidade dos mesmos.

Lakoff e Johnson (1980LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metaphors we live by. Chicago: The University of Chicago Press, 1980.), no livro Metaphors we live by, desdobram algumas ideias a partir do exemplo “argumento é guerra”. Explicam como os termos utilizados quando discutimos ou debatemos algum assunto são, em grande parte, assentados em termos de guerra: “O que você alega é indefensável”, “Você atacou cada ponto fraco do meu argumento”, “Eu nunca venci um argumento dele”, “Sua estratégia de argumentação é fraca” etc. Os autores ressaltam que não apenas falamos de argumentos em termos de guerra, mas que, de fato, podemos vencer ou ser derrotados em uma discussão, podemos atacar ou nos defender de argumentos - e, nesse sentido, argumento é guerra. Na medida em que se faz a metáfora de argumento ser guerra, cria-se uma nova forma de experienciar uma discussão como guerra. A metáfora inaugura nova realidade, estabelecendo limites novos para a construção de sentido.

Para Ricoeur (1975/2000RICOEUR, P. A metáfora viva (1975). São Paulo: Loyola, 2000.), o processo referencial da metáfora parte de uma etapa negativa, na qual a tentativa de interpretação literal destrói o sentido do enunciado e, portanto, também da referência de primeira ordem, na medida em que ela não pode ser encontrada na realidade. Na frase “A Amazônia é o pulmão do mundo”, a interpretação literal destrói o sentido e a referência, já que não existe uma floresta que seja um pulmão. Posteriormente, por meio de uma torção do sentido literal, emerge um novo sentido e, consequentemente, um novo objetivo referencial. Se a nova referência não pode ser encontrada na realidade ordinária, é porque ela remete a uma nova realidade, desta vez, inaugurada pela metáfora como obra, estabelecendo novos limites para a construção de sentido. O trabalho de interpretação é compreender o mundo ao qual determinada obra faz referência. A verdade metafórica decorre de uma teoria explicitamente tensional da metáfora: ela inventa um novo sentido, uma nova referência, uma nova verdade.

c. O efeito criativo em análise

Voltando ao contexto analítico. No exemplo acima da intervenção de Lacan junto à paciente, este “algo de um apelo à humanidade” pode gerar novo conjunto de associações sobre o que nos faz humanos, sobre amor e crueldade, e assim por diante. Tomando-se as contribuições de Ricoeur (1975/2000BIRMAN, J. Psicanálise, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.), podemos dizer em analogia que a intervenção de Lacan estabelece novos limites para a construção de sentido, cuja referência já não deve ser buscada apenas no discurso do analisando - em algum lugar escondido em sua mente -, nem exclusivamente no discurso do analista - como uma imposição de sentido advindo da interpretação -, mas como consequência da interação de ambos. A intervenção que se nomeia nesse artigo de metafórica criativa, antes, inaugura um novo objetivo referencial, produzido no contexto analítico.

Estas talvez sejam boas intervenções metafóricas possibilitadas em análise, quando a intervenção do analista adquire valor de substituição significante, permitindo a emergência um novo lugar a ser habitado e explorado.

É como se entende neste trabalho o valor dado por Lacan à questão da significação. No Seminário 5, Lacan diz que toda força estrutural da metáfora reside nisso: “É na relação de substituição que reside o recurso criador, a força criadora, a força de engendramento, caberia dizer, da metáfora” (1957/1999, p. 35). Cria-se, na relação terapeuta-paciente, novo espaço potencial de emergência de sentidos, novas questões a serem protagonizadas na análise. Em outras palavras, a produção de novos significantes que terão efeitos no sujeito, tendo em vista que, em uma perspectiva psicanalítica lacaniana, o sujeito é efeito do significante.

Outro exemplo para desenvolvimento das reflexões até o momento: paciente imobilizada diante da escolha entre manter seu relacionamento ou terminá-lo. A dúvida incidia na percepção de que era um bom relacionamento, entretanto, há algum tempo, havia deixado de ser suficiente. Em uma sessão expressa: “Ninguém se separa por qualquer coisa. E é isto o que eu tenho”. A pontuação do analista segue: “O que você tem? Qualquer coisa?”. Ao dirigir sua atenção, não para a intenção comunicativa da paciente - referir que seus motivos para uma separação eram “qualquer coisa” - mas para os significantes e seus encadeamentos, enfatiza-se um outro dizer.

Retomando mais uma vez a discriminação proposta por Lacan (1973/2003LACAN, J. O aturdito (1973). In: LACAN, J. Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.) sobre os tipos de equívocos, podemos considerar no exemplo acima o equívoco por gramática. Esse tipo de interpretação teria como alvo o ato de dizer. A ambiguidade contida na formulação da paciente situa-se na dúvida se o “qualquer coisa” refere-se aos motivos de uma separação ou ao próprio relacionamento.

Uma intervenção metafórica comparativa poderia dirigir a paciente a refletir sobre as possíveis analogias desta situação com outras histórias de sua vida, tomando a fala da paciente como expressão manifesta de um conteúdo semelhante a outros recalcados. Na intervenção acima mencionada, ao contrário, a ênfase dada às palavras utilizadas incide sobre seu valor significante.

Goldgrub (2001GOLDGRUB, F. W. A máquina do fantasma: aquisição de linguagem e constituição do sujeito. Piracicaba: Unimep, 2001.) esclarece que, ao estabelecer a anterioridade da linguagem - enquanto sistema - em relação à fala, Lacan traz como consequência dessa tese que o sujeito seria um efeito da linguagem. Nesse caso, os enunciados não possuiriam apenas dimensão comunicativa, mas o falante expressaria muito mais do que acredita estar dizendo. Ao enunciar um conteúdo intencionalmente, também expressaria uma modalidade possível e singular de enunciá-lo.

No exemplo da paciente em dúvidas no relacionamento, a intervenção do analista pode ser compreendida como a do tipo metafórica criativa, posto que o que a mobiliza não é o significado inicial da sentença, mas seu efeito “fonético”. A substituição de sentido - pela via significante - promovida pelo analista - se for uma intervenção “bem sucedida” tal qual uma “boa metáfora” - tem como efeito um novo sentido, podendo levar à criação de nova perspectiva desencadeada pela interação entre a fala do analisando e a fala do analista. Por exemplo, no caso, o que é um relacionamento que vale a pena ser vivido?

Para Lacan, este é o sentido que interessa na metáfora. Não o associado inicialmente aos termos, anterior à produção metafórica, mas a significação induzida e produzida pela substituição significante e metafórica (IMANISHI, 2014). Em A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud, Lacan afirma que é “na substituição do significante pelo significante que se produz um efeito de significação que é de poesia ou de criação, ou, em outras palavras, o advento da significação em questão” (1957/1988, p. 519). Daí ele (o sentido) ser pensado como um efeito.

d. Quando as paráfrases são insuficientes

É preciso ainda refletir se todo campo da análise estaria coberto pela dimensão do sentido. Sobre estas questões é que se dedicam as considerações a seguir.

No Seminário 11, Lacan desdobra dois campos na constituição do sujeito - “o ser” e “o sentido” -, marcando a dependência do sujeito ao Outro como lugar do significante: “O Outro é o lugar em que se situa a cadeia do significante que comanda tudo que vai poder presentificar-se no sujeito, é o campo desse vivo onde o sujeito tem que aparecer” (1964/2008, p. 200). O ponto de origem a partir do qual o sujeito se constitui está marcado, antes de tudo, por uma alienação no campo do Outro, tendo como efeito um sujeito “condenado” a só aparecer como divisão.

A ideia acima sobre “alienação” pode ser mais bem elucidada ao retomarmos a premissa lacaniana sobre a determinação do sujeito pelo significante, submetendo-o a uma estrutura sociolinguística que lhe é anterior. Trata-se da tese que refere anterioridade da linguagem, enquanto sistema, em relação à fala. Como consequência, o falante também se torna secundário a este sistema e, portanto, efeito de linguagem (LACAN, 1957/2010LACAN, J. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud (1957). In: LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar , 2010.; GOLDGRUG, 2004GOLDGRUB, F. W. A metáfora opaca: cinema, mito, sonho, interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.).

A alienação, para Lacan (1964/2008), aponta para os efeitos da constituição do sujeito ao ingressar no campo simbólico e ser impelido a uma “escolha forçada” pelo sentido. Forçada porque tal escolha é condição para a entrada no universo simbólico - campo do Outro -, ou, em última instância, das trocas sociais e “do campo deste vivo”. Porém, por tal ingresso, paga-se com a própria divisão subjetiva e a perda do ser - campo do sujeito, o qual está fadado a aparecer apenas como afânise. Isto porque a ordem simbólica não garante nenhuma identidade perene ao sujeito. Nenhum significante - pelo menos no caso da neurose - promove a retenção do sujeito sobre quem ele é. O neurótico se identifica, mas não se prende, deslizando em um processo infinito de produção de significação sobre si, nunca certo de quem se é ou do que se é para o outro. Lacan explicita: “quando o sujeito aparece em algum lugar como sentido, em outro lugar ele se manifesta como fading como desaparecimento” (1964/2008, p. 213).

Ainda no Seminário 11, Lacan (1964/2008LACAN, J. Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. (Seminário, 11)) se utiliza da analogia com a matemática para marcar o processo de constituição do sujeito: em uma fração matemática, quando o zero aparece no denominador, tal divisão deve resultar em infinito. No campo da constituição do sujeito, a queda da identificação promovida pelos significantes-mestres, pela identificação primordial, confere a “infinitização” do valor do sujeito.

Se a verdade do ser fica barrada, cai no inconsciente, parte do trabalho analítico é, para Lacan, justamente promover a suspensão do sentido, permitindo que a verdade do ser se manifeste, ainda que de forma evanescente: “A interpretação não visa tanto o sentido quanto reduzir os significantes a seu não-senso, para que possamos reencontrar os determinantes de toda a conduta do sujeito” (1964/2008, p 207). Longe de se desdobrar a todos os sentidos, a interpretação viria para designar a série de significantes, sob os quais o sujeito pôde - em um momento ou outro - ocupar um lugar. Poderíamos acrescentar que a direção do tratamento visaria não apenas o campo do sentido, mas do ser... ou a política do falta-a-ser, como Lacan (1958/2010BLACK, M. La metáfora. In: BLACK, M. Modelos y metáforas. Madri: Editorial Tecnos, 1966.) faz observar sobre o que estabelece a estratégia e a tática da análise. O não-sentido aponta para uma fala, que, uma vez tendo seu sentido suspenso pela intepretação, faz algo vacilar.

Ainda que tenhamos enfatizado a função criativa da metáfora e a forma como ela possibilita o engendramento de sentido, tampouco em nossas premissas ela se define como contendo “todo” sentido. A perspectiva interacionista da metáfora se assenta na definição de interação entre dois contextos, dois campos. Mas, nesta interação, o resultado é a produção de um sentido que não se esgota em suas paráfrases: sempre sobra um resto. Traduzir uma metáfora em sentenças literais nos levaria em direção a um “movimento infinito” que nunca alcançaria o esgotamento semântico da sentença original, pois a metáfora tem um modo de funcionamento que lhe é próprio, como expusemos anteriormente. Da mesma forma, o sujeito da psicanálise que se vê condenado ao campo do sentido, sem que ele abranja o campo do ser, desliza em um processo infinito de produção de significação sobre si.

Talvez seja precipitado transpor a ideia acima sobre o não esgotamento semântico da metáfora por suas paráfrases, retirada da linguística e da retórica, para o campo da psicanálise. Entretanto, entendemos que, no mínimo, ela aponta para uma postura ética em que as intervenções metafóricas apresentadas aqui se dirijam menos para um fechamento do sentido e, mais, para sua abertura, desvelando, desta forma, a hiância entre o dito e o dizer, entre a enunciação e o ato de enunciar, entre o que o analisando disse e o que o analista escutou... entre o campo do ser/sujeito e o campo do sentido/Outro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento de uma teoria da técnica psicanalítica, neste artigo, discriminamos dois tipos de intervenção no contexto analítico, tendo como base a figura da metáfora e suas teorias no campo da linguística e da retórica, acrescidas da teoria psicanalítica da metáfora desenvolvida por Lacan. Partindo das teorias substitutivas e comparativas, denominamos de intervenção metafórica comparativa aquelas que se fundam na analogia entre o conteúdo manifesto no contexto clínico e o conteúdo latente, cujo trabalho do analista seria revelar via interpretação. Tal modelo encontraria sua base na primeira tópica freudiana, apresentada em 1900 com A interpretação dos sonhos.

Alternativamente, baseando-nos na teoria interacionista da metáfora e nos desenvolvimentos lacanianos sobre essa figura, propusemos um segundo tipo de intervenção, denominado de metafórico criativo, cujo efeito não é desvelar um conteúdo recalcado, mas produzir um novo sentido a partir da interação entre a fala do analisando e a pontuação do analista. Nesse tipo de intervenção, a ênfase é dada principalmente ao valor significante das palavras, em detrimento dos significados “originais” a elas associados. Ambas as alternativas são possíveis e válidas, não havendo um “passo a passo” sobre quando e como tais intervenções possam ou devam ser feitas.

Importante ressaltar que não é qualquer sentido que pode ser criado pela metáfora, seja no contexto linguístico, seja no contexto analítico. Nesse último, tais efeitos de sentido não podem ser pensados independentemente de uma estrutura da linguagem, do sujeito, do desejo e das próprias hipóteses que guiam o analista.

Também devemos enfatizar que nem toda intervenção metafórica, seja ela derivada do significado - comparativa - ou do significante - criativa, é uma boa intervenção em análise. Tal como na linguagem corrente, as metáforas podem ou não ser enfáticas e ressonantes, e o mesmo valeria no contexto clínico.

Por fim, a discriminação dos dois tipos de intervenção no contexto clínico certamente não esgota outras formas de manejo, nem classificações alternativas. Nem toda intervenção analítica deve ser pensada como produção metafórica. Acreditamos, no entanto, ser produtivo resgatar a origem das teorizações acerca da metáfora - os campos da linguística e da retórica -, uma vez que tais reflexões podem servir como um filtro para conceber aspectos da teoria psicanalítica e iluminar alguns conceitos.

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  • Helena Amstalden Imanishi - Mestre e Doutora em Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, USP.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2021

Histórico

  • Recebido
    27 Maio 2020
  • Aceito
    03 Nov 2021
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