Objetivos
A partição de recursos tem sido reconhecida como um importante fator que influencia comunidades de peixes, com o potencial de reduzir a competição interespecífica. Isto resulta de diferenças no trato digestivo e habito alimentar, localização das espécies de peixes na coluna de água e habilidade natatória, bem como tipo e tamanho da presa e da disponibilidade desta no ambiente. O presente estudo avalia a partição de itens alimentares presentes na dieta de peixes, em um sistema aquático do semiárido brasileiro que apresenta baixa diversidade de espécies de peixes e de estruturas subaquáticas que compõem o habitat. Objetivou-se compreender como três espécies de peixes particionam o limitado recurso disponível no ambiente.
Métodos
Três espécies de Cichlidae (Pisces: Perciformes) foram amostradas durante períodos de seca e de chuva e estes tiveram seu conteúdo estomacal analisado para quantificar o consumo de itens alimentares. A partilha de recursos alimentares entre as espécies estudadas foi avaliada usando o índice de sobreposição de nicho de Pianka e testada para sua significância usando modelos nulos.
Resultados
Foi observada uma baixa sobreposição alimentar entre as espécies estudadas, onde os indivíduos de cada espécie tenderam a se especializar consumindo itens alimentares específicos. Isto dado pela baixa abundância natural de itens alimentares associada com as preferências específicas (morfológicas e comportamentais) de cada espécie estudada.
Conclusão
Os resultados apresentados suportam outras evidências de que a coexistência de espécies de peixes em ambientes aquáticos do semiárido é mediada pela partição dos itens alimentares em níveis mais específicos. Nesse contexto, a variabilidade do fluxo de água teria um papel chave na coexistência de espécies por produzir uma alta diversidade de itens alimentares e heterogeneidade do habitat.
peixes; conteúdo estomacal; estiagem; modelo nulo; coexistência de espécies