Aimé Césaire faz parte dos autores que contribuíram para a desconstrução da biblioteca colonial. Ele interroga, a partir de um lugar singular, a Martinica, uma colônia francesa que conheceu a escravidão e a colonização, a narrativa hegemônica europeia. Sua obra é profundamente marcada pela experiência do exílio, da deportação, da presença africana no mundo produzida pelo tráfico negreiro e pela escravidão. Os movimentos de resistência, em terras nascidas da colonização e da escravatura, buscaram escapar à prisão imposta à raça e obter o direito de cidadania. Para Césaire, a emancipação é um horizonte que se redesenha a cada instante. Não há nunca uma resposta definitiva mas uma busca sempre renovada de uma posição na qual nem a singularidade nem o universal triunfam uma sobre o outro. É na tensão entre essas duas posições que Césaire entrevê um processo de emancipação em que idealização e sofrimento são mantidos à distância.
Martinica; colonização; escravidão; movimentos de resistência