La beauté sur la terre (1927), de C.-F. Ramuz, é um romance sobre a alteridade, devido ao fato de sua personagem central, Juliette, ser uma jovem órfã cubana que repentinamente se vê em um povoado às margens do lago Léman. Alteridade cultural, mas sobretudo, como o romance parece pouco a pouco dizer, alteridade de natureza: Juliette aparece para vários personagens (e talvez para o leitor) como a encarnação do Belo - uma nova Afrodite. Este artigo se propõe, assim, a estudar por quais inclinações textuais tal aura "divina" é conferida a Juliette. Trata-se, antes de tudo, de observar o sistema de retratos do romance e as características próprias à descrição da personagem central; essas são relacionadas, em seguida, à estrutura narrativa particular do texto, sendo percebidas como efeitos dele; por fim, tal estrutura narrativa é ela mesma considerada, sob um ângulo genérico, como uma das dimensões constitutivas de uma poética do fantástico concebida por C.-F. Ramuz.
Ramuz; poética; retrato; ocularização; gênero; fantástico; alteridade