Acessibilidade / Reportar erro

Editorial

Editorial

O presente número foi organizado segundo a proposta de repensar, na atualidade, os estudos críticos na área de Letras. Os trabalhos publicados oferecem, a nosso ver, uma amostra consistente da potência de pensamento da literatura e dos estudos literários, tanto no sentido de sua capacidade de refletir sobre o homem e a história quanto no de sua dimensão auto-reflexiva.

Os quatro primeiro artigos se elaboram no âmbito do exercício crítico tributário de certa tradição francesa, atualizando-a. Gérard Dessons discute a partir de Os lamentos (Les complaintes), de Laforgue, as relações entre popular e moderno, para então propor o poema como exercício de "descultura", isto é, como atividade crítica que articula permanentemente o poético e o político. Bernardo Oliveira retoma o diálogo de Walter Benjamin com Baudelaire a partir de O conceito de crítica de arte no romantismo alemão, texto dos mais importantes do filósofo alemão, mas que só há pouco vem sendo devidamente explorado entre nós. Roberta Nascimento, por sua vez, acrescenta a esse diálogo a voz do filósofo e historiador da arte contemporâneo Georges Didi-Huberman, com sua postulação do "anacronismo" como exigência crítica inarredável. Marcio Renato da Silva recoloca com Roland Barthes o debate sobre os impasses da Semiologia.

Guilherme Gutman propõe, no quinto artigo, uma leitura da novela A volta do parafuso, de Henry James, tomando como base uma confrontação das concepções estéticas do escritor com o pensamento do psicólogo – e seu irmão – William James.

Os dois artigos seguintes focalizam autores fundamentais para a compreensão da expressão cultural brasileira do século XX. Angela Dias apresenta, em uma análise da crônica de Nelson Rodrigues, a voz política do escritor, exposta na visceralidade de suas contradições, ao passo que Lúcia Teixeira dá voz à carga trágica dos auto-retratos de Iberê Camargo. Encerrando a seção de artigos deste número, Laura Padilha propõe a forma do cartograma para pensar o modo como a literatura angolana do fim do século XX e do início do XXI se apresenta em sua "diferença cultural".

Na entrevista publicada neste número de Alea, o filósofo e ensaísta Eduardo Subirats evoca e discorre sobre a importância da tradição intelectual latino-americana e sobre a necessidade de fazer face ao "colonialismo pós-colonial contemporâneo".

Apresentamos ainda, na última seção, quatro resenhas de livros, todos eles frutos de trabalhos acadêmicos produzidos recentemente nas universidades brasileiras.

Esperamos que esse pequeno mas complexo painel crítico venha servir à reflexão de todos aqueles que têm contribuído nos últimos sete anos, seja como autores seja como leitores, para a consolidação da revista, e aproveitamos para lembrar que ela também já se encontra disponível on line, desde o número 5/1, no endereço www.scielo.br/alea.

Os Editores

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Out 2005
  • Data do Fascículo
    Jun 2005
Programa de Pos-Graduação em Letras Neolatinas, Faculdade de Letras -UFRJ Av. Horácio Macedo, 2151, Cidade Universitária, CEP 21941-97 - Rio de Janeiro RJ Brasil , - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: alea.ufrj@gmail.com