Resumo
O presente trabalho visa a apresentar alguns modelos da relação entre Lolita, de Vladimir Nabokov, e seu leitor, como alegorias da reação da literatura modernista tardia à administração crescente da cultura – ou, mais especificamente, da forma como o romance reage ao seu envelhecimento histórico sendo progressivamente determinado pela indústria cultural, a partir de sua caracterização por Adorno e Horkheimer (2006)ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.. Dois modelos principais são apresentados: o primeiro é caracterizado pelo modo como o romance manipula o leitor como forma de evitar ser manipulado por ele, forçando-o a julgar a possibilidade de arrependimento de seu narrador e limitando-o a uma experiência de satisfação vicária; e o segundo modelo se define pela exigência que o leitor seja assimilado à lógica de decifração contida no romance, submetendo-se integralmente à autoridade autoral.
Palavras-chave
Lolita; modernismo tardio; indústria cultural; autonomia da arte