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Dizer-mostrar o estranho

Saying-showing strangeness

Este trabalho explora a vitalidade contemporânea de duas enfáticas vozes do século XX: Ludwig Wittgenstein e Samuel Beckett. Consideram-se em especial as seguintes divisas: de Wittgenstein, nada está oculto (Investigações, § 435); de Beckett, nada a expressar (Três diálogos com George Duthuit, I). O dito de Wittgenstein é muitas vezes tomado como marca de renúncia à distinção, por ele antes sustentada, entre aquilo que se pode dizer e aquilo que apenas se mostra (Tractatus, Prefácio, 6.522). O dito de Beckett é, por sua vez, frequentemente visto como indício de uma visão cética da linguagem, que a condena a uma espécie de maldição da autorreferência. Tais formas de ler tendem a se ligar às percepções, bastante disseminadas, de que Wittgenstein escreve o comum (o "ordinário"); e Beckett, o absurdo. Questiono aspectos dessas duas produtivas leituras, sustentando que, de forma a meu ver um pouco debilitante, elas tendem a ignorar, ou talvez a apaziguar, um estranho que insiste em se dizer-mostrar na prosa poética dos dois autores.

Wittgenstein; Beckett; dizer e mostrar; estranho


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